Saturday, December 24, 2005

Eita, em plena véspera de Natal, olha nóis aqui!

Achei q era uma boa (especialmente com a possibilidade não conseguir voltar até o fim do ano), colocar o final desse capítulo tbm. Pois é, o Velho Dirceu vai ralar pra arrancar aquele negócio da Christie. Rola ou não rola? E, afinal das contas... quem bolou aquilo, pra começar?

então, né... Vamos ler.

(...)
Zero e Melissa seguiram atrás de Dirceu, sem dizer palavra, mas entreolhando-se. E Daniel perguntou, enquanto fechava a porta atrás deles:
_ E agora?
_ Não é tão estranho, afinal – Sari cruzou os braços – Christabel é mesmo temperamental demais, e nada gentil. Mesmo Zero perde a paciência com ela de vez em quando, e o pai dele parece... não sei... mais forte, de alguma forma. O fato de andar com uma bengala o faz, de certa forma, parecer ainda maior.
_ Verdade – Laírton comentou com um sorriso leve – Acho que não precisamos nos preocupar com eles, Daniel. Ao invés, façamos nosso trabalho aqui em cima; nossos amigos lá embaixo terão muito trabalho, acredito, para terem que se importar com mais problemas.
Enquanto desciam a escadaria, Zero sentiu que o silêncio o perturbava um pouco, especialmente levando em conta como a operação seria difícil para Christabel, se ele podia arriscar um palpite. Para não mostrar nervosismo diante dela, e para quebrar o silêncio, ele perguntou o que lhe parecia meio tolo:
_ Pai, você tem certeza de que já tem gente atrás da Christie aqui, na Cidade Sucata? Estávamos meio que esperando por algo assim, mas que chegassem depois de nós...
_ Gente estranha chegando e saindo da Cidade Sucata não chega a ser novidade, menino – Dirceu abriu uma maleta na cabeceira da bancada, sempre agindo sem olhar para o filho ou para suas acompanhantes – Mas recentemente, me parece ter visto um trio ou quarteto rondando por aqui. Se não me engano, pelo menos dois deles passaram aí do lado agora, enquanto entramos.
_ Então, podem ser assassinos atrás da Christabel, Seu Dirceu? – Melissa perguntou.
_ Sei tanto quanto você, menina maga – e retirou uma braçadeira pouco mais larga que o bracelete original de Melissa da maleta, com um cabo curto pendendo dela – Tome, coloque isso. Este ‘Sifão’ devia ser um presente pra você juntar à pulseira que te dei antes de sair, mas agora pode ajudar um bocado nosso trabalho.
_ Hã? – Melissa obedeceu distraidamente, enquanto Dirceu conectava uma pequena presilha no extremo do cabo ao metal da pulseira original da maga – Um Sifão... de magia?
_ Sua pulseira atualmente absorve e armazena um feitiço que vá na sua direção, pra você usar mais tarde – e olhou para ela indagadoramente – Falar nisso, já teve chance de testar em campo?
_ Ah, já, obrigada! – Melissa deu um lindo sorriso ao velho – Acho que eu teria morrido enquanto vinha pra cá se não fosse por ela...
_ Fico feliz, então – Dirceu sorriu polidamente, mas voltou a explicar – Como eu dizia, o uso do Sifão deve ser armazenar mais magia. Veja, quatro Jóias Dragão de Fogo de tamanho médio no Sifão, encaixadas no metal. O cabo deve coletar o que você bloquear com a Braçadeira Escudo original, e essas jóias vão armazenar. Basicamente, deve funcionar como cinco feitiços reservas convencionais, ou coletar um único especialmente poderoso. Mas tente evitar isso; por motivos óbvios, não tive tempo nem condições de testar a última hipótese.
_ Com licença – Christabel cortou friamente – Achei que estávamos aqui para lidar com o meu problema, e não dar presentes.
_ Não me interrompa, moça – Dirceu rebateu com indiferença – Ao invés disso, deite-se aí e tente ficar quietinha. Vamos terminar mais depressa se você se comportar.
Christabel deitou-se emburrada numa bancada enorme no centro da sala, que parecia ter sido transformada temporariamente numa mesa de operações. Não gostou muito do aspecto dela; parecia dar-lhe uma espécie de aviso. Mas sua determinação em livrar-se da tiara sobrepujou seu senso de cautela. Era melhor que aquele velho arrogante soubesse o que estava fazendo, pois ela já não tinha muita paciência para mais abusos. Manteve-se olhando na direção do velho Dirceu com ar rancoroso, que ele não notou ou ignorou deliberadamente enquanto instruía Melissa.
