Saturday, February 25, 2006

Olá leitores, leitoras e afins! Saudações autorais do Louco, nesse sabadão calorento duma figa!!

Estando ausente no fim de semana passada (tá, até tinha computador lá; o q não tinha era os meus textos pra cortar, colar e publicar), não deu pra manter a frequência da Christie. Sacanagem, né; bem na hora de terminar a 'Mundiça'...

Belê. Seja como for, agora eu termino. Aproveitem o Carnaval ouvindo outras músicas (marchinha de carnaval era legal antes; agora, no me gusta), alugando filmes ou fazendo algo q o livre da televisão (sugiro um bom livro, ou dois), e forte amplexo do Louco!

Hm, acho q amplexo tá ruim pra hoje; estamos todos meio pegajosos por causa do calor... Tudo bem, ficam os melhores votos assim mesmo ^^

(...)
Subiram depressa até as muralhas da Cidade Sucata, e Zero correu rebocando Sari pelo braço enquanto a tarde morria depressa, o céu repleto de cores vermelha e azul escuro mescladas, prenúncio da noite. Os amigos de Zero na vigília daquele turno os saudaram, mas ele quase não respondeu de tão apressado, conduzindo Sari até a Área Sul da cidade.
Ao fundo, a uma curta distância de viagem, um agrupamento menor de montanhas erguia-se. Um tubo comprido de metal parecia estender-se dos muros da Cidade Sucata até as montanhas, onde algo parecia se destacar nas encostas. A visão aguçada de Sari divisava os contornos de muralhas e torres. Uma cidade?
_ Bom, você achou a Avançada – Zero sorriu, percebendo para onde ela olhava – Jóia, isso vai facilitar um bocado; fica de olho nela, deve acontecer a qualquer momento.
_ Mas o quê... – começou a voltar-se, e Zero a repreendeu.
_ Não, não olha pra mim! Fica olhando pra ela!
_ Tá, estou olhando. Mas o que vai...
Zero olhou ao redor. O sol estava se escondendo rápido, os últimos segundos do crepúsculo. Para dar mais ênfase, ele apontou para a Cidade Avançada e disse:
_ Vai, deve ser mais ou menos... agora!!
Na verdade, o que Zero dissera não fez qualquer diferença. Por mais alguns segundos, Sari ficou olhando sem entender para a direção que Zero apontava, enquanto todo o cenário ao redor deles obscurecia-se rapidamente.
Tudo ficou escuro quando o sol finalmente ocultou-se no horizonte. No ato, a escuridão pareceu percorrer toda a planície, recobrindo a Cidade Sucata e subindo até as montanhas onde encontrava-se a Avançada. Assim que a noite a alcançou, no entanto, a cidade na encosta pareceu acender inúmeras pequenas estrelas em suas muralhas e torres, e Sari admirou-se.
_ Zero...!
_ Viu? – a voz dele deixava claro seu sorriso – Antigamente, as cidades tinham iluminação elétrica pra quando caía a noite, e depois das Mudanças usar eletricidade ficou impossível. Mas os cientistas da Avançada injuriaram com essa coisa de não poder trabalhar direito depois do anoitecer, ou ter que trabalhar à luz de vela. Isso não chega a ser problema pra nós aqui, mas eles resolveram que deviam dar um jeito nisso. Um sistema de canalização de vapor abastece as Jóias Dragão de Fogo em lâmpadas de vidro. Bem aquecidas, elas fazem o serviço quase tão bem quanto as lâmpadas elétricas antigas, ou é o que diz o meu pai. E, é uma coisa pra se ver, né?
