Wednesday, February 25, 2004

Olá de novo, gente carnavalesca!! Depois do feriadão, e depois de tentar aprender a dirigir (tudo bem, dessa vez eu até consegui um pouquinho... ^^'), Loucomon tá de volta e com mais da RAinha!!

Pra quem ficou se indagando, agora termina essa nova luta dela com Ahl-Tur ('Altura', no entendimento do Zero... -_-'). E pra quem queria saber do q a feiticeira tão temida é capaz pra assustar a galera... vai mais uma 'palhinha' do poder dela tbm...

Espero q vcs gostem. Té mais!!

Louco


(...)


E após um segundo de pausa, destroços de solo ergueram-se como se não tivessem peso, atingindo Christabel em sua passagem. E a Rainha tombou, rolando na poeira do pátio com sua capa enrolando-se nela por alguns metros até que ela conseguiu se firmar, impedindo o impulso contrário e voltando-se para confrontar o rival.
Uma explosão brotou debaixo dela, então, fumaça e pó subindo ao mesmo tempo enquanto o demônio sorria cruelmente na direção de Christabel, suas presas salientes no rosto. Mesmo aquilo não bastaria para eliminar a Rainha, ele bem sabia, mas ela agora estava na defensiva.
_ Menina tola – brandiu sua garra na direção dela novamente, e a capa de Christabel tombou para trás novamente, pedaços dela se soltando com o corte à distância – Você pode me sentir à distância com seu poder, e é forte demais para ficar desnorteada na escuridão, mas sem ter como me enxergar propriamente ou usar seu poder à plena força, não vai ser adversário para mim! Mas não se preocupe... Assim que estiver morta, removerei a escuridão. Afinal, meus guerreiros precisarão ver que derrubei seu portão.
Estendeu então sua garra esquerda na direção dela, chamas irrompendo de lugar nenhum para engolir o vulto que recuava no solo. Um instante depois, o fogo se abriu e Christabel se ergueu, aparentemente não mais que escoriada. Sua capa estava arruinada, e ela a soltou para que subisse aos ares, consumindo-se aos poucos nas chamas. A ombreira esquerda de sua armadura estava danificada e ela a retirou com um tapa distraído, o olhar voltado na direção de Ahl-Tur. Seus cabelos estavam um pouco desalinhados, mas aparte arranhões leves e queimaduras em seus braços e rosto, não haviam ferimentos visíveis na Rainha.
_ Isso é o melhor que pode fazer? Idiota.
Os olhos de Christabel escureceram então, e tal escuridão pareceu girar ao redor dela, visível apenas aos olhos de Ahl-Tur. Mas ele podia sentir também, que a vontade da Rainha estava se espalhando como se fosse um vento irresistível ao redor dela. E ele então admirou-se; ela estava movendo mais poder do que seria de se esperar, estando dentro da fortaleza.
_ Se continuar assim, Christabel, você mesma vai...
_ Acha realmente que eu vou me deixar derrotar? – uma súbita explosão de vento ao redor dela... não, aquilo não era vento; era escuridão! E os efeitos do feitiço de Trevas de Ahl-Tur desapareceram numa esfera cada vez maior em torno da Rainha – Pois trate de pensar novamente!
Ahl-Tur viu Christabel erguer seus olhos para ele, e sentiu tamanha força arremessada contra si que cobriu o próprio rosto com os braços e precisou de toda a sua concentração para não ser jogado para trás, enquanto ouvia algo tombar estrondosamente num ponto distante atrás de si, e notou que suas asas haviam sido cortadas em tiras.
