Saturday, December 18, 2004

Apressadamente, já q minha irmã quer usar o computador, posto mais um pouquinho dessa vez... ^^'


(...)

_ Ah, claro – Laírton voltou-se para a Rainha, um pouco mais sério – Boa parte da credibilidade de nossa Ordem vem dos tempos antigos, quando ela era três religiões diferentes. Uma delas foi particularmente eficaz em convencer seus fiéis da não-existência dos seres lendários... mas, secretamente, tinha seus ‘caçadores de lendas’ espalhados pelos quatro cantos do mundo conhecido, procurando por qualquer sinal deles. Algumas vezes inclusive, se o que li for verdadeiro, destruindo-os quando os encontravam.
_ Não... – Sari murmurou, incapaz de se conter. E Christabel cruzou os braços, com seu costumeiro ar de desdém.
_ Como ele já disse, isso foi antigamente, caçadora. Não acredito que precise temer por sua vida.
_ Christie... – Zero interrompeu, olhando com reprovação para a Rainha, mas Laírton não deixou de notar o sentido do que Christabel estava dizendo.
_ Como disse, Majestade? A jovem caçadora é um...?
_ Sari é minha amiga, Laírton – Zero tomou a frente da moça, protetoramente, diante dos olhos do Religioso – Não dá atenção pra Christabel, ela fica perturbando Sari por ser uma vampira.
_ Uma...? – Laírton ficou visivelmente alarmado, mas Zero estava ocupado demais para se explicar naquela hora, fitando Christabel com severidade.
_ Eu disse uma vez e repito, Christabel: pra quem conhece a bobagem das maiorias, você toma parte delas com muita facilidade. Esperava mais de alguém que sabe o que é discriminação.
_ Eu não disse nenhuma inverdade – Christabel olhou para ele teimosamente – Além disso, você por certo não pretendia ocultar isso do Irmão, não?
_ Não que seja da sua conta, mas não; só ia deixar ele terminar de contar a história dele primeiro.
_ Está tudo bem, Zero – Sari olhou rancorosamente para Christabel – Posso me defender sozinha.
_ Eu duvido muito – Christabel encarou Sari em resposta, mas Zero se pôs entre as duas.
_ Mas nós não vamos descobrir hoje, e nem em dia nenhum em que vocês estiverem comigo – olhou para Sari, e mais demoradamente para Christabel – Estamos viajando juntos, Christie, e ia ser muito mais fácil e menos chato pra todo mundo se você parasse de bancar a criança mimada e desse um tempo pra Sari. Você sabe muito bem o que é ter algo de que não se gosta de comentar, não sabe? Ia achar legal se a gente ficasse falando nisso e tirando sarro o tempo todo?
Christabel nem sequer pensou em ignorar desta vez; claro que ela também tinha sua veia sensível, e pareceu-lhe que Zero estava pronto para falar diante dos outros, e sua mão desceu até a bainha em sua cintura.
_ Não se atreveriam.
_ Não, não mesmo – Zero concordou, acenando com a cabeça, mas mantendo nela o olhar duro – Porque a gente não vê graça em ficar chateando amigos desse jeito. Não faz com os outros o que não quer que te façam, e a gente vai se dar bem. Se você quer agir do mesmo jeito que os idiotas que te incomodavam em Melk, tudo bem, é problema seu, mas faz isso quando estiver sozinha. Viajando comigo não.
Christabel fulminou Zero com seu olhar, mas ele já não estava lhe dando atenção, voltando-se para Laírton como quem pedia desculpas.
_ Olha, Laírton, sobre a Sari...
_ Não precisa se explicar ou desculpar, Zero – Laírton sorriu bondosamente – Não sou um caçador dos tempos antigos em nome da Igreja, nem procuro destruir o que não compreendo – e sorriu para Sari – Tem muita sorte, menina. Não acredito que uma criatura das trevas tivesse uma defesa tão fervorosa. Será uma honra viajar ao lado de alguém tão bem querida. Mas, se não se importa, gostaria que me contasse algo sobre sua condição mais tarde; confesso que como um interessado no assunto, estou curioso.
Ela acenou afirmativamente, parecendo um pouco surpresa, e Christabel olhou para Laírton como se perguntasse que tipo de Religioso ele era, aceitando tão facilmente alguém como Sari entre eles. Mas ele resumiu-se a continuar explicando:
_ A partir daqui, só posso oferecer conjecturas, porque é isso o que a Ordem tem. A situação atual do nosso mundo é uma tentativa de se acostumar com a nova condição, e todos buscam conseguir garantir sua própria posição e lugar neste novo cenário: magos não pretendem deixar a magia desaparecer novamente; Escavadores pretendem trazer de volta o que foi perdido com os Tempos de Provação, e cientistas e engenheiros os estão ajudando tanto quanto possível, ansiosos por reaver a tecnologia perdida e reinventar a ciência; há cidades bélicas, onde forças militares estão aos poucos se firmando para então espalhar-se pelo mundo, ao mesmo tempo parecendo com o mundo medieval e o moderno... Naturalmente, se os vários grupos de seres humanos estão se esforçando de tal forma, é de se supor que também aqueles que perderam o lugar e o espaço no mundo tentem o mesmo. E, como os humanos, nem todos os lendários habitantes de nossa terra são de índole bondosa; querem agarrar sua chance como puderem. Irão à guerra por isso, se necessário.