Os olhos de Sari brilhavam com as luzes. Não eram as estrelas do céu, era verdade, mas pareciam-se com elas. De cores diferentes, mais próximas, artificiais... mas estrelas, assim mesmo. Estrelas produzidas pelo homem, por gente curiosa como Zero. E uma forte ventania seguiu-se, agitando os cabelos longos de Sari enquanto ela voltou-se para ele, que ainda sorria com serenidade.
_ ‘Final da Fogueira’. Era assim que eu chamava esse vento, o primeiro depois do sol se pôr num dia quente, quando era guri. Heh... Criança tem cada idéia...
Sari olhava nos olhos de Zero, sorrindo embevecida. Estava grata pelo que ele havia mostrado, e por ele estar sempre próximo. Não importava que tipo de aborrecimento ou tristeza a cercava, ele sempre parecia estar por perto e mostrar algo novo, sempre encontrando uma maneira de colocar um sorriso no rosto dela. O mesmo rosto que, enquanto seus cabelos esvoaçavam, aproximou-se lentamente do de Zero.
E ele, passado o primeiro impulso, deteve-se e a ela.
_ Não, Sari.
Aquela luz nos olhos dela, desaparecendo depressa, era algo pelo qual Zero sabia que não se perdoaria nunca, não importando quanto tempo passasse. Sempre se lembraria daquilo com um peso no coração. Mas, não podia.
_ D-desculpa – ele sentia o rosto afogueado, e não conseguia se obrigar a olhar para ela – Desculpa mesmo, Sari, mas eu... não posso.
_ ... Não se desculpe – ela retrucou, de rosto baixo – Fui eu quem... Eu achei... que gostasse de mim...
_ Eu gosto, Sari. De verdade – ele tornou a dizer, também sem olhar para ela – Mas é que... se fizesse isso com você, e pensando em outra pessoa... Ia ser uma falta de respeito. Com você e... com a outra.
_ Entendo – ela deu-lhe as costas, voltando os olhos para as luzes da Cidade Avançada – Então, os opostos se atraíram.
Zero ficou com o rosto afogueado novamente, olhando para as costas de Sari. Não esperava ter sido tão óbvio, mas enfim...
_ N-não, eu... Quero dizer, não é bem... Putz, dei tanto na vista assim?
_ Ela não se sente assim, nem parece que isso irá mudar – Sari voltou os olhos para ele, parecendo ainda mais entristecida – Por quê insistir em algo que não vai ter, Zero?
Foi a vez dele de parecer triste, e ainda assim sorrindo. Ele voltou os olhos na direção sudoeste da Cidade Sucata, onde também havia entradas de túneis.
_ Esse... negócio de gostar... é uma coisa muito egoísta, sabe Sari?
Ela olhou para ele com uma leve surpresa em sua expressão, e ele continuou com seu riso conformado enquanto confirmava com um aceno de cabeça.
_ É sim, egoísta. Foi o que eu disse. A gente faz de qualquer coisa pra a outra pessoa ficar bem, ou feliz, ou satisfeita pelo menos. Mas, ainda assim, é só porque isso faz nós mesmos felizes. Então, quando fazemos algo por outra pessoa, na verdade estamos fazendo por nós mesmos. E é por isso que esse negócio de gostar... pra mim, é muito do egoísta.
Sari continuou a olhar para Zero sem conseguir entender. Aquilo parecia uma das brincadeiras dele... mas a expressão em seu rosto não parecia esperar por risos, ou qualquer coisa do tipo. Ao invés, ele continuava a olhar para aquela área da Cidade Sucata, e havia algo de triste em seus olhos.

Saturday, February 18, 2006

Olá, visitantes! Aqui vem o Louco, pronto pra começar o último capítulo do módulo Mundiça ^^' (sim, é esse mesmo o nome do arquivo), e talvez alguns de vcs me odeiem depois dele terminar. O capítulo, não o trecho de hoje.

Será? Será q não...? Bem, isso fica pra vcs decidirem! ^^ Amplexos autorais do Louco!


