Friday, January 30, 2004

Saudações, gente! De novo, bem vindos ao início do segundo volume de Christabel, 'O Fim de Toda a Esperança', nomezinho baseado aliás numa música q eu gosto muito do Nightwish...

Espero q continuem gostando da história até aqui. Quem não gostar, pode comentar! Não posso prometer alterar muita coisa (esse pedaço já tá escrito de antemão, sabe....), mas eu gostaria de saber o q tão achando. Falem comigo, eu vou achar legal! ^^

Amplexos do Louco, e curtam!


VII – Sari


Mais uma noite caíra, e Christabel outra vez estava sobre as muralhas. Desta vez, procurando evitar uma possível aparição de Zero, ela foi para o lado oposto da fortaleza. Ela precisava pensar sozinha, e isso parecia cada vez mais difícil desde que ele chegara, porque o viajante já a estava perturbando até quando não estava presente. Era preciso que terminasse logo seus afazeres ali e partisse para sempre.
Seu coração ficara leve pela primeira vez em muito tempo durante aquela manhã e tarde; clamando ser o ‘Cavaleiro da Rainha’, Zero tirara de sobre ela o fardo pesado do ódio de seu povo por quase um dia inteiro. Ela o detestara por faze-lo, primeiramente porque parecia estar zombando dela e depois porque ele obviamente conseguia ignorar e enfrentar aquele desprezo melhor do que ela. Isso merecera alguma admiração da Rainha, obviamente, mas ela sabia o que viria depois, e sabia estar certa quanto àquilo; Zero tinha tanta leviandade quanto às emoções negativas do povo de Melk principalmente porque ele não era dali, nem ficaria ali. Sua missão estaria cumprida no dia seguinte, e ele iria embora para sua cidade. Oferecer a ela aquele tênue alívio apenas para deixa-la para trás, imersa para sempre naquele desgosto que a cercava e cercaria por todos os dias de sua vida era muito cruel, e ela queria muito não ter que vê-lo nunca mais.
_ Majestade?
Ela voltou-se bruscamente, seus olhos cinzentos agora duros na direção do interlocutor. Qual era o problema com ele, afinal?
_ Desculpe, eu achei que estaria em seu lugar favorito de novo como na noite passada – Zero disse com simplicidade dando de ombros, meio como se estivesse se justificando – Parece que estamos destinados a ficar nos encontrando o tempo todo...
_ Creia-me, Mestre Zero, isso não é minha intenção! – ela cortou bruscamente – De minha parte, o distanciamento seria muito preferível.
_ Eu peço desculpas de novo – baixou a cabeça – Sei que devia ter pedido por sua permissão antes de dedicar a participação à Sua Majestade, mas foi uma decisão meio brusca, e achei que não teria tempo de me inscrever se tentasse pedir. Além disso... – ele deu um sorriso um pouco encabulado – eu tinha boas razões pra acreditar que a Rainha não me permitiria.
O olhar dela continuava duro, embora estivesse intrigada. Já havia enxergado essa verdade nele, e pretendia dize-la na face dele se ele não o tivesse confessado antes. Estava curiosa, e isso a estava detendo.
_ Tem muita desfaçatez, Mestre Zero, ou é muito tolo por confessar tal coisa desta maneira. Não é sensato me aborrecer.
_ Eu sei disso – ele sorriu um pouco mais abertamente, dando de ombros – Achei que se aborreceria mais se eu mentisse; saberia que eu não tinha pedido por isso, não?
Ela não respondeu, meramente encarando Zero. Claro que ela saberia, podia enxergar as intenções das pessoas à sua volta, mas como ele sabia disso? Talvez a maga que o acompanhava...
_ Era uma desculpa muito esfarrapada, essa minha – Zero baixou a cabeça, parecendo sem jeito outra vez – Uma vez que não podia voltar atrás no primeiro aborrecimento, nem pude evitar o segundo, ao menos tentei não cometer um terceiro. Consegui?
_ Do quê está falando? – ela perguntou, ignorando a pergunta dele – Como, não pôde evitar um segundo aborrecimento?
_ Estou falando de ter perdido a luta de um a um. Não ia conseguir vencer a Sari no duelo e me entreguei; desculpe por isso, também. Sei que, sendo a primeira vez que dedicavam à Rainha um combate, seria mais satisfatório se tivesse sido uma vitória, mas...
_ Acha mesmo que isso é o que mais me aborrece? – a voz dela estava descontrolando-se novamente; aquele sorriso tolo e a paciência dele a enervavam! – Está brincando comigo, Mestre Zero, e não gosto disso. E não há lugar em Melk para coisas de que não gosto.
Havia um tom perigoso na voz dela agora, mas Zero apenas voltou sua atenção para além da muralha, sem dizer coisa alguma por algum tempo. E Christabel indagou a si mesma se aquele tolo a estava ouvindo, ou se era tolo demais para entender a mensagem velada. Estava prestes a perguntar se ele a tinha ouvido quando Zero respondeu, a voz diferente outra vez.
_ Então faça o quem tem de fazer, Majestade. Mas eu não estava brincando, e se me permite dizer, não deveria se aborrecer com quem quer ajudar.
_ Eu não preciso de ajuda! – os olhos dela continuavam duros, sua raiva da pretensão dele a fazendo deixar para mais tarde a consideração de que outra vez ele parecia estranho falando daquela forma séria e quase triste – Sou Christabel, Rainha da Fortaleza de Melk, e sou perfeitamente capaz de me proteger sozinha!
O vento estava ainda mais agitado, um trovão pareceu soar ao longe e os fogos das tochas tremeluziam inquietos, o clima parecendo se alterar ao mesmo tempo em que a disposição da Rainha. Zero voltou seus olhos para ela outra vez, e a compaixão espelhada neles ao mesmo tempo a irritava e feria, parecendo que mesmo que ela fosse capaz de esmaga-lo e revive-lo mil vezes ele não se aborreceria ou se abalaria sequer.
_ Esse é exatamente o problema, né? Você é capaz de se proteger sozinha, sim... Na verdade, não tem outra escolha. Sentada pra sempre no seu trono, no topo do mundo... e todo mundo à sua volta tentando derruba-la. Que crime você cometeu, menina, pra ter que pagar desse jeito?
A temeridade dele de falar daquela forma, e se referindo a ela com tamanha informalidade, ou talvez tivesse sido a enorme piedade em sua voz... Christabel nunca saberia dizer com certeza por quê não o matara, quando lembrasse daquilo nos anos futuros. Parte de sua bem merecida reputação vinha justamente de ter eliminado pessoas que a aborreciam muito menos do que Zero estava se atrevendo naquela noite; no entanto, ela sentiu mais curiosidade do que raiva da ousadia dele, e ao aproximar-se de Zero um passo com sua mão direita erguida à altura do rosto do viajante, ela perguntou:
_ Não tem medo de mim? Outros já morreram por bem menos do que isso. Eu poderia fazer com que amaldiçoasse seu nascimento antes de enviá-lo ao esquecimento.
Zero continuava a olhar nos olhos dela, aquela tristeza e compaixão profundas detendo Christabel quase como se ele a estivesse segurando pelos ombros.
_ As pessoas pensam que entendem, né? Tudo o que elas fazem é falar como se soubessem, e aconselhar. Tem até quem castigue, pensando que podem fazer algo pior do que nossas lembranças fazem. Nenhuma punição pode ser pior ou mais persistente do que saber. Você também sabe disso, não sabe Christabel?
Ela não estava realmente a par das palavras que ele tinha usado, mas a idéia delas parecia ter aberto um tipo de compreensão entre os dois que ia além de qualquer comunicação. A mão direita dela, erguida, tocou o rosto de Zero com suavidade sem que ela se desse verdadeiramente conta do fato, e seus olhos cinzentos fitaram os castanhos dele enquanto ela dizia:
_ Mesmo durante nosso sono... Em cada momento que ficamos sozinhos... Naquelas horas da noite em que despertamos, parece esperar em nossos travesseiros.
_ E nunca podemos contar pra ninguém – Zero respondeu, olhando para ela sem piscar – Porque não tem como colocar o que se sente em palavras que alguém vá entender. Ninguém, além de nós mesmos.
_ Sempre sozinhos com esses pensamentos... – e uma lágrima inadvertidamente desceu pelo olho esquerdo da Rainha.
_ Até o nosso último dia, receio.

