Sunday, November 25, 2007

Olá gente domingueira! Chegando junto de novo, saudações do Louco!

Pois é, vamos começar hoje o penúltimo capítulo da história. *suspiro* Engraçado isso, dá uma sensação de conquista e tristeza muito grande, como se estivesse de mudança ou prestes a ver um amigo ou bando de amigos muito queridos de mudança, indo pra outro país ou coisa do tipo. Acho q vcs podem entender.

Mas não tem graça começar uma história pra não terminar. Heh, tbm sou muito bom nisso #^^# E não é legal, vai por mim. Então, pra vcs que lêem e por quem gostaria de ter visto o final, e não está mais entre nós pra fazê-lo, vamos continuar com a coisa toda! Afinal, ainda tem uma ou duas surpresas nao reveladas ai _^

Forte amplexo.

(...)

E ao mesmo tempo...

Christabel era arrastada cada vez mais alto, uma espiral de rochas e vento intenso repletos da energia do espírito do outro. O tempo todo era atingida por uma lasca de pedra ou perturbada pelo ar carregado de eletricidade, e não fosse poderosa como era, talvez já tivesse sido consumida pelas forças em conflito enquanto girava sem controle para cima.

E aquilo a irritou. Não viajara tanto, não passara por tamanha dor e sofrimento, para ser vencida sem ao menos revidar. Se não havia fuga daquele vórtice, então era ali dentro que ela acabaria com o outro.

E seu oponente, já certo da vitória enquanto carregava sua presa cada vez mais até onde o ar não existia, sentiu de repente a vontade da Rainha irradiar dela novamente, primeiro como um intenso sol em miniatura, para depois reverter a direção da corrente de ar ascendente que a portava, trazendo das camadas mais altas da atmosfera uma queda de temperatura irresistível, cristalizando o cone de ar à sua volta quase instantaneamente, girando no sentido anti-horário com uma imensa estalactite de gelo no interior do tornado que ele criara.

Mas a imensa estaca de gelo só existiu por um momento, antes que Christabel a explodisse em todas as direções com uma detonação de Impacto, bradando:

_ Condenação de Gelo!!

Mesmo sem um corpo sólido naquele instante, de algum modo, o outro sentiu-se subitamente dilacerado pelas inúmeras lascas de gelo que partiram em todas as direções, e gritou. Não tinha uma voz naquele momento, mas seu urro de dor foi como um trovão nas camadas altas da atmosfera, e mesmo os combatentes lá embaixo sentiram o estremecer como se uma grande explosão tivesse acontecido muito acima deles.

Caindo, ainda sem compreender que elemento de espírito Christabel imbuíra ao gelo para que pudesse ferí-lo naquele estado, o outro buscou refúgio na terra outra vez. Precisaria de uma forma mais resistente se quisesse suportar um novo ataque daqueles.

A imensa massa de pedra e rocha caída em meio ao lamaçal apenas começara a se mover outra vez, unindo-se aos poucos para formar o antigo corpo colossal, quando Christabel caiu sobre ele como um meteoro de diamantes, cintilando à luz dos relâmpagos mais acima, cercada por várias de suas farpas de gelo. E ela abateu-se sobre o que fora a caixa toráxica do gigante de pedra sem reduzir sua velocidade, fazendo o solo estremecer. Depois, silêncio, e a figura de pedra imobilizou-se.

Do nada, em meio à trilha que levava a leste, Christabel irrompeu do solo novamente, e desta vez não estava sozinha. Havia uma forma de vida presa em sua lâmina, algo que lembrava vagamente uma figura humana arruinada, com asas às costas, tão decrépitas quanto ele próprio. A criatura se debatia furiosamente, e a raiva e o rancor por ser revelado naquela situação eram tão poderosos que Christabel sentia ser golpeada por elas tanto quanto pelos braços deformados e asas que o outro usava na tentativa de se soltar, e então soube que aquela era a verdadeira aparência do criador dos Arcanos, nem matéria sólida nem espírito, mas uma ruína de algo que já fora ambos.

E soube que não deveria soltá-lo. Sem um corpo verdadeiro havia mais tempo do que o tempo poderia lembrar, e agora arrancado de seu invólucro material, ele estava se deteriorando rapidamente e possuiria qualquer meio que pudesse, uma vez que ela o libertasse. Até mesmo o ar. Por isso, apesar dos talhos cada vez maiores que brotavam em seus braços, apesar dos cortes em seu rosto e da sua armadura sendo fragmentada como por um vento cáustico, a Rainha manteve o outro aprisionado.

Sem qualquer aviso, um arpão atingiu Christabel por trás e a atravessou, empalando também a coisa mantida cativa por ela. Em meio à dor ela olhou para si mesma, percebendo que se tratava de energia pura e não metal, embora tal conhecimento não tornasse a agonia menor. Agonia, ela sentia, que o outro também dividia com ela.

