Sunday, May 30, 2004

Sim, já faz mais ou menos uma semana...

Acho q tá na hora de postar mais um pouco. Galera, a todos vcs q lêem, ou não, vai mais um pouco da nossa Rainha. Hora de saber por onde ela anda.

Amplexos meio friorentos do Louco (sem reclamações, não entendam mal; eu gosto disso. Mas se não estivesse um pouco gripado, ia gostar ainda mais... ^^')

XI – Novo Exílio



Ahl-Tur estava insatisfeito, olhando rancorosamente enquanto mais dos seus recebiam suas instruções imediatas.
Seu mestre enfim libertara mais dos Arcanos. Como ele, seres de aspecto muito semelhante ao humano, embora tivessem asas longas brotando de seus antebraços, além de chifres curvos e dentes caninos pontiagudos, e fossem verdadeiramente dotados em magia. Ahl-Tur era o ‘mestre’ entre eles, aquele de nível e força superiores entre os demais, mas isso não significava que os outros fossem adversários simples. E mesmo que nem todos pudessem ser despertos ainda, uma porção considerável do grupo fora revivido.
E eram eles quem o irritavam. Afastara-se, proibido por seu mestre de destruí-los por sua irreverência, mas permanecia o fato de que alguns zombaram dele, e ele não permitiria aquilo. Rumores de que já fora derrotado duas vezes por seres humanos se espalhavam aos sussurros em sua caverna, e não fazia diferença que soubessem que sua derrota mais recente se dera pelas mãos de Christabel, a presa que seu mestre procurava, altamente dotada em magia e endurecida em espírito, uma verdadeira Rainha entre os humanos insignificantes.
Continuava se restabelecendo. Sua derrota mais recente fora terrível; Christabel conseguira destruir praticamente toda a essência física de seu corpo, e mesmo seu espírito fora atingido e avariado. Era outra das razões para que os demais Arcanos agora zombassem dele; estavam aborrecidos por ter que aguardar enquanto ele se recuperava, pois seu mestre os proibira de sair em sua missão enquanto ele não estivesse pronto. Embora também desapontado pela segunda derrota de seu guerreiro, o ‘mestre’ sabia que a experiência anterior de Ahl-Tur e tudo o que ele já sabia que Christabel e o desconhecido que a auxiliara eram conhecimento precioso, a ser repartido com os demais durante o próximo ataque. O ataque que selaria o destino da Rainha e da fortaleza na fronteira definitivamente.
Ahl-Tur ergueu a garra direita, algo de seu poder fluindo na forma de chamas púrpuras. Sentia sua força retornando depressa, mas também sabia que parte de seu espírito continuava estilhaçada. Sim, era óbvio que ele levaria a Rainha como presa de guerra a seu senhor. Mas, o fato de estar viva não significava que ela precisasse estar ilesa. Ele se encarregaria disso, com toda a certeza.
Em outra parte, a consciência de Christabel se debatia. Desde o momento em que desfalecera nos braços do mecânico Zero, tudo o mais pareceu um sonho turvo para a Rainha; gritos, chamas tremeluzindo em sua consciência, estrondos e vento, enquanto um cheiro forte e não totalmente mal vindo de terra e poeira parecia erguer-se por toda a parte. Pareceu-lhe um sono longo, não reconfortante de forma alguma. Ela queria despertar, livrar-se daquele tumulto e da dor em sua cabeça, e por certo tempo não foi capaz disso.