Os olhares agora eram sérios, mesmo o de Christabel. Laírton podia estar apresentando apenas uma suposição, mas era muito bem fundamentada para não se levar em conta.
_ E como me encaixo nisso? – perguntou a Rainha, embora ela já imaginasse o que Laírton diria.
_ Como deve poder supor, Majestade, a maioria destes seres é altamente dotada em magia. Cada um deles em sua própria especialidade, alguns deles com seus desafetos particulares por algo do passado. E todos tentando conseguir a supremacia. Antigamente, quando os humanos surgiram, parecia improvável que tivessem qualquer espaço de respeito entre eles, e hoje... Bem, há muitos mais de nós no mundo.
Todos olharam para Laírton, como que sem entender, e ele prosseguiu:
_ Os poderes entre eles são algo que equivalentes, segundo o que foi apurado. Quando lutam, formam terremotos, tornados, alterações climáticas e toda a sorte de ‘evento natural’. Portanto, aproveitam-se de qualquer vantagem extra que possam ter. Amuletos. Armas consagradas – voltou-se para Christabel – E magos humanos poderosos.
Todos os olhares se voltaram para Christabel, que perguntou em voz baixa:
_ Me ‘usariam’... como arma? Mas, se a fortaleza mantém os monstros das terras Além da Fronteira confinados no Ocidente...!
_ Não há como saber que tipo de seres havia do outro lado das cordilheiras, Christabel, ou se foram alterados de algum modo pelo que desceu dos céus no cataclisma. Mas, independente disto, haviam outros deste lado dos seus muros, também. E não tenho a menor dúvida de que um deles foi responsável pelo ataque aos seus amigos em Garland na tarde de ontem. Um muito habilidoso nas artes da Escuridão, julgando pelo que vi.
_ E está dizendo que havia outros seres deste lado da fortaleza de Melk o tempo todo...! – Daniel não podia se conformar – Mas então, por quê não se manifestam? Por quê só correm soltos nas terras do ocidente, Além da Fronteira?
_ Não o fazem, Daniel – Laírton disse em voz baixa – São mais discretos, talvez, nunca atacando abertamente quando sua existência pode ser conhecida por muitos humanos. Não ainda. Mas vilas pequenas em lugares ermos, grupos de viajantes não muito numerosos, caravanas à noite, ou no mar... Há muitas lendas e superstições dos tempos antigos que persistem até hoje, e a maioria das pessoas prefere crer que foram inventadas por alguém embriagado, porque não puderam ver com os próprios olhos. Os poucos que vêem e sobrevivem são desacreditados.
_ Espere um pouco, Laírton – Melissa pediu, parecendo preocupada – Você disse que eles atacam grupos não muito numerosos...
_ Como o nosso, sim – Laírton confirmou – De qualquer forma, no entanto, eu imagino que nos seguiriam, com Christabel presente. Entendam, por irônico que possa parecer, o lugar mais seguro para a Rainha era justamente no solo sagrado onde nasceu; de posse de seu próprio poder, cercada por seus guerreiros... e impedindo que as forças de Além da Fronteira, sejam quem forem, viessem ao continente, ela era uma arma formidável, mas fora de alcance. Pelo bem de todos, inclusive o deles, ela precisava ficar onde estava. Agora, no entanto, a situação mudou.
_ Agora ela não é mais empecilho aos que habitam Além da Fronteira – Sari murmurou pensativamente – E é de se imaginar que os seres de quem fala, Laírton, queiram conseguir uma vantagem como Christabel antes dos outros. Mas, da forma como falou, faz parecer que eles temem o que se esconde no ocidente.
_ Infelizmente, não há muito mais que eu possa revelar, porque não sei mais a respeito, Sari – Laírton acenou negativamente com a cabeça – Há rumores, no entanto, que algo inimaginável se oculta do outro lado das muralhas de Melk; algo que sujeitaria todas as demais forças à sua, se liberto. Um anjo caído dos céus, de poder inigualável.
_ Um ‘anjo caído’... – Christabel sentiu algo se agitar em sua mente, sem saber bem o por quê, como um pensamento familiar que não se reconhece. E Melissa então alarmou-se.
_ Mas então, se isso tudo for verdade, metade do mundo está atrás de nós! Humanos assassinos de Melk, os tais ‘seres míticos’ que moram deste lado das muralhas... e talvez, os que moram do outro lado também...!
Zero pôs a mão sobre o ombro da maga, tentando oferecer algum consolo, e ele então reparou no rosto de Christabel. Mesmo ele estava sentindo um pouco mais pesadamente o peso da responsabilidade, mas a Rainha estava sorrindo. Um sorriso que não parecia tão alegre, lembrando mais um desafio do que alegria... mas um sorriso, de qualquer maneira. E ela replicou com ar de superioridade, olhando para Melissa:
_ Verdade. Volto a me sentir em casa.