Thursday, January 22, 2004

Oi leitores e leitoras...! Saudações do Louco, o autor atual!

Finalmente cheguei no final do 'primeiro volume' (pra evitar a demora se o arquivo escrito ficasse muito enorme, fui escrevendo em arquivos diferentes, e este trecho será o final do primeiro). Espero q vcs estejam gostando do nosso exibido Zero durante seu esforço pra ser o 'Cavaleiro de Christabel'.

Q gostem mais do q ela, pelo menos... ^^'


(...)



A prova seguinte era combate singular. Embora achando estranho, tendo imaginado que aquela seria a etapa final, Zero sorriu ao perceber que, entre os oito finalistas, ele teria que enfrentar a caçadora prateada que vira antes. Fazia com que ele lamentasse um pouco não estar em plena forma, mas respirou profundamente, encheu os pulmões e tomou ânimo com seu fôlego. Enquanto não terminasse a competição, ainda seria o responsável por dar uma vitória à Rainha. E olhou na direção da sua oponente, com um sorriso difícil enquanto tentava não mancar.
_ Oi! Desculpa, mas acho que vou ser seu adversário hoje, tudo bem?
A caçadora meramente continuou olhando para ele. Embora não tivesse sorrido, no entanto, algo na voz dela indicava diversão quando respondeu:
_ Seria um pouco mais convincente se não estivesse se esforçando tanto para disfarçar a dor. Realmente está levando a sério sua participação, não?
Zero aborreceu-se um pouco, mas deu um sorriso contrafeito e admitiu:
_ Tá, eu me entrego. Tô disfarçando tão mal assim?
_ Não está ruim – ela sorriu agora, serenamente – Mas você dificilmente vai ser um adversário digno com os veios de energia da sua perna funcionando dessa maneira. Permita-me...
Ela se aproximou dele, e Zero ficou confuso. Qualquer outra pessoa teria desconfiado das intenções da caçadora, mas ele não a julgava capaz de algo traiçoeiro; só estava curioso.
_ O que tá fazendo? – perguntou, enquanto ela colocava a mão esquerda na coxa direita dele e a direita em seu tornozelo, e ele começou a sentir sua perna formigar.
_ Você é inteligente e determinado, e eu quero enfrenta-lo em plenas condições – ela respondeu, enquanto seus dedos massageavam de leve onde tocavam – E isso não será possível se sua perna não estiver com a energia dela fluindo normalmente.
_ Energia...?
Mas Zero sentia a dor da sua perna desaparecendo gradualmente enquanto a moça agia, pouco importando o que ela estava fazendo. O público ao redor não estava entendendo muito bem, mas Melissa se levantou novamente.
_ Que negócio é esse? Zero? Você está aí pra lutar com ela ou o quê, seu idiota?
_ Melissa, acalme-se – Daniel tentou apazigua-la novamente, puxando-a pelo braço – Ela deve só... er... fazendo alguma saudação, ou...
_ Saudação coisa nenhuma, tem alguma coisa errada, Dan! – ela olhou para o outro, agora com alguma urgência – Ela tá usando alguma coisa, magia, não sei...! Dá pra sentir daqui, mas... Zero! Não deixe ela te tocar, seu besta!
Christabel também estava sentindo, mas o alcance e percepção dela eram muito maiores do que os de Melissa, e ela podia perceber o que a outra estava fazendo. E também a verdadeira natureza da desconhecida, que estivera oculta até então. E...
“Era mesmo preciso fazer isso, sua tola? Revelar sua verdadeira natureza, apenas para tocar a perna desse idiota e fazer o seu número diante de todos? E...?!”
A Rainha não sabia exatamente por quê estava tão incomodada; tinha sido inteligente da outra se manter oculta até então, e na verdade ela ainda estava aborrecida com Zero por tê-la exposto naquela situação. Mas ver a caçadora curando a perna ferida do viajante através do contato e de manipulação da energia corpórea dele a estava irritando, e ela não sabia bem o motivo; isso a deixava mais irritada ainda.
A caçadora ficou de pé, e se afastou dois passos enquanto Zero percebeu, admirado, que podia pisar sem medo outra vez. E a oponente perguntou:
_ Está em condições, agora?
_ É, eu... Acho que tô, sim... Como fez isso?
_ Isso agora não importa – ela apanhou a espada de madeira que deveria usar e se colocou em guarda, fixando seu olhar nele – Gostei muito do que fez durante suas duas provas; tem talento e presença de espírito. Mas é conveniente que eu o avise, se quiser realmente me vencer, é melhor que lute a sério. Porque eu não pretendo ser derrotada.
_ Nem precisava dizer – Zero apanhou sua própria espada de madeira, fez uma saudação colocando a lâmina dela diante do rosto e então se pôs em guarda, também, e ela ficou admirada e satisfeita com a seriedade dele – Você foi muito legal comigo, e eu tô em dívida com você. O mínimo que eu posso fazer, então, é lutar a sério. Boa sorte pra você!
_ Para você também – ela também fez uma saudação, e então os dois ficaram em posição para atacar, parados, esperando o sinal de início.
Havia uma espécie de senso de expectativa no ar, ou talvez só estivessem curiosos para ver se aquele viajante desrespeitoso finalmente seria derrotado, porque o silêncio era total nas arquibancadas, enquanto esperavam pelo sinal de início. Zero e sua oponente estavam em guarda, imóveis, olhos fixos um no do outro.
O apito soou para indicar início, e os dois estavam duelando. Fora tão repentino que dera a impressão de que os dois tinham começado no exato instante do toque do apito, o que seria estranho porque ainda não estavam ao alcance um do outro. Mas era fato de que o som das duas espadas de madeira se encontrando era muito rápido e seqüenciado, e os movimentos dos dois se alternavam em ataques, defesas e esquivas ágeis, e nem todos os espectadores podiam ver claramente todos os movimentos ou como tinham acontecido.
_ Melissa – Daniel comentou, admirado – Nunca poderia imaginar que ele era tão...
_ O quê? – Melissa olhava sem piscar para baixo, mais de uma vez parecendo frustrada durante os movimentos – Não me distraia agora, eu... Droga! De novo!
Zero e a caçadora estavam se mantendo equilibrados, e um ataque frontal mais impetuoso dele foi empurrado para trás com facilidade, e ela investiu sobre ele novamente. E Zero se voltou para ela e investiu também, as duas espadas se chocando enquanto ambos passavam um pelo outro, e ele rolou no chão e agachado se pôs novamente em guarda enquanto ela se voltava para ele, ainda de pé. E Zero sorriu.
_ Valeu. Eu não teria conseguido fazer isso com a perna ruim.
Ela sorriu de volta serenamente.
_ De nada.
Ele saltou novamente na direção dela, e ela o recebeu prontamente. E outra vez, e outra vez, um empurrava o outro ou se repeliam, para depois voltar à carga. A determinação dos dois estava firme em seus olhos, embora a caçadora mantivesse o rosto concentrado e Zero, mesmo parecendo tão concentrado quanto ela, estava visivelmente claro para Christabel.
“Pare de brincar, seu tolo! Por quê tudo tem que ser uma brincadeira para você? Se concentre!”