Então sentiu uma sensação de familiaridade muito grande, e nada bem vinda: outra vez, a sensação da música terrível, enquanto novamente era forçada a reviver aquela perda, e todo o seu mundo pareceu chegar a um fim. Não era mais uma garotinha, mas por um instante eterno, lhe pareceu estar tão indefesa quanto na primeira ocasião, incapaz de alterar qualquer coisa que fosse, e tamanha foi a força da emoção que ela despertou num sobressalto, ofegante.
Estava sentada próxima a uma fogueira, olhando à sua volta enquanto tentava se localizar. Dois cavalos pastavam mansamente pouco mais adiante, e um casal conversava em sussurros, preocupadamente, a moça claramente tentando convencer o rapaz.
_ Eu sei que tudo isso parece muito sério, mas você precisa acreditar, ele nunca diria nada assim se...
_ Melissa, isso é demais para que eu aceite! Não consigo acreditar, sinto muito!
_ Por mim, Daniel, ao menos espere até o Zero voltar! E por favor, fale mais baixo! Eu preferiria que ela não despertasse até que ele...
Os dois voltaram-se na direção dela então, e perceberam que Christabel despertara. Os olhos dela desviaram-se deles para seu braço esquerdo, e a flecha já não estava lá. A ferida estava limpa e enfaixada, embora a manga de sua túnica estivesse rasgada, e algumas manchas de sangue ainda estivessem lá.
Olhou ao redor. Estavam a cerca de três quilômetros ao sul da muralha leste de Melk, embora a visão da fortaleza fosse obscurecida pela elevação natural ali presente, que ela reconhecia como Monte Serafim. Aquilo não era nem de perto longe o suficiente de Melk, caso a sua intenção fosse fugir. Não era. Sem uma palavra, a Rainha se colocou de pé novamente e ajustou a espada, satisfeita que a arma ainda estivesse próxima de si. E Melissa veio adiante, com uma expressão incerta.
_ Christabel, é melhor que fique deitada. Seu ferimento...
Christabel imediatamente desembainhou a espada, apontando-a para Melissa, enquanto Daniel ficou inquieto e tocou nervosamente a lança dupla que trazia às costas, e a maga negra deteve-se com dúvida no olhar. Felizmente, eles ouviram um motor suave aproximando-se pouco antes da voz familiar dizer:
_ Que é isso, vamos deixar de coisa, gente! Acabei de escapar de um bando de gente briguenta, e não vim pra cá pra encontrar outro poxa vida! Daniel, fica tranqüilo, e Christabel, baixa essa espada. Já chega por enquanto.
Melissa suspirou de alívio enquanto a Unicórnio chegou com Zero e Sari, a caçadora parecendo preocupada enquanto o mecânico sorria com ar sofrido ao deter sua máquina. Christabel olhou para ele com ar indiferente, levemente hostil, e entendeu o porquê da preocupação da caçadora quando a motocicleta tombou para a direita e Zero a apoiou com a perna: havia uma haste partida de flecha brotando em sua coxa, e o mecânico parecia estar suando à luz da fogueira. Apesar do espasmo de dor inevitável, ele apoiou a moto sobre seu cavalete antes de descer e manquitolar na direção do fogo, o sorriso difícil ainda no rosto enquanto Sari e Melissa se aproximaram.
_ Zero, você tá bem? Pra quê foi correr por aí com essa coisa enfiada na perna, seu maluco?
_ Agora vai me deixar limpar o ferimento, Zero? Se mover a energia da sua perna...
_ Pera, peraí vocês duas! Eu tô legal, já disse!
Tanto Sari quanto Melissa olharam dubitativamente para ele, e Zero sorriu de novo, acenando que não com a cabeça baixa e já sentado próximo ao fogo.
_ Tá, tudo bem, eu não tô legal. Ninguém pode tá legal com uma porcaria dessas enfiada na coxa. (agh!) Mas eu não posso descansar ainda, tem duas pessoas esperando pra conversar comigo, não?

