Sunday, January 29, 2006

Olá gente leitora! Conseguindo manter pela terceira vez consecutiva a minha promessa de ano novo (heh, acho q agora já dá pra tornar isso oficial), saudações do Louco!

A história vai ficando séria...? Ou não.

E, por quê a tiara não saiu mesmo...?


(...)
Zero continuava olhando através da janela, perdido em pensamentos depois do último verso como se ainda pudesse ouvir o eco que sua mãe e seu pai diziam haver na versão original daquela canção. Parecia insistir com ele, naquele momento, forçando sobre ele uma verdade que na maioria das vezes ele preferiria poder negar. Estava cansado, muito cansado. Por vezes era tão difícil ‘encontrar a vontade’, quando velhas lembranças vinham assombra-lo como tinham feito no porão...! Quase era o bastante para derrubar até mesmo sua teimosia. Quase bastava para faze-lo desistir.
Mas não podia ainda. Não tinha conquistado o direito e, depois de tanto tempo, descobrira algo mais a ser feito... Alguém que precisava, ou poderia precisar dele. E sua atenção foi inevitavelmente atraída para onde estava Christabel. E ela estava olhando para ele, as recriminações previamente planejadas esquecidas.
Ambos ficaram em silêncio por algum tempo, meramente olhando nos olhos um do outro. Ele, imerso no alívio de ver que ela despertara; ela, intrigada e com sua atenção mais atraída do que admitiria por Zero, tentando compreender o que havia nele.
_ Christie... – ele murmurou, parecendo um pouco embaraçado – Desculpa, acho que eu tava fazendo muito barulho, né? Acabei te acordando.
_ ... Sim, foi você quem me acordou.
Ele ficou ainda mais sem jeito, mas ela não se importou com aquilo. Não estava mentindo, afinal. Levantando-se, com um sorriso um pouco contrariado mas com traços da mesma tristeza de antes, ele acenou com a cabeça numa afirmativa.
_ Tudo bem, foi mal. Queria ter certeza de que você ia ficar bem, mas se já acordou, acho que vai preferir ficar sozinha.
_ A tiara continua presa em mim – ela disse de súbito quando ele deu-lhe as costas e saía. Zero deteve-se, concordando silenciosamente com um aceno de cabeça mas sem dizer palavra a princípio. Como Christabel também se mantivesse em silêncio, embora olhando para ele com ar inquisidor, o rapaz voltou-se e explicou:
_ Meu pai disse pra te pedir desculpas, caso acordasse e ele não estivesse por perto. Vai fazer isso assim que se encontrarem, mas você devia saber que ele se descuidou. Bom, pra falar a verdade, você também foi culpada, Christie – a expressão dela foi velada e levou Zero a se explicar depressa, contendo-a antes que levantasse da cama – Foi, sim, e eu não vou retirar o que disse; e você continua fraca demais pra ficar com ameaça. Calma, que eu explico.
“Tanta pressa fez meu pai esquecer uma coisa importante – Zero prosseguiu, agora mais sério – O fator de polarização da sua tiara. Quem quer que tenha criado ela, sem dúvida teve muito trabalho pra fazer tudo direitinho; então, claro que a pessoa não ia fazer algo fácil de tirar. As lascas de Dragão de Fogo na tiara formam uma espécie de ‘eco’ cada vez que você tenta utilizar magia, anulando seu poder na mesma proporção em que você o utiliza. Para todos os efeitos, é como se a cada vez que a verdadeira Christabel utiliza seu poder, uma ‘Christabel sombra’ estivesse cancelando sua magia.”
_ Compreendo – Christabel murmurou – Mas ainda não entendo por quê seu pai se interrompeu.
_ Basicamente, a melhor opção para anular a atração do metal ao seu corpo seria remover as ‘fontes de força’ da tiara, os fragmentos de jóia incrustados nela. Sem eles, o arcânio sozinho não seria barreira. O problema é que, uma vez tocando seu corpo, a tiara começou a usar seu próprio campo de energia, Christie, para manter as jóias fixas. Não dá pra remove-las apenas usando ferramentas. Não sem, como disse, causar danos físicos permanentes a você. Talvez, danos mentais também.
Christabel ponderou o que lhe fora dito. Então, não havia como remover a tiara, e seus poderes estavam confinados dentro dela. Talvez pelo resto de sua vida.
_ Então, você estava errado. Seu pai também não tem como remover a tiara, e minha vinda até aqui foi inútil.
_ Mas não foi isso o que eu disse – Zero pareceu admirado – Poxa, que mania de tirar conclusão, Christie! Eu só falei que não dá pra remover as jóias usando uma ferramenta comum, não que não dá pra tirar de forma nenhuma.
Christabel olhou diretamente no rosto dele, como se tentasse adivinhar se ele estava brincando novamente.
_ Seja direto e explique-se de uma vez.
_ Tá, mas vê se não fica apressando as conclusões, também. A idéia é usar uns recursos da Cidade Avançada pra dar um jeito nas jóias. Feito isso, tirar essa coisa de você não deve ser tão difícil.