O público não parecia duvidar em absoluto da concentração dos dois, no entanto. Depois de quase um minuto praticamente sem sair do lugar, Zero sorriu entre dentes, travou as espadas com sua adversária, e murmurou:
_ Sinceramente, acho que não dão espaço o bastante pra a gente aqui. E você?
_ Então, vamos fazer nosso próprio espaço.
O sorriso de Zero ficou mais amplo, e os dois se separaram. Então, cada um erguendo as espadas para esconder os rostos, os dois começaram a correr lado a lado, saindo depressa do círculo aberto no pátio para ser a área do duelo e levando o público nas arquibancadas a se mover e a um clamor de inconformidade, enquanto ficava mais difícil acompanhar os dois. Eles estavam correndo pelo pátio interno da fortaleza inteiro, sempre acompanhados pelo som da madeira se chocando contra madeira.
E não parou então; chegando à muralha, Zero alcançou a escadaria primeiro e a caçadora tentou detê-lo com um último ataque lateral, mas ele saltou para frente e rolou no chão, revidando abaixado e obrigando sua oponente a recuar um passo, ganhando o tempo de que precisava para subir as escadas e com ela logo atrás de si.
Vez após outra, Zero recuou ou desviou-se enquanto a espada da caçadora procurava por ele. Mais e mais recuando, repelindo os ataques à sua volta enquanto o fazia, ele subiu na beirada da muralha leste da fortaleza e evitou uma investida da caçadora saltando sobre ela, obrigando a oponente a se abaixar e proteger de forma brusca, quase atingindo-a na cabeça e dando um salto mortal sobre ela, caindo logo atrás da moça e passando então a atacar novamente.
O público vibrou. Àquela altura, a audiência estava torcendo para ambos, muito pouca gente mantendo sua reserva quanto a Zero. Os habitantes de Melk eram guerreiros, habilidade era muito valorizada por eles, e ambos os oponentes estavam demonstrando uma perícia que eles não estavam habituados a ver sempre. Mesmo Marco estava admirado, seguindo o duelo tão ansiosamente quanto os demais, mas percebendo algo que a maioria não notava enquanto Zero girava o corpo em outro recuo, fazendo de si uma espiral enquanto isso acontecia para que sua espada passasse entre ele e a caçadora.
“Está acabando. Foi brilhante até aqui, mas...”
A espada da caçadora desceu novamente, e Zero aparou curvando-se, e ela girou o corpo novamente para repetir o golpe. Ao invés de bloquear desta vez, o viajante brandiu sua própria espada na direção oposta, e repeliu novamente o ataque da caçadora, com mais firmeza desta vez.
E ambas as armas voaram muralha abaixo, livrando-se das mãos de seus detentores. Ambos detiveram-se para ver enquanto as espadas giravam no ar até colidirem com o pátio lá embaixo, e uma delas espatifou-se. E eles se fitaram, ofegantes.
_ Está pronto para continuar? – a caçadora perguntou, gotas de suor saudável em sua fronte enquanto seus braços pareciam assumir uma postura de luta. E Zero, o joelho direito ainda apoiado no passadiço e com o rosto também coberto de suor, suspirou profundamente como se estivesse recuperando o fôlego antes de sorrir amplamente e estender a mão para ela.
_ Nah, a competição acabou. Você venceu. (Puf!) Eu me rendo.
_ O quê? – ela parecia um pouco desconfiada e admirada, ainda relutando em baixar a postura de defesa – Vai se entregar?
_ Dei o melhor que podia... (puf!) e foi a minha espada que quebrou quando bateu lá embaixo. Disse tudo, eu acho... (Fiiiu!) Acho que eu não ia agüentar muito mais, mesmo.
_ Mas... – o rosto dela pareceu ficar mais sério – você disse que lutaria a sério.
_ E lutei – e o rosto dele também ficou mais expressivo, embora ele se mantivesse sorrindo – Foi você quem segurou a força até aqui. Eu tava cansado antes mesmo de sairmos do círculo que eles tinham deixado pra o nosso duelo, mas você só cansou aqui em cima; tem uma resistência muito maior que a minha, e um jogo de espada melhor, também. Podia ter me pego muito antes, se quisesse de verdade.
Ela não conseguiu ocultar a surpresa em seu rosto, então. E Zero sorriu mais amplamente ainda, acenando para ela com a mão já estendida.
_ Anda, me ajuda a levantar. Podia conceder pelo menos isso pra um oponente derrotado, não? Já basta ter ficado com pena de lutar a sério comigo, só porque eu sou um homem...
Ela então sorriu, pela primeira vez toda a reserva e seriedade postas de lado, e aceitou a mão dele e o ajudou a ficar de pé, cumprimentando-o com um aceno de cabeça.
_ Foi um grande prazer duelar com você, viajante. E te cumprimento pelo espírito esportivo, também. Espero poder perder tão graciosamente quando acontecer comigo.
_ Nah, besteira – o sorriso dele foi ainda maior quando acenou negativamente com a cabeça e apertou a mão dela com maior firmeza – Duvido que alguém daqui vá conseguir te vencer. Você é boa demais.
_ E você. – ela respondeu, baixando a cabeça solenemente e levemente corada.
Os espectadores estavam aplaudindo lá embaixo. O Cavaleiro de Christabel, então, perdera... mas o fizera com muito estilo. Soubera como perder. Marco, novamente, se unira ao público na saudação. Estava um pouco desapontado por não poder mais duelar com Zero na próxima etapa da competição, mas sabia instintivamente que seu próprio duelo, o seguinte, não seria tão vibrante ou interessante quanto fora o do outro. O melhor que poderia fazer dali por diante era vencer.
Christabel, por outro lado, não estava muito satisfeita. Não considerava Zero ‘seu cavaleiro’, nem sentia precisar de nada daquilo; no meio daquela competição idiota, mais um idiota fora derrotado. Era só isso. Ela era totalmente indiferente àquele jogo tolo. Era isso o que estava dizendo a si mesma. E, quanto ao cumprimento demorado de Zero à caçadora...
“Já terminou, seu idiota! Todos os estão aplaudindo, agora pode soltá-la!”
Mas embora não estivesse com a atenção particularmente voltada para Melissa, Christabel podia sentir que ela também estava satisfeita com a luta, ainda que lhe parecesse que Zero se entregara sem ter lutado de verdade; normalmente, numa competição, ele nunca se renderia e teria aceito de bom grado continuar a luta de mãos nuas em outra situação. Daniel, aplaudindo efusivamente ao lado dela, exclamou:
_ Foi uma luta incrível, Melissa! Mestre Zero realmente conquistou o respeito de todos aqui, mesmo tendo sido derrotado! Mas e agora, o que será que ele vai fazer?
_ Provavelmente, brigar com qualquer um que continuar chamando ele de ‘Mestre’ – ela replicou, rindo da expressão assustada de Daniel. E, no alto da muralha, Zero baixou a cabeça num cumprimento e disse:
_ Eu sou Zero. Da Cidade Sucata, a leste. Prazer em conhecer você.
E a bela caçadora retribuiu o cumprimento, afastando uma mecha dos cabelos de sobre os olhos antes de responder.
_ Meu nome é Sari. Sari, da Vila de Delm. E o prazer é meu.