Sunday, May 23, 2004

Fala gente! Pra mais um pedaço, esperando q alguém ainda esteja recebendo, outra vez Louquinho vem dar os ares de sua graça (ou, como dizia João Grilo, sua desgraça, já q pobre não vê graça em nada ^^).

Hora de terminar esse capítulo, né não? Boa sorte aos dois, então.

Forte amplexo postal do Louco


(...)

Não importava que ele estivesse mentindo. Não importava que eles soubessem que não era verdade, todos os soldados voltaram-se para Christabel. E ela, embora tão surpresa quanto os demais pela declaração de Zero, apertou a espada em sua mão direita enquanto a voz do mecânico parecia ressoar por toda a volta.
_ Vocês estão num grupo numeroso, achando que se um não conseguir, o outro vai dar conta dela. Mas Christabel sabe que isso aqui é uma luta séria, e tá muito mais acostumada a lutar sozinha que vocês. Seus otários... A maioria vai morrer ainda se perguntando como aconteceu. Vocês têm é sorte de eu ter aparecido, isso sim.
_ Está querendo dizer que vai lutar contra ela? – outro soldado perguntou, e Zero riu com sarcasmo, enquanto conseguia se colocar entre os soldados e Christabel.
_ Qualé, isso é ainda pior do que ficar me chamando de ‘mestre’! Tá me comparando com vocês? Não, eu vim aqui pra levar ela embora, só isso.
_ E quem, posso perguntar, vai ajuda-lo nessa empreitada, mecânico? – um dos cinco diante dele ergueu a espada, pondo-a diante de seu rosto – Fale o que quiser, somos em maior número aqui. Não importa quantos vão tombar hoje, vocês dois não sairão vivos deste quarto.
Zero ergueu a pistola um pouco mais, e os arqueiros à porta retesaram seus arcos. Os olhares deles chocaram-se com o do mecânico por um longo instante, e Zero murmurou numa voz bem audível:
_ Eu vou dar uma chance pra vocês – eles sorriram com sarcasmo, e ele também, adicionando – Isso é pela hospitalidade de até há pouco. Vou contar até três; depois disso, nós disparamos. É como se resolvem as coisas entre os atiradores na Cidade Sucata.
Os espadachins diante de Zero e Christabel pareceram entender aquilo. Sim, era um conceito comum em duelos; que os semelhantes se enfrentassem com suas melhores armas, e eles abriram caminho para os arqueiros à porta e Zero, enquanto o mecânico guardava a espada e Christabel desceu da cama, saindo para a direita deles e esquerda de Zero, junto à janela de sua torre. Ele era um imbecil, nunca derrotaria um grupo de arqueiros de Melk apenas com três tiros de sua pistola, pouco importando o quanto fosse habilidoso com ela, e não seria ela a ficar logo atrás dele onde certamente flechas perdidas iriam atingi-la. No ponto onde estava, disparo algum poderia toca-la, protegida como estava pelas portas abertas do armário. E Zero sorriu, o rosto baixo e ainda olhando para a porta.
_ Tá, vamos começar logo com isso... É um...!
Os arqueiros retesaram seus arcos um pouco mais, aguardando pela contagem. Ele era corajoso, ainda que tolo, e em outra ocasião, sem dúvida gostariam de tê-lo conhecido...
Zero saltou sobre a cama de costas, disparando duas vezes na direção dos arqueiros, atingindo a soleira com balas explosivas, derrubando o arco da porta e fazendo com que três ou quatro deles disparassem no susto, pegos completamente de surpresa, e Christabel olhou para ele sem compreender no curto intervalo em que Zero levou para saltar da cama até ela, disparando seu último tiro na janela da Rainha e despedaçando totalmente o vidro e a armação de metal antes de guardar a pistola com a mão esquerda e agarrar a cintura de Christabel com o braço direito.
_ O quê...?
_ Menti. E daí, vai me matar por isso?
Sem qualquer cerimônia, ele atirou-se na janela de costas, protegendo a cabeça e o corpo da Rainha com seus próprios braços enquanto eles caíam da torre, e ela pensou tê-lo ouvido murmurando:
_ Mel, não me deixa na mão agora...!
Ela estava muito confusa, aturdida pela velocidade com que os eventos estavam acontecendo e sentindo dores terríveis em sua cabeça e braço, ainda com a flecha presa a ele. Parecia-lhe tão insano, mesmo para Zero, que ele tivesse se atirado pela janela...! E ela teve apenas a sensação do vento passando por ela enquanto sua queda continuou vertiginosamente, e eles finalmente atingiram o solo pesadamente lá embaixo.
_ Aiaiaiaiai...! Aaaauuuu, meu pâncreas! Acho que quebrei um rim...!
Christabel ergueu-se lentamente, desfazendo-se dos braços de Zero enquanto olhava ao redor, aturdida e sem poder acreditar que tinham sobrevivido. Seu poder de levitar estava confinado dentro de si, ela não poderia tê-los salvo apenas com o pouco que ainda era capaz de manifestar instintivamente através daquela maldita tiara... Então, como?
_ Zero! Zero, vocês estão bem?
_ Mas o que está havendo...? Majestade?
Christabel ouviu as vozes se aproximando; Melissa, a maga negra que acompanhava Zero, e Daniel, o jovem soldado de Melk. Seus sentidos alertas e ainda aquecidos pela batalha fizeram com que instintivamente erguesse a espada curva ao imaginar que o rapaz também podia estar com os conspiradores, mas isso era tudo o que ela poderia fazer depois da provação daquela noite, e a Rainha tombou. Zero, porém, havia se sentado e a agarrou antes que batesse seu rosto contra o solo.
_ Tá tudo bem, menina. Você já lutou o suficiente. Descansa um pouco, agora.
Christabel estava cansada. Muito cansada. Caso tivesse energia, teria se afastado depressa do ombro direito oferecido pelo mecânico; como não tinha, fechou os olhos e aceitou o abrigo, mais agradecida do que sequer se lembraria mais tarde.

