A história vai ficando séria...? Ou não.
E, por quê a tiara não saiu mesmo...?
(...)
Zero continuava olhando através da janela, perdido em pensamentos depois do último verso como se ainda pudesse ouvir o eco que sua mãe e seu pai diziam haver na versão original daquela canção. Parecia insistir com ele, naquele momento, forçando sobre ele uma verdade que na maioria das vezes ele preferiria poder negar. Estava cansado, muito cansado. Por vezes era tão difícil ‘encontrar a vontade’, quando velhas lembranças vinham assombra-lo como tinham feito no porão...! Quase era o bastante para derrubar até mesmo sua teimosia. Quase bastava para faze-lo desistir.
Mas não podia ainda. Não tinha conquistado o direito e, depois de tanto tempo, descobrira algo mais a ser feito... Alguém que precisava, ou poderia precisar dele. E sua atenção foi inevitavelmente atraída para onde estava Christabel. E ela estava olhando para ele, as recriminações previamente planejadas esquecidas.
Ambos ficaram em silêncio por algum tempo, meramente olhando nos olhos um do outro. Ele, imerso no alívio de ver que ela despertara; ela, intrigada e com sua atenção mais atraída do que admitiria por Zero, tentando compreender o que havia nele.
_ Christie... – ele murmurou, parecendo um pouco embaraçado – Desculpa, acho que eu tava fazendo muito barulho, né? Acabei te acordando.
_ ... Sim, foi você quem me acordou.
Ele ficou ainda mais sem jeito, mas ela não se importou com aquilo. Não estava mentindo, afinal. Levantando-se, com um sorriso um pouco contrariado mas com traços da mesma tristeza de antes, ele acenou com a cabeça numa afirmativa.
_ Tudo bem, foi mal. Queria ter certeza de que você ia ficar bem, mas se já acordou, acho que vai preferir ficar sozinha.
_ A tiara continua presa em mim – ela disse de súbito quando ele deu-lhe as costas e saía. Zero deteve-se, concordando silenciosamente com um aceno de cabeça mas sem dizer palavra a princípio. Como Christabel também se mantivesse em silêncio, embora olhando para ele com ar inquisidor, o rapaz voltou-se e explicou:
_ Meu pai disse pra te pedir desculpas, caso acordasse e ele não estivesse por perto. Vai fazer isso assim que se encontrarem, mas você devia saber que ele se descuidou. Bom, pra falar a verdade, você também foi culpada, Christie – a expressão dela foi velada e levou Zero a se explicar depressa, contendo-a antes que levantasse da cama – Foi, sim, e eu não vou retirar o que disse; e você continua fraca demais pra ficar com ameaça. Calma, que eu explico.
“Tanta pressa fez meu pai esquecer uma coisa importante – Zero prosseguiu, agora mais sério – O fator de polarização da sua tiara. Quem quer que tenha criado ela, sem dúvida teve muito trabalho pra fazer tudo direitinho; então, claro que a pessoa não ia fazer algo fácil de tirar. As lascas de Dragão de Fogo na tiara formam uma espécie de ‘eco’ cada vez que você tenta utilizar magia, anulando seu poder na mesma proporção em que você o utiliza. Para todos os efeitos, é como se a cada vez que a verdadeira Christabel utiliza seu poder, uma ‘Christabel sombra’ estivesse cancelando sua magia.”
_ Compreendo – Christabel murmurou – Mas ainda não entendo por quê seu pai se interrompeu.
_ Basicamente, a melhor opção para anular a atração do metal ao seu corpo seria remover as ‘fontes de força’ da tiara, os fragmentos de jóia incrustados nela. Sem eles, o arcânio sozinho não seria barreira. O problema é que, uma vez tocando seu corpo, a tiara começou a usar seu próprio campo de energia, Christie, para manter as jóias fixas. Não dá pra remove-las apenas usando ferramentas. Não sem, como disse, causar danos físicos permanentes a você. Talvez, danos mentais também.
Christabel ponderou o que lhe fora dito. Então, não havia como remover a tiara, e seus poderes estavam confinados dentro dela. Talvez pelo resto de sua vida.
_ Então, você estava errado. Seu pai também não tem como remover a tiara, e minha vinda até aqui foi inútil.
_ Mas não foi isso o que eu disse – Zero pareceu admirado – Poxa, que mania de tirar conclusão, Christie! Eu só falei que não dá pra remover as jóias usando uma ferramenta comum, não que não dá pra tirar de forma nenhuma.