_ Como se atreve... – ele começou, outra vez tentando fitar Christabel. E a Rainha tinha sua mão direita erguida, levemente suspensa no ar e com um olhar frio voltado na direção do demônio, quase parecendo pouco caso.
_ Morra.
Bruscamente, ela mudou de sua flutuação imóvel junto à muralha para um vôo rente ao solo, tão depressa que Ahl-Tur sequer tivera tempo de sair do caminho. Alguém olhando na direção do pátio naquele momento teria visto o que pareciam lâminas rebrilhando na escuridão e cortando o ar na direção da muralha oposta, de onde novamente veio um som de estrondo. E o peso sufocante das trevas sobre a fortaleza foi suspenso.
Zero estava admirado, e muito. Descera de onde Sari estava caída, correndo junto à muralha oeste para evitar as flechas, disposto a alcançar sua Unicórnio e ajudar Christabel na luta da forma que pudesse, ciente de que apenas a Rainha poderia impedir os atacantes de fora da fortaleza, dada a situação. Felizmente para ele não tivera tempo de chegar à moto, porque o ataque final da Rainha, rápido demais para que visse tudo o que de fato acontecera, havia marcado o solo da fortaleza e até as paredes paralelas com cortes que pareciam ter sido traçados por garras gigantes de um lobo ou tigre. E ela agora estava parada sobre destroços da muralha leste, de costas para ele.
“O tal do Verdura se deu mal. Presumiu que Christabel ia pegar leve por causa das muralhas e, sem se dar conta, deixou ela de costas pra a Muralha Oeste, a única que realmente precisa ficar de pé em caso de emergência. Já que não tem exército invasor vindo do lado leste, ela não viu porquê segurar a força naquela direção. Mas...”
Fora uma demonstração impressionante do poder da Rainha, sem dúvida, e quase explicava o medo dos guerreiros de Melk quanto a ela, mas se ela fora forçada a lançar mão de tal recurso, era porque o inimigo era mais poderoso do que havia esperado. Isso podia significar problemas no futuro.
Christabel olhava com superioridade e pouco caso para os restos da muralha, esperando. Não levou muito tempo até que Ahl-Tur emergisse debaixo dos destroços, sangrando muito e terrivelmente marcado por cortes, quase como se uma lâmina furiosa o tivesse atingido em seqüência e com velocidade. E ela disse num tom de voz indiferente:
_ Queria atravessar minha fortaleza? Pois bem. Está do outro lado agora.
Passos apressados se fizeram ouvir de todas as partes de Melk; agora que a escuridão fora removida pela Rainha, os soldados estavam vindo à tona para a batalha que já não aconteceria mais. Zero viu que eles estavam tomando postos, principalmente junto à Muralha Oeste, embora as reações de espanto quanto à devastação ao longo do pátio interno fossem inevitáveis. E, diante da Rainha, deixando-se cair de joelhos, Ahl-Tur murmurou entre dentes:
_ P-parabéns por... sua vitória hoje, Rainha Christabel. Mas... – olhou para ela com um sorriso difícil entre os ferimentos, ainda parecendo zombar – acredito que seus súditos... irão teme-la ainda mais... quando perceberem que é mais terrível do que... as criaturas de que os defende...
A forma de Ahl-Tur pareceu então se desfazer em pedaços, mas Christabel sabia que ele apenas desaparecera para voltar novamente num outro dia. Voltou seus olhos para trás, e pôde ver os olhares dos soldados atrás de si, alguns contemplando as marcas feitas nas paredes e no solo. Ele tinha razão quanto aos temores deles.
_ Idiota. – ela deu um sorriso amargo – Há muito tempo eu deixei de me importar.

