Pois é, vamos começar hoje o penúltimo capítulo da história. *suspiro* Engraçado isso, dá uma sensação de conquista e tristeza muito grande, como se estivesse de mudança ou prestes a ver um amigo ou bando de amigos muito queridos de mudança, indo pra outro país ou coisa do tipo. Acho q vcs podem entender.
Mas não tem graça começar uma história pra não terminar. Heh, tbm sou muito bom nisso #^^# E não é legal, vai por mim. Então, pra vcs que lêem e por quem gostaria de ter visto o final, e não está mais entre nós pra fazê-lo, vamos continuar com a coisa toda! Afinal, ainda tem uma ou duas surpresas nao reveladas ai _^
Forte amplexo.
(...)
E ao mesmo tempo...
Christabel era arrastada cada vez mais alto, uma espiral de rochas e vento intenso repletos da energia do espírito do outro. O tempo todo era atingida por uma lasca de pedra ou perturbada pelo ar carregado de eletricidade, e não fosse poderosa como era, talvez já tivesse sido consumida pelas forças em conflito enquanto girava sem controle para cima.
E aquilo a irritou. Não viajara tanto, não passara por tamanha dor e sofrimento, para ser vencida sem ao menos revidar. Se não havia fuga daquele vórtice, então era ali dentro que ela acabaria com o outro.
E seu oponente, já certo da vitória enquanto carregava sua presa cada vez mais até onde o ar não existia, sentiu de repente a vontade da Rainha irradiar dela novamente, primeiro como um intenso sol em miniatura, para depois reverter a direção da corrente de ar ascendente que a portava, trazendo das camadas mais altas da atmosfera uma queda de temperatura irresistível, cristalizando o cone de ar à sua volta quase instantaneamente, girando no sentido anti-horário com uma imensa estalactite de gelo no interior do tornado que ele criara.
Mas a imensa estaca de gelo só existiu por um momento, antes que Christabel a explodisse em todas as direções com uma detonação de Impacto, bradando:
_ Condenação de Gelo!!
Mesmo sem um corpo sólido naquele instante, de algum modo, o outro sentiu-se subitamente dilacerado pelas inúmeras lascas de gelo que partiram em todas as direções, e gritou. Não tinha uma voz naquele momento, mas seu urro de dor foi como um trovão nas camadas altas da atmosfera, e mesmo os combatentes lá embaixo sentiram o estremecer como se uma grande explosão tivesse acontecido muito acima deles.
Caindo, ainda sem compreender que elemento de espírito Christabel imbuíra ao gelo para que pudesse ferí-lo naquele estado, o outro buscou refúgio na terra outra vez. Precisaria de uma forma mais resistente se quisesse suportar um novo ataque daqueles.
A imensa massa de pedra e rocha caída em meio ao lamaçal apenas começara a se mover outra vez, unindo-se aos poucos para formar o antigo corpo colossal, quando Christabel caiu sobre ele como um meteoro de diamantes, cintilando à luz dos relâmpagos mais acima, cercada por várias de suas farpas de gelo. E ela abateu-se sobre o que fora a caixa toráxica do gigante de pedra sem reduzir sua velocidade, fazendo o solo estremecer. Depois, silêncio, e a figura de pedra imobilizou-se.
Do nada, em meio à trilha que levava a leste, Christabel irrompeu do solo novamente, e desta vez não estava sozinha. Havia uma forma de vida presa em sua lâmina, algo que lembrava vagamente uma figura humana arruinada, com asas às costas, tão decrépitas quanto ele próprio. A criatura se debatia furiosamente, e a raiva e o rancor por ser revelado naquela situação eram tão poderosos que Christabel sentia ser golpeada por elas tanto quanto pelos braços deformados e asas que o outro usava na tentativa de se soltar, e então soube que aquela era a verdadeira aparência do criador dos Arcanos, nem matéria sólida nem espírito, mas uma ruína de algo que já fora ambos.
E soube que não deveria soltá-lo. Sem um corpo verdadeiro havia mais tempo do que o tempo poderia lembrar, e agora arrancado de seu invólucro material, ele estava se deteriorando rapidamente e possuiria qualquer meio que pudesse, uma vez que ela o libertasse. Até mesmo o ar. Por isso, apesar dos talhos cada vez maiores que brotavam em seus braços, apesar dos cortes em seu rosto e da sua armadura sendo fragmentada como por um vento cáustico, a Rainha manteve o outro aprisionado.
Sem qualquer aviso, um arpão atingiu Christabel por trás e a atravessou, empalando também a coisa mantida cativa por ela. Em meio à dor ela olhou para si mesma, percebendo que se tratava de energia pura e não metal, embora tal conhecimento não tornasse a agonia menor. Agonia, ela sentia, que o outro também dividia com ela.
Mas a dor também trouxe uma consciência maior a Christabel, uma súbita onisciência de toda a situação ao seu redor. Sua guarda lutando nos arredores de Melk, Zero e Ahl-Tur batalhando em valetas rústicas abertas no solo, a vampira Sari auxiliando Hermes Maddock com seus ferimentos... e, mesmo sem se voltar, a identidade do atacante misterioso que a atingira pelas costas, e do sorriso no rosto dele, satisfeito por ter levado a cabo com perfeição seu plano havia muito elaborado. E tamanha era a surpresa dela que, por um instante, Christabel ficou completamente sem ação.
_ ... C-Cris... tóvão...?
Capítulo XLII – Pó Ao Pó
Ainda suspensa no ar, Christabel sentiu a resposta do outro sem palavras, quase como se ela própria a tivesse pensado, sem dizer coisa alguma.
É bom tornar a vê-la, Minha Rainha, mesmo que não me acredite. Estive procurando por você.
Ela pensou de volta sua resposta. Se conseguisse libertar-se daquela emboscada covarde, ela o faria arrepender-se de tê-la encontrado. E o sorriso dele ficou um pouco diferente, parte atrevido e parte condescendente, quase com pena dela.
Mesmo que não me acredite, sempre teve a minha simpatia. É uma criatura única, quer seus pares humanos a reconheçam como tal ou não. Lamento que tenha que ser assim; me admira muito que tenha se desfeito da minha tiara.
A tiara... dele?? Christabel tentou voltar-se para encarar o outro, como se ele estivesse mentindo e ela pudesse descobrí-lo ao olhar em seus olhos. Não parecia possível... Dirceu dissera que um grande perito seria necessário para criar algo como aquele artefato... Como era possível que fosse Cristóvão...??
Ah, você foi até o Mestre Dirceu? Claro, eu deveria ter imaginado; não há muitos no mundo de hoje com perícia para tal. Você foi até a Cidade Sucata para isso... Eu realmente deveria ter percebido. Ah, bem...
E então, como se um interruptor tivesse sido ligado, a Rainha sentiu a própria essência sendo puxada através do arpão de energia preso em si, e que também o poder e espírito do outro, empalado por sua espada, estavam sendo arrastados através dela e pela corrente de energia até Cristóvão, que estava se alimentando de ambos. E em meio ao tormento e ao esforço em resistir, Christabel subitamente viu os pensamentos daquele que a mantinha cativa e também daquele a quem enfrentara até então, e descobriu a identidade da criatura arruinada que desaparecia diante de seus olhos, sua essência drenada através dela.
... Alexandre...
Uma vez, no que naquele momento parecia uma vida inteira atrás, ela tivera uma visão de passos apressados e do som de botas com adereços metálicos avaçando, num presságio para a insanidade que cobriria o mundo. Era uma memória que não fazia qualquer sentido, ou nunca fizera até então. Aquela lembrança era dele...