Sunday, May 28, 2006

Olá gente blogueira! Falando com três ao mesmo tempo, saudações do Louco!!!

vamos colocar mais um capítulo em campo. Segurem, q o bicho vai pegar!

(...)

XXIV – Para Dentro da Tempestade



Eles vinham por toda a parte. Cruzando os ares, sob a terra, por campo aberto e pelas trilhas d’água, inclusive as subterrâneas, eles se aproximavam. Gigantes, feras, insetos... lendas. Os mais fortes de cada raça vindo á tona pela mesma missão. Os grupos estavam se aproximando ao mesmo ritmo, alertados por sentidos especiais ou por espiões próximos de onde estava a Rainha de uma forma ou de outra, e tamanho era o número deles que mais de um grupo se encontrou com uma hoste adversária em meio á sua ida, e engajaram-se em combate antes mesmo de encontrar sua verdadeira presa.

Os exércitos estavam engalfinhados ao redor do vale onde se situavam a Cidade Sucata e a Cidade Avançada. Criaturas que eram conhecidas apenas em lendas, mitos de grande força física ou de espírito, e estavam se enfrentando como não faziam desde o início dos tempos. Centauros, árvores móveis, minotauros, lobisomens, harpias... Cada tipo de criatura já imaginada ou contada pelo homem, todos finalmente em combate aberto depois de séculos. Sua motivação era urgente, e eles não tinham tempo para a dissimulação que se fizera necessária tanto tempo atrás. Podiam também sentir as forças do ‘outro’ se aproximando, e enquanto batalhavam eles procuravam avançar. Os antigos rancores no entanto eram poderosos, e pouca coisa podia ter força para interromper sua luta.

E então todos se voltaram, o sinal parecendo claro como um farol na escuridão. O poder! Era ela, a arquimaga humana a quem todos procuravam. Tinham sentido o poder dela recentemente numa erupção que agitara e alterara as condições do clima e dos arredores no dia anterior. Ainda que tamanha força naquela época de necessidade fosse atraente, no entanto, também era um sinal de alerta. Ela estava tentando se livrar de suas algemas. Como seu poder desaparecera logo em seguida, era de se esperar que tivesse falhado, mas isso agitara a urgência de todos. Se ainda estivesse viva, ela tentaria novamente. E novamente, até conseguir se libertar. E, se tal coisa se desse, conseguir o poder que queriam se tornaria uma coisa muito mais problemática.
O poder não desaparecera dessa vez. Podiam sentir a força dela, ainda menor do que deveria ser, mas não mais oculta pelas algemas. E estava... se movendo! Depressa! Uma tentativa de fuga?

Como um único ser, as massas de adversários tornaram a se mover na mesma direção, buscando antecipar e cortar a rota de fuga de Christabel. Os conflitos recomeçavam a cada vez que os diferentes seres se atropelavam em sua busca, mas num modo geral, a imensa massa de atacantes avançava. Mais importante do que qualquer outra consideração era apreender primeiro a maga, que já devia estar apta a sentir a presença deles, mas se tentava fugir, não devia estar em condições de enfrentá-los. Provavelmente, a tentativa de livrar-se dos grilhões a exaurira completamente, e ela estava impossibilitada de usar sua força. Talvez até estivesse inconsciente; isso seria muito conveniente para eles.

Flamejantes, seres quadrúpedes que não possuíam uma cabeça visível, tendo uma coluna de fogo brotando dos pescoços ao invés. Com mais velocidade do que qualquer um dos outros clãs presentes, foram os primeiros a divisar de longe as muralhas da Cidade Sucata no que parecia um vale deserto com uma pequena formação montanhosa ao sul. E era daquelas muralhas que um veículo se afastava depressa, levantando poeira quando saía do asfalto em sua trilha e tocava a estrada de terra.

Acima da cavalgada feroz dos Flamejantes, uma revoada de Carniçais procurava ganhar terreno. Pelos ares, eles eram rivais para a velocidade dos seus inimigos lá embaixo, e mergulharam em formação fechada para se abater sobre eles em revoada. As duas hostes se confrontaram com cascos e garras, mas os Carniçais conseguiram enviar os mais adiantados em seu grupo para continuar a perseguição enquanto os demais retinham os Flamejantes.

A velocidade do furgão reformado era grande, mas o vôo dos Carniçais podia alcançá-lo. E eles se aproximaram depressa enquanto o veículo da Cidade Sucata procurava escapar, ziguezagueando.
De súbito, as portas traseiras se abriram e um cavaleiro em armadura e uma figura envolta num manto dispararam flechas, e foi rápido demais para que os primeiros na fileira de Carniçais pudessem desviar deles.