Friday, February 20, 2004

Olá, gentes de toda a parte! Saudações mais uma vez d'El Loco, o Incansável!!

Finalmente vamos ver um pouco do q a Rainha realmente é capaz quando tá em ação. Claro, Zero aparece tbm. Agora a coisa ficou preta, no sentido literal da palavra...

Tomara q vcs gostem do q está por vir. Forte amplexo do Louco, e digam o q acharam se quiserem...


(...)



Zero estava prestes a perguntar o que havia quando tudo ficou escuro. Muito mais do que na noite mais sombria, muito além dos olhos fechados, da ausência de lua ou estrelas, uma escuridão sufocante e de alguma forma quente formou-se por toda a volta, a ponto de Zero não poder ver nem mesmo as vestes claras e os cabelos prateados de Sari diante de si. Com a ausência da visão, parecia que todos os seus outros sentidos estavam subitamente ofuscados, e ele engasgou:
_ Gahf! O q-quê...? Isso...
_ Zero... cuidado!
Ele abruptamente sentiu as mãos de Sari agarrando seus braços, puxando-o e derrubando-o na passarela da muralha pouco antes dela cobri-lo com seu corpo, e um calor maior passou sobre os dois ao mesmo tempo em que ele sentia impactos contra si, amortecidos por Sari que deixou escapar um gemido baixo, e Zero soube que ela havia sido ferida.
_ S-Sari...!
Em sua sacada na torre, Christabel estava subitamente alerta e tensa. Aquilo era magia, um poder impressionante alterando um simples feitiço de Escuridão para torna-lo algo muito mais vasto. Ela sentiu o perigo em sua direção então e saltou sem pensar duas vezes, poucos segundos antes de sua sacada e toda a parte alta da torre ser destruída por um feitiço explosivo. E a Rainha deixou-se descer, amparada por ventos que não a deixariam ferir-se no solo lá embaixo, gesticulando com o braço direito para deter sobre si os destroços de sua torre e então lançando-os na direção da onda de poder que vinha para ela.
E ouviu o som dos destroços sendo pulverizados na metade do caminho, enquanto o som de areia caindo pesadamente se fez ouvir diante dela. Podia vê-lo agora; um vulto sombrio e ameaçador planando à sua frente, o olhar vermelho e cruel fixo nela enquanto um esgar de sorriso se desenhava em suas feições não totalmente humanas.
_ Você...!
_ É bom voltar a vê-la, Majestade – ele fez uma reverência curta, curvando levemente a cabeça – Fomos lamentavelmente detidos em nosso último confronto, então espero que não se importe de eu garantir que ninguém nos incomode desta vez.
_ Tem tanta pressa assim de morrer? – Christabel retrucou, seus cabelos e a capa começando a agitar-se – Se quase foi morto pelo viajante no outro dia, acredita mesmo que seja um rival à minha altura?
_ Quem sabe? – um brilho sinistro cintilou no olhar do outro – Pode realmente usar seu poder entre estes muros, Rainha Christabel?
Ela não respondeu, meramente fitando o atacante com um olhar duro enquanto sua capa e cabelos agitavam-se mais. E o demônio Ahl-Tur respondeu por ela:
_ Creio que não. Não em sua força total, ou acabará destruindo a fortaleza por nós. E isso seria lamentável, não?
_ Lamentável é a sua existência – ela retrucou em voz baixa – Mas há remédio para isso.
Ahl-Tur e Christabel atacaram-se ao mesmo tempo, um estrondo surdo soando no ar entre os dois enquanto chamas explodiam, e nenhum dos dois era ferido. E em outro lugar, Zero continuava sufocando. Podia ouvir sons parecidos com explosões, e um som mais baixo e mais próximo intermitente, parecido com flechas atingindo madeira. Podia muito bem imaginar o que acontecera com Sari, podia sentir algo como sangue quente entre os dois, e mais por reflexo do que qualquer outra coisa, impulsionara a si mesmo e à amiga para junto da parede da muralha, imaginando que as flechas não cairiam ali.