Sunday, January 22, 2006

Oi leitores!! Tentando me redimir de uma reputação de relapso, desligado, desleixado e outros 'des'favoráveis adjetivos, saudações do Louco!

Vale a pena, a essa altura, explicar uma coisinha sobre as músicas q from now on vão rolar de quando em quando. First, como qualquer um q saiba um pouquinho sobre músicas, eu não sou dono de direitos ou coisa alguma sobre elas. Sou só um escritor tentando dar uma palhinha do gosto pessoal sobre os pobres personagens (um dos direitos implícitos quando se cria um mundo novo, acho; seus personagens gostam do q vc gostar ^_^). Pra os q curtem tbm, espero q esteja ao seu agrado. Ah, e pros q não curtem, espero q essas versões traduzidas ajudem vcs a curtir, ao menos um pouquinho ^^

Second, quase sempre as músicas em inglês serão, no mundo do Zero, tratadas como uma espécie de conhecimento comum. Então, quando cantarem, ou declamarem a música como um poema, isso será feito numa espécie de 'idioma universal' relativo a melodias, q todo mundo entende mais ou menos claramente, de acordo com si mesmo. Por isso, quando for feito, quem ouvir entende. Daí o fato de elas estarem traduzidas.

Isso é impossível? qualé, vcs tão lendo sobre uma rainha maga superpoderosa, caçada por seres sobrenaturais q a gente chama de 'mitos ou lendas', auxiliada por um pistoleiro com dotes de McGiver e Indiana Jones juntos, e vão pegar no meu pé por causa das músicas q eles gostam? ^^

Iso tem a ver com meus gostos, tbm. Qdo escrevo, gosto de fazer uma coletânea com a realidade atual e misturar com imaginação. Dããã, Dimão, todo mundo faz isso. tá, foi mal, chega de tagarelar. Vamos adiante com a história, então...


(...)
Ouviu sons então. Sons que se aproximavam, enquanto pareciam chamar por ela, mas sem usar seu nome. Não fazia sentido. Então, um som de pedras se movendo, e um bloco de luz abriu-se enquanto um de pedra afastou-se dela, e vozes desconhecidas que lhe pareciam familiares tornaram a chamar, e ela quis mover seu braço direito para mostrar que os ouvia... mas o osso quebrado protestou com mais dor.

Espaços vazios... Pelo quê estamos esperando?

Outra voz. Conhecia aquela, e parecia conhecer muito bem. Se aborrecia com freqüência ao ouvi-la, tanto que sua reação espontânea ao reconhecer a voz foi impacientar-se, como uma pessoa que sabe estar à beira de encontrar alguém inconveniente. Mas a voz parecia incomumente triste, cantando em voz baixa... ou declamando algo. Mesmo baixa, no entanto, a voz chegava até ela com mais nitidez do que os gritos das pessoas que pareciam estar à sua procura. Christabel queria concentrar-se em responder às pessoas que a chamavam, mas de alguma forma...

Lugares abandonados... Acho que já sabemos o resultado.
Em frente, e em frente.
Alguém sabe o que estamos procurando?

De alguma forma, as dores pareciam desaparecer, reduzindo-se a ponto de não serem mais notadas por ela quando se concentrava naquela voz em especial. Não era pela voz em si, ou pelo que ela dizia, mas sim pela estranha combinação de ambas. Talvez nem uma coisa nem outra pudesse particularmente atrair sua atenção, mas o fato de ser aquela voz dizendo aquelas palavras atraía sua atenção de forma irresistível e, sem entender bem porquê, Christabel sentia que sabia da razão para aquilo.

Um outro herói.
Um outro crime impensado.
Por trás das cortinas, na pantomima.
Segure a linha.
Alguém quer agüentar mais disso?