Sunday, May 16, 2004

Oi visitantes! Ainda aturdido com as novas mudanças do blogger (holy crap, como diz um aluno!), e logo depois de postar lá no writer's house, eis aqui Louquinho vindo contar mais da Rainha.

Desculpem a demora, peguei outro vento a favor. O q me deixou feliz pra caramba; já fazia mais de um mês q eu não escrevia nada dela. Tava até com medo de ter perdido o embalo.

Isso q é bom de ter começado antes. Dá tempo de parar por uma carinha sem deixar de colocar novidade por aqui. Diligentemente e de volta ao trabalho, Loucomon se despede (deixando mais um pouco do sufoco de Christabel)

Divirtam-se!

(...)


_Gaaaah...! S-sua... vaca...!! – Brás engasgou, furioso mas sem ousar se debater – Com a gentileza que lhe ofereci, com a minha palavra empenhada...!
_ Sua palavra vale menos que esterco – ela cortou friamente – Trabalhou junto a mim por anos, me oferecendo palavras e soluções gentis à minha frente enquanto tramava às minhas costas; provavelmente me matariam assim que assinasse a esta estúpida abdicação! Mas sou Christabel, filha de Kane e Reiko, e é meu direito de nascença reinar aqui em Melk, aceitem vocês ou não!
_ Não cabe a você decidir o que...
_ Calado! – apertou o pescoço de Brás com o braço direito, sufocando-o e fazendo suas veias saltarem, enquanto a lâmina apertava mais sua carne – Já disse que não dei permissão para falar!
Estava furiosa agora, a cabeça latejando ainda mais enquanto seus poderes tentavam refletir seu estado de espírito e eram contidos pelo artefato. Sua visão dava sinais de turvar-se em muito pouco tempo, mas Christabel já não se importava. Se ia morrer naquela noite, ao menos despejaria algo de sua fúria e frustração nos traidores imprudentes que se atreviam a ameaça-la.
_ É isso o que eu recebo? Anos e anos salvando suas peles nojentas, poupando suas vidas miseráveis das criaturas de Além da Fronteira para nada? Nunca pedi que gostassem de mim, seus bastardos, ou sequer me aceitassem! Não preciso que me aceitem! Este é o meu lar, e já me expulsaram daqui uma vez! Me lançaram no inferno uma vez, logo depois de perder meus pais... e esperam que eu volte para lá por vontade própria? Seu conceito de gentileza é tão distorcido quanto a sua palavra, Brás, e eu dispenso a ambos! Eu sinceramente prefiro oferecer a sua vida inútil, e a de todos estes vermes, que se atrevem a erguer armas contra sua Rainha de direito!!
_ Vai ter que faze-lo então, Christabel! – Brás retrucou, sufocando – Não aceitei este encargo... sem saber dos riscos! P-prefiro ser morto aqui do que continuar... a seu serviço! Acabe comigo se quiser... porque os soldados não trocarão sua vida pela minha...!
Os soldados avançaram mais um passo, alguns erguendo atiradeiras da porta e apontando para a Rainha, enquanto ela pesava bem o que lhe fora dito e algo em seu interior parecia rosnar.
_ Está dizendo que não me serve de refém?
_ E-exato...
_ Ora, e para quê serve então?
Sem qualquer hesitação, sua lâmina curva cortou a garganta de Brás e espirrou o sangue sobre os soldados, fazendo que os arqueiros à porta disparassem por reflexo como ela esperava. Ela empurrou o corpo moribundo do conselheiro contra os soldados mais próximos e se abaixou, deixando que as flechas atingissem Brás ou se perdessem na parede enquanto seus joelhos se flexionavam, lançando-a como uma mola contra os inimigos. Se ia morrer naquela noite, não iria sozinha.
Christabel saltou sobre os soldados, e à primeira vista pareceu a eles que estava lançando-se sobre eles sem qualquer cautela, numa manobra que ainda surpreendeu a dois deles antes que começassem a se proteger e defender apropriadamente. Na verdade, a Rainha apenas estava garantindo seu próprio perímetro, abrindo um círculo ao seu redor para então se proteger ali dentro. A lâmina em sua mão esquerda continuava curvada para baixo, enquanto ela atacava e se defendia, sabendo que suas chances eram poucas: sua raiva e frustração faziam sua cabeça doer contra a tiara, e sua visão estava turva. Fora isso, ainda que não fosse inepta com uma espada, como fazia questão de demonstrar naquele instante, lâminas não eram sua especialidade, e estava sozinha contra um bando que não parecia ter fim. Sua melhor opção seria fugir, se houvesse como. Com sua única rota de fuga dando vazão aos soldados traidores, no entanto, estava encurralada.