Infelizmente, era o melhor que podia fazer. Quanto mais tentava clarear os sentidos, tentando usar os ouvidos e o que conhecia daquela área da fortaleza para se orientar, parecia ficar ainda mais confuso. Aquela escuridão devia ser produto de mágica, era a única explicação. E se fosse realmente, admitia a contragosto, ele seria de pouca ajuda desta feita, ou mesmo de nenhuma.
Mais tremores sob si mesmo, e ele tateou às escuras tentando perceber que tipo de ferimento Sari tivera, mas embora percebesse que estava tocando a moça, não tinha idéia de onde seria; seus sentidos estavam confusos demais para que tivesse qualquer noção do que estava fazendo, e praguejou em silêncio. Nem ao menos podia ajudar a amiga ferida!
“Se desse pra eu ver alguma coisa, qualquer coisinha...! Pelo menos o bastante pra ver a Sari...”
Algo o incomodou na altura do peito, e Zero então lembrou-se do pacote que lhe fora dado pelo velho andarilho naquela manhã, e das palavras do desconhecido, também.
Experimente atirar à noite com eles no rosto; duvido que consiga errar.
Pareciam com óculos escuros para ele, mas o andarilho os chamara de ‘visores’. Achando que não tinha nada a perder, afinal, Zero os colocou no rosto tentando não se sentir muito tolo enquanto o fazia... e então ele viu.
Viu realmente, muito mais do que teria ousado esperar. De repente, tudo voltara à sua visão e a confusão desaparecera, ainda que estivesse vendo com cores esverdeadas e que houvesse o que parecia uma cruz segmentada em vermelho no visor de seu olho direito. O que importava era, ele enxergava outra vez! Pôde ver com clareza que dardos longos semelhantes a flechas estavam caindo sobre a passarela com uma certa regularidade, e que Sari estava ainda tombada de bruços, uma expressão de dor no belo rosto e pelo menos cinco daqueles dardos em suas costas. Era um milagre que ainda estivesse viva, e ele abaixou-se um pouco para dizer ao ouvido dela:
_ Sari, agüenta firme! Eu vou te tirar daqui.
_ N-não, Zero... – ela afastou a mão dele – Saia daqui! As flechas... Você não tem como...
_ Não discute, eu tô enxergando agora, mas isso não importa! É preciso tirar essas coisas de você, antes que...
_ As flechas... Não podem me matar, Zero. – ela engasgou, outra vez tentando empurra-lo – P-por favor... vá embora. Me deixe sozinha...!
_ Droga, Sari...!
Ele queria tirar a amiga dali, mas ela ainda era forte o bastante para impedi-lo e, naquela situação com flechas caindo á sua volta, ficava muito difícil insistir. E outro tremor estremeceu o solo, e ele voltou-se naquela direção e viu Christabel duelando com um vulto estranho que parecia ter asas de morcego, e era uma felicidade que o pátio interno estivesse deserto naquela hora, porque os dois pareciam estar usando todo o espaço disponível para a batalha.
A Rainha ergueu sua mão direita com um ondular de sua capa, e uma trilha de pó esverdeado (ao menos em seu visor, Zero pensou) ergueu-se do solo para perder o adversário, que ergueu-se aos ares e abriu os dois braços, incontáveis bolas e flechas de fogo caindo sobre Christabel num arco amplo demais para que ela pudesse escapar.
Um cristal formou-se à volta dela, então, e os projéteis explodiram sobre ela e sobre o pátio ao redor, levantando poeira e despedaçando a proteção depois de algum bombardeio. Mas Christabel não estava mais lá, tendo ressurgido num tremular de sua capa logo à frente e acima de Ahl-Tur, estendendo sua mão na direção do demônio e fechando-a, e as mãos dele pareceram ficar grudadas ao seu corpo enquanto a Rainha agitava o braço para a direita e para baixo, e Ahl-Tur foi lançado violentamente contra o solo, desaparecendo com estrondo numa nuvem de pó.