Mas a dor também trouxe uma consciência maior a Christabel, uma súbita onisciência de toda a situação ao seu redor. Sua guarda lutando nos arredores de Melk, Zero e Ahl-Tur batalhando em valetas rústicas abertas no solo, a vampira Sari auxiliando Hermes Maddock com seus ferimentos... e, mesmo sem se voltar, a identidade do atacante misterioso que a atingira pelas costas, e do sorriso no rosto dele, satisfeito por ter levado a cabo com perfeição seu plano havia muito elaborado. E tamanha era a surpresa dela que, por um instante, Christabel ficou completamente sem ação.

_ ... C-Cris... tóvão...?

Capítulo XLII – Pó Ao Pó

Ainda suspensa no ar, Christabel sentiu a resposta do outro sem palavras, quase como se ela própria a tivesse pensado, sem dizer coisa alguma.

É bom tornar a vê-la, Minha Rainha, mesmo que não me acredite. Estive procurando por você.

Ela pensou de volta sua resposta. Se conseguisse libertar-se daquela emboscada covarde, ela o faria arrepender-se de tê-la encontrado. E o sorriso dele ficou um pouco diferente, parte atrevido e parte condescendente, quase com pena dela.

Mesmo que não me acredite, sempre teve a minha simpatia. É uma criatura única, quer seus pares humanos a reconheçam como tal ou não. Lamento que tenha que ser assim; me admira muito que tenha se desfeito da minha tiara.

A tiara... dele?? Christabel tentou voltar-se para encarar o outro, como se ele estivesse mentindo e ela pudesse descobrí-lo ao olhar em seus olhos. Não parecia possível... Dirceu dissera que um grande perito seria necessário para criar algo como aquele artefato... Como era possível que fosse Cristóvão...??

Ah, você foi até o Mestre Dirceu? Claro, eu deveria ter imaginado; não há muitos no mundo de hoje com perícia para tal. Você foi até a Cidade Sucata para isso... Eu realmente deveria ter percebido. Ah, bem...

E então, como se um interruptor tivesse sido ligado, a Rainha sentiu a própria essência sendo puxada através do arpão de energia preso em si, e que também o poder e espírito do outro, empalado por sua espada, estavam sendo arrastados através dela e pela corrente de energia até Cristóvão, que estava se alimentando de ambos. E em meio ao tormento e ao esforço em resistir, Christabel subitamente viu os pensamentos daquele que a mantinha cativa e também daquele a quem enfrentara até então, e descobriu a identidade da criatura arruinada que desaparecia diante de seus olhos, sua essência drenada através dela.

... Alexandre...

Uma vez, no que naquele momento parecia uma vida inteira atrás, ela tivera uma visão de passos apressados e do som de botas com adereços metálicos avaçando, num presságio para a insanidade que cobriria o mundo. Era uma memória que não fazia qualquer sentido, ou nunca fizera até então. Aquela lembrança era dele...

Monday, November 19, 2007

Atrasado de novo... *suspiro* Ah, bem, mas ainda assim, saudações do Louco! ^_^

Sabem, é engraçado isso. Eu nunca tinha imaginado, chegar no final e escrever e postar aqui. Não me ocorreu quando eu comecei, pra falar a verdade. Mas é muito legal, embora a essa altura eu só possa desejar q vcs estejam se divertindo ao ler pelo menos metade do que eu me diverti escrevendo isso tudo. E reescrevendo o final tbm ^^

Forte amplexo, ainda que um dia depois do prazo, do Louco

(...)

Os olhos da figura de pedra cintilaram, e um Casulo de Gravidade abateu-se sobre a Rainha, tentando lançá-la ao solo.

O casulo despedaçou-se ao redor de Christabel quando se fechava, e ela revidou no mesmo movimento, lançando sua Lâmina Perseguidora à distância com um feitiço poderoso de Cinese no fio da espada, talhando o ar na direção do inimigo.

O gigante precisou das duas mãos, recebendo a trilha cortante como uma onda que se quebra na praia, e mesmo reconhecendo Christabel pelo que era, ele admirou-se de ser forçado a recuar um passo diante do ataque.

E ela mergulhava sobre ele agora, um projétil vivo envolto num feitiço Torpedo de Fogo, tirando proveito da abertura e ziguezagueando no ar, riscando a escuridão numa trajetória imprevisível, à beira de explodir contra o alvo.

Do peito da figura de pedra, onde num ser humano haveria um coração, uma fenda escura de aparência infinita se abriu, enquanto uma Torrente irrompeu e tragou a figura flamejante da Rainha com seu jorro de partículas carregadas de eletricidade e magnetismo, poderosas o bastante para desintegrar matéria sólida comum.

De um ponto mais acima, diante da figura de pedra e surgindo entre as nuvens como se sempre tivesse estado lá, a Rainha Christabel brilhou intensamente e pareceu dividir-se em várias, mergulhando e convergindo contra o inimigo de pontos diferentes e envolta agora numa aura elétrica.