A revoada dispersou-se, mas apenas para se reagrupar e mergulhar novamente. A figura no manto, era ela! Podiam farejar o cheiro dela, podiam sentir o poder, mesmo enfraquecido, vindo daquele corpo! Era a ela que procuravam, agora sabiam estar na direção certa!

_ Fechem a porta aí atrás! – o motorista bradou lá dentro – Li, se prepara que a próxima é você. Colocou o cinto de segurança?
_ Estou pronta.

Os Carniçais começaram a abater-se sobre o furgão, que desviou-se para a direita e depois voltou à pista, sacudindo muito na estrada deteriorada. Algumas das aves perdiam o alvo por pouco e acabavam caindo de mau jeito no chão ou recuperavam altura como podiam, enquanto seus companheiros continuavam a atacar com bicos e garras, fortes o bastante para começar a danificar a carroceria refeita do furgão.

Melissa recebeu o sinal, e expandiu sua Aura Magnética para o alto. Os pedaços danificados do teto soltaram-se como várias das balas que Zero disparava, escotilhas inteiras se abrindo na carroceria danificada. Mas a violência com a qual os estilhaços subiram, aliada à velocidade de aproximação dos Carniçais em mergulho, foi letal para mais um punhado das aves, que agora estavam em número bem mais reduzido enquanto se acercavam do veículo.

Uma quinta marcha foi colocada no motor a vapor, e o furgão acelerou ainda mais, deixando os Carniçais sobreviventes que ainda se reagrupavam para trás, momentaneamente em desvantagem na batalha de velocidade. O cavaleiro parecia particularmente desconfortável em viajar tão depressa, agarrado firme aos pontos de apoio de que pudera dispor e com a lança dupla em uma das mãos. E a passageira no manto repentinamente avisou:

_ Por cima de nós, vindo depressa... à direita!

Zero desviou para a esquerda, saindo da trilha até ver um jorro de chamas derramar-se na pista onde eles estariam. Místicos, seres voadores velhos conhecidos do cavaleiro. Tinham vindo da retaguarda, e uma hoste deles conseguiu atravessar o bloqueio. Tinham incinerado os Carniçais que ainda tinham condições de perseguí-los e agora se abatiam sobre o veículo, e não precisavam se aproximar tanto para atacar.

_ Lindo! – resmungou o motorista – Era bem o que eu precisava, a essa altura... Conseguem pegar eles com flechas, gente aí de trás?

Sem uma palavra, a figura encapuzada ergueu o arco novamente e fez pontaria, escolhendo um alvo em meio aos solavancos do furgão. Mas o cavaleiro estava tendo dificuldades para se firmar, e Melissa olhou pelas aberturas no teto do veículo, tensa.

_ Estão chegando depressa, Zero... O fogo deles deve ter um limite de alcance, também, e não acho que queiram nos atingir em cheio; temos algo que eles querem!

_ É... Isso é uma vantagem – Zero puxou o veículo para a direita, evitando mais uma rajada – Não devem querer machucar a gente demais. Não enquanto não puderem fazer isso sem arriscar você, menina.

Sua passageira estava ocupada demais fazendo pontaria e soltando outra flecha certeira para responder naquele momento, e Zero puxou o veículo ainda mais para a direita, completando o raciocínio entre dentes:

_ O problema é que... isso tá bom demais pra durar por muito mais tempo...!

_ Zero...!

_ Ele tem uma certa razão... Mel – Daniel confirmou, agarrado novamente na lataria do furgão durante a manobra – A única coisa que impediu estes monstros de nos cercarem até agora é a luta entre as espécies deles. Se estivessem unidos num esforço conjunto, não teríamos qualquer chance...

_ Quê? – Zero voltou-se por um momento, o rosto se iluminando um pouco – É isso aí, Dan! Você é um gênio!! Cara, como eu não pensei nisso antes?

_ Pensou no quê? Aaaaaagh!

Sunday, May 21, 2006

Oi passageiros! Saudações do Louco!

Ainda convalescente de uma gripe q se recusa a ir embora (eu ficaria vaidoso, se não me incomodasse tanto), vou colocando mais alguma coisa da Christie por aqui. Se segurem, q isso é o prelúdio da tempestade...

forte amplexo (atchim!!!) do ainda gripado Louco...

(...)


_ ‘Ligeiro’? – ela voltou a olhar para Sari, e então para Zero. A caçadora conversara com ele a respeito; não teria dito que não havia como impedir que chegassem? Tudo já estava próximo demais para que não chegasse até eles, ou para que escapassem – Sua amiga não deve ter explicado corretamente, se acha que há como escapar.

_ Droga, eu sempre me esqueço – Zero suspirou, parecendo impaciente consigo mesmo e estranhamente bem humorado – Uma hora dessas, preciso te ensinar essas gírias daqui. Eu não tava falando em escapar.