“Animais encurralados são os que mais lutam.”
Os arqueiros à porta ergueram suas armas novamente, enquanto os espadachins iam à frente. A mão direita de Christabel agarrou um abajur enquanto sua esquerda travava armas com um rival imediato, e ela girou o corpo para quebrar o ornamento na cabeça do inimigo, tombando-o também. E um segundo soldado atacou por sua direita, julgando que sua guarda estava aberta.
E a Rainha abaixou-se, apoiando a lâmina curva com as duas mãos para conter o golpe do assassino, deslizando para a direita então e se aproximando mais do homem, atingindo-o no ventre com um corte de um lado a outro. Mas ao faze-lo, ela ficou exposta a um dos arqueiros que soltou sua flecha e atravessou o braço esquerdo de Christabel, fazendo-a tombar para trás com um gemido abafado.
_ É agora, eu a acertei! – gritou o homem, empolgado – Ataquem agora, ela está indefesa...!
De quatro a seis soldados avançaram ao mesmo tempo pelo espaço reduzido para se aproveitar da situação, mas Christabel, tombada de costas em sua cama por um momento, levantou-se depressa e fitou seus pretensos assassinos se aproximando com fúria, e o espelho de sua penteadeira explodiu, ao mesmo tempo em que as portas de seu armário de roupas tombaram para fora, atingindo pesadamente um dos soldados e fazendo com que todos se detivessem por reflexo. Ainda que poderosos guerreiros, eles hesitaram por um momento ao ver a figura furiosa e manchada de sangue da Rainha, que ficou de pé sobre a própria cama e trocou a espada para a mão direita, o braço esquerdo ensangüentado pendendo junto a si, mas a voz ainda firme enquanto erguia a arma até o rosto e retrucava:
_ O próximo?
Os homens rangeram seus dentes, e Christabel sabia que seria a última investida. Não poderia com todos, não sozinha, não sem seus poderes e não com um braço só. Era bom saber que algo de seu poder ainda se manifestava, apesar de contido pela maldita tiara, mas demonstrações como aquela não serviam para lutar. Sentia muita dor, e estava muito cansada, mas devia acabar logo.
_ Abram caminho! Abram caminho, eu falei! O que pensam que tão fazendo, bando de mocorongos?
Ainda que não tivesse tirado sua atenção dos oponentes mais imediatos, Christabel estava tão surpresa quanto todos ali ao ouvir a voz de Zero. E alguém o deteve antes que surgisse na soleira:
_ Para trás, Mestre Zero! Não vai passar daqui!
_ Vou passar até onde eu quiser, e sai do meu caminho! Não tô bom hoje, e tô te avisando...!
_ Sou eu quem aviso, Mestre...!
Um estrondo de explosão se fez ouvir, e foi inevitável que uma comoção tivesse lugar na porta, enquanto um dos soldados tombou na soleira e outros recuaram e desembainharam suas espadas, e Zero invadiu o quarto naquele meio tempo, detendo-se entre os guardas na porta e os cinco que restavam de pé diante de Christabel. Zero empunhava a pistola com a mão esquerda e a espada longa na direita, de costas para uma das paredes e rosnou:
_ Já falei pra pararem de me chamar de Mestre, droga! – olhou para a figura ferida e desafiadora de Christabel sobre a cama e depois para todos à sua volta, ainda se aproximando da Rainha aos poucos e com ar visível de reprovação – Ah, bonito! Agora entendi; vamos matar a Rainha, então! Uma moça sozinha. Vamos chamar só cinqüenta dos mais durões da fortaleza dos ‘melhores guerreiros do mundo’ pra fazer isso, então, deve ser o bastante... ou será que não?
_ Cale-se, idiota, se sabe o que é bom pra você! – um dos guerreiros afrontando Christabel disse, voltando pouco sua cabeça na direção de Zero, e o mecânico retrucou:
_ Vai vir me fazer ficar quieto, mocinha? Ou você só é bom pra pegar garotas que têm uma flecha enfiada no braço? Aliás, qual dos machões fez o serviço? Um dos melhores do mundo, e nem teve a hombridade de enfrentar ela de igual pra igual, né? No mínimo, já sabia qual ia ser o resultado...
_ Se quer morrer tanto assim, mecânico, podemos resolver por você, também! – outro dos soldados bradou, à direita de Zero e no batente da porta – Mas não vai adiantar querer ser o ‘cavaleiro’ da bruxa e tentar salvar a vida dela essa noite!
_ Salvar a vida dela? – Zero sorriu, olhando para o semicírculo de guerreiros á sua volta – Idiotas, eu vim salvar a vida de vocês, isso sim. Ela pode estar ferida, mas Christabel pegaria todos vocês antes de morrer hoje, sem dúvida. Olhem só pra ela!