E contra cada uma das silhuetas de magia que, como a figura de fogo, buscavam desviar sua atenção, o colosso espalhou partes de si mesmo em Petardos, lascas maciças de rocha do tamanho de automóveis. Não podia perder tempo com as distrações; Christabel só precisava de um instante da sua atenção voltada para outro lado, e o aniquilaria.

Quando os Petardos atingiram as várias figuras elétricas de Christabel, porém, não apenas eles explodiram como seus fragmentos enxamearam sobre ele, caindo sobre sua figura rochosa como se tivessem vontade própria, com força o bastante para causar-lhe dor e, inadvertidamente, fazer com que baixasse sua guarda.

Uma Fissura abriu-se sob o pé direito da figura de pedra, que pisou em falso e tombou com estardalhaço para direita, apoiando-se na mão para não cair por inteiro.

Mas sua guarda estava aberta e Christabel atacou, os céus escuros parecendo correr na direção dela enquanto revestia-se de sua Alma do Oceano, mergulhando da escuridão contra a figura de pedra como uma personificação da natureza.

E o outro sorriu. Era enfim a abertura que estava esperando. Diante da arquimaga humana que mergulhava, ele subitamente desfez sua forma rochosa em um jorro vivo de solo fragmentado e vento ascendente que urrava contra os céus como um geiser, uma Erupção Violenta que envolveu Christabel num caos de som, trevas, terra e impacto, contra o qual nem mesmo a proteção dos elementos que a Rainha combinara deveria bastar.

Sendo arrastada violentamente para o alto em meio ao turbilhão, Christabel sentiu a presença do outro, aquele que a fizera nutrir sua própria força durante sua vida inteira e enquanto rolava no ar com a força do ataque, ela ouviu o riso baixo que parecia vir de toda a parte. Não havia palavras ou telepatia propriamente; era mais como se ela retirasse sentido do que o outro sentia.

“Você se tornou hábil com o poder que lhe foi confiado, criança. Mas a vitória é minha”

E ao mesmo tempo...

A munição da metralhadora havia acabado, e Hermes Maddock agora lutava apenas com a marreta nas duas mãos e algumas granadas de impacto que haviam sobrado. Mas não era tolo o bastante para tentar usá-las à toa.

“Ela é muito ligeira, essa morceguinha. Jogar isso nela tem que ser bem feito!”

Kayla, cautelosa o bastante para não atacar diretamente depois da primeira tentativa, preferia mover-se ao redor de Maddock, encontrando um ângulo aberto e então jogando sua lâmina direita.

Maddock era humano, incapaz de acompanhar e lutar de igual para igual com uma Arcana em termos de velocidade ou força física... mas seus reflexos e percepção de velocidade, nascidos e treinados pelos anos conduzindo veículos velozes, permitiram que ele desviasse a lâmina arremessada com um golpe perfeito de sua marreta na parte chata da arma de Kayla.

A Arcana não coube em si de admiração ao ver o humano rodopiar para trás, desequilibrado pelo impulso que tomara mas totalmente ileso, tendo repelido com sucesso seu arremesso. Mas percebeu que ele não teria como repetir a façanha, e lançou sua segunda lâmina contra ele.

Mad praguejou ao ouvir o assobio de metal cortando o ar e soube o que aconteceria; sua marreta estava fora de posição, e ele só teria uma opção. Soltando a mão direita ele agarrou às pressas uma granada de impacto da cintura e lançou na direção da lâmina, sabendo o que aconteceria.

A segunda lâmina também foi interceptada no meio do caminho, mas a explosão violenta colheu o desequilibrado Maddock e o lançou para trás, e tudo tornou-se em confusão e dor para ele. Ao deter-se, enfim, ele percebeu que sua marreta caíra em alguma parte do lamaçal, que todos os membros doíam e que alguém se aproximava dele sem qualquer pressa. E apesar do zumbido que parecia vir de toda a parte, ele sabia que era hostil, mesmo desejando o contrário.

Abriu os olhos. Kayla estava vindo até ele com a lâmina lua da mão esquerda em guarda, e a da direita, fumegante, pendendo de sua mão. Apesar de atordoado pelo tranco da explosão, Mad percebeu que ela sangrava de ferimentos novos e dos primeiros, causados pela metralhadora, ainda não curados. E entendeu; ela provavelmente tentara acompanhar a segunda lâmina que lançara, para cortá-lo ao meio com suas garras se ele, de algum modo, conseguisse se desvencilhar do segundo arremesso.

_ Você evitou os ataques em seqüência de uma Arcana, mesmo sem aquela sua arma estranha. Estou impressionada.

_ Heh... – Mad tossiu sangue, sorrindo – Devia me ver... atrás de um volante...

_ Lorde Tur disse que não deveríamos subestimá-los – ela ergueu a lâmina esquerda, prenunciando um arremesso – Mesmo que não pareça em condições de causar problemas... é melhor que eu o mate de uma vez.

_ Nah... Besteira – ele tornou a tossir, cuspindo sangue para o lado e tentando sentar-se – Não vou morrer agora... Não por sua causa.