Thursday, February 12, 2004

Fala gente!

Cs viram q legal?? Temos comentário agora! E, como o show tem q continuar, e a história tbm, vamos postar mais um pouco...

(e, eu gostaria muito q vcs me ajudassem a estrear mais o novo sistema de comments... ^^)


(...)



_ Zero?
Ele voltou-se, duplamente espantado. Não esperava ter companhia ali em cima, e não esperava ouvir alguém da fortaleza chamando-o pelo nome sem colocar ‘Mestre’ no meio. E ao ver quem se aproximava, entendeu o motivo; Sari não havia assimilado o hábito dos guerreiros de Melk. Delineada contra a escuridão com suas roupas prateadas e seu cabelo ondulando no vento, ela quase parecia bela demais para ser humana. Inclinando-se sensivelmente para adiante numa saudação, Zero respondeu:
_ Eu mesmo, Sari. Surpresa agradável; tô descobrindo que meu costume de ficar num lugar alto observando a noite é menos incomum do que eu pensava. Passeando?
_ Gosto da noite – ela respondeu simplesmente, se aproximando e parando ao lado dele – A luz do dia me incomoda quando o sol está muito forte. Acho que pode imaginar, quando se tem a pele clara demais, isso pode ser extremamente inconveniente. E você? – voltou-se com uma expressão de curiosidade para ele – Algo em você está diferente. Está triste ou aborrecido com alguma coisa?
_ Ah, nada não – ele deu de ombros, voltando os olhos para o horizonte novamente – É só aquela velha mania de todo mundo de nunca se dar por satisfeito sem um problema. Nada muito sério.
_ Desculpe se eu estava sendo indiscreta, não era minha intenção...
_ Nah, imagina! – ele voltou-se novamente para ver o rosto meio preocupado da caçadora, e sorriu como sempre – Não me aborreceu não; pelo contrário, acho que ganhei minha noite! Você é a primeira pessoa que eu encontro nessa fortaleza que não fica me chamando de ‘Mestre’ o tempo todo. Sei que respeito é bom e todo mundo gosta, mas exagero enche o saco.
Ela pareceu surpresa pela escolha de palavras dele, mas acabou rindo baixinho e concordou:
_ Acho que concordo com você. Os guerreiros da Fortaleza de Melk são extremamente gentis, ninguém pode negar. Mas essa gentileza toda pode se tornar cansativa, não?
_ Principalmente quando não se tá acostumado. Lá na Cidade Sucata, a maioria dos Escavadores fala um com o outro usando gíria e nem sempre muita educação. Sem brigar, na maioria das vezes – ele se apressou a explicar, ao ver a questão no rosto dela – é só que a maior parte dos trabalhadores tem pouca instrução e por isso mesmo não é muito dada a formalidades. Mas com aspereza ou não, todo mundo se conhece e respeita lá. Bem... Quase todo mundo.
_ Cidade Sucata... já ouvi falar muito de vocês, durante minhas viagens – ela pareceu pensar consigo mesma – A profissão dos Escavadores parece fascinante, mesmo sendo um pouco arriscada. Mas, por falar nisso, Zero... Se não estou me metendo demais na sua vida, me permite uma pergunta?
_ Até duas, mesmo porque você já fez a primeira – ele deu uma piscadela diante do olhar confuso dela – Anda, pode perguntar, eu não me aborreço de conversar com amigos. Quero dizer, nós dois somos amigos, né?