Os demais se acercaram, olhando de um para o outro e tentando entender exatamente do que se falava. E Sari pronunciou-se.

_ Minha percepção com certeza não é tão aguda quanto a sua, Christabel, mas o que vem em nossa direção é grande demais para que eu não possa sentir. E sei o bastante. Não temos como escapar. A única opção diante de nós é o combate... mas precisamos de você, no auge de suas forças.

_ A idéia de quem estiver vindo, seja quem for – Zero intrometeu-se – deve ser tentar uma última vez te pegar antes que se livre da tiara. Depois ainda dá, e pelo que o Laírton falou, não acho que vão desistir fácil, mas é muito melhor se der pra fazer isso sem maiores problemas. Como essa é a última chance, tão fazendo tudo o que podem. E, por melhor que a gente seja, não temos como dar conta disso. Nem mesmo com a Avançada e a Sucata inteiras dando uma força.

Christabel olhou para ele e para Sari. Ela também estava ciente disso. Livre da tiara, talvez ela mesma ainda não fosse suficiente para derrotar tantos adversários, mas o fato de não quererem ferí-la demais dava-lhe uma enorme vantagem. Seus sentidos deixavam claro que, se o procedimento fosse lento, ela não teria o tempo para se recuperar. Mas Zero e Sari falavam como se houvesse uma alternativa.

_ O que vocês têm em mente?

Zero sorriu ainda mais uma vez, mas parecia haver algo mais difícil naquele sorriso. Uma resignação e determinação que indicavam que ele não esperava nada de bom, pouco importando a alternativa que tivesse. Olhando para todos os amigos, ele disse baixinho:

_ Essa vai ser a maior de todas, turma, e se alguém quiser ficar de fora, não tem nada vergonhoso nisso. Contra todas as possibilidades, eu vou manter os caras longe da Christie tanto quanto der... mas é escolha minha. Seja o que for que vai me acontecer depois, eu topei. Topei isso no momento em que entrei naquele torneio, e falei que ia ser o Cavaleiro da Rainha.

Christabel sentiu o rosto aquecer-se subitamente, e não encontrou meio de deixar os olhos firmes. Por mais que quisesse, só conseguia mantê-los baixos. E Zero sorriu para ela, mais calorosamente agora, completando:

_ Pode achar que eu não tenho muito juízo ou noção das coisas, Christie, mas eu levo muito a sério as coisas em que me meto. Agora, é hora de terminar o jogo. Mas isso é uma coisa que ‘eu’ tenho que fazer – olhou para os amigos – E do jeito que eu escolhi fazer, pode ser besteira da grossa. Por isso, não peço pra ninguém vir comigo.

Todos compreenderam então; ele tinha um plano, mas o que quer que fosse, era muito mais arriscado do que meramente enfrentar os perseguidores de Christabel. Devia ser alguma manobra suicida, algo que pudesse dar à Rainha o tempo de que precisava. Sari foi a primeira a se manifestar, abanando a cabeça em negativa com serenidade.

_ Eu já disse enquanto estávamos vindo, estamos juntos nisso. A sugestão foi minha, e é minha responsabilidade. Se você vai, eu estarei a seu lado.

Christabel olhou para a caçadora, um misto de emoções que a confundia em seu espírito. Sari estava se arriscando por ela, também, e isso merecia consideração. Mas ela também sentia algo subentendido na frase da outra, e isso a incomodava. E Daniel foi o próximo.

_ A obrigação é minha também, Zero. Se eu o deixasse correr o risco ao qual se atira, seja qual for, e ficasse para trás, carregaria a vergonha pelo resto de minha vida. A morte seria uma escolha melhor.

_ Mas eu confio em você, ‘irmãozão’ – Melissa acrescentou, pondo-se ao lado deles – Se você acha que a gente consegue, eu estou com você nessa. Sou sua parceira, não sou?

_ Tenho fé de que saiba o que está fazendo, amigo Zero – Laírton sorriu – E, para um Religioso, fé é tudo de que se necessita. Se tem um plano de ação, vou auxiliá-lo no que puder.

Zero sorriu para todos e curvou a cabeça, um cumprimento aos amigos que confiavam tanto nele. E Christabel não deixou de notar que havia algo de despedida naquele momento. A sensação não a agradava em nada, assim como não a agradou o momento em que Zero voltou-se para ela.

Sunday, May 14, 2006

Olá gente blogueira1 saudações escritoras do Louco!

Aprendendo a escrever no msn, e atualizando o blog, vejamos as respostas pra várias perguntas. Christie tirará a tiara?^Os perseguidores vão deixar? Aprenderei a usar essa joça?