_ ... Afirmação interessante – ela replicou gelidamente – E se baseia em...?

_ D-duas coisas... – Mad a encarou com um sorriso de desafio – Primeiro... Todo mundo diz que a gente vê... a vida inteira passar... quando vai morrer. E, até agora, a única coisa... que me veio à cabeça... f-foi uma piada que eu não ouço há anos...

Os olhos de Kayla escureceram. Ele era um idiota, e ela estava sendo ainda mais idiota por ouvir àqueles delírios de um moribundo. Mas ele estendeu a mão, como se soubesse que ela pretendia acabar com aquilo de uma vez, e apontou para algo diante de Kayla.

_ O s... segundo motivo... é isso – mostrou com mais ênfase e ela permitiu-se olhar para baixo. Não viu nada além dos inúmeros ferimentos causados em si, e ele acenou com a cabeça – F-ferimento... não cuidado... pode levar à morte, sabia?

E um sorriso brotou nos lábios de Kayla, que se transformou numa gargalhada contrariada. Por menos que quisesse dar o braço a torcer, aquele imbecil conseguira fazê-la rir.

_ Está contando com isso para salvar sua vida? Você é louco!

_ Heh... É o que dizem. M-mas, pelo menos...

Kayla sentiu subitamente que o ar à sua volta mudara, parecendo adensar-se. E a noite à sua volta mudou para uma névoa prateada onde ela conseguiu divisar dois olhos cinzentos antes de gritar de dor, enquanto cada um de seus ferimentos abertos foi invadido pelo que pareciam garras prateadas que trouxeram fraqueza aos seus membros e seu corpo, e enquanto as lâminas lua caíam de suas mãos ela ouviu a voz do outro concluir o raciocínio:

_ ... n-não sou eu quem... vai morrer com... uma vampira linda agarrada em mim...

Kayla tentou inutilmente se debater; não havia braços sólidos à sua volta que ela pudesse repelir. Tentou um feitiço de deslocamento de ar, mas até que tivesse a idéia e tentasse executá-la, os veios de energia de seu corpo haviam sido desviados, tornando sua magia impossível de alcançar. E apesar de sua vitalidade superior, ela fora ferida antes no duelo contra Maddock, principalmente com a última explosão, que a colhera em cheio.

_ L-lorde... Tur...

E ela caiu sobre a lama do campo de batalha, enquanto viu a forma da vampira Sari materializar-se sobre si.

E ao mesmo tempo...

Apesar da dificuldade em combater frente a frente a força e velocidade superiores do Arcano, Zero não estava indefeso. Em determinado momento, ao abaixar-se e repelir com a própria espada um corte de Tur na direção de seu pescoço, ele disparou com sua Quatro-Tiros contra a perna esquerda do oponente.

Perdendo momentaneamente o apoio ao ser atingido pela munição explosiva, Tur tombou para esquerda e talhou com sua espada, deixando-se cair mas cortando o próprio ar na direção de Zero.

Zero tentou bloquear com a espada longa, mas não pôde fazer muito mais do que ser soprado para trás pela súbita rajada, sentindo filetes de sangue abrirem-se em seu rosto e onde mais sua pele estivesse exposta, enquanto rolava para trás no chão e percebia ter aberto a guarda.

Impulsionado pela perna boa, Tur atacou Zero com velocidade, a espada voltada para trás e pronta para um golpe final.

Mas Zero usou a velocidade de Tur contra ele próprio, guardando sua Quatro-Tiros e trocando a espada de mãos para sacar a Marcadora do lado direito. Não havia como o outro evitar o ataque, se aproximando depressa como estava.

Tur percebeu a armadilha um milésimo antes de tarde demais. A espada em riste fincou-se no solo e serviu de alavanca para mudar o rumo de sua investida e o tirou da trajetória fatal, mas uma bala de Dragão de Fogo ainda conseguiu alojar-se em seu braço esquerdo.

Zero contava com o fim da luta, e apenas pusera-se de pé quando viu o outro, rosnando de dor, voltar os olhos furiosos para ele e gesticular para esquerda e direita várias vezes, parecendo ter cortado o terreno com suas garras em vários grupos de quatro fissuras de tamanhos diferentes e igualmente espaçadas, que estenderam-se em sua direção.

O terreno cedeu abaixo de Zero, que procurou rolar para fora do caminho da areia, lama e cascalho descendo consigo, e apesar de um tanto mais sujo, não se feriu. Olhando ao redor, no entanto, percebeu que não conseguiria sair facilmente dos corredores formados pela magia do Arcano, só então entendendo o plano de Tur. Tanto seu espaço para esquiva quanto sua visibilidade eram reduzidos ali embaixo; a única luz que havia naquela profundidade de vãos irregulares era a tênue claridade vinda do céu, e lá fora já anoitecera. Cercado pelo cheiro da terra recém-movida, Zero pensou consigo mesmo:

“Devia ter me tocado; o Cintura não é o Mestre dos Arcanos à toa. Por mais que doa, um disparo de Dragão de Fogo não vai matar ele se não pegar no tronco ou na cabeça. E parece que agora eu tô acuado”

Havia o som de pedras caindo em outras câmaras abertas no solo à sua volta, e também o som onipresente de areia escoando; havia o som da batalha lá em cima, e eventuais tremores quando Christabel e seu oponente se batiam. Baixando um pouco a cabeça e guardando a própria espada, Zero ficou em silêncio, retirando lentamente a espingarda de suas costas e um visor de seu bolso, colocando-o sobre os olhos e procurando não fazer ruídos.