Thursday, December 09, 2004

Um Homem Bateu em minha porta e eu/a/bri...

Bicho, o q tá havendo comigo? Tô regredindo no tempo!!! Esses versos eram de uma cantiga de roda de faz miliano atrás...!

Deve ter a ver com gente q eu não via fazia tempo ressurgindo. Heh, daqui a pouco voltam a passar 'Ultra Seven' com a primeira dublagem, ou o Fantomas. Ou o Zillion!!

*suspiro* Pois é. Enquanto não rola isso, vai rolando mais um pouco da Christie.



XIV – Pequena Aula de História


Um vulto esquivo andava sob as sombras na Fortaleza de Melk. O lugar ficava diferente sem Christabel ali. Ele podia até mesmo ignorar o aparelho de medição que trazia consigo; era óbvio que o poder dela não estava presente. Havia, claro, a aura criada pelo Amplificador de Zero no subsolo, fazendo o poder da Barreira dela ressoar à volta deles como um véu, mantendo a esmagadora maioria dos inimigos de Além da Fronteira afastada dos muros.
“Mas sem sombra de dúvida, mesmo isso não bastará para afastar os Arcanos quando voltarem. Que seja. Me pergunto porquê estão demorando tanto...”
O vulto não estava, de qualquer forma, preocupado com se Melk sobreviveria ou não a um novo ataque liderado por Arcanos. Aquilo não era muito interessante, mas ao menos os eventos estavam encaminhados. Em pouco tempo, ele poderia sair para procurar pela Rainha.
Não desejava mal a qualquer um da fortaleza, em verdade. Nem mesmo à Rainha Christabel; ela era só uma ferramenta.
“Finalmente... os meios se aproximam de mim. Depois de tanto tempo...!”
Olhou para os céus, com anseio há muito reprimido. Tivera que aguardar ali, onde até mesmo os céus estrelados lhe eram negados; tudo o que havia eram as nuvens sombrias, impondo-se à paisagem odiosamente da mesma forma que Christabel até pouco tempo fizera aos cidadãos da fortaleza. Os ventos fortes e frios, trazidos das montanhas, pareciam sopra-las com velocidade incomum naquela noite, mas ele sabia de longa experiência que eles não bastariam. A presença ominosa das nuvens não poderia ser combatida por um estratagema dos conselheiros, ou mesmo pelos ventos poderosos das montanhas. E seu coração contraiu-se, o anseio antigo torturando-o novamente.
“Só quero ir... para casa...!”
Ficara ali por tempo demais. Desaprendera o caminho de volta. E fora o princípio do fim...