Respostas adiante. Torçam por mim!!! ^_^

(...)

Deixaram o Grande Cabo em pouco mais de um minuto, emergindo do túnel numa rua ampla, em absolutamente nada parecida com aquela que lhes dera entrada ali. Ao invés do terreno poeirento e de cimento rachado, havia asfalto escuro com sinalização pintada recentemente. No lugar dos casebres de tijolinho, mal iluminados e de telhados rústicos, havia casas de dois andares pintadas em cores claras, ou prédios realmente altos, de janelas cristalinas em tons verdes ou espelhadas. Éderson reduzira a velocidade, tendo voltado ao perímetro urbano, e Dirceu fez com que seus visitantes olhassem pelas janelas.

_ Aproveitem bem, crianças, porque não é todo mundo que consegue ver a pérola de Regalia, a Cidade Avançada. O orgulho de quem mora aqui, ou ajudou a construir, e por mais de uma razão.

Apenas Christabel parecia capaz de manter sua expressão sob controle, embora mesmo ela estivesse secretamente admirada. Aquela cidade realmente era imponente, com torres claras parecendo erguer-se para riscar o céu e suas janelas curiosas lembrando olhos que, ao invés de olhar para quem vinha, escudavam seus segredos de qualquer um que olhasse de baixo. Uma visão fascinante, mesmo para Melissa, que já estivera ali uma vez antes.

_ Uma visão incrível – Laírton comentou, admirado – Admito que estou impressionado.

_ Eu sei o que quer dizer, Laírton – Melissa acenou com a cabeça – É minha segunda vez aqui, e ainda me deixa sem fôlego. E você Dan, o que acha?

_ Como disse Laírton, parece impressionante, Mel – Daniel concordou – Mas não vejo guardas em lugar algum. O que acontece se houver um ataque?

_ Não é o tipo de coisa que acontece muito, cavaleiro – Dirceu respondeu – A localização da Cidade Avançada torna difícil para a maioria dos monstros chegar até aqui, e nenhuma cidade humana parece interessada em vir até aqui pra causar problemas. Embora, posso dizer, eu já tenha mencionado ao conselho da Avançada que alguns dos governos emergentes ‘podem’ acabar se interessando em vir domina-los.

_ Não sei, Mestre Dirceu – Daniel comentou, inquieto – Talvez seja paranóia, e peço que me desculpe, mas não consigo ficar muito à vontade. É tudo muito bonito, de fato, mas sem a devida proteção...

_ Ah, bem, mas não estão de fato sem proteção, Daniel – Dirceu sorriu de forma misteriosa – A Cidade Avançada guarda algumas surpresas contra invasores.

Daniel olhou para Dirceu como quem tentava entender do que estava sendo falado, mas o som familiar do motor da Unicórnio desviou a atenção do grupo para fora. Zero e Sari estavam se aproximando. Zero logo fez sinal para Éderson e comentou, tão discretamente quanto possível naquelas condições:

_ Melhor a gente encostar logo, Éder, que os macacos já tão olhando feio pra cá. Será que chegamos atrasados?

_ Nah, que nada; eles é que não têm outra cara, mesmo.

_ ‘Macacos’? – Laírton procurou olhar adiante, e Melissa explicou:

_ É como os transportadores da Sucata chamam o pessoal que recebe o que vem lá de baixo, Laírton. Eles têm físico apropriado pra quem carrega peso, mas não são muito instruídos; no entanto, gostam de fazer figura e parecer importantes, porque trabalham aqui em cima. Alguns, apesar de tudo, se dão bem com os Escavadores, mas a maioria não, e pode imaginar o resto.

_ A gente pode não tirar um racha com eles na maioria das vezes – Éderson comentou, com um sorriso entre dentes ao avistar uma porta enorme de galpão se abrindo à distância, para onde Zero parecia estar indo – mas concordamos que a maior parte desses caras é burra demais até pra abrir uma porta sozinhos. Então, ficamos tirando sarro ao invés. Heh... Vez por outra, acaba saindo uma briga, mas é só quando não dá pra evitar.

Encostaram, onde Zero já havia parado, e todos desceram pelos fundos do furgão. Os ‘macacos’ não pareciam interessados em nada nos visitantes, mais preocupados em descarregarem o furgão que chegara, e Éderson não parecia nem um pouco disposto a dar qualquer auxílio no trabalho deles, o que foi notado por Daniel e Laírton, mas eles pouparam-se de comentários.

E Christabel voltou-se para as muralhas. Estavam lá fora, ela sabia disso, e estavam vindo. A tiara não permitia que sentisse seus inimigos à distância, não como antes, e se tamanha flutuação a despertara, era porque era algo além do ordinário. Ao que parecia, a teoria de Laírton tinha bom fundamento. Seu tempo se encurtava.