E Ahl-Tur o espreitava, movendo-se com cautela entre as pedras que rolavam e a areia que escoava. Seus olhos estavam apertados, e a espada firme em sua mão restante. Era poderoso demais para se render à sensação de agonia terrível em seu braço, e finalmente entendia como seus semelhantes tinham sido derrotados; mesmo já tendo cortado fora o membro atingido, ainda sentia a dor do ferimento, e jamais experimentara tal agonia.

“Imune ao nosso poder de ataque, hábil em ataques à distância e de posse de uma arma capaz de nos destruir; é sem dúvida um defensor adequado para Christabel”

Mas ele não pretendia se arriscar. Se Zero não podia ser abatido por relâmpagos, talvez ainda pudesse ser cortado ao meio por sua espada, e nos corredores rústicos que abrira, em meio à penumbra, a perícia do outro com tiros não serviria para coisa alguma, e nem ele teria espaço para se esquivar.

Tur atacou, um vulto veloz entre as trevas, emergindo à direita de Zero com a espada em riste...

... e Zero deixou-se cair à esquerda, erguendo sua espingarda e disparando à queima-roupa e à curta distância.

O golpe de espada foi detido, o poder destrutivo da espingarda ampliado no espaço confinado, servindo para desarmar o Arcano e causar-lhe intensa dor, fazendo com que girasse no ar e caísse esparramado pela trilha por onde viera.

Colocou-se de pé depressa, voltando-se para o oponente. Se ele não tinha espaço para desviar, o outro também não. O visor que Zero recebera do mendigo viajante desconhecido, ainda em Melk, fazia com que a escuridão se tornasse clara, e o marcador de alvo na lente direita e o espaço confinado no qual atirar com a espingarda tornavam aquele um tiro onde um Atirador menos habilidoso dificilmente perderia um alvo.

E Zero jogou de lado a espingarda. Seu disparo fora perfeito, mas poderia ter vindo um milésimo de segundo antes; a espada de Tur ficara presa entre os canos, e continuar a atirar seria perigoso.

Tur recuou, os olhos cintilando à meia-luz antes de desaparecerem na penumbra, e Zero olhou ao redor. O outro não se arriscaria a se aproximar daquele jeito novamente. Puxando a espada longa com a mão direita e a Marcadora com a esquerda, lembrou-se: ainda tinha três tiros no tambor. Naquele escuro, era melhor que bastassem; o outro não lhe daria tempo para recarregar.

Monday, November 12, 2007

Olá gente que lê! Nos encaminhando cada vez mais pro final, saudações do Louco!

Hein? Me atrasei? Pode crer... Foi mal, gente, é que não deu pra baixar aqui de domingo. Que me sirva de lição, se não postar no sábado à noite ou domingo de manhã, eu me atraso. Ponto. Desse jeito. Sem mais xurumelas.

Então, com cuidado futuro pra não dar esse vacilo agora, tão perto do final, forte amplexo do Louco, e curtam o que vem por aí! ^_^

(...)

O vento da noite prematura mudou de repente, e os cabelos de Christabel foram jogados sobre o rosto dela por um momento, e cada um dos reunidos ali moveu-se ao mesmo tempo. Tur ergueu sua mão esquerda e formou uma bola de fogo, e Zero sacou sua Quatro-Tiros e abriu fogo. Ao lado deles, Kayla lançou suas duas lâminas lua contra Maddock, que prontamente ergueu sua metralhadora e abriu fogo. E ao redor, os Arcanos que restavam convergiram na direção de Christabel, que saltou e subiu aos céus na direção do colossal oponente. Quando a Rainha esboçaria seu primeiro movimento de defesa, uma rajada da metralhadora Vulcão, um disparo da Lança Granada e uma Muralha de Chamas cortaram o caminho dos oponentes, e ela viu Freya, Melissa e Daniel a postos n’O Palão.

_ Vai logo, Christabel! – Melissa gritou, acenando com o braço esquerdo para lançar um feitiço de Impacto – Nós seguramos eles, vai!

Irritados com mais uma intervenção, os Arcanos convergiram como um contra o veículo e foram recebidos pela artilharia combinada de Daniel e Freya, operando a metralhadora, enquanto Laírton se punha de pé e acenava com o cajado para direita, recobrindo O Palão com luz um instante antes da retaliação dos inimigos sombrios.

E a Rainha voltou toda sua atenção para o oponente diante de si. Quanto mais rápido terminasse ali, mais depressa poderia voltar e ajudar os amigos. Não podia desperdiçar o esforço deles.