_ Vou precisar que fique com as mãos posicionadas sobre Christabel, Melissa – Dirceu orientou, movendo a maga negra para que ficasse à cintura da Rainha – Sua mão direita sob a esquerda, e concentre-se. Imagino que durante a operação, algo da poderosa magia dela vai ‘vazar’; é melhor que esteja preparada para conte-la.
_ Ela não tem como conter meu poder – Christabel retrucou.
_ Discordo totalmente, Majestade – Dirceu rebateu – Pela forma utilizada para neutralizar seu poder, caso haja mesmo flutuação de energia, Melissa deve ser perfeitamente capaz de absorver.
_ Serei capaz de me conter sozinha – Christabel retorquiu, teimosamente.
_ Talvez, e talvez não – Dirceu acenou com a cabeça – Toques por outra pessoa no arcânio de sua tiara devem ser suficientes para causar-lhe dor intensa, o que por sua vez deve levar a reações involuntárias de seu corpo. Acredita realmente que seu poder não vai se manifestar também, mesmo que de forma inconsciente?
_ Não tem outro jeito de fazer isso, pai? – Zero perguntou, lutando para que a preocupação que sentia não ficasse evidente – Ou de fazer a Christie dormir com algum anestésico, antes de começar? Se você não vai só ficar tocando no metal...!
_ Ela não aceitaria, Zero. – Dirceu respondeu simplesmente, e Christabel acenou afirmativamente com a cabeça, o mesmo ar teimoso no rosto.
_ Se há de fato inimigos meus aqui, a última coisa de que vou precisar é uma droga que me adormeça por horas. Não, Mestre Dirceu, faça o que tiver que fazer então. Quero estar desperta.
_ Christie, mesmo acordada, você vai se desgastar – Zero insistiu, o semblante visivelmente preocupado – Sari, Daniel e Laírton tão lá em cima tomando conta, e eu garanto que eu e a Li podemos nos mexer se for preciso, também. Deixa meu pai te dar alguma coisa pra...
_ Pare de chatear, garoto – Dirceu interrompeu de mau modo – Que mania, foi a mesma coisa quando decidimos que Melissa ia com você; quem pensa que é pra ficar julgando o que as outras pessoas vão fazer ou não? Olhe para ela; Christabel já perdeu a paciência com tamanha demora!
Na verdade, a Rainha estava olhando com um semblante diferente para Zero. Não era exatamente impaciência; parecia mais com certa perplexidade. Mas ela tratou de aparentar que Dirceu estava certo, quando notou que o velho olhava para seu rosto.
_ Então... Comecemos de uma vez. Essa discussão é inútil.
Havia um sorriso estranho no rosto do velho Dirceu, do qual Christabel não gostou muito, quando ele acenou afirmativamente. Ao invés de dizer qualquer coisa, no entanto, ele ofereceu a ela o que parecia uma barra de plástico azul.
_ De acordo, Majestade. Por favor, segure isso entre os dentes. Vai ajuda-la a suportar a dor.
Ela o fitou em silêncio com ar de suspeita, e Dirceu insistiu, um sorriso resignado e impaciência no rosto.
_ Escute, entendo que não goste de mim ou dos meus modos; também não me agrado dos seus – ela olhou com mais suspeita ainda para ele – Mas, pouco me importa o que pense, não me dá prazer algum ver o sofrimento de quem quer que seja. E essa operação será muito dolorosa para você, pouco importa o quanto seja durona. Se acredita que pode suportar, bom para você. Mas não tem nada a perder aceitando ajuda, tem?
Christabel considerou o que lhe fora dito. Era obrigada a admitir que fazia sentido. Não gostava das atitudes do velho Dirceu, mas ele lembrava muito o filho para não se preocupar com alguém que estivesse ajudando. Só lhe restava uma última dúvida.
_ Um tecido seria melhor para abafar minha voz então.
_ Mas vai ter dificuldade pra respirar, Alteza – Dirceu replicou – E acho que você vai inspirar e expirar muito, enquanto tenta não gritar. Vai precisar de todo o ar que puder, e vai me atrasar muito se sufocar no processo.
Sem maiores queixas, Christabel aceitou morder a barra de plástico, sob o olhar preocupado de Zero. E o rapaz pareceu despertar quando o pai disse:
_ Anda, Zero, pára de ficar sonhando. Vou precisar que mantenha Christabel imóvel, tanto quanto puder. Ela vai se debater muito enquanto tento remover a tiara, e vai ser difícil trabalhar se ela se mover. Acha que consegue manter ela parada?
Christabel tentou dizer que era perfeitamente capaz de se manter imóvel sem qualquer auxílio, mas a barra de plástico a atrapalhava e ela foi forçada a ficar quieta. Olhou novamente com suspeita para Dirceu, imaginando que ele também fizera aquilo de propósito. Podia ser verdade. E Zero disse que sim.