Saturday, January 17, 2004

Olá vcs, galera! Outra vez no ar, depois de alguns dias de computador bodeado, Loucomon postando!!

Sim, está na hora de pôr as coisas pra funcionar. Lenta, mas inexoravelmente, os eventos tomam lugar. Curioso para Zero, surpreendente pra Melissa, e nada do agrado de nossa Rainha, q odeia surpresas (aliás, do q ela gosta afinal? ~_~')

Amplexos do Louco

(...)


As provas eram eliminatórias; a cada evento, os participantes com o menor nível de desempenho seriam retirados da competição, até que na última prova, o combate pessoal, apenas alguns ficassem para se enfrentar. A primeira das quatro, então, era tiro ao alvo. Embora cada participante tivesse direito a um arco com seis flechas, outras armas de disparo ou arremesso também eram permitidas, desde que se atingisse o alvo tão próximo quanto possível do círculo central.
_ O objetivo é claro – bradou Brás, cobrindo o burburinho da multidão – Os participantes com as melhores marcas, com o mínimo de três sucessos próximos ou sobre o ponto central, serão os qualificados para seguir rumo à próxima modalidade. Não haverá qualquer objeção ao meio utilizado para tal, desde que se atinja o centro. Sem mais, que a prova comece!
Imediatamente, os participantes retiraram os arcos de onde estavam fixos no solo diante de si mesmos e começaram a disparar suas flechas na direção dos alvos. O ar ficou repleto do som de cordas tensionadas e de impactos contra a madeira, embora alguns dos participantes estivessem abandonando os arcos e arremessando adagas ou punhais na direção dos alvos; alguns, ainda, usavam pequenos discos metálicos prateados, com ou sem pontas, para fazer suas marcas cortadas nos respectivos alvos. Melissa procurou aflita por seu amigo Zero na multidão, temendo algo que só ficou evidente então, no início da prova.
_ Melissa, veja! – Daniel mostrou – O Zero... parece estar com problemas!
Era como ela temera, então, pôde ver claramente; arcos podiam ser difíceis de utilizar para quem nunca tentara antes, e ela viu seu amigo lutando com a corda do arco e uma flecha pendendo para baixo, enquanto a arma parecia recusar-se a ser devidamente preparada. Zero insistia mais e mais, mas não conseguia mais do que deslocar o cordão alguns milímetros para trás, nem de longe no que seria ideal para arriscar um tiro. E assim ele insistiu até que todos haviam parado.
Zero então olhou em volta, desperto pelo silêncio repentino. Todos os alvos estavam marcados, menos o dele, e os participantes à sua volta olhavam para ele com um misto de zombaria e exasperação. Zero olhou para a sua esquerda, para a direita, largou o arco para frente e então puxou da cintura a pistola, apontando-a na direção do alvo com a mão esquerda apoiando a direita para então abrir fogo, e o barulho dos disparos no pátio silencioso fez com que todos se encolhessem por instinto, enquanto por quatro vezes o estrondo explosivo se fez ouvir. Ao final deles, o ponto central do alvo estava destruído e um buraco enorme fora formado à volta dele, fumegando. Zero começou a rir, ergueu a pistola até a altura dos lábios e soprou, girando a arma então no dedo da mão direita e colocando-a de volta no coldre. Como todos ainda olhassem para ele, Zero tornou a olhar ao redor e disse num tom de voz animado:
_ E aí? Vamos pra a próxima prova agora?
Uma onda enorme de frustração cresceu à volta dele, Christabel percebera, mas já começavam a haver algumas mudanças. A pistola de munição explosiva ainda era novidade em Melk, e além da demonstração ter despertado alguma curiosidade, também trouxera simpatia esparsa para Zero. E fora impressionante para a maioria dos espectadores a forma como ele realmente destruíra o seu próprio alvo; nada contra as regras, afinal de contas. E ele atingira o centro; o requisito principal da prova fora cumprido, então.
Na prova seguinte, os participantes mais uma vez eliminariam uns aos outros tomando parte ao mesmo tempo de uma corrida repleta de obstáculos inofensivos, mas preocupantes. Em grupos com quatro competidores, num total de oito grupos, todos deveriam se enfrentar eliminando uns aos outros, com apenas um vencedor para cada quarteto. Zero observou com um sorriso divertido de desafio que Marco, o capitão da fortaleza, continuava na disputa e olhou para ele com o mesmo ar de reserva e desconfiança de antes. E também, ele percebeu admirado, havia uma competidora prateada num dos outros grupos.
E que garota bonita! Da mesma altura que ele, longos cabelos prateados com mechas negras nas pontas compridas que caíam sobre seus ombros e uma maior sobre o topo de sua cabeça, de pele extremamente clara, vestida com os trajes de uma caçadora: uma saia, um colete longo de couro escuro com ombreiras metálicas sobre uma túnica branca, e uma capa rubro-negra curta pendendo de suas costas, com uma bainha curiosamente estreita pendendo de sua cintura. Zero já ouvira falar daquele tipo de espada, supostamente forjada no antigo Oriente, além dos mares, peças raríssimas e resistentes capazes de cortar praticamente qualquer coisa, e apesar de parecerem mais frágeis, eram rivais à altura para espadas de lâmina larga como a dele. Enquanto ia na direção da moça para se apresentar, no entanto, seu caminho foi barrado por um dos soldados da fortaleza, um sujeito alto e com ar severo que tinha um olhar pesado voltado para ele.
_ Ei!
_ Deveria ter levado nossa consideração a sério, assim como o Torneio, Mestre Zero. Pela honra dos guerreiros de Melk, eu não vou descansar enquanto ainda estiver na competição!
_ Mesmo, é? Bom, parece justo pra mim – e apontou diretamente no peito do soldado, lendo o nome ‘Claudinei’ bordado sobre o bolso da lapela – Claudinei, né? Pois eu também não vou descansar até vocês pararem de me chamar de ‘Mestre’, seu otário!
Os ânimos estavam ainda mais hostis enquanto o grupo de Zero esperava, e um a um os quartetos concorriam, deixando apenas um membro de cada grupo para chegar ao estágio seguinte. Enquanto as provas se passavam, Daniel e Melissa estavam fazendo seus próprios comentários do alto das arquibancadas.
_ Foi uma amostra impressionante aquela dele, com a pistola – Daniel comentou, voltando-se para a moça – mas pontaria não é o único quesito testado aqui. O quanto ele é bom em corridas?
_ O bastante pra sobreviver, acho – ela lembrou-se de quando tinham escapado dos Sauróides na Cidade Sucata – O que me preocupa é que tudo parece uma grande brincadeira pro Zero, e todos os outros estão levando ele a sério, até demais. Ele pode acabar se machucando.