Lá embaixo, as diferentes disputas aconteciam com velocidade alucinante. Depois de explodir a primeira Bola de Fogo de Ahl-Tur, Zero viu que o Arcano estava vindo logo atrás dela, com a espada erguida e em posição para um único golpe certeiro.

Zero girou o corpo para direita e usou sua própria lâmina para repelir a investida do Arcano. Não era idiota; sabia que a força do outro seria suficiente para quebrar sua espada e braço logo no primeiro embate se tentasse medir forças diretamente com ele. Mas o giro permitiu que desviasse a investida e ficasse em posição para atirar, disparando em cheio contra Ahl-Tur.

À queima-roupa e à curta distância, mesmo sendo incapaz de matá-lo ou ferí-lo mortalmente, uma bala explosiva no estômago ainda equivalia a um soco forte para um ser humano, e Tur perdeu o impulso da investida e o fôlego por um momento.

E Zero agitou a espada, golpeando Tur por cima como se tivesse uma marreta na mão direita, determinado a saber se um Arcano podia causar problemas sem sua cabeça.

Apesar do ângulo ruim, Tur conseguiu afastar a espada de Zero com um volteio da sua própria, e bateu para frente com sua palma esquerda aberta.

Zero foi atingido em cheio, e foi principalmente o fato de ter atordoado o Arcano com o primeiro tiro certeiro que salvou sua vida. Caso Tur o atingisse com toda sua força, certamente teria esmagado todos os ossos no ponto de impacto. Mesmo com a visão turva e uma posição ruim, contudo, o impacto bastou para lançar Zero vários metros para trás, deslizando de costas no chão lamacento e quase sem conseguir respirar. Estavam empatados novamente.

Kayla, enquanto isso, estava surpresa. Viu suas lâminas devolvidas em sua direção pela salva de Maddock, que retirou algo de sua cintura e jogou contra ela com a mão esquerda. Mas fora uma tentativa patética, pois a esfera metálica caiu e deslizou no solo barrento muito antes de alcançá-la. E ela riu um sorriso de dentes pontiagudos ao correr na direção dele, as duas lâminas agora nas mãos, erguidas para um único golpe limpo.

Mas ela não conhecia uma granada, e nem sabia que elas explodiam sozinhas depois de ativadas. Ela não dera mais de três passos rápidos além de onde a esfera jazia inutilmente na lama quando houve a explosão, insuficiente para abater uma Arcana mesmo àquela distância, mas poderosa o bastante para atirá-la com violência para frente, de guarda aberta e permitindo que Maddock a colhesse em cheio numa nova salva de tiros, causando maior dano à medida em que ela se aproximava.

Irritada e ferida, Kayla golpeou com a mão esquerda ao passar por Maddock, e embora o outro tivesse rolado para direita e evitado o ataque, o cano da metralhadora caiu no lamaçal enquanto seu mestre se esquivava.

A Arcana caiu e rolou para frente, se esforçando para ignorar as dores causadas pela explosão e os tiros, e viu o humano se pôr de pé e olhar pesaroso e surpreso para sua arma, murmurando algo que ela entendeu como:

_ ... Modelo compacto agora... Saco...!

N’O Palão, uma explosão violenta de magia colidiu contra a Parede Luminosa de Laírton com tanta força que o pára-brisa do carro explodiu para dentro e o metal reforçado de seu capô e estrutura envergaram um pouco sob o peso apesar da barreira do Irmão, que avisou:

_ Não poderei lançar essa proteção novamente.

_ Então vamos ter que improvisar!

Freya saltou de seu ponto na metralhadora para a dianteira do Palão com uma agilidade surpreendente, algo digno de Sari, e antes que Daniel recarregasse sua Lança Granada novamente ou Melissa pudesse lançar outra Bala de Canhão na direção da massa de Arcanos, a Dragonesa golpeou o solo lamacento com os dois punhos metálicos.

A velocidade dos Arcanos voltou-se contra eles quando uma onda de lama ergueu-se onde Freya batera e os engoliu e empurrou de volta uns sobre os outros, interrompendo sua investida. E Daniel, tendo conseguido recarregar, tornou a disparar entre o grupo.

Uma explosão violenta colheu os mais lentos dos Arcanos, ainda caídos, mas os demais ergueram-se depressa para atacar a Dragonesa com uma barragem maciça de feitiços.

Freya cobriu-se depressa com seus escudos e foi empurrada sobre O Palão pela força do ataque, e apesar das jóias Dragão de Fogo ela talvez tivesse sido ferida se Melissa também não viesse à frente, estendendo a Varinha de Maddock adiante para ajudá-la a absorver a carga de magia e perguntando:

_ Bia, você tá legal?

_ O tranco foi maior do que eu esperava, Mel, mas tudo bem. Valeu a ajuda.

_ Pronta pra mais?

_ Manda ver!