Friday, May 07, 2004

Buenas noches, galera! Olha o Louco aqui, com mais da nossa Rainha!

É, a coisa tá ficando meio feia pra a menina... *olhar preocupado*

Vejamos no q vai dar...


(...)


Pôs-se de pé, sacudindo a cabeça enquanto firmava-se de pé. A vertigem já passara, e a dor desaparecia. Fora rápido, afinal de contas... fosse o que fosse. Maldição, estava cada vez mais demonstrando fraqueza...! Se queria mesmo continuar viva, era preciso que voltasse ao que costumava ser, e assim que terminasse a inspeção em suas roupas...!
Nada aconteceu então, quando estendeu a mão na direção das botas. Christabel piscou, como se não estivesse vendo realmente o que acontecia. Talvez só estivesse confusa, e não tivesse tentado realmente levitar as botas, e por isso tentou novamente. Nada.
“Como...?”
Estendeu as duas mãos na direção das botas então, ordenando mentalmente que se erguessem. Elas nem sequer tremeram onde estavam. Sua magia se fora, ao que tudo indicava. E um frio imenso pareceu inundar sua alma enquanto visões de um sonho que tivera algum tempo antes pareciam voltar à sua mente. Aquilo não podia ser, mas era verdade: quase parecia conveniente demais, ter acontecido logo depois de ela lançar seu feitiço de Supressão no Amplificador de Zero; segundo o mecânico, aquilo duraria por anos...
Foi quando Christabel lembrou-se de que aquilo começara depois de colocar a tiara, assim como a dor aguda que sentira. Ergueu sua mão, hesitando um pouco e então tentando puxar o artefato de si. No ato, a dor excruciante voltou a atormenta-la, e novamente a Rainha caiu de joelhos, desta vez incapaz de conter um grito de dor. E enquanto se refazia do espasmo doloroso, desta vez mais lento em se dissipar, percebeu que alguém batia à porta.
_ Majestade? Majestade, está bem? O que houve?
_ Nada... – ela retrucou, a mão deslizando para sua cintura. Maldição, se havia algo de que não precisava naquele estado era ser descoberta! – Não houve nada! Estou bem...!
Mas a porta de seus aposentos foi aberta então, e o Jovem Brás entrou sem esperar por permissão.
_ Desculpe-me por insistir, Majestade, mas não me pareceu...
_ Você tem o tempo de dois batimentos cardíacos para sair, conselheiro – o olhar da Rainha faiscou na direção de Brás, que inevitavelmente recuou um passo dando a Christabel o tempo exato para firmar-se de pé, apesar da vertigem persistente. Mas ele apenas voltou-se um pouco até a porta, mantendo-a aberta e então insistindo:
_ Vai me perdoar por minha persistência, Majestade, mas não vou sair.
Outros aproximaram-se e cobriram a soleira da porta, enquanto a Rainha firmava-se. Começava a compreender o que acontecia.
_ Você...!
_ Fico feliz que afinal tenha posto sua tiara, Rainha Christabel – havia apenas a sombra de um sorriso na expressão do conselheiro, o resto de sua expressão mantido cordial e polido como sempre, enquanto ele adiantava-se um passo e um grupo de soldados à porta bloqueava a única rota de saída que havia – Uma vez que tentamos por anos afasta-la de forma tradicional, e sempre nos antecipou, foi preciso buscar uma alternativa diferente. Algo que desconhecesse.
_ Você foi responsável por essa armadilha? – ela perguntou, parecendo relaxada agora, de pé diante de Brás e dos dois soldados que o flanqueavam enquanto se aproximava.
_ Diretamente, sim – ele curvou um pouco a cabeça em saudação – Desde que fiquei sabendo da tecnologia vinda da Cidade Avançada considerei que seria a melhor maneira de afasta-la; é habilidosa para se proteger de venenos e drogas tranqüilizantes, Majestade, mas há outras formas de incapacitar uma usuária de magia. Ainda que seja tão habilidosa quanto Sua Alteza.