_ Então, você também percebeu afinal.

Christabel voltou seus olhos para Sari. Ela continuava com a expressão grave que percebera nela o dia inteiro, mas agora, também parecia haver mais. Uma resignação, uma aceitação do que não podia ser alterado. E Christabel sentiu-se estranhamente relutante quanto a questionar ou interromper a caçadora.

_ Algo também tem agitado meu espírito e meus sentidos desde as primeiras horas do dia, Christabel – Sari prosseguiu, a voz baixa o bastante para só ser ouvida claramente por elas duas, embora tenha chamado a atenção dos demais – Estão vindo. De uma forma ou de outra, eles parecem saber que você está prestes a se recuperar, e pretendem chegar antes disso. Você tem algum tempo até que cheguem, mas não muito.

_ E pode ser que não dê pro que a gente tem que fazer.

Ela voltou-se novamente. Zero acenou com a cabeça, confirmando.

_ Pois é, a Sari aproveitou a deixa e me contou um pouco do que tá rolando, Christie. Isso quer dizer que a gente tem que ser ligeiro.

Wednesday, May 10, 2006

Olá, povo saudável e não saudável da net! *atchim!* Pra quem curte frio, pra quem detesta, pra quem tá gozando de boa saúde e pra quem tá capengando, como eu, saudações do Louco!!

Sim, me atrasei um tanto. Culpa de uma irmãzinha atarefada q me expulsou do quarto no fim de semana e de uma mãe fanática por Tetris Attack e Paci~encia Spider. Ah, bem... Ao menos, consegui pôr em dia minha prática de Yu-Gi-Oh!

Mas, chega de ficar embaçando. Em plena quarta feira, num pusta atraso, vai Dimão colocar mais um pouco das peripécias do Zero, da Christie e do resto da galera. Segurem-se, pq agora a coisa tá chegando no pedaço agitado...

E essa tiara, sai ou não sai?

(...)

Havia uma pequena legião de visitantes em Sucata. Sempre havia; embora o acesso à Cidade Avançada fosse restrito a poucos, os Escavadores e mecânicos eram bem mais permissivos com visitantes e curiosos (“Quem vai querer roubar sucata?”, era o que diziam rindo quando indagados a respeito). Apesar do trânsito de monstros entre as cidades ter se tornado maior em tempos recentes, o número de forasteiros continuava sendo considerável, e os nativos da cidade tinham a mente ocupada demais com as próprias descobertas, restaurações e com a pausa para o café e cerveja para se incomodar em vigiar aqueles que adentravam seus muros.

Talvez fosse melhor que o fizessem. Alguns visitantes recentes vinham do Oeste, todos do mesmo local, todos com o mesmo propósito. Eram vigias, esperando por um sinal de sua terra antes de tomar uma atitude definitiva. Pelo que haviam visto em Sucata e do curto convívio com os habitantes, um ou outro até lamentariam o cumprimento da missão que tinham recebido, mas nenhum deles hesitaria se não houvesse qualquer escolha. E, desde o dia anterior, sabiam que sua missão precisava ser cumprida. O que importava, acima de tudo, era que a feiticeira não retornasse para casa.

O som de uma buzina foi o sinal que os companheiros de Christabel aguardavam. Zero não estava entre eles; fora buscar sua Unicórnio e prometera alcançá-los no caminho para Avançada.

_ Mas vocês vão com o velho Dirceu, então tão bem acompanhados – ele sorriu – Ele vai manter o Éderson na linha enquanto leva vocês pra cima.

_ Ah, não! Logo o Éderson? – Melissa reclamou, sob o olhar curioso dos outros. E Zero deu de ombros.

_ Fazer o quê? Era a vez dele levar a sucata pra cima; vai dar uma carona pra todo mundo.

_ Receio que devamos nos apertar entre as escavações da semana – Dirceu se desculpou – mas ao menos, iremos sem causar muito alarde, tanto na partida daqui quanto ao chegar lá em cima.

_ Se for o caso, eu podia ir com o Zero – Melissa comentou – Já me acostumei a andar na Unicórnio com ele, e ia liberar um pouco de espaço no furgão. Não ia ser problema pra mim.

_ Não... Eu faço isso – Sari levantou-se, indo para onde estava Zero – Acho que, depois de vir de Melk até aqui, não pode haver tanto risco a mais em acompanhar Zero até a Cidade Avançada.
Havia lógica nisso, mas algo na postura da caçadora chamou a atenção de Melissa. Algo nela estava diferente, ainda que ela não conseguisse identificar o que era.

_ Sari, você tá bem? Parece que tá gripada, ou algo do tipo.