Os Arcanos restantes avançavam novamente, apenas dois deles abatidos pelo ataque de Daniel, e agora se espalhavam para esquerda e direita, convergindo sobre o capô d’O Palão como uma mandíbula que se fechava.

Freya bateu os escudos em seus braços como duas luvas enquanto Melissa voltou o artefato que ganhara para direita, disparando novamente a magia dos Arcanos contra eles próprios enquanto sua colega, com a força física ampliada pelo poder que sua armadura absorvera, partia para um confronto mais direto, acompanhada por Daniel e Laírton.

O primeiro golpe de Freya jogou dois dos Arcanos para trás sobre os demais, quase desacordados e com suas formas físicas tremendamente danificadas, sem poder acreditar que aquela fêmea fosse tão forte. Mas outro deles, surgindo por trás dos abatidos, sorriu perversamente ao erguer um punhal curvo contra ela.

E foi atravessado pela Lança Granada que Daniel colocou em seu caminho, surgindo por trás da Dragonesa no último momento e apertando o gatilho, explodindo o Arcano e sendo jogado de volta sobre o Palão e desequilibrando Freya.

Laírton então, ofegante, fincou seu cajado no solo barrento até encontrar resistência, e uma nova parede formou-se de espetos de argila sólida e amolecida, pronta para receber os inimigos seguintes. Se pudesse conceder aos amigos um instante a mais para se recobrarem...

Mais feitiços, cargas de Garra de Escuridão, Chicote Elétrico e uma Onda de Terra para despedaçar a proteção abateram-se sobre a parede e o Irmão Laírton tombou, sendo arrastado para trás com o Palão, que por pouco não virou sobre si mesmo. E os Arcanos estavam próximos demais para serem evitados desta vez.

Freya, que tombara para frente depois da explosão causada por Daniel, ergueu-se com um gancho de direita, mandando um novo Arcano para fora da batalha e travando combate com outro, enquanto Melissa agitou a varinha metálica para esquerda de onde estava, devolvendo parte do que absorvera para ajudar os amigos, sabendo que aquilo haveria de custar caro. E ao voltar sua atenção para direita, deparou com mais seis Arcanos convergindo juntos contra ela em alta velocidade, e sabia que não havia como desviar.

“Droga...!”

Ao mesmo tempo, no alto, Christabel estava se movendo sempre, mantendo-se fora do alcance do adversário e também voltando a atenção dele para longe de onde seus amigos lutavam. Ao redor dela e do outro, o céu parecia escurecer ainda mais, privado da lua e das estrelas pelas nuvens de tempestade que se acumulavam por toda a volta.

Por estranho que parecesse a quem visse de fora, nenhum dos dois atacara ainda. Ela sabia que o outro precisava dela viva, ao menos até retirar de seu espírito a essência que nutrira por todos aqueles anos. Mas também sabia que ele só precisaria de uma abertura na defesa dela para consumar sua busca. Só haveria espaço para uma investida naquele duelo, e o primeiro a abrir sua guarda perderia.

Sunday, November 04, 2007

Hola! Numa manhã pra lá de chuvosa, com goteiras sobre minha cama e ao som de 'Turning Japanese', saudações do Louco! ^^

Aproveitem enquanto podem, leitores e leitorinhas! Tá acabando a coisa toda, e tá na hora de Zero acertar as contas com o cara que derrubou o Velho Dirceu, assim como é momento pro velho Tur acertar as contas com o cara chato que insiste em se por entre ele e seu alvo. Falem sério, se estivessem no lugar do Arcano, o que iam querer fazer com o Zero? ^^

Amplexos... er, molhados... do Louco!

Capítulo XLI – Cinzas às Cinzas

Christabel sequer parecia piscar, a atenção voltada para os dois Arcanos singulares diante de si. Não sabia e nem se importava com por qual motivo eles não haviam aparecido até então, ou porque haviam surgido de repente. Apenas sabia que sua guarda podia enfrentar os demais Arcanos em batalha, ou apenas aqueles dois, mas que era inviável deixar que lutassem com todos ao mesmo tempo.

Tur e Kayla também fitavam a Rainha sem piscar, seus sentidos varrendo os arredores enquanto avaliavam a situação. Muitos dos seus estavam feridos ou mortos, destruídos pelas forças da Rainha. Ainda havia um número considerável deles, pouco mais de quinze Arcanos remanescentes ainda em condições de combater, feridos ou não. Mais importante para o casal, no entanto, era Christabel.

Era a última oportunidade que teriam de apreender a Rainha e cumprir a ordem que seu mestre lhes dera, e estavam cientes disso. Por toda a volta parecia haver um manto de silêncio sepulcral, a batalha subitamente interrompida enquanto a Rainha e os dois oponentes se mediam, sabendo muito bem que o primeiro movimento talvez decidisse a luta, e por isso mesmo não podiam ser distraídos.