Christabel estava olhando para Zero, também. Outra vez ela pensou que ele parecia tolo ou ingênuo demais para entender o risco que estava correndo. As provas eram planejadas para que ninguém fosse ferido durante os jogos, mas isso não queria dizer que acidentes eram impossíveis, e ela podia perceber a hostilidade e a escuridão ao redor dele crescendo e se agitando mais e mais como um mar revolto à volta da pequena ilha que era Zero. E mesmo assim, ela percebeu, a claridade minúscula não desapareceria, parecia estar num nível alto demais para ser encoberta. E o sinal de largada que finalmente anunciou o início da prova para aquele quarteto tirou Christabel de sua meditação.
O desenvolver da prova foi muito bom; os quatro participantes estavam equiparados em velocidade, mantendo-se quase sempre emparelhados. Correr dentro de pneus, passar dentro de tubos de cimento que simulavam túneis baixos, saltar sobre barreiras que simulavam paredões, tudo foi feito com um desempenho equivalente e equilibrado de todos os quatro, e até Zero parecia estar levando a competição a sério, os olhos focalizados e concentrados enquanto corria. No entanto, quando estavam num dos últimos obstáculos, subindo cordas cheias de nós para agarrar lenços das cores verde, amarela, azul e branca lá no alto, o guerreiro alto que confrontara Zero, Claudinei, subitamente o chutou no rosto quando ambos estavam quase alcançando seus respectivos lenços. De reflexos rápidos, Zero conseguiu agarrar sua própria corda antes de atingir o solo lá embaixo, mas foi forçado a subir novamente enquanto todos os outros estavam descendo.
_ Aquilo não valeu, ele chutou o Zero! – Melissa se pôs de pé e bradou, mas Daniel a conteve pelo braço.
_ Calma Melissa, eles estavam se esforçando para subir, deve ter sido um acidente...
_ Acidente o meu nariz! A perna dele escapa e ‘por acaso’ atinge o rosto do Zero daquele jeito? Foi de propósito, Daniel...!
_ Apesar do que possa ter parecido Melissa – Daniel retrucou com muita dignidade na voz, a ponto de Melissa ter parado de protestar – eu não acredito que um guerreiro de Melk fosse trapacear na competição de tal forma, ainda que sua própria vida estivesse em jogo.
Christabel sorriu com crueldade disfarçada, pensando consigo mesma que aquele rapaz ficaria desapontado em sua fé se pudesse ver as intenções dos demais como ela. Tudo que acontecia desfilava diante dela como se lhe fosse dito em voz alta, e ela sabia que Claudinei realmente pretendera derrubar Zero de forma definitiva, e o viajante só escapara de um ferimento mais sério por ter sido capaz de se agarrar à corda no último instante. Mas a corrida estava terminada para ele.
“Os quatro têm um nível equivalente de habilidade, muito parecidos. É improvável que ele os alcance com apenas dois obstáculos antes do final da prova. Tolo, que lhe sirva de lição por...”
Zero estava subindo, depressa, muito mais depressa do que antes. Não havia como alcança-los, no entanto. Não a tempo. Zero viu do alto da corda que eles já estavam no último obstáculo... E Christabel não entendeu.
“Como? Ele está... sorrindo!”
Zero desceu depressa, muito mais que os outros, a ponto de parecer ter se ferido ao atingir o solo. Mas Christabel conseguia segui-lo muito bem, e viu que estava apenas tomando impulso; ele ainda não tinha desistido da brincadeira.
Os outros três competidores estavam em seu turno, cada qual balançando lado a lado sobre um poço de lama, e barras de metal formavam a trilha por onde eles deviam passar, dependendo de suas mãos para ir adiante. Claudinei e os demais estavam no mesmo equilíbrio de antes, embora ele estivesse levemente mais adiantado.Venceria. Não tinha como perder. O clamor do público os incentivava, e ele era forte, os músculos trabalhando para leva-lo mais e mais à frente, enquanto os brados do povo pareceram ficar mais altos. Óbvio, visto que estava se aproximando do final da...
Tremores vieram pelas barras e subitamente, quando ele acabara de agarrar mais uma das barras, algo atingiu os dedos de sua mão esquerda com força, esmagando-os contra o ferro e fazendo-o soltar a barra no susto, ao mesmo tempo que sua mão direita se soltava e ele caiu, a queda amortecida pela lama lá embaixo. O que não parecia tornar sua situação menos embaraçosa. E, adiante...
Zero correra ao sair das cordas; saltara de uma vez só no centro do anel de fogo em seu caminho, seu penúltimo obstáculo, as pernas de sua calça e a manga direita de sua camisa pegando fogo, mas ele subiu pelas barras até o ponto mais alto da travessia, como os outros haviam feito. No entanto, ao contrário dos demais, ele não tentou atravessar usando suas mãos, e sim saltou sobre as barras e então correu sobre elas, usando-as como se fossem uma espécie de ponte, e com isso ganhara o tempo de que tanto precisava. Mais ainda, ao passar pelos competidores, ele ‘acidentalmente’ pisara sobre as mãos de Claudinei, jogando-o na lama e saltando lá de cima sem usar os degraus para chegar abaixo, girando num salto mortal no ar para ser o primeiro a tocar o solo, disparando pelos poucos metros que o separavam da chegada e alcançando a linha final ao mesmo tempo em que os outros dois competidores saíam do último obstáculo. E voltou-se para eles com um sorriso, fazendo um sinal de ‘vitória’ com a mão direita.
Christabel ficou olhando à distância, sem saber se deveria admira-lo ou não. Ele estava ferido. Se soltara muito do alto nas cordas, e apesar de ter tentado evitar, seu peso forçara demais a perna direita já forçada quando ele dera aquele salto mortal final; não chegara a torce-la, mas ele não poderia se apoiar muito bem nela como antes. Mas ele sabia que isso era possível ao soltar-se da corda daquela forma, tinha quase certeza de que aquilo aconteceria ao saltar do último obstáculo, e ainda assim o fizera. E ainda assim sorria sem demonstrar que a perna o estava incomodando. E o espetáculo estava longe do fim, ela notou.
Marco tinha sido classificado em sua própria corrida, e veio adiante na direção da lama enquanto Claudinei buscava sair da poça, e ele pareceu perturbado a ver seu líder diante dele.
_ C-capitão...
_ Foi uma atitude indigna aquela, soldado. Você poderia tê-lo vencido numa competição justa.
_ E-ele trapaceou! – Claudinei bradou, batendo as mãos na lama abaixo de si – Ele deveria ter usado as mãos, e não...
_ Você não deveria tê-lo derrubado, tampouco. Eu fiz questão de que o resultado fosse considerado válido, Claudinei. Vá se lavar. Você perdeu.
E voltou-se para Zero, que embora mantivesse o sorriso no rosto, tinha uma expressão de desafio no rosto ao encarar o capitão da fortaleza. Se encontrariam em breve, e aquilo ficaria decidido apropriadamente.