_ Não... – ela sorriu de olhos baixos – Acho que só não consegui dormir muito bem; a experiência da noite passada foi difícil para mim também. Mas obrigada por se preocupar, Melissa.

_ Tá... então vamos logo, Sari – Zero chamou – Assim a gente encontra com eles ainda no meio da subida.

Christabel olhou na direção dos dois enquanto saíam, particularmente para Sari. A caçadora não olhou para ela de volta, mas sabia que Sari estava ciente da observação. E aborreceu-se. Duvidava que Zero tivesse notado, mas algo estava diferente na caçadora.

Isso ainda estava em sua mente quando saíram da casa e viram seu transporte. O que estacionou diante da casa de Seu Dirceu e Zero era uma espécie de furgão, tão grande quanto o caminhão que resgatara Sari e Zero no dia anterior, e quase tão surrado. Parecia ter sido tombado e desvirado mais de cem vezes, tão amassada estava sua lataria, mas não fazia muito barulho e tinha espaço para todos. Éderson, o amigo de Zero que dirigia durante seu resgate, estava novamente ao volante e sorriu em saudação ao vê-los:

_ Olá vocês! Bem-vindos à bordo, eu sou Éderson e vou ser seu motorista hoje...

_ Deixa de bobagem, garoto – Dirceu respondeu, cortando o outro – Abre logo essa porta, que não temos o dia inteiro. O dia tá quente, e temos mais o que fazer do que ficar ouvindo você falar água.

_ Ah, tá bom, tudo bem Seu Dirceu – Éderson deu de ombros – Vamos pra dentro, então. Temos mais umas tralhas pra largar lá em cima, mesmo...

_ Olha o respeito, Éderson! – bronqueou Melissa – Quem você tá chamando de tralha? É só o Zero sumir e você fica todo animado, né? Espera só ele voltar.

_ Ah, agora eu fiquei apavorado, Mel – ouviram a voz do outro enquanto entravam – Posso pedir clemência agora, ou já é tarde demais?

_ Se me chamar de tralha de novo, seu moleque abusado – Dirceu foi até a parte dianteira do furgão e puxou as duas orelhas de Éderson para cima – você vai fazer todo o caminho até a Avançada correndo na frente do carro, entendeu?

Éderson, rindo e gemendo sob tortura, se desculpou e prometeu se comportar, sendo então libertado do puxão. E Laírton comentou:

_ Me parece que o senhor tem a situação sob controle, Mestre Dirceu.

_ Esses pirralhos precisam de corretivo de vez em quando, Irmão – o velho Escavador voltou para onde eles estavam, sentando-se e dando de ombros – E eu não tenho nenhuma preguiça em fazer isso.

_ Me deixa um pouco surpreso, Mestre Dirceu... – Daniel comentou, rindo, e Éderson voltou-se ao ouvir a voz do cavaleiro, estendendo a mão.

_ Ô, você não é aquele cara que deu uma força pra nós essa noite? Toca aí, xará! E, na boa, qualquer coisa que precisar é só dar um toque; se eu não puder te arrumar, falo com quem pode. Ninguém vai fazer tempo ruim se souberem que é pra você, não.

_ Ah... O-obrigado. Bem... como eu dizia, fico um pouco surpreso com a forma de camaradagem entre vocês. Nós, cavaleiros de Melk, também temos modos um tanto rudes entre nós, mas eu nunca tinha visto nada parecido com o que fazem.

_ Também é uma forma de relaxar, cavaleiro – Dirceu respondeu, ganhando um polegar de concordância de Éderson na cabine – Por vezes, passamos por situações difíceis. Nosso trabalho nos coloca sob a terra o tempo todo, e por mais que gostemos do que fazemos... há momentos em que perdemos companheiros, ou pessoas ainda mais próximas, por causa de monstros ou acidentes nos túneis. Por glorioso ou interessante que seja, o trabalho dos Escavadores também tem muitos riscos, e eles às vezes nos custam muito.

Christabel era a única à parte da discussão. Amaldiçoou mais uma vez sua fraqueza e a tiara que a continha. Sentia algo muito estranho se acercando deles, algo como uma grande maré. Ela não conseguia identificar o que era, ou de onde vinha, mas podia sentir o deslocamento dela em sua direção. Se ao menos pudesse ter um pouco de silêncio e concentração, talvez até pudesse entender o que era...! Mas Dirceu acenou adiante, um sorriso leve no rosto ao mencionar:

_ Aproveitem, crianças. Vocês estão prestes a ter uma visão que a maioria dos desconhecidos não tem; o Grande Duto, nosso túnel de ligação entre as duas cidades. Torna o transporte de artigos mais simples e seguro, também, já que a maioria dos monstros não perde tempo atacando o tampo de metal, e os que fazem isso desistem logo.