_ Só que... O Dr. Matogrosso não podia dar uma força, pai? Ele é tão bom nisso quanto você, e se os dois estivessem juntos... Quero dizer, se desse pra ser menos doloroso, ia ser melhor...
Dirceu deu um sorriso leve e carinhoso para o filho, mas acenou novamente com a cabeça.
_ Eu pensei seriamente em chamar o João, sim, Zero. Mas ia chamar atenção demais, e precisamos ser discretos aqui. Coroando tudo, não acho que a Rainha gostaria de mais gente do que fosse estritamente necessário a par da situação dela. Não é isso, Majestade?
O olhar de Christabel para os dois dizia tudo. Dirceu permitiu-se um último olhar para o filho, perguntando-se se aquilo era algo que o menino tinha puxado da mãe ou dele. Talvez fosse dele próprio; Célia era uma pesquisadora da Cidade Avançada quando tinham se conhecido, e na época havia uma espécie de barreira social entre as duas cidades irmãs. Parecia ser próprio dos homens da família...
_ Vamos começar logo com isso, então. Não precisa olhar se não quiser, Christabel. E, Melissa, a postos.
Christabel quis manter sua atenção tanto quanto pôde ao que estava acontecendo, mas logo descobriu que não poderia. Logo depois que a ponta da chave de fenda de Dirceu tocou o encaixe da primeira lasca de Dragão de Fogo em sua tiara.
Um vento forte começou a soprar de lugar nenhum lá fora, arrastando poeira do solo diretamente nos olhos das pessoas nas ruas, enquanto nuvens pesadas começaram a acumular-se sobre a Cidade Sucata, forçando Escavadores e visitantes a procurarem abrigo, e despertando a curiosidade dos vigias da Cidade Avançada, pouco mais ao sul.
Em menos de cinco minutos havia relâmpagos e trovões distantes no horizonte, enquanto o dia pareceu tornar-se noite. Melissa gritou algo, que Christabel não conseguiu compreender; tudo parecia estar chegando até ela através de uma névoa espessa, onde tudo o que ela podia notar com clareza era a dor que penetrava em seu crânio como uma faca. Era como se a chave de fenda de Dirceu estivesse tentando arrancar não uma lasca de jóia em sua tiara, mas sim a parte superior de seu crânio. Pouco importava o quanto quisesse manter sua atitude, era inevitável que se contorcesse e só a muito custo conseguiu ficar em silêncio, apesar de tudo.
Frascos de vidro estavam explodindo por toda a volta no porão de Dirceu; as janelas no andar de cima também estremeceram, e algumas trincaram-se sozinhas. Objetos das estantes do porão e dos andares de cima caíam ao chão. Outra vez ela pareceu ouvir gritos, de Dirceu ou Melissa, ela já não sabia muito bem. A dor continuava, um pulso de agonia que a torturava... quando então percebeu outra sensação: mãos firmes agarrando seus braços, mantendo-a parada onde estava.
Christabel abriu seus olhos. Zero estava agarrado a ela, olhando diretamente para seu rosto. Seus olhos também estavam tensos, como se estivesse sentindo dores, e um gemido baixo escapava por entre seus dentes cerrados. O que espantou a Rainha, no entanto, foi ver que os ferimentos tratados por Laírton estavam sangrando como se tivessem sido abertos naquele momento. Mais ainda, ela podia ver que a camisa dele estava banhada em sangue também, até onde podia enxergar, e sabia que aquilo não podia ter sido apenas dos ferimentos que ele conseguira durante sua chegada à cidade.
Soube instintivamente que Zero estava partilhando as dores com ela, de alguma forma. Não fazia muito sentido, mas nada fazia qualquer sentido, tampouco. Seu mundo era apenas dor, e a única coisa além da dor que conseguia perceber era Zero, que ela sabia que poderia soltar-se dela no momento em que quisesse, e poupar a si mesmo daquele sofrimento. Ela via cortes abrindo-se nele, e sabia que aquilo devia ser muito doloroso; viu que ele parecia lutar com o impulso de afastar-se, dominando-se. Ele não ia soltá-la.
Christabel não saberia dizer quanto tempo aquilo durara. Podiam ter sido apenas minutos, ou horas. Não tinha a menor noção ainda do caos e desordem que sua agonia causara nos arredores. Só soube, com toda a certeza, que Zero permanecera com ela até o último instante, quando sua consciência finalmente rendeu-se e o mundo todo desapareceu de sua percepção. Parecera ouvir o velho Dirceu e Melissa dizerem mais alguma coisa, mas fora vago demais para que entendesse, ou sequer soubesse com certeza se de fato os ouvira.