XX – Explicações



Zero deixou o quarto silenciosamente. Esperava que Christabel voltasse a dormir, e se recuperasse logo. Na própria casa, no entanto, ele se sentia seguro o bastante para ir cuidar de sua moto e conseguir mais munição. Não faltava muito para que a Rainha pudesse se defender sozinha novamente, mas até que chegasse o momento, ele precisava estar pronto para protege-la como pudesse, e restava muito pouco de sua própria munição depois da viagem.
_ Zero?
Sari estava sentada num banquinho próximo à porta de saída e o viu quando ele descia as escadas, e Zero ficou admirado em vê-la ali.
_ Sari, o que foi? Tá todo mundo descansando, pensei que você ia fazer a mesma coisa. Pode relaxar, aqui na Sucata a gente tá seguro, ao menos por enquanto.
_ Acredito que sim, mas – deu de ombros, um pouco inquieta – Acho que... vou precisar de mais algum tempo para me acostumar à idéia. Desculpe, eu não estou duvidando de você, é só que...
_ Nah, magina, você não tem que se explicar, Sari – piscou para ela e sorriu da sua forma despreocupada de sempre – Que tal uma volta pra espairecer, então, até o sono chegar? Eu preciso ir ver como tá a minha Unicórnio, e você podia me fazer companhia! Aproveito e mostro um pouquinho da Cidade Sucata no passeio. Topa?
E estendeu a mão para ela, ainda sentada no banco. Sari aceitou, sorrindo um pouco timidamente e pondo-se de pé, enquanto Zero a conduzia para a porta.
A noite estava agradável. Depois da alteração no clima induzida pelas dores de Christabel, o ar seco de verão agora tinha um vento suave de chuva, e Zero tomou o rumo das garagens da Cidade Sucata, onde estava sua moto.
_ É o melhor lugar pra deixar – ele explicou à caçadora enquanto seguiam – A Unicórnio foi toda produzida e montada na Cidade Avançada, lá em cima, mas uma vez aqui embaixo, o pessoal sempre pode consertar ou fazer manutenção. E a coitada da moto tomou umas surras legais desde a última vinda pra cá.
_ Diz, por causa da nossa luta com os lobos?
_ É, também, mas tem todo o desgaste, também. Pneus, a caldeira... Aquele tipo de coisa que eu não podia fazer enquanto andava por aí, sem material certo.
_ Deve estar contente de estar de volta ao seu lar, não Zero? – Sari olhou diretamente para ele – Você parece muito satisfeito.
_ É, acho que não dá pra negar isso, Sari – Zero inspirou profundamente, inalando o ar – Gosto do cheiro daqui. A terra molhada, um pouco de óleo que pingou das máquinas... A poeira dos túneis de escavação, e a mistura de coisa antiga recém-desenterrada com o cheiro dos polidores... Me acostumei com eles, desde guri. Pode incomodar quem chega depois, mas pra mim isso é cheiro de casa.
_ Posso ver isso – ela sorriu, ainda olhando para ele – Você está quase elétrico; não o via tão animado já fazia algum tempo.
_ É, é bom estar de volta – ele olhou ao redor – Já tem anos desde que meu pai se acidentou e ficou ruim da perna; então, faz o mesmo tempo que eu vou por ele entregar encomendas em lugares afastados. Gosto disso, dessa coisa de sair pra ver o mundo fora da Sucata, ainda mais depois que ganhei a Unicórnio... mas minha casa sempre vai ser aqui.
_ Percebo... – ela sorriu levemente, parecendo pensar em voz alta – Em Delm, tínhamos que nos esconder no subterrâneo para evitar os monstros errantes, e mesmo assim não tínhamos paz. Mas por vezes nos arriscávamos a subir até a superfície, para sentir o vento e olhar para os céus. Você é bem-aventurado, Zero. A maioria das pessoas não percebe isso, mas gestos simples e fúteis como sentir o vento no rosto e contemplar o sol, a lua e as estrelas são privilégios que nem todos podem ter.
Zero sorriu compreensivamente, e num impulso começou a puxar Sari numa direção diferente, surpreendendo a moça.
_ Hã, Zero? Não íamos ver a sua moto?
_ Daqui a pouco. Tem algo que você precisa ver primeiro.