O furgão desceu uma breve rampa, deixando as ruas de terra para penetrar no que parecia um extenso túnel de metal, semelhante a um imenso cano de chumbo. E então acelerou mais, espantando a maioria dos passageiros. Dentro da Cidade Sucata, Éderson fora devagar como se conduzisse uma carroça. Uma vez dentro do Grande Duto, a velocidade mudara drasticamente. Mesmo Melissa parecia inquieta, embora já tivesse feito aquele caminho uma vez, e indagou:

_ Éderson, eu sei que você é acostumado a fazer esse caminho e tudo, mas precisa mesmo correr tanto? Esse túnel é meio escuro, pode vir algum outro carro no sentido contrário...

_ É por isso também que eu tô correndo, Mel! – Éderson respondeu animadamente – Os horários de entrega são agendados, pra nunca termos mais de um veículo no Cabo. Fica mais seguro assim.

_ O túnel parece amplo o bastante para dois ou três veículos, lado a lado – observou Laírton.

_ E é mesmo, Irmão – Éderson confirmou – Mas, como disse o Mestre Dirceu, uma das nossas preocupações em transporte são os monstros. Eles não gostam do barulho, mas são atraídos quando temos uma remessa meio grande demais de Dragão de Fogo. Sei lá porquê, parece que eles gostam delas. A largura veio da idéia de termos que lutar aqui dentro, mas não costumamos ter muitas entregas ao mesmo tempo. Então, não precisamos de um trânsito muito intenso, seja como for.

_ E por isso mesmo, esses guris transformam o Duto na maior pista de corrida do mundo – Dirceu acrescentou, parecendo aborrecido – Ficam acostumados com o trajeto, aprendem de cor o tempo de cada curva e o comprimento de cada reta, e o resultado são rachas com os veículos de transporte. Eu mesmo tive que puxar as rédeas do Zero quando ganhou aquela moto.

_ Heh, até hoje sentimos falta dele – Éderson comentou sorrindo – Aquela foi a única Unicórnio que pudemos ver correndo aqui embaixo. Um espetáculo!

_ Achei que ele tinha dito que não gostava de se exibir – Christabel comentou sem expressão, e ainda assim chamando a atenção de todos, nada acostumados a vê-la participando de qualquer discussão que fosse. Na verdade, estava aborrecida por não conseguir se concentrar e terminara por desistir, ouvindo a conversa. E Dirceu sorriu, meneando a cabeça.

_ Acredito que ele tenha dito isso durante a desavença mais recente com Vander. Não moça, meu filho é tão competitivo quanto qualquer rapaz da idade dele. Ele só é muito sério quando diz respeito a armas de fogo; velocidade e veículos velozes são outro assunto.

_ Além do que, ele gosta de ficar zoando o Vander, também – Éderson riu – O cara é protegido do Seu Batista, mas é um tremendo imbecil. Demais pra a paciência do velho Zero.

_ Herança da mãe, imagino – Dirceu comentou pensativamente – Tinha uma opinião muito forte, e se irritava fácil com a idiotice dos outros. Disse a ela várias vezes que isso não faria a imbecilidade desaparecer do mundo, mas ela era muito teimosa, seja como for – acrescentou dando de ombros, e Éderson tornou a rir.

_ Sei, até parece. D. Célia era a única teimosa pra ensinar o cara, claro...

_ Dirija, garoto. É só pra isso que você serve. Mas seu cérebro não consegue assimilar conversar e dirigir direito ao mesmo tempo, então fique calado.

Éderson ficou resmungando em voz inaudível por alguns instantes, mas estava realmente concentrado no que fazia, uma vez que colocara uma quarta marcha no furgão e deixou que Seu Dirceu e os outros continuassem conversando em paz. Daniel aproveitou o momento para perguntar algo que o intrigara desde que havia chegado à Cidade Sucata:

_ Eu particularmente acreditava que a máquina de Zero fosse muito mais comum do que parece realmente ser. Esperava que cada Escavador na Cidade Sucata possuísse uma igual, e no entanto...

_ Está falando daquela moto? – Dirceu meneou a cabeça – É um protótipo, única no tipo dela por um bom tempo. Já começaram a revende-las para outras cidades, mas ainda são muito raras. Mesmo sendo conhecidos dos cientistas da Avançada, não seria possível pra nós pagarmos por uma daquelas em condições normais.

_ Então...

_ Zero salvou a vida do filho de um dos Arquilíderes da Cidade Avançada – Melissa explicou casualmente – Não faz muito tempo, uma das experiências saiu de controle; algo como um motor pra aeronaves movido a vapor.