Monday, December 19, 2005

Olá leitores! Nesse calor do cão, suando mais q garrafa de cerveja abandonada em cima de mesa dum boteco, saudações autorais do Louco!

Christabel vai conseguir se livrar da tiara? Dirceu vai provar q é Deus na Cidade Sucata? E... alguém já trocou as calças molhadas do Vander? Pra responder essas e outras perguntas, continuem lendo! ^_^

Amplexos do Louco!

(...)


Mas, então pai – Zero interrompeu; já estava começando a ficar sem jeito, também – Eu dizia que acho que a tiara não foi tão bem feita assim. Quando submetida a emoções fortes, ela ainda consegue manifestar um pouco de magia. Já aconteceu mais de uma vez, então...
_ Então, vamos ter que retomar seu treinamento, se acha que a tiara é ruim só por isso, menino – Seu Dirceu olhou com alguma superioridade e tédio para o filho – Ao contrário, quem fez isso era um gênio! Sem equipamentos próprios da Cidade Avançada, ou melhor, sem tecnologia daquela que foi perdida no passado, é virtualmente impossível criar esse tipo de contenção individual.
_ Impossível? – Christabel perguntou, e Sari comentou meio que para si mesma, em voz alta:
_ Eu já tinha me perguntado a respeito. Os campos de energia de uma pessoa para outra são muito pessoais, e sem ter como medir os seus, Christabel, a possibilidade de criarem uma tiara como a sua seria de uma em um milhão no mínimo. Seria uma espécie de jogo de adivinhações, com margem alta para o erro...
_ Incrível – Dirceu olhou admirado para a caçadora de prata – Outra surpresa, então; não imaginei que alguém além de mim ou de um dos meus amigos da Cidade Avançada fosse capaz de deduzir esse tipo de coisa! Estou muito impressionado, moça!
Christabel olhou com desagrado para Dirceu e para Sari, considerando por um momento revelar ao velho tolo o motivo para o entendimento da caçadora no assunto, mas acabou desistindo. Dirceu era muito semelhante ao filho, ela já percebera isso. Sem dúvida iria proteger a vampira, também, e por isso ela preferiu manter-se em silêncio. E Dirceu, alheio a seus pensamentos, continuou:
_ É mais do que natural que a tiara da Rainha não possa bloquear todo o poder dela; o impressionante é que consiga restringi-la tanto. E, viu como as hastes das têmporas são espiraladas? Feito de forma artesanal, para não despertar suspeitas, mas são espirais assim mesmo, como as antigas resistências para eletricidade. Cada vez que Sua Alteza tenta utilizar magia, seja conscientemente ou não, essas espirais de arcânio dificultam a liberação natural. E, é só um palpite, mas deve estar lhe causando dores terríveis, também.
Christabel olhou de volta para Dirceu, meramente acenando que sim com a cabeça. O velho podia ser um tolo falador, mas parecia conhecer mesmo seu ofício. Melhor, então. Tinha melhores probabilidades de se desfazer do artefato.
_ A pessoa que projetou sua tiara, Alteza – Dirceu concluiu, sério – não tinha como medir seu poder com precisão, isso é fato. Mas sem dúvida podia medi-lo, com muita habilidade, porque chegou bem perto de um trabalho perfeito. Havia um especialista em sua fortaleza, alguém com recursos tecnológicos de ponta, coisa que talvez não tenhamos nem mesmo na Cidade Avançada. Irmão, o meu filho...?
_ Deveria descansar um pouco – Laírton terminou de prender uma última atadura no antebraço esquerdo de Zero – As compressas devem estancar seus sangramentos e anestesiar a dor por horas, mas o correto seria que se alimentasse e desse ao seu organismo algum tempo para repor o sangue. Não perdeu o bastante para precisar de transfusões, mas não deveria fazer esforços.
_ Infelizmente, ele vai fazer algum esforço se tentarmos impedi-lo de participar – Dirceu olhou com ar de tédio para o filho – Vai adiantar alguma coisa se eu mandar você ir dormir, Zero?