_ E para isso, pediu ajuda daquele bufão – ela silenciosamente jurou que assassinaria Zero, ainda que fosse seu último ato na vida, se ele estivera envolvido na conspiração. Mas Brás desfez essa impressão ao responder:
_ Bufão...? Ah, certamente fala do Mestre Zero. Não, cara Rainha, ele não teve qualquer participação ativa nisto. Sua única parte na trama foi inocentemente cumprir a ordem que Sua Alteza deu ao pai dele, de trazer o equipamento Amplificador com uma Jóia Dragão de Fogo de tamanho considerável, para que pudesse energizar o aparelho e ainda me ceder as lascas de que precisaria para complementar a réplica de sua tiara.
_ Quer me convencer que um tolo burocrata de lenço perfumado na mão como você pensou nisso sozinho, e ainda criou o equipamento? – o rosto de Christabel era cruelmente irônico, e mesmo a fisionomia gentil de Brás turvou-se por um longo momento – Se fosse tola o bastante para crer nisso, vocês já teriam me eliminado há muito tempo.
_ Os detalhes da criação de sua tiara não lhe importam, ‘majestade’ – Brás adiantou-se mais um passo, agora retirando dos bolsos um documento desconhecido – Mais importante para a sua pessoa agora é o que fará nos minutos que se seguem. Tenho aqui em mãos uma declaração formal de abdicação. Assine-a, e apesar do que meus colegas mais exaltados sugeriram, eu deixarei que parta com vida. Abdique em meu nome, para nunca mais retornar, e terá minha palavra de que a auxiliaremos a deixar a fortaleza em segredo. Sem seu poder, em meio aos melhores guerreiros do mundo, não durará trinta segundos.
_ E presumo que me faz esta oferta do fundo de seu coração generoso, não? – o sarcasmo na voz dela era ainda mais evidente, embora estivesse furiosa com a ofensa. E Brás pareceu notar a ameaça, acenando levemente com a cabeça e fazendo seus dois guarda-costas adiantarem-se, ficando ao seu lado.
_ Faço esta oferta para que aceite a alternativa mais vantajosa para sua pessoa. Não assinaria sem garantias de segurança, presumo, e mesmo aquele tolo engenheiro mostrou alguma razão: é a dama mais bela de Melk, Christabel – o sorriso de Brás teria sido galante, dirigido a qualquer outra moça e em qualquer outra situação, mas ali pareceu irônico e maligno – Não há razão para desperdiçar sua vida. Em nome de sua mãe, de quem herdou sua beleza, e da coragem de seu pai, Kane...
Brás nunca completou a frase. Sua mão começava a estender-se com o documento de abdicação adiante quando a mão esquerda da Rainha puxou da bainha oculta pelo manto a espada curta recurvada, e empunhando a lâmina para baixo ergueu a mão num movimento veloz, decepando a mão direita de Brás ainda agarrada ao documento.
Na fração de segundos em que os guardas perceberam a ameaça, e que Brás gritou de dor, Christabel avançou um passo e cravou a arma voltada para baixo no peito do guarda à sua esquerda, agarrando o ombro de Brás e fazendo com que ficasse de costas para ela, preso numa chave de pescoço e entre o guarda restante e ela.
E moveu-se de novo, girando o corpo e livrando sua lâmina apenas para separar a cabeça do guarda restante de seu pescoço. Os demais na porta imediatamente sacaram suas próprias armas, mas a Rainha já detinha Brás novamente entre si mesma e eles, sua lâmina rente à jugular do conselheiro.
_ Não dei permissão para falar meu nome. Ou dos meus pais. E vocês – olhou com severidade para os soldados à porta – Fora dos meus aposentos se prezam a vida de Brás, e as próprias. Estou menos indefesa do que ousariam desejar.