Friday, January 09, 2004

Saudações, turma. Sim, tá na hora de postar denovo!! ^^

Admito q tô ficando meio vagau, mas não quis apressar muito. Mas, como já devem ter notado, nossa Rainha não é muito paciente, e então... hora de trabalho novo! ^^

Amplexos do Louco, e bem vindos de volta, os viajantes!!



(...)






A Rainha Christabel veio à frente, sua roupa mista de vestido longo real com armadura esvoaçando enquanto se movia, com braçadeiras e ombreiras expostas, além de uma tiara adornada com Jóias Dragão de Fogo de cor vermelha, e a placa protetora de seu peito oculta sob a veste de tecido. Ela tinha o rosto impassível e superior de sempre, em nada demonstrando a confusão que a conversa na noite anterior com Zero lhe trouxera. Depois de algum tempo de meditação, ponderando sobre o que ouvira, Christabel finalmente conseguira dormir ao concluir que o viajante sem dúvida era mais habilidoso em dissimular do que qualquer outra pessoa que ela já tivesse conhecido. Era só.
Tal pensamento conseguira restabelecer sua paz de espírito, e ela podia seguir em seu papel, assistindo ao tolo Torneio Semestral dos Cavaleiros. Mais de uma vez considerara encerrar aquela tolice, mas era sensata demais para deixar de reconhecer o mérito da competição: encontravam novos talentos ali. Guerreiros de fora da fortaleza que serviam para reforçar seu próprio efetivo, com números sempre variando para baixo. Seria capaz de encontrar os mais capazes entre eles, acreditava. O povo aglomerava-se nas arquibancadas ao redor do pátio principal, enquanto Christabel olhava com reprovação para as sentinelas da muralha oeste, e não foi preciso que o fizesse por muito tempo antes que eles notassem e voltassem a atenção para as terras Além da Fronteira. Aquele entretenimento tolo podia até ter sua razão de prosseguir, mas se relaxassem em sua vigília, em breve não haveria mais fortaleza para o campeão do torneio proteger.
Os participantes começaram a desfilar diante dela, e Christabel estava prestando pouca atenção a eles, como sempre. Outro costume tolo dentro daquele costume tolo era que o guerreiro ou guerreira em questão (e haviam algumas delas também desta vez) vinha adiante e dizia às arquibancadas e ao organizador do torneio quem era e por quem estava lutando. Que tivessem iniciado aquela bobagem dedicando suas participações a alguém era uma coisa; outra muito diferente era que a tradição persistisse até os dias atuais, tendo se tornado uma forma indireta para soldados proporem namoro ou casamento às moças solteiras. E as tolas continuavam a se sentir agraciadas por isso! Francamente, pensava a Rainha, a tolice e vaidade do resto da humanidade nunca deixariam de surpreende-la, ao que parecia. Felizmente, pudera deixar a organização daquele torneio e todo o seu mérito nas mãos do seu conselheiro; Brás era melhor para aparentar satisfação com algo que o aborrecia do que ela própria, e ela podia se poupar de ter que desejar boa sorte aos participantes tolos. Tanto, que Christabel estava apenas parcialmente ciente dos nomes dos guerreiros e para quem estavam sendo oferecidas suas participações, ocupada como sempre em manter sua percepção nos arredores, procurando por intenções de violência voltadas contra ela de dentro ou fora da fortaleza... e para olhar com desagrado por uma segunda vez para as sentinelas. Ao que parecia, ainda teria que faze-lo várias vezes durante aquela manhã.
_ Zero, da Cidade Sucata.
Christabel teve sua atenção atraída para frente contra sua vontade, quase antes mesmo de se dar conta do fato, ao reconhecer a voz e o nome. E lá estava ele, o sorriso confiante meio disfarçado enquanto baixava a cabeça num cumprimento diante de Brás e da audiência, recebendo alguma aclamação enquanto o conselheiro confirmava a participação. Isso apenas auxiliava na impressão que tivera dele; não havia qualquer traço na expressão ou modos de Zero que indicasse a seriedade e quase tristeza que ele mostrara na noite anterior. Dissimulação, competente o bastante para enganar mesmo a ela. Christabel o reconhecia agora como sendo mais perigoso do que ela poderia ter julgado, e seu olhar para ele foi hostil, enquanto Brás perguntava:
_ Muito bem. E a quem dedica sua participação, Mestre Zero?
_ À Rainha Christabel, de Melk.
Um silêncio que parecia um manto encobriu as arquibancadas, silenciando a aclamação e substituindo-a por murmúrios e olhares desconfiados por parte de todos para Zero, que tornou a saudar e então se afastou, indo para junto dos demais guerreiros, que também olhavam para ele com suspeita. Zero procurou manter o rosto mais sério que podia mostrar, mas a verdade era que estava sendo um tremendo esforço não rir das fisionomias apatetadas dos demais. Ele olhou para onde Melissa e Daniel deviam estar nas arquibancadas, e não teve como reprimir seu sorriso totalmente ao ver a reprovação nos olhos dela e o espanto nos olhos dele e piscou, lembrando novamente da atitude de ambos quando lhes dissera o que ia fazer:
_ Cê não fica brava por eu não dedicar pra você dessa vez, né Li?
_ Seu idiota, é claro que não é isso! – Melissa retrucou, exasperada – Você podia ficar de fora disso, mas se quer tanto aparecer, podia pelo menos oferecer pra qualquer outra pessoa! Por quê ficar provocando? Christabel?!
_ Foi o que o Daniel falou, oras! Eu posso escolher quem quiser, não posso?
_ Mestre Zero, deve entender que ninguém nunca...!
_ Zero! Me chama de Zero ou eu chuto a sua muleta! – ele interrompeu com ar de ordem, mas Melissa estava longe de desistir.
_ A pessoa deveria te dar permissão, Zero! Que mania de ficar arranjando problemas!
_ Ninguém nunca ofereceu uma participação à Rainha, Mestre... Digo, Zero! E eu não acho que ela permitiria um pedido tão estranho!
_ É que eu gosto de ser estranho – ele dera de ombros, com ar casual, e então se inscrevera. Agora estava junto aos demais guerreiros, enquanto Brás recuperava a compostura e Zero calmamente olhava ao redor, vendo todos os olhares ainda voltados para ele e agitando os braços para trás e para frente, como se estivesse muito empolgado, tentando suavizar a sensação pesada de tantos olhares.