Ficou claro então. Ela abriu seus olhos, notando que as dores desapareciam, exceto pela já familiar sensação causada pela tiara em seu crânio. Veio o conhecimento de que a remoção planejada por Dirceu, de algum modo, falhara, e ela queria saber o que houvera... e Zero estava ali, sentado ao lado de uma janela não muito afastada de sua cama, e olhando para fora sem parecer nota-la. Ela perguntaria... depois que ouvisse o resto. Sentia algo de melancólico naqueles versos, e queria entender o porquê.

O show tem que continuar.
Por dentro, meu coração está quebrado,
Minha maquiagem pode estar desmanchando,
Mas meu sorriso ainda continua.

Novamente, ela teve a sensação que já tivera antes, quando conversara com Zero em Melk, sobre as muralhas. Ele sorria, e brincava, e mantinha sempre sua postura alegre que tanto a irritava... mas havia algo de triste até mesmo naquele sorriso, ela podia notar agora. Ela ansiara por vê-lo em uma situação, lembrava-se, onde todo seu bom humor não lhe serviria, e ele teria que admitir que não era capaz de resolver todo e qualquer problema.
Agora percebia que não era necessário. Ele já sabia daquilo.

O que quer que aconteça, eu vou deixar tudo ao acaso.
Outro coração partido, outro romance fracassado.
Em frente, e em frente.
Alguém sabe pra quê estamos vivendo?

Acho que estou aprendendo.
Eu preciso ser mais caloroso agora.
Eu logo vou estar dobrando a esquina.
Lá fora, o dia está nascendo,
Mas aqui dentro, no escuro, eu estou ansioso pra ser livre.

Havia algo sombrio naquele último verso, e ela não gostou de ouvi-lo. Era apenas parte da canção, ou do poema que estava cantando, mas ela podia sentir que Zero o estava dizendo com muito propósito. A canção inteira, de fato, mas aquele trecho causou nela uma inquietude que não teria esperado em si mesma.

O show tem que continuar.
Por dentro, meu coração está quebrado.
Minha maquiagem pode estar desmanchando,
Mas meu sorriso ainda continua.

Minha alma está pintada como as asas das borboletas.
Contos de fadas de outrora vão crescer, e nunca morrer.
Eu posso voar – meus amigos
O show tem que continuar.

Eu vou enfrentar mostrando os dentes.
Eu nunca vou me entregar!
Adiante com o show!

Ela esqueceu-se da recriminação que faria, quanto a ele ter baixado tanto sua guarda com aquela canção tola que nem sequer a percebera ali desperta. Era verdade que Zero se deixara conduzir pelo propósito daqueles versos, mas agora, também ela o fizera.

Eu vou estourar a banca.
Vou arrasar.
Eu tenho que encontrar a vontade para prosseguir.
Adiante com o show...
O show tem que continuar.*


(* The Show Must Go On – Queen)

Sunday, January 15, 2006

Feliz Ano Novo, visitantes novos e antigos! De volta do exílio, com uma roupagem velhíssima e a disposição nova, Loucomon volta pra contar mais sobre Nossa Rainha e seus companheiros!

E aí, rola ounão rola? Sei lá. Vejam aí, e me digam o q acharam ^_^

XIX – “O Show tem que Continuar”



