Desejem sorte a eles. E amplexos do Louco ^^
(...)
_ Foi você, não? Você matou Esh.
_ Se dissesse que não – Castro deu um sorriso com o canto da boca – faria alguma diferença?
Kayla não gostou daquilo. Que espécie de humano era aquela, capaz de destruir um Arcano e rir diante da morte? Ela não entendia, e não gostava daquilo. Era apenas uma criança na época do exílio de sua raça, mas lembrava-se do temor nos olhos dos humanos... e aquilo que via estava errado.
Seus olhos escureceram-se, enquanto ela trazia adiante a mesma aura de medo que Ahl-Tur utilizara em sua primeira visita em Melk. Aquilo traria a ordem das coisas, como deveriam ser...
E ela sentiu um terrível refluxo, enquanto relâmpagos escuros cobriram toda a extensão de seu corpo e Kayla caiu ao solo, gritando e deixando suas duas lâminas caírem. Castro, embora não entendesse, saltou adiante e ergueu a maça. Honrado ou não, nas circunstâncias...
Uma explosão alta à sua direita o jogou longe, enquanto via vários dos seus atirados em todas as direções possíveis, como palha numa tempestade. Com a consciência do soldado em batalha, Castro ergueu os olhos na direção da oponente, e viu o outro pousar próximo a ela, tocando sua cabeça gentilmente.
_ Isso foi tolice, criança. – Sir-Ydian disse, ajudando Kayla a se reerguer – Depois do que aconteceu com o jovem Tark, você deveria saber melhor. Nosso poder está restrito; não podemos conjurar influências de espírito dentro desta barreira. Já nos esforçamos demais apenas para chegar até aqui. E quanto a você, guerreiro...
Voltou-se na direção de Castro, que procurou ficar de pé. Seus músculos reclamavam das agressões e do cansaço; um pouco de repouso iria bem.
“Vou poder descansar bastante daqui a pouco, se não me cuidar”. E viu o rosto idoso se abrir num sorriso, ainda que com dentes serrilhados.
_ Não parece muito correto atacar uma fêmea, ainda mais quando caída, não acha? Ou um idoso, quando parece desatento.
Sem qualquer cerimônia, Ydian voltou-se e talhou com sua espada, abatendo dois lanceiros que se aproximavam por trás dele.
Num movimento veloz, o Arcano embainhou a lâmina e abriu seus braços para lançar o que pareciam duas explosões pesadas de pólvora à esquerda e direita. Desconcertara os soldados, abatera muitos deles, mas os guerreiros de Melk eram experientes o bastante para não investirem apenas numa massa concentrada contra inimigos que tinham tal tipo de ataque, e vários deles também vinham pelas passarelas das muralhas, ou disparavam flechas à distância.
Ydian agitou seu braço para direita, um longo chicote de magia surgindo do nada para atingir os soldados naquela direção. Mas o grupo da esquerda teve a chance de arremessar lanças, ou saltar sobre cabos como Castro fizera.
Ydian curvou seus dedos da mão esquerda para dentro, e então voltou-se para aquela direção. Foi como se um vento de luz atingisse os soldados atacantes e as armas arremessadas, afastando-os do Arcano para todas as direções, com violência...
E uma lança atravessou seu peito de um lado a outro, inalterada. Fosse por ter descido na ‘sombra’ de um dos soldados que atacava, ou porque a magia de Sir-Ydian também fora afetada pela barreira, não importava, quando o velho Arcano tombou sobre um joelho, parecendo estupefato. E os arqueiros fizeram mira.
_ Esperem!
Castro estava de pé, escudo em posição e a maça pendendo da mão direita. O velho Arcano pôs-se de pé com dificuldade, parecendo muito cansado, mas quebrando a haste de lança em seu peito e tornando a desembainhar a espada, enquanto o sargento respondia:
_ Essa é sua resposta. Também não parece correto que simples soldados precisem enfrentar esse tipo de magia. Ou força, ou agilidade. Mas... acho que agora, com essa lança no peito, nossas condições devem estar iguais.
Ydian tornou a sorrir, ainda que em dores. E Castro deu um passo para o lado, no que foi imitado pelo outro. Era engraçado, mas aquilo parecia... correto. E viu a garota erguer-se, tornando a enfrentar os soldados do pátio externo. Bom.
“Os do lado de dentro devem estar avisados, agora. Espero que peguem o que restou”.
E foi o último pensamento que teve fora da disputa, antes de começar a enfrentar Sir-Ydian.