A manhã seguinte começara com a apresentação formal do Irmão Laírton à Rainha, e o Religioso estava ausente, lavando o rosto enquanto Zero preparava Christabel. Embora continuasse sem falar mais do que o necessário, ela não parecia nada satisfeita com a atitude do mecânico.
_ Achei que tinha dito, Mestre Zero – ela disse, sem tomar conhecimento da careta que ele fez ao ouvir ‘mestre’ – que não deveríamos chamar atenção.
_ Bom, não mesmo. Mas você não viu aquela coisa que atacou a gente, Christie! Primeiro vieram uns humanos, perseguidores de Melk mesmo, eu acho. Depois veio um espantalho, e ele levantou os mortos da cidade pra atacarem a gente...
_ Tinha um espectro animando o espantalho, Christabel – Melissa apoiou, com uma expressão séria – E ele disse que servia a alguém. Sabe o que isso quer dizer?
_ Nada além do esperado – Christabel deu de ombros – Sem mim, era óbvio que a fortaleza não resistiria por muito tempo. E se meus inimigos já chegaram a essa distância, não deveríamos estar aqui conversando, parados.
_ Lamento ter que contradize-la, Alteza – a voz de Laírton veio de trás deles, então, e todos se voltaram para vê-lo. E mesmo Christabel ficou admirada.
Evidentemente, Laírton considerara que apenas lavar o rosto não seria o bastante, porque ele se barbeara e também cortara parte de seus longos cabelos. E a fisionomia do Religioso parecia quase dez anos mais jovem, mostrando um rosto de traços viris, de expressão pacífica e olhos levemente entristecidos. Ele fez uma reverência diante da Rainha, curvando-se, e então disse:
_ É um prazer conhece-la pessoalmente, Rainha Christabel. Sou Laírton Diógenes, da Ordem dos Religiosos, e tive a honra de auxiliar seus amigos ontem em sua dificuldade. No entanto, tenho motivos para acreditar que o mestre da aparição de ontem já estivesse aqui presente muito antes da criação de seu lar. Acredito que seria conveniente coloca-la, e a seus acompanhantes, a par do que me for possível antes que nos ponhamos a caminho, se não se importa.
Christabel era a única no grupo que não estava admirada com a mudança de aparência de Laírton, já que não o vira enquanto estava de barba e cabelos longos. Sim, o Irmão era um homem bonito. Mas ela estava mais interessada em chegar logo à Cidade Sucata e retirar a tiara de si, principalmente levando em conta que ele poderia estar certo, e haverem inimigos à sua procura de que ainda não sabia.
_ Seja breve, então, Laírton. Temos um caminho longo a percorrer.
O grupo sentou-se num círculo para ouvir, e Laírton iniciou a narrativa:
_ Desde tempos antigos, sempre houve as lendas de criaturas fantásticas, animais ou não, dotadas de grande poder ou características incomuns. Isso não deve ser novidade para qualquer um de vocês. O conhecimento sobre elas desapareceu quase completamente durante a Era Tecnológica, onde a magia praticamente desapareceu do nosso mundo e a vida foi tornada simples por meio da ciência e tecnologia...
_ Sei não, Laírton – Zero olhou com ar rebelde para o Religioso – Hoje em dia a gente também tem as duas coisas, e tão aí a Li e a Christie pra provar que magia tá com tudo.
_ Não me entenda mal, Zero – Laírton sorriu com paciência para Zero – Não estou dizendo que tecnologia teve qualquer papel ativo em desacreditar a magia e crença de antigamente; algumas religiões o fizeram muito mais eficientemente. Mas é da natureza do ser humano temer o que não entende, e as pessoas por muito tempo negaram o que parecia incomum para não ter que lidar com uma realidade que não comandavam, certamente. Isso parecia mais simples num mundo repleto de facilidades trazidas por ciência e tecnologia avançada.
“Houve, então, as mudanças causadas pelo Grande Cataclisma – Laírton prosseguiu – Além da Fronteira, como bem sabem, um imenso corpo celeste caiu e trouxe algo desconhecido com ele, que pareceu trazer de volta o poder dos mitos e seres tidos como imaginários. Ou talvez tenha sido a lendária ‘arma estratégica’ dos governos da Era Tecnológica, dita como capaz de neutralizar equipamentos movidos a eletricidade. Ou ainda, os abalos que todo este continente sofreu durante o Grande Cataclisma: tornados incomuns, vulcões, grandes maremotos... Cidades inteiras desaparecendo sob o solo.”
_ Meu pai e os outros Escavadores disseram que isso pode ter relação com os Vermes de Pedra, Laírton – Zero interrompeu novamente, ganhando um olhar de impaciência de todos, exceto Laírton, que tornou a sorrir. Melissa, sentada próxima a ele, socou seu braço em repreensão.
_ Fica quieto e deixa ele falar, Zero!
_ Eles têm razão, em parte, Zero – Laírton respondeu – De fato, no início dos Tempos de Provação, logo após o cataclisma, os Vermes de Pedra eram abundantes e sua passagem sob os centros urbanos por vezes se davam em bandos numerosos como manadas de elefantes. O resultado era uma erosão desproporcional, segundo a Ordem. Mas não foram o único motivo para...
_ Desculpe – Christabel interrompeu, com ar vazio – Se importa de voltar ao assunto que me interessa? O que crenças antigas e histórias de antes das mudanças têm a ver comigo?