_ Vai ser um tremendo jogo, né não? Eu tô muito animado, e vocês?
Murmúrios, grunhidos e monossílabos foram as únicas respostas disponíveis da maioria, mas o Capitão Marco veio adiante, e Zero percebeu algo mais. Havia seriedade no rosto do líder dos soldados, e não apenas espanto; ele queria expressar a sua surpresa, e Zero tentou ocultar a impaciência. Esperava não ter que dar satisfações a estranhos.
_ Me parece que toma o que acabou de fazer como uma grande brincadeira, Mestre Zero.
_ Ai, meu saco... Zero! Meu nome não é ‘Mestre’, que coisa, tão me fazendo me sentir um ancião! E, se tá falando do torneio, capitão, é o que eu achei que era, mesmo...
_ Acredito que saiba do que realmente estou falando.
Zero deu um sorriso contrariado, acenou afirmativamente com a cabeça e então fez que não com as mãos.
_ Eu sei, eu sei, posso imaginar; você queria dedicar à Rainha e eu pulei na sua frente; foi mal, capitão, mas na próxima vez, tenta não deixar um viajante se adiantar a você. É a única coisa que eu posso aconselhar, agora.
_ O quê? Eu... dedicar minha participação a ela? – a idéia fora tão estapafúrdia que chegou a desconcertar Marco, e depois a irritá-lo – Perdeu completamente sua razão, Mestre Zero?! Ninguém em Melk que tivesse qualquer noção de bom senso nunca dedicou, e nem dedicaria sua participação à Rainha!
_ Tem certeza que isso é bom senso? – Zero perguntou, cético – Ela é a moça mais bonita que eu vi por aqui, e isso quer dizer alguma coisa, porque tem muito poucas...
_ Quer por favor falar com seriedade? Estou tentando lhe dar um aviso! – Marco foi enfático em sua fala, e embora quisesse sacudir Zero pelos ombros para desperta-lo, não ousava fazer qualquer movimento para não chamar atenção das arquibancadas – A Rainha é perigosa! Caso não tenha ouvido nada a respeito, Christabel é conhecida entre nós como ‘a que mata aos que ama’! E agora você vem e oferece sua participação a ela, como se fosse...!
_ Quer me responder uma só pergunta, Marco? – Zero interrompeu, agora de rosto baixo.
_ O quê?
Zero ergueu os olhos então, a fisionomia pela primeira vez realmente séria silenciando o capitão, e Christabel a teria reconhecido da noite anterior se pudesse vê-lo naquele momento. E sua voz não tinha qualquer traço da diversão e alheamento mostrados até então.
_ Como pode se considerar um capitão da guarda da Rainha, com tanto medo dela?
_ Medo? Eu?
_ Eu imaginei que vocês eram os guerreiros mais corajosos do mundo, morando num lugar desses e com a reputação que têm. E pra minha surpresa, o líder dos soldados que eu encontrei deixa bem claro que todo esse povo tem medo de uma única pessoa. Pior, a própria rainha!
_ Escute, você é um forasteiro entre nós e pode não compreender, mas...
_ Não, você é que não tá entendendo, Marco! – Zero finalmente parecia irritado, olhando fixamente nos olhos do capitão – Até um forasteiro pode ver que vocês tão errados, mas o erro é de vocês, vocês que consertem! Mas não espere que eu tome parte disso só pra ser educado; pelo menos durante a competição, eu sou o Cavaleiro da Rainha. Me vençam se puderem, porque eu não vou facilitar pra vocês.
E ele viu a maioria dos olhares se tornar hostil em sua direção, outra vez recuperando seu bom humor. Ao que parecia, boas reputações eram tão fáceis de ser perdidas em Melk quanto em qualquer outro lugar. Então voltou seus olhos para a Rainha, para ver que os olhos dela em sua direção não eram em nada menos hostis do que os dos soldados à sua volta. Sorriu ainda mais. Pelo menos, ela tinha uma boa razão para isso.
Christabel mantinha seus olhos fixos em Zero, e o mataria à distância só com aquele olhar se pudesse. Como se atrevia a zombar dela diante de todos os outros? Ele era igual aos outros, procurando formas de atingi-la; o que a aborrecia realmente era que ele estava conseguindo! Ele ignorava totalmente a cólera dela, assim como seu descaso. E agora ela nem podia desconsiderar torcer a favor dele, visto que o pedido fora feito em frente de todos, e ninguém nunca lhe oferecera uma vitória antes, e nem poderia torcer por ele. Se ele vencesse, por menos provável que fosse, seria uma grande honra para ela, a Rainha; se fosse derrotado, como ela queria que acontecesse, seria simbolicamente como se a estivessem derrotando também. Pouco importando o que se desse, Christabel só tinha certeza de uma coisa; Zero pagaria por zombar dela.
A Rainha podia claramente ver o brilho daquela ‘luz’ de Zero em meio aos outros, a hostilidade deles voltada para ele. Por um momento, a ira de Christabel abrandou-se, enquanto ela quase entendeu o que ele realmente estava fazendo, mas estava habituada demais a ser cercada de inimigos para imaginar que Zero podia estar de fato a favor dela; naquele instante fugaz, antes dela voltar a odiar o viajante, a Rainha percebeu que assumindo a honra dela, ele se tornara o objeto de desprezo e medo dos demais. Um desconhecido, a quem todos consideravam estranho, dotado de poderes e forças que eles não compreendiam e que se revelava abertamente contra todos. A animosidade que Christabel sentia contra si mesma durante todas as horas de todos os dias desde que subira ao trono estava voltada contra Zero, um minúsculo farol em meio às trevas daquele ressentimento.
Mas ele se mantinha luminoso, e foi aquilo que devolveu a ela seu rancor contra o viajante, ainda que ela não fosse capaz de perceber isso naquele momento. Ela enfrentara aquelas trevas por toda a sua adolescência, quando voltara para retomar o que lhe era de direito, e conseguira sobreviver porque suas próprias trevas eram mais escuras e espessas do que a de qualquer um que se voltasse contra ela; Zero, por outro lado, se recusava a deixar sua luz apagar e ainda a fortalecia com a adversidade. Talvez fosse apenas um, mas era ‘um’ entre os outros; ninguém conseguiria extingui-lo, isso era claro, ainda que ele eventualmente fosse morto. E Christabel o detestou por isso, porque sabia que se os seus eternos rivais a destruíssem, seria o fim. Mas Zero, de alguma forma, parecia capaz de sobreviver nas lembranças dos outros para sempre simplesmente porque se negava a ceder à mesma escuridão que o cercava.