Apesar do sorriso acolhedor dele, e do primeiro impulso dela de responder, Zero notou que algo não estava certo porque Sari baixou seus olhos e pareceu entristecida quando disse:
_ Eu... não sei, Zero. As pessoas que ficam próximas a mim acabam morrendo... Talvez isso não seja bom para você, e me aborreceria muito se algo te acontecesse por minha causa...
Sem a menor cerimônia, Zero tomou as mãos de Sari entre as suas e apertou a direita dela na sua para então dizer:
_ Menina, nem esquenta com isso. Gosto de correr o risco se achar que vale a pena, e simpatizei pra caramba com você; se não te aborrecer ter um Mecânico tagarela por perto, eu gostaria muito de ser seu amigo. E quanto aos riscos, deixa que eu encaro eles se for preciso.
Sari parecia novamente encabulada, olhando para a mão de Zero na sua enquanto seu rosto parecia afoguear-se, mas ela manteve a voz e os olhos baixos a princípio.
_ Você... pode acabar voltando atrás sob certas circunstâncias, Zero...
_ Ei, você quer que eu assine um contrato? Dá uma boa olhada pra mim, Sari! – ela o fez, e então percebeu que sob o tom de brincadeira o olhar e a atitude de Zero eram sérios – Eu nunca volto atrás, sob circunstância nenhuma, ainda mais se for pra encarar uma barra ao lado de um amigo. Não sei o que andou te acontecendo, caçadora, mas se precisar de mim eu vou estar lá. Pode confiar nisso; o filho do Seu Dirceu aqui nunca deixou amigo nenhum na mão, e não vou começar com você.
Ela olhou para ele em dúvida, um sorriso levemente despontando em seu rosto, e Zero sorriu amplamente, como se para mostrar a ela como se fazia.
_ Assim! Você tem dentes bonitos demais pra esconder eles daquele jeito; anda, me mostra mais, vai.
O sorriso de Sari ampliou-se mais e ela retribuiu ao aperto da mão de Zero, acenando afirmativamente para ele.
_ Você tem uma energia boa; parece que flui à sua volta, quase como se fosse grande demais para o seu corpo. De onde veio isso, Zero? Não parece comum para ser humano algum.
_ Sei lá – ele deu de ombros, satisfeito com o aperto forte da amiga na sua mão – Vai ver que tem algo a ver com o mingau de Maisena que meu pai fazia quando eu era guri.
Ela riu abertamente agora, sentindo que aquela energia clara dele estava fluindo para si sem que ela a convocasse, e ele também ria ao ver o riso dela. E da sacada de sua torre, ocultando a si mesma da visão de ambos, Christabel estava olhando para Zero e Sari com irritação. Gostaria de saber se aquele tolo continuaria rindo se soubesse da verdadeira natureza de sua ‘amiguinha’; a deixava tentada a contar só para ver a decepção no rosto dele, finalmente descendo daquele pedestal de onde estava e percebendo a verdade; só podia confiar em si mesmo naquele mundo. E em certas situações, nem mesmo em si próprio.
Ela olhou para as terras Além da Fronteira quase ao mesmo tempo que Sari, e em outra parte da fortaleza, também Melissa voltou os olhos preocupadamente na mesma direção, embora Daniel que estava com ela não tivesse entendido à primeira vista. E então, não houve segunda vista.