Saturday, February 11, 2006

Fala gente! De volta, tentando recuperar o tempo perdido (e não desagradar os fãs de uma leitura mais curtinha tbm), saudações do Louco!

Sim, curta. Dessa vez vou terminar o capítulo... *consultando o último* dezenove, e só. Ficou uma pontinha só, e não acho q vale a pena começar o outro ainda.

forte amplexo (tentando melhorar os tempos de postagem) do Louco!

(...)
Christabel ficou em silêncio, reparando que os braços dele estavam repletos de ataduras. E recordou-se de tê-lo visto, e que a dor dela parecia ter atingido Zero também, enquanto ele a mantinha imóvel. Ele poderia ter se soltado quando bem entendesse, mas não o fizera.
_ Por quê? – ele pareceu surpreso, sem entender do que ela falava, e seguiu a direção do olhar dela – Não tinha necessidade de ficar me contendo tanto tempo, especialmente depois que seu pai se afastou.
_ Ah, aquilo? – ele abriu um sorriso amplo – Sou o Cavaleiro da Rainha, não sou? A qualquer hora, em qualquer lugar, se precisar de mim, eu vou estar lá por você.
Christabel desviou seus olhos, subitamente encabulada e aborrecida. O que precisaria fazer para que aquele inconveniente a deixasse em paz?
_ Q-quer... esquecer desta bobagem? – ela retrucou, ainda sem olhar para ele – As pessoas à minha volta morrem, caso não saiba. Por quê não faz o que é melhor para você, como todos fazem, e me deixa em paz de uma vez?
Foi a vez de Zero ficar encabulado por um momento, visivelmente surpreso com a colocação de Christabel. Passada a surpresa, no entanto, ele acenou com a cabeça e ergueu-se, sorrindo com tristeza ao encarar a Rainha.
_ Tem uma história que contam, Christie, aqui na Cidade Sucata. Da época em que não tinha acontecido nenhuma das Mudanças. Tinha quatro caras jogando cartas...
A expressão dela era tal que o interrompeu. Ele a estava ignorando?
_ Espera – ele ergueu a mão, o ar parecendo mais sério – Você perguntou, eu tô respondendo. Escuta até o fim.
“Como quase sempre acontece, apareceu alguém avisando que o mundo ia acabar no dia seguinte. Os quatro pararam por um instante, e o primeiro deles falou:
_ Vou beber. Não quero perceber quando acontecer.
Levantou e saiu da mesa. O segundo, olhando pros outros, falou:
_ Vou pra igreja rezar. Não quero encontrar Deus sem ter pedido perdão.
Levantou e saiu da mesa. O terceiro olhou pra onde os outros tinham ido, pro colega que tinha ficado e falou:
_ Vou sair e catar umas minas”
Christabel olhou pesadamente para Zero, e ele ergueu as mãos:
_ Ei, só tô contando a história que eu ouvi; não fui eu quem inventou. Mas então, ele disse ‘Vou sair e catar umas minas. Não quero ficar no atraso.
Levantou e saiu.’
Ela detestava a mania dele de falar demais. Ao menos uma vez, podia dar uma resposta direta. Ele sorriu um pouco mais amplamente ao ver a expressão dela ficar mais pesada, e concluiu:
_ O último cara suspirou, olhou em volta e resmungou: “Vou terminar o jogo. Detesto deixar coisa por terminar.”
Christabel o estava encarando. Podia entender o que ele queria dizer, mas continuava a preferir uma resposta mais direta às suas perguntas. E Zero disse:
_ Eu sou igual ao último cara, Christie. Vou terminar o jogo. Os outros fazem o que acham que devem, não é? – ele deu de ombros e piscou – Então. Deixa eu fazer o que acho que devo.