Sunday, January 04, 2004

Feliz Ano Novo, garera!

Sim, eis aqui Louco, o Autor, autorando de novo. Desculpem a demora, mas imagino q não veio muita gente aqui nos últimos dias, já q supostametne todos estão viajando, né?


Mas, como rapadura é mole, mas não é doce, tá na hora de voltar ao trabalho. Então, vamos começar com um bom!

Espero q vcs gostem de mais esse aqui. Amplexos de novo ano do Louco!!


(...)



O dia seguinte começara claro. Nebuloso, de fato, mas nuvens de cinza claro, quase como se o céu fosse inteiramente branco. Embora o povo da fortaleza estivesse sempre em alerta, contudo, eles ainda eram pessoas, e precisavam de diversão, ou algo que lembrasse entretenimento. Foi isso o que estava sendo preparado no dia seguinte, quando Zero foi até os estábulos verificar sua Unicórnio, e então notou que eles haviam começado muito cedo.
_ Bom dia, Zero – Melissa chegou pouco depois dele, um sorriso no rosto – Ansioso pra voltar pra casa?
_ Bom dia, Li. E, é verdade que eu tô a fim de ver meu pai logo, mas... – deu um sorriso meio sem jeito e sem olhar para Melissa, o que chamou a atenção dela – tem uma coisa que chamou minha atenção por aqui... Acho que isso tá ajudando a conter a minha pressa.
_ Mesmo? E o que foi essa coisa?
Zero meramente sorriu para ela, e Melissa suspirou, desistindo. Ele não ia dizer.
_ Ah, Melissa! Mestre Zero!
Melissa conteve o riso ao ver o ar contrariado no rosto de seu amigo ao voltar-se para um rapaz animado que vinha com uma muleta dando-lhe o apoio que a perna direita não parecia capaz de fornecer, e respondeu erguendo os braços e bradando:
_ Ualaaaa!
_ Hein? – o rapaz deteve-se, espantado – O que quis dizer?
_ Ah, não sei... Foi uma inspiração que me deu, deixa pra lá. Aliás, eu te conheço?
_ Este é Daniel, Zero – Melissa os apresentou, e ambos apertaram as mãos – Um dos mais novos membros da força de defesa daqui de Melk; foi ferido num ataque pouco antes de chegarmos aqui, e conversou comigo ontem sobre o trabalho dos Escavadores, e eu disse a ele que era melhor se falasse com você.
_ Ah, tá então. E aí, Daniel, o que você quer saber?
_ Desculpe, mas eu não pude deixar de reparar, Mestre Zero, que você...
_ Sem essa.
Daniel tornou a olhar com curiosidade, um pouco desconfiado, e Zero prosseguiu com os braços cruzados e um ar solene.
_ Se continuar me chamando de ‘Mestre’, eu vou te chamar de ‘Irmão Daniel’, ‘Pastor’ ou coisa do tipo. Anda, seja legal! Pode perguntar o que quiser, desde que pare com essa história de ‘Mestre’. Fechado?
_ Ah, claro... – Daniel riu um pouco, sem jeito – Desculpe, não sabia que isso o estava aborrecendo. Mas o que eu queria perguntar é por que preço eu posso comprar uma pistola de quatro tiros como a sua, e como faço para recarregá-la.
_ Ah, é isso? – Zero retirou sua própria pistola da cintura, e a mostrou para o rapaz – Desculpa por isso, Daniel, mas essas coisinhas ainda não estão muito na moda; fora pra o pessoal das escavações que encontra uma delas, pistolas são muito caras, justamente por não serem muito comuns. Os pesquisadores da Cidade Avançada tão tentando produzir mais delas pra exportar pra as outras cidades, mas isso ainda é só planejamento.
E abriu o compartimento de munição, exibindo-o com cuidado.
_ Olha, isso é chamado de ‘tambor’; é onde vão os cartuchos pra disparar. Aqui a gente coloca as balas, que são como pontas de flecha impulsionadas por pólvora. Cada vez que se dá um tiro, o tambor gira pra trocar o espaço vazio por um onde ainda tenha munição, até que a arma fique sem balas. Então a gente pega um cartucho cheio...
Retirou um pequeno suporte de seus bolsos, com mais quatro projéteis, mostrando a Daniel como retirar o que estava na arma.
_ ... puxa por esse pino aqui pra tirar o vazio, encaixa o pino igual na pistola... e temos mais quatro tiros! Claro, é preciso fazer isso bem rápido quando se está no meio de uma briga, e também é bom praticar pra cada tiro valer a pena. Por isso mesmo, uma das primeiras coisas que um cara aprende quando ganha uma dessas é pra nunca puxar a pistola a não ser num caso de extrema necessidade, e pra nunca puxar o gatilho se não tiver certeza de que vai acertar. Claro, sempre tem algum imbecil mais afobado que ignora as regras; se isso acontecer perto de um mecânico ou engenheiro, o usuário tem que entregar a pistola, e fica sem ela permanentemente.
_ Mas... – Daniel pareceu cético – uma pessoa com tal arma não iria entrega-la pacificamente, iria?
_ Quase sempre, os cabeças-de-bagre afobados já esvaziaram a arma à toa, Daniel, e um engenheiro ou mecânico também costuma andar com uma dessas. A diferença é que nós só puxamos a arma pra usar e acertar. Então, qualquer um que vir uma delas nas nossas mãos sabe que não é bom tentar bancar o macho. A não ser que se tenha desistido de ficar vivo.
Melissa olhou com alguma apreensão para Zero. Era estranho ver seu amigo, sempre gentil e ponderado, falar como se fosse um pistoleiro qualquer. Mas ele estava meramente explicando algo que lhe parecia normal, e seu tom de voz era o de uma conversação simples; tanto, que ele tocou o ombro de Daniel e perguntou, apontando com curiosidade:
_ Agora que eu já respondi sua pergunta, me diz; o que tão fazendo ali? Pelo som que eu ouvi, estão montando essas barracas desde antes do sol nascer! Vai ter alguma comemoração hoje?
_ Sim, foi muito perceptivo, Mest... – Daniel viu a carranca começando a se formar no rosto de Zero e apressadamente corrigiu – digo, Zero. É uma felicidade que tenham ficado em Melk para o Torneio Semestral dos Cavaleiros. É onde, seguindo uma velha tradição da fortaleza, os guerreiros da região disputam contra os melhores da nossa cidade em provas de habilidade marcial. Tiro ao alvo, combate, corrida e resistência; tudo é testado. E... – ele olhou para Melissa e desviou o rosto, um pouco encabulado ao que parecia – é mesmo uma pena que eu não possa participar desta vez, Donzela Melissa... ou iria representa-la no torneio.
_ Como? – Melissa espantou-se, e Daniel ainda mais encabulado e sem jeito acenou com a mão esquerda, livre da muleta.
_ C-claro, eu quis dizer... se me permitisse...! Digo, eu nunca...
_ Peraí, Daniel – interrompeu Zero – Pára de gaguejar um pouquinho e me explica essa parte direito; ia representar a Li de que jeito?
_ Ah, Mestre Zero, eu...
_ Mestre o caramba, mané!!!
_ Digo, Zero – Melissa estava rindo gostosamente da reação explosiva de Zero e do embaraço de Daniel, que gaguejava cada vez mais tentando consertar a situação – E-eu... digo, é claro que vai querer representar a Donzela ao invés, nenhum de nós deveria...
_ Pára de falar por um momento e vê se responde à minha pergunta! – Zero parecia alterado, mas Melissa ria ainda mais, com a mão sobre a boca – Dá pra responder o que eu perguntei ou tá difícil?
_ S-sim, claro... Eu... Digo, é parte da tradição; os primeiros competidores dedicaram seus esforços às suas damas, suas noivas prometidas, e – Melissa olhou admirada para ele, agora ela também um pouco encabulada, e o rosto de Daniel pareceu assumir a cor de uma pimenta – m-mas é claro que, hoje em dia, os participantes n-não... precisam de qualquer relação próxima! É apenas... bem, é quase uma obrigação a um participante... dedicar a sua parte a alguém...
_ Hm, interessante... – Zero comentou em voz alta, embora parecesse estar pensando consigo mesmo – E qualquer pessoa pode participar?
_ D-desde que seja um guerreiro, sim... – Daniel balbuciou – Não são usadas armas com gume verdadeiro, claro, pois não faz sentido perdermos bons guerreiros num jogo...
_ Tá, entendi – Zero olhou em volta – E se pode dedicar a quem quiser? Sem restrições?
_ Hein? – Daniel pareceu desconcertado por um instante, antes de se recompor – Sim, claro. Qualquer moça pode dedicar a um rapaz, ou um rapaz a uma moça, sem qualquer restrição. Mas por quê está perguntando?
_ Nah, nada não – mas Melissa conhecia seu amigo o suficiente para reconhecer o sorriso maroto no rosto dele – Me diz só mais uma coisa; onde mesmo a gente faz a inscrição?