Saturday, February 07, 2004

hora de mais um teste, galera blogueira. me desejem sorte...

Friday, February 06, 2004

Fala gente! Depois de um tempo de ausência forçada, cortesia da linha telefonica um pouco bagunçada (não conseguia manter o sinal o bastante pro computador terminar de discar), eis q Louco tá de volta!

Vai mais um pouquinho de Christabel, e desculpem pela pressa; tenho muita gente pra visitar. Amplexos do Louco



(...)



Por um momento que tempo algum poderia descrever, Christabel e o viajante pareciam realmente ter compreendido um ao outro. A única diferença entre eles era trazida pelo vento, agitando o cabelo da Rainha para o campo de visão dos dois. Mas ela desviou o olhar e deu as costas a Zero então, voltando seu rosto para além do horizonte.
_ Mas... Você não sabe realmente. Não pode saber. Não é possível! – e voltou-se com raiva para ele, parecendo-lhe de repente que ele outra vez estava zombando dela – Não com a sua atitude, de forma nenhuma! Está tentando me dizer que aprendeu aquele seu sorriso, seu modo de lidar com a hostilidade, tudo isso do mesmo lugar que a minha maneira? E espera que eu acredite? Eu deveria destruí-lo por mentir para mim!
_ Realmente não faz diferença se acredita ou não, Majestade – o olhar dele se desviara, algo de sua atitude costumeira de volta, embora sua voz ainda fosse baixa – Mas é melhor dizer, se quer me assustar, não vai conseguir isso com ameaças pra mim. Achei que tivesse me entendido melhor; acredita mesmo que tenho alguma reserva quanto a perder a minha vida? Um dia, talvez – e seu olhar enfrentou o dela – mas não hoje.
_ Poderia destruir sua companheira, então – o olhar dela faiscou de volta – A maga que o acompanha, sua amada. Não tente jogar comigo o jogo da indiferença, Mestre Zero, pois tenho certeza de que é vulnerável demais para isso.
_ Você morreria antes disso – Zero disse simplesmente, outra vez tratando a Rainha com familiaridade e com o tom impessoal de sua voz fazendo aquela frase quase parecer plausível – Eu nunca deixaria ninguém fazer mal pra Li, ainda mais por bobeiras que eu tenha feito. A propósito, como eu já disse pra muita gente aqui, Melissa não é mais do que uma amiga querida minha; não somos namorados nem nada do tipo.
_ E presume que eu acreditaria em mais essa tolice? Decerto, você só o diz para que eu deixe de ameaça-la...
_ Já disse, você morreria antes de fazer mal pra Li – e deu as costas pra ela, começando a se afastar – Uma das poucas coisas que eu não tolero é que ameacem amigos meus. Mas, admito que me surpreendeu, Rainha Christabel. Pra quem conhece bem o quanto aparências podem enganar, você se deixa iludir muito fácil por elas. Esperava mais de você.
O olhar de Christabel crepitava atrás de Zero, a mão direita dela erguida novamente enquanto ela tentava se decidir o que poderia ser melhor para livra-la de vez daquele incômodo. Ao mesmo tempo, havia algo na certeza terrível dele e na sua calma ao falar que a detinham, e novamente Christabel lembrou-se daquele momento de quase compreensão entre os dois. Não era magia, ela estava certa daquilo, e ela já não estava certa de que fosse fingimento.
Isso ficaria transparente na atitude dele. Ninguém que não tivesse realmente estado onde ela estava poderia entender aquela sensação tão bem; ela não se lembrava exatamente o que Zero dissera, mas a impressão de familiaridade, quase como se falasse com um espírito irmão, essa não desapareceria tão facilmente. Ela ficou observando enquanto o vulto do viajante desaparecia na escuridão do pátio lá embaixo, e retornou à sua torre.
Zero afastou-se depressa, ansioso para que não houvesse ninguém no alto da muralha oeste de Melk. Precisava ficar sozinho com seus pensamentos por algum tempo, seria muito bom. Algo da tristeza de Christabel o tocara durante a conversa de ambos, mas não era nada preocupante, porque ele já sentira aquilo antes. O pior era a ameaça dela à Melissa, e ele outra vez praguejou pelo pai não o ter deixado ir sozinho para a fortaleza. Apenas consigo mesmo para se preocupar, poderia ousar um pouco mais.
Mas também não pôde deter totalmente um sorriso ao lembrar da sua amiga e de Daniel quando os deixara; era tanto quanto inesperado, mas nada incompreensível. Se continuassem naquela fortaleza por mais dois dias, talvez ela já não o acompanhasse quando saísse, ou então Daniel fosse com eles. Mesmo que Melissa ainda estivesse negando, era óbvio que o jovem guerreiro de Melk estava interessado nela, e ela parecia estar começando a corresponder. Bom, pensou Zero para si mesmo. Daniel parecia boa pessoa; tão temeroso em relação à própria Rainha quanto os demais, mas como ele sempre lembrava a si próprio quando precisava de paciência, não existiam pessoas perfeitas e ele não deveria esperar isso em ninguém.
Deteve-se por fim no alto da muralha oeste, um ou outro sentinela cumprimentando-o quando passara, e ele vislumbrou a distância, a irritação que não pudera conter totalmente com a ameaça para Melissa agora se desvanecendo no vento frio. A culpa não era de Christabel, ela só estava reagindo da única forma que aprendera ao que parecia ser uma afronta contra ela. Ele sim deveria ter tido mais cuidado, não precisava ter dito a ela que não se importava com ameaças contra si. Fora convencido, arrogante, e estragara a conversa. Sim, a culpa havia sido dele, e aquela raiva que estava sentindo era contra ele próprio. Mas também podia sentir alguma satisfação. Estava certo, agora tinha certeza...