Christabel olhou diretamente no rosto dele, como se tentasse adivinhar se ele estava brincando novamente.
_ Seja direto e explique-se de uma vez.
Mas não podia ainda. Não tinha conquistado o direito e, depois de tanto tempo, descobrira algo mais a ser feito... Alguém que precisava, ou poderia precisar dele. E sua atenção foi inevitavelmente atraída para onde estava Christabel. E ela estava olhando para ele, as recriminações previamente planejadas esquecidas.
Ambos ficaram em silêncio por algum tempo, meramente olhando nos olhos um do outro. Ele, imerso no alívio de ver que ela despertara; ela, intrigada e com sua atenção mais atraída do que admitiria por Zero, tentando compreender o que havia nele.
_ Christie... – ele murmurou, parecendo um pouco embaraçado – Desculpa, acho que eu tava fazendo muito barulho, né? Acabei te acordando.
_ ... Sim, foi você quem me acordou.
Ele ficou ainda mais sem jeito, mas ela não se importou com aquilo. Não estava mentindo, afinal. Levantando-se, com um sorriso um pouco contrariado mas com traços da mesma tristeza de antes, ele acenou com a cabeça numa afirmativa.
_ Tudo bem, foi mal. Queria ter certeza de que você ia ficar bem, mas se já acordou, acho que vai preferir ficar sozinha.
_ A tiara continua presa em mim – ela disse de súbito quando ele deu-lhe as costas e saía. Zero deteve-se, concordando silenciosamente com um aceno de cabeça mas sem dizer palavra a princípio. Como Christabel também se mantivesse em silêncio, embora olhando para ele com ar inquisidor, o rapaz voltou-se e explicou:
_ Meu pai disse pra te pedir desculpas, caso acordasse e ele não estivesse por perto. Vai fazer isso assim que se encontrarem, mas você devia saber que ele se descuidou. Bom, pra falar a verdade, você também foi culpada, Christie – a expressão dela foi velada e levou Zero a se explicar depressa, contendo-a antes que levantasse da cama – Foi, sim, e eu não vou retirar o que disse; e você continua fraca demais pra ficar com ameaça. Calma, que eu explico.
“Tanta pressa fez meu pai esquecer uma coisa importante – Zero prosseguiu, agora mais sério – O fator de polarização da sua tiara. Quem quer que tenha criado ela, sem dúvida teve muito trabalho pra fazer tudo direitinho; então, claro que a pessoa não ia fazer algo fácil de tirar. As lascas de Dragão de Fogo na tiara formam uma espécie de ‘eco’ cada vez que você tenta utilizar magia, anulando seu poder na mesma proporção em que você o utiliza. Para todos os efeitos, é como se a cada vez que a verdadeira Christabel utiliza seu poder, uma ‘Christabel sombra’ estivesse cancelando sua magia.”
_ Compreendo – Christabel murmurou – Mas ainda não entendo por quê seu pai se interrompeu.
_ Basicamente, a melhor opção para anular a atração do metal ao seu corpo seria remover as ‘fontes de força’ da tiara, os fragmentos de jóia incrustados nela. Sem eles, o arcânio sozinho não seria barreira. O problema é que, uma vez tocando seu corpo, a tiara começou a usar seu próprio campo de energia, Christie, para manter as jóias fixas. Não dá pra remove-las apenas usando ferramentas. Não sem, como disse, causar danos físicos permanentes a você. Talvez, danos mentais também.
Christabel ponderou o que lhe fora dito. Então, não havia como remover a tiara, e seus poderes estavam confinados dentro dela. Talvez pelo resto de sua vida.
_ Então, você estava errado. Seu pai também não tem como remover a tiara, e minha vinda até aqui foi inútil.
_ Mas não foi isso o que eu disse – Zero pareceu admirado – Poxa, que mania de tirar conclusão, Christie! Eu só falei que não dá pra remover as jóias usando uma ferramenta comum, não que não dá pra tirar de forma nenhuma.
Christabel olhou diretamente no rosto dele, como se tentasse adivinhar se ele estava brincando novamente.
_ Seja direto e explique-se de uma vez.
_ Tá, mas vê se não fica apressando as conclusões, também. A idéia é usar uns recursos da Cidade Avançada pra dar um jeito nas jóias. Feito isso, tirar essa coisa de você não deve ser tão difícil.