Um assobio alto veio da esquerda de Christabel, direita dos dois Arcanos, e eles inadvertidamente voltaram-se para ver onde o Palão de Maddock, gotejando lama úmida, estava parado. E Zero estava sentado na abertura da capota, esperando que lhe dessem atenção antes de saltar e aproximar-se devagar, o rosto sereno e quase sério e a mão esquerda aberta e voltada para baixo, separada do corpo.

O olhar de Ahl-Tur escureceu. Outra vez. O rapaz estava diante dele, tentando impedí-lo de chegar à Rainha, mais uma vez. E Kayla, admirada, lembrou-se de ter julgado que aquele humano atrevido que os despistara anteriormente havia morrido. Contra todas as expectativas, porém, ali estava ele, outra vez se pondo entre eles e seu alvo, altivo e arrogante como antes. E ela finalmente veio a considerá-lo com o mesmo respeito que Tur; devia haver algo de muito incomum num adversário que se punha diante deles vez após a outra como aquele.

_ Aí, Zero!

A porta do Palão bateu, e mais passos lentos vieram pelo solo lamacento, mas Zero não se voltou, meramente esperando enquanto Maddock se punha ao seu lado, uma haste de capim que não se sabia de onde tinha vindo no canto de sua boca, e olhando com seriedade para os dois desconhecidos.

_ É esse aí? O tal do Queimadura que você falou?

_ É. O mesmo.

_ Sei.

Hermes mudou a haste que mastigava da direita para a esquerda de sua boca, sempre encarando os dois Arcanos em silêncio, enquanto eles o contemplavam com estranheza e algum aborrecimento. Outro?

E Christabel entendeu o que estava para acontecer e sobressaltou-se, mas só teve tempo de ensaiar um movimento quando a voz de Zero a deteve.

_ Christabel!

Tão estranho era ouví-lo chamando-a pelo verdadeiro nome que seus olhos encontraram os dele, e naquele mero olhar tudo o que havia para ser dito passou de um para o outro. As obrigações dela ainda eram com o gigante, o criador dos Arcanos, e não fazia sentido que se desgastasse lutando com os outros. Para isso ele e os outros estavam ali. A verdadeira batalha da Rainha não era com os servos, e sim com o mestre.

Além do mais, ele também tinha contas a ajustar com Ahl-Tur, algo que ele tinha a obrigação de fazer. A tudo ela compreendeu apenas naquela troca de olhares, e sua expressão nublou-se, porque sabia que ele tinha razão, mas não gostava de ser forçada àquela situação. E ele sorriu levemente ao perceber que ela compreendia.

_ E você disse que eu não aprendia.

Ela baixou os olhos, contrariada. Era tão típico de Zero, brincar mesmo numa hora daquelas, mas ela sabia o quanto as chances dele eram ruins, e por isso não via tanto humor na situação. Ele parecia ter percebido, porque tornou a chamá-la, e ela o viu retirar o crucifixo de plástico negro que sempre usava no pescoço e jogá-lo para ela.

_ Guarda pra mim um pouquinho? Eu pego com você depois.

Ela pressionou o pingente entre os dedos por um momento e então o colocou no próprio pescoço, e viu Zero recompensá-la com um sorriso caloroso. Mas a voz dela ainda era triste ao responder:

_ Não me deixe esperando.

Ele piscou para ela e seu rosto voltou a ficar sério enquanto fitava os Arcanos, Maddock silencioso ao seu lado e os oponentes também imóveis a encará-los. E no Palão, Freya estava de pé no capô agora, olhando para Melissa com ar de apreensão.

_ Por que a gente não vai também? Eles não querem enfrentar aqueles dois sozinhos?

_ Acho que sim – Melissa retrucou, parecendo incomumente sombria.

_ Mas... Pelo que o Maddock disse... Aqueles dois são os que nos atacaram na Sucata, não são? Foram eles que...

_ Sim, acredito que sim – Daniel respondeu ao lado de Melissa, colocando novos cartuchos em sua Lança Granada e também sem tirar os olhos da cena – Mas não podemos e nem devemos intervir agora, Freya.

_ O que quer dizer?

_ Olha ao redor, Beatriz – Melissa replicou, sem tirar os olhos de onde estavam Zero e Maddock – Já temos muito o que fazer por aqui.

Christabel queria partir de uma vez e fazer o que devia, fazer sua parte o mais depressa possível para voltar e lutar ao lado de Zero, quisesse ele ou não, mas não podia. O primeiro movimento precipitaria a última disputa, e se qualquer um dos opositores fosse distraído, a vitória seria do outro. Era por isso que ela precisava esperar, por enervante que fosse. À direita de Zero, Maddock murmurou entre dentes:

_ Dessa vez, porque era o seu pai... eu vou deixar cê ficar com o Frescura e me contento com a vampirinha ali, Zero.

_ Valeu.

_ Mas se perder pra ele... Nunca mais eu falo com você.

Zero sorriu. E ao redor deles, mesmo os demais Arcanos pareciam tensos, esperando por algum sinal que precipitasse a ação. Mesmo sendo superiores aos humanos, também eles podiam sentir tensão e nervosismo diante do momento.