_ Melissa! Mel, você está bem? Mel!
Daniel estivera inquieto desde o início das manifestações de objetos movendo-se sozinhos ou espatifando-se do nada, e quando tudo o mais silenciou não foi mais possível conte-lo e ele desceu rumo ao porão, lança em punho e sem saber o que esperar quando chegasse lá embaixo. Fosse como fosse, ele não estava pronto para a voz cansada de Melissa, que respondeu enquanto ele se aproximava:
_ P-pode... parar de gritar, Dan. Eu estou bem... mas você precisa dar uma ajuda ao Seu Dirceu com o Zero.
Ao fazer a última volta na escadaria, ele pôde ter uma boa visão da oficina no porão de Dirceu e Zero. Vários objetos metálicos em tamanhos diversos estavam espalhados por toda a volta, alguns parecendo quebrados. O Velho Dirceu estava escorado numa das estantes, sorrindo para ele embora também estivesse com ar cansado, assim como a maga negra, que pusera um banco de pé e estava sentada nele, de ombros caídos, cabeça baixa e parecendo muito abatida. Na bancada onde os trabalhos de restauração eram feitos estava Christabel, desacordada. E Zero estava caído ao lado dela no chão, parecendo banhado em sangue. O curioso, no entanto, era que sua mão esquerda mantinha-se agarrada à da Rainha. Ao aproximar-se, ele percebeu que a própria Christabel parecia sangrar e sua expressão turvou-se em preocupação, mas a voz cansada de Dirceu tranqüilizou-o:
_ Não precisa se preocupar, cavaleiro... o sangue não é da Rainha. Foi esse meu filho tolo... que sangrou em cima dela. Muito ocupado... cuidando dela, imagino.
_ Mestre Dirceu... – ele olhou em volta, abismado com a demolição no ambiente e confuso com o que estava vendo – Afinal, o que houve aqui embaixo? As coisas começaram a se partir ou cair lá em cima pouco depois que vocês fecharam a porta, e...
_ Dan... – Melissa o interrompeu, erguendo a cabeça e olhando para ele com ar cansado de reprovação – você não acha melhor... fazer essas perguntas mais tarde? Agora seria melhor se a gente saísse... daqui.
_ Ao menos agora... – Dirceu murmurou, sorrindo com cansaço – vocês poderão descansar um pouco; não acredito que... Sua Alteza esteja em condições de se opor. Ao menos, não... nas próximas horas.
Daniel ficou visivelmente surpreso com a forma displicente do velho Dirceu. Christabel estava desmaiada depois da intervenção e, até onde lhe parecia, não tinham como saber quais eram as condições dela; ele, no entanto, não parecia muito preocupado.
_ Mestre Dirceu... Sabe se a Rainha está bem?
_ Na verdade, rapaz... é preciso examina-la direito antes de ter certeza, mas... não acredito que esteja mais do que inconsciente. Fui muito tolo, admito; deveria ter antecipado que o criador do artefato não o deixaria desprotegido. Christabel, no entanto, continuou a manifestar dor com seus poderes depois que me afastei. Sim, acredito que ela esteja apenas exausta da provação.
_ E o Zero, Seu Dirceu? – Melissa perguntou, olhando com preocupação para o amigo caído – Ele ficou mantendo ela imóvel o tempo todo, até Christabel desmaiar. E essas feridas que ela fez nele...
_ Não, menina – Dirceu pareceu um pouco mais sério, olhando para o filho – É verdade que isso deve ter acontecido porque os dois estavam em contato um com o outro, mas o correto é dizer que ela ‘reabriu’ as feridas dele. Mas admito que me surpreendeu, também.
_ ‘Reabriu’? – Daniel perguntou, e Dirceu fez um gesto de impaciência.
_ Esqueçam. Ao invés disso, é melhor... que os tiremos daqui. Acredito que o Irmão Laírton pode ajudar Zero, e... preparei os quartos lá em cima para quando vocês chegassem. Leve Sua Alteza até lá, rapaz...
_ É melhor que venha também, Seu Dirceu – Melissa olhou preocupada para o pai de Zero, que tornou a sorrir para ela, ainda que com ar cansado.
_ Bobagem, menina... não precisa se preocupar. É preciso mais do que isso para me derrubar... e terei muito o que fazer antes do meu próprio repouso.
Christabel, por sua vez, estava sentindo dores. Dores por todo o seu corpo, e não apenas onde a tiara estivera. De fato, ela sequer conseguia se lembrar com clareza o que houvera consigo, ou como chegara ali, fosse onde fosse. Só sabia estar num lugar escuro e frio, e o ar parecia repleto de pó. Não conseguiria se mexer, caso precisasse. Parecia que alguns de seus ossos estavam quebrados.
Aquilo era tolice, sequer conseguia lembrar-se do que lhe acontecera...! Como tinha ido parar ali, e ficar em tal situação? Era poderosa! Mesmo que não pudesse usar suas forças...
Mas, que forças? Não conseguia lembrar-se exatamente, porque sua memória estava confusa, com memórias partidas que não se conectavam, como se estivesse tendo dois sonhos ao mesmo tempo. A impressão forte que tinha, no entanto, era daquela realidade com cheiro de terra, com as dores em seu corpo e uma incerteza aterradora quanto ao tempo em que continuaria com vida. E, também, uma certeza sem fundamento de que não estava sozinha ali embaixo. Havia mais alguém por perto, e essa idéia lhe dava uma tristeza profunda e uma sensação de perda que só experimentara uma vez em sua vida.