_ ‘Aero... naves’? – Daniel perguntou em dúvida, e Laírton respondeu com admiração:

_ Máquinas voadoras do mundo antigo...! É dito que os antigos cobriam grandes distâncias em pouco tempo viajando pelo ar, mas... com a perda do uso dos motores de ignição elétrica, não houve mais como utiliza-las. Vocês estão tentando...

_ É o propósito das duas cidades – Dirceu relembrou com um sorriso – Trazer de volta o que foi perdido nos velhos tempos. Os motores movidos a vapor e Dragão de Fogo têm funcionado bem com os veículos terrestres até aqui; não vimos porquê não tentar com os veículos aéreos, também.

_ Mas naquele dia, a experiência não deu certo – Melissa tornou a dizer com alguma preocupação – Lembro de ter ouvido o estrondo da Cidade Sucata, e fiquei preocupada. O Zero tinha ido com o grupo de entrega naquele dia, e estava lá em cima na hora do acidente.

_ O que houve de fato? – Daniel perguntou, e ela sacudiu a cabeça.

_ Ele nunca fala muito sobre isso, e como disse o Seu Dirceu, tudo o que acontece na Cidade Avançada é mantido em segredo. Mas segredo total é muito difícil de manter...

_ Principalmente com a ‘Rádio Peão’ funcionando! – Éderson comentou alegremente ao volante – Somos operários e mantidos meio de fora, sim, mas é impossível esconder uma coisa interessante de nós por muito tempo. Pra resumir a ópera, parece que os crânios lá de cima calcularam mal e um dos motores explodiu. Morreu gente pra caramba; isso também explica porquê o Zero não gosta de falar nisso. Ele e o nosso pessoal escaparam porque Escavadores nunca chegam muito perto das áreas de experiência, mas diferente dos outros, ele gosta de se meter.

_ Você não devia estar só dirigindo, garoto? – Dirceu indagou com aborrecimento, e Éderson deu de ombros.

_ Isso é uma reta longa. Então, como eu tava falando, ele peitou os guardas de perímetro, que estavam meio sem saber o que fazer, e acabou convencendo eles de que qualquer ajuda podia ser bem-vinda naquela hora. Um dos prédios próximos da explosão ficou abalado, ele e uns guardas entraram pra retirar quem tinha ficado preso ou desacordado dentro, e esse filho do Arquilíder era um deles. Como mostra de gratidão, deram pro Zero a Unicórnio. Sacanagem... – Éderson acrescentou, meio murmurando para si mesmo – Se nesse dia eu não estivesse com caxumba...!

_ Ia ter ficado de fora do mesmo jeito – Dirceu voltou para onde estava o motorista e deu-lhe um cascudo – Os guardas não iam te deixar se aproximar, mais gente ia ter morrido... e nada de moto. Sabe muito bem que, no caso do Zero, isso foi uma espécie de desencargo de consciência.

_ Como assim, ‘desencargo’? – Laírton pareceu entender algo a mais no que fora dito – Do jeito que diz, Mestre Dirceu, dá a impressão que estavam pagando ao Zero pelo que fizera, ou algo parecido.

_ Foi exatamente isso, Laírton – Melissa deu um sorriso contrariado – Tobias, o Arquilíder que teve o filho salvo, tem uma diferença antiga com o Seu Dirceu, e o filho dele com o Zero. Já ouviu falar de rixa hereditária? Porque, até vir pra cá, eu não tinha.

_ Ele só não queria ficar devendo ao menino – Dirceu replicou de forma casual, não parecendo disposto a insistir no assunto – Se fosse eu teria recusado, mas Zero achou divertido espezinhar o Ricardo ainda mais, ganhando o que o pai deveria dar pra ele. Gosta muito de uma confusão, esse meu guri.

_ E ele... aceitou um ‘pagamento’ pelo que fez? – Daniel perguntou, um pouco incomodado. Melissa parecia um pouco embaraçada ao confirmar.

_ Ele diz... Se você pergunta, ele costuma dizer que o pagamento ainda foi pouco, por ter salvo alguém como Ricardo. Esqueça, é melhor não pensar nisso. Ao invés, falta muito pra sairmos daqui? Esse túnel parece que não acaba nunca!

Ela estava um pouco sem jeito, como se fosse ela a pessoa que tinha aceitado uma gratificação por salvar a vida de alguém, e Dirceu e Christabel sorriram discretamente. O velho oficialmente desaprovava o que o filho fizera, mas secretamente gostava que Zero tivesse sido capaz de forçar o orgulho dos Morales para baixo. E Christabel percebeu, para a própria surpresa, que a atitude de Zero lhe parecera divertida, embora ela própria não soubesse o motivo. Algo que tinha a ver com agir como criança com adultos que se comportavam como crianças.