_ Eu vou... depois que a gente tirar essa tiara da Christie – Zero sorriu com ar cansado para a Rainha – Prometi que ia ajudar como pudesse, e você pode precisar de mim lá embaixo, pai. Promessa é dívida, foi você mesmo quem me ensinou, lembra?
Dirceu poderia muito bem ter aceitado isso. Seu filho era muito curioso, muito ativo com restaurações e sempre gostava de estar por perto quando o pai estava montando ou desmontando alguma coisa. Aquilo era motivo mais do que suficiente para que ele fosse. Mas ele estava olhando para Christabel, não para a tiara na fronte dela. E sua expressão não era só a curiosidade de sempre.
_ Tudo bem, então vamos. No entanto... podem me dizer seus nomes, antes de descermos? – Dirceu perguntou, voltando-se para os amigos do filho – Acaba de me ocorrer que fui rude o bastante para não perguntar até então.
Laírton, Daniel e Sari se apresentaram, e Dirceu acenou com a cabeça.
_ É um prazer conhecer a todos. Podem, por favor, vigiar este andar enquanto trabalhamos lá embaixo? Meu porão não é totalmente isolado, sabem, e sons mais altos podem ser ouvidos lá fora. Se algum dos perseguidores da Rainha ouvir, pode resolver invadir e nos interromper no pior momento possível. Como a única forma de entrar é por este alçapão...
_ Não é preciso dizer mais nada, Mestre Dirceu – Daniel adiantou-se, já empunhando sua lança dupla – Fizemos a viagem até aqui para proteger a Rainha Christabel, e faremos o melhor que pudermos enquanto o senhor trabalha. Mas... vai levar Melissa, também.?
_ Bem, sim, eu vou. – Dirceu deu um sorriso para a maga negra – Ela está aprendendo a lidar com maquinário, também, e vou precisar da ajuda dela lá embaixo.
_ Três pessoas para uma tiara? – Christabel perguntou, olhando com inquietude para Dirceu – Tem certeza de que sabe o que vai fazer, Mestre Dirceu, ou está só buscando segurança nos números?
Mais de um rosto tornou a mostrar constrangimento com Christabel, mas Dirceu meramente sorriu, um sorriso um pouco diferente desta vez, parecendo mostrar alguma superioridade ao responder:
_ Eu prometo não tentar ensinar Sua Alteza a defender sua terra, se prometer não me ensinar meu trabalho. Parece uma troca justa?
O olhar dela se nublou pesadamente. Christabel não sabia aceitar esse tipo de confrontação sem reagir.
_ Não gosto do seu tom de voz.
_ Então empatamos – e o olhar de Dirceu cintilou enquanto falava – Não precisa gostar de mim, Alteza, ou de como faço as coisas. Mas é a minha casa, e foi Sua Majestade quem veio procurar ajuda. De minha parte, farei o melhor que puder, sem exigências anteriores ou posteriores, a não ser respeito. Me curvo às suas ordens se um dia estiver entre seus muros, mas aqui, se não puder dizer nada de agradável, fique em silêncio. Fui claro?
O olhar de Christabel em resposta foi mais que suficiente. Ela deu as costas ao Escavador e aos outros, abriu a porta do alçapão e desceu alguns degraus, voltando-se para Dirceu e perguntando:
_ E então, vamos?
E foi em frente, deixando os demais a olharem preocupados para a Rainha e para Dirceu. E Laírton comentou:
_ Mestre Dirceu, sem querer parecer desrespeitoso, mas acho que não deveria se dirigir assim a ela. A Rainha Christabel não é muito conhecida por ter uma personalidade afável.
_ Nem eu tampouco, Irmão Laírton – Dirceu manteve-se no alto da escada, observando a Rainha que descia – A diferença é que, como eu disse, estou no meu lar. Aqui, não preciso me sujeitar a grosserias de quem quer que seja. Uma mensagem que, acredito, Sua Alteza Christabel já deve ter compreendido.
_ Olha, pai... – Zero começou, mas Dirceu voltou-se imperiosamente para ele, que silenciou.
_ Vamos, filho. Não convém deixar a moça esperando.

Wednesday, December 07, 2005

Em nome da Armação Ilimitada, de Zillion, da Patrulha Estelar e de tantas séries maneiras q desapareceram com os anos, saudações do Louco!!

Continuemos então, pessoas leitoras e curiosas. Sim, chega o pai do Zero pra colocar ordem nessa zona... ou não? Afinal, se o filho é desse jeito... ^_^

(...)
Todos no portão voltaram-se para ver o veterano Escavador se aproximar em passo lento com seu sorriso tranqüilo, e também os colegas de viagem de Zero voltaram-se com curiosidade. Então, aquele era o famoso pai de Zero. Um homem de meia idade, de aparência forte apesar de vir apoiado numa bengala, aliviando o peso de sobre sua perna direita. E ele acenou que sim com a cabeça.
_ É bom ver que chegaram bem, menina maga. E, o que aconteceu com meu filho desmiolado? Ele não parece muito bem.
_ Ele foi ferido, e acho que desmaiou pela perda de sangue – Sari explicou, ganhando um olhar de admiração de Dirceu – Precisamos leva-lo a tratamento, e depressa.
_ Santo Deus...! Ah, bem, me acompanhem então. Precisamos cuidar disso.
_ Seu filho atirou em Vander – Batista berrou, antes que Dirceu tivesse chances de tirar Zero de outra situação difícil – Sabe muito bem o que fazemos com Escavadores que usam mal suas armas, não sabe Seu Dirceu? É regra da Cidade Sucata, e não podemos abrir exceções!
_ Claro que não, diretor – Dirceu olhou admirado para Batista, como se o outro tivesse sugerido um absurdo indescritível – As regras de conduta com armas de fogo são o que nos permite continuar restaurando as armas perdidas; seria uma bobagem ignorar essas regras por quem quer que fosse.
_ Então, quanto ao seu filho...
_ Mas – Dirceu interrompeu – eu lamento ter que dizer que se enganou. Zero não pode ter atirado em Vander, em hipótese nenhuma.
_ Como!? – Batista olhou bem para Dirceu, como se suspeitasse que o veterano estava brincando com ele – Se o próprio Zero disse que atirou nele, temos uma confissão aqui...!
_ Ah, me perdoe por contradize-lo, mas talvez meu filho estivesse fora de si antes de desfalecer – Dirceu olhou para Vander como se o outro fosse um interessante inseto dissecado que ele nunca vira antes – Mas, fraco por perda de sangue ou não, Zero dificilmente teria errado se disparasse em Vander a uma distância tão curta. No entanto, salvo por um ar atordoado... e uma mancha suspeita entre as pernas de sua calça, o jovem Vander me parece ileso.
_ É que... ele não atirou no Vander, Seu Dirceu – Melissa tentou explicar – Ele atirou na arma do Vander, quando ele jogou ela pro alto...
_ Está dizendo, menina – Dirceu voltou-se para Melissa e então tornou a olhar para Vander – que Vander jogou sua pistola para o alto? Por quê faria uma tolice tão grande? Sabe o que poderia acontecer se sua pistola caísse carregada e disparasse por acidente, com tantas pessoas em volta?
Vander pareceu muito desconfortável de repente, com os outros Escavadores olhando para ele de forma hostil. E Batista talvez argumentasse, se Dirceu não o tivesse encarado com severidade:
_ Senhor Batista, espero sinceramente que tome alguma providência quanto a isso. Vander, ao que pude compreender, era quem realmente deveria estar sendo alvo deste sermão. Ao invés disso, o senhor ficou retendo meu filho no portão, enquanto ele se esvaía em sangue! Espero que saiba como explicar isso à comissão da Cidade Avançada, quando eu mencionar o caso! Tenha uma boa tarde! E vocês, me ajudem com o Zero!
E deu imperiosamente as costas ao diretor, enquanto os demais Escavadores começavam a reclamar da tolice de Vander e enquanto os amigos de Zero ajudavam a conduzi-lo atrás do Velho Dirceu, que se afastava de forma majestosa rumo à sua própria casa. E apenas Christabel, entre os cinco que acompanhavam Zero até ali, tinha um ar de tédio em seu rosto.
_ Nunca vi tamanho cinismo em toda a minha vida. E você, já basta dessa encenação idiota, não? Ao contrário de mim, os tolos realmente acham que está gravemente ferido.
Zero ergueu um pouco a cabeça, dando uma piscadela marota para Melissa, logo à sua direita, que arregalou os olhos na direção do amigo.
_ Zero, você estava...?
_ Psssiu, Li! Não vamos querer desperdiçar uma interpretação tão boa agora, quando todo mundo pode me ver, né?
_ Você...! – e ela chutou o tornozelo direito de Zero enquanto o amparava, ao que ele arfou e ela repreendeu – Não, fique quietinho! Você não vai querer gritar e desperdiçar a interpretação logo agora, né seu fingido?
_ Auuuuu! – Zero gemeu baixinho – Isso é covardia, Li... Eu não posso reclamar agora...!
_ O que me surpreende é que seu pai tenha colaborado tão prontamente com isso, Zero – Sari comentou, entre exasperada e admirada – Chegou no momento certo, e sem perder a calma nem por um instante, improvisou toda essa escapada...!
_ Quem você acha que ensinou esses truques ao garoto, moça? – Dirceu disse em voz baixa, sem se voltar – Zero pode saber se safar muito bem sozinho, mas eu já fazia isso quando ele nem sequer tinha nascido.
_ Zero obviamente teve a quem puxar – Laírton comentou, com um sorriso discreto – É um prazer conhece-lo, Mestre Dirceu. Seu filho fala muito no senhor.
_ Não dê qualquer atenção a ele, Irmão – Dirceu rebateu, impassível – Meu filho diz muita bobagem.
_ Parece ser um mal de família – Christabel murmurou – Guardem essa conversa para mais tarde.
_ Alteza...! – começou Daniel, mas Dirceu interveio.
_ Ela tem alguma razão, cavaleiro. Não teremos que aguardar muito mais, de qualquer forma. Minha casa é logo ali.
Todos seguiram Dirceu até seu lar, uma construção que mais parecia-se com um depósito ou galpão do que uma casa propriamente. Zero prontamente se endireitou ao passar pelas portas, embora tenha cambaleado e sido amparado por Laírton. Era verdade que estivera fingindo quanto à sua debilidade, mas estava realmente perdendo sangue, e era bom que se tratasse.
Dirceu esperou que todos passassem, e então olhou displicentemente ao redor. Havia pessoas descendo a rua, andando devagar e parecendo distraídas enquanto conversavam. Um passante em um trio olhou na direção dele, e Dirceu acenou de volta. E fechou a porta atrás de si; teria que concluir seu trabalho tão rápido quanto fosse possível. Não tinham muito tempo.
Os viajantes olharam para ele com ares curiosos, e Dirceu sorriu mais amplamente e disse:
_ Agora, acho que posso dar boas-vindas mais adequadas. Bem vindos à Cidade Sucata, amigos do meu filho, e desculpem pela recepção tumultuada. É culpa do Zero, claro, que tenham passado por tanto aborrecimento logo ao entrarem.
_ Pai...! – Zero queixou-se – Tá me deixando mal!
_ Não pior do que você deixou a si mesmo, menino – mas ele parecia muito feliz em tornar a ver o filho – Que história foi essa de arrumar briga com o idiota do Vander logo depois de ir brincar com lobos? Irmão, pode ajudar?
_ Sem dúvida, senhor – Laírton adiantou-se, descobrindo o ombro ferido de Zero. E Christabel olhou ao redor.
_ Apresse-se, Laírton. Não podemos perder tempo demais.
_ Tem razão de estar preocupada, Alteza – Dirceu comentou, olhando displicentemente para a Rainha – Tem gente atrás de vocês, e chegaram até aqui, sim. Mas não devem fazer nada tão descaradamente, nem por enquanto. Seja como for, já que vou precisar da ajuda do meu filho quando formos tirar o que está preso em você, é melhor termos certeza de que ele não vai tombar no meio da operação.
_ Já sabia quem sou? – Christabel perguntou, com alguma admiração, ao que Dirceu meramente deu de ombros.
_ Zero foi discreto, mas claro o suficiente para mim. Além do mais, não conheço outra pessoa em Melk que pudesse ter assassinos disfarçados à sua procura, Rainha Christabel. Agora, enquanto meu filho está sendo tratado, pode me dizer exatamente qual o artefato que usaram para conter seu poder?
Enquanto Laírton orava baixinho e aplicava certas ervas que trazia consigo nos ferimentos de Zero, Christabel descobriu seu rosto e expôs aos olhos de Dirceu a tiara em sua fronte. E ele a avaliou cuidadosamente, sem toca-la mas examinando com atenção as pequenas lascas de jóia e as espirais de metal que desciam até suas têmporas, enquanto murmurava:
_ Ah, sim... Entendo porque não podia remover, Zero. Coisa incomum isso, um sistema de contenção para uma pessoa específica...! Engenhoso, é preciso reconhecer.
_ Se importaria de ficar fascinado depois que remover isso? – Christabel replicou inexpressivamente – Presumindo, é claro, que seja mesmo capaz?
_ Tinhosa, não? – Dirceu sorriu para Christabel, com ar divertido – É claro que sou capaz... mas isso não foi feito de qualquer modo, Majestade, e nem vai poder ser removido assim. Não, sem arriscar um dano permanente à sua pessoa. É um artefato formidável, e único.
_ Não sei não, pai – Zero retrucou, enquanto Laírton fazia compressas e as enfaixava nos ferimentos do rapaz – Quero dizer, se a tiara não consegue deter totalmente o poder da Christie, não pode ter sido...
_ ‘Christie’? – Dirceu olhou com curiosidade para o filho, e então para Christabel. E a Rainha inadvertidamente ruborizou e baixou seus olhos enquanto Zero explicava:
_ Ah, isso foi idéia minha, pra a gente não chamar muito atenção enquanto tava vindo. Ficarmos chamando ela de Majestade pra cá, Alteza pra lá... Era uma questão de tempo até nos encurralarem em algum lugar escuro.
_ Sem sombra de dúvida – olhou com admiração para todos os companheiros de viagem de seu filho, que pareceram entre encabulados como Christabel e disfarçando o riso, como Laírton – E imagino que foi o melhor nome em que você pôde pensar. Melissa, lembra-se do que pedi quando saíram?
_ Seu Dirceu... – Melissa começou a se desculpar, mas o velho Escavador a interrompeu.
_ Sinto muito; ele deve ter dado muito trabalho. Não sei por quê ainda me surpreendo.

Tuesday, November 29, 2005

Pelos poderes da Caveira Cinzenta, eu sou autor!!!

Olá leitores. Saudações do Louco ^_^

Então, Zero acaba de terminar com mais um desentendimento com seu desafeto favorito na Cidade Sucata. Mas, como desgraça pouca é bobagem, isso ainda não terminou...

Tomara q vcs gostem ^^

(...)


A compreensão transpareceu no rosto de cada Escavador ao redor, Melissa incluída, enquanto Zero despreocupadamente agora guardava sua arma.
_ ‘Volta ao Mundo’? Tem dó, Vander, a gente fazia isso com ioiô quando era moleque, vai dizer que não lembra? A diferença é que um ioiô não dispara por acidente, se a gente não fizer direito, e nem mata quem estiver por perto durante uma demonstração. No máximo, acerta a testa de um ou outro.
_ O que está acontecendo por aqui? – uma voz áspera perguntou por trás do grupo, se aproximando a passos largos – Ah, não, é você outra vez, Zero?
Roque Batista parou pouco afastado do rapaz, que sorriu e fez uma reverência curta sem tirar os olhos do diretor.
_ Seu Batista, como é que está? Tudo bem por aqui enquanto estive fora?
_ Já voltou? O que está fazendo aqui?
Zero teve dificuldades em reprimir o riso. Estava parado diante do homem, e ele perguntava se já tinha voltado; depois os outros o acusavam de não ser sério... Se refazendo como podia, ele respondeu com o máximo de objetividade que podia, olhando para os ferimentos:
_ Sangrando, senhor. Posso ir até uma enfermaria, ou pra minha casa?
_ Não até me explicar que estouros foram aqueles! Que sons parecidos com tiros eram os que eu acabei de ouvir?
_ Hmmm... Foram dois?
_ Foram!
_ Altos, espocados, parecendo tiros?
_ Exato!
_ Então, acho que foram tiros mesmo.
Mais de um Escavador virou o rosto, contendo o riso diante da expressão cinicamente séria de Zero, enquanto Melissa punha a mão direita sobre os olhos. Naquele estado, mal havia voltado para casa e já estava criando caso novamente...! Batista tinha muito pouca paciência, como ele faria bem em lembrar.
_ Está tentando ser engraçado comigo, garoto?
_ Ué, não! Só respondi o que me perguntou, seu. Provavelmente, você ouviu os tiros que eu dei na arma do Vander.
_ Você... – Batista engasgou – Você atirou num colega?! Dentro da Cidade?
_ Nah, não atirei ‘no’ Vander, atirei na ‘arma’ do Vander – e olhou para Vander com a expressão de quem teve uma boa idéia – Se bem que, agora que o senhor mencionou...!
_ Não se atreva! – Batista esbravejou – Ah, Deus do céu, três semanas de sossego, e mal ele põe os pés aqui dentro, tudo recomeça! Tem idéia do que vai acontecer com você?
_ Olha, seu Batista... – Zero cambaleou um pouco – S-se não me deixar... ir dar um jeito nessa sangueira toda... e-eu acho que vou...
Melissa prontamente apoiou o amigo, que deu a impressão de tombar. No ato, mais três dos Escavadores próximos juntaram-se a ela, e também os colegas de viagem, apenas Christabel mantendo-se à parte. Batista ficou parado, olhando para o que acontecia com ar de confusão e impaciência. Estava prestes a dizer alguma coisa quando Melissa ergueu a cabeça e disse, com ar de alívio:
_ Ah, Seu Dirceu!

Wednesday, November 23, 2005

Oi gente blogueira, leitora e... *olhando pra fora e ouvindo o som dos trovões, espelhando os relâmpagos* molhada de chuva. Saudações do Louco!

Então, né... com o tempo úmido e tempestuoso lá fora, e com meu modem tremendo de medo de levar outro chocão, vou deixando algo da Christie pra vcs. É, Zero pode ser muito sério se falar do assunto certo...

Amplexos do Louco


(...)
_ E então, Zero? – Vander guardou a pistola uma última vez, sorrindo ousadamente para o rival – Consegue ou não? Você faz tanto farol de ter conseguido a sua com pouca idade, deve ser capaz disso, não? Vamos lá, vai dizer que não consegue?
_ ... Acho que não – Zero retrucou depois de um instante de silêncio, para surpresa de todos – Desisti dessas coisas quando vi que não conseguia dar uma ‘Volta ao Mundo’.
_ Hein? – Vander franziu o cenho – Do quê está falando?
_ Ué, vai dizer que não sabe? – Zero sorriu com o canto da boca – ‘Volta ao Mundo’, o movimento mais difícil pra se fazer com uma pistola. Você saca depressa, gira ela duas vezes no dedo e joga pro alto. A idéia é que a pistola caia de volta no coldre, encaixadinha e quieta, como se você nunca tivesse tirado ela de lá. Tentei por umas semanas, mas me enchi de ver que não conseguia e parei; perdi o gosto por essas coisas de brincar com a pistola.
Mais de um dos Escavadores olhou para Zero com estranheza, e Melissa mais do que todos.
_ Zero, eu não sabia que você...
_ Que tal uma aposta, Vandão? – Zero ergueu a mão para silenciar a colega, sempre mantendo os olhos no outro – Você tá bem prático com isso, pelo que eu vi. Acha que consegue dar uma ‘Volta ao Mundo’ de primeira? Assim, de sopetão? Faça isso, e minha pistola fica pra você. Tô duvidando.
Vander olhou desconfiado para Zero. Aquilo parecia bom demais para ser verdade; Zero ganhara aquela pistola do próprio pai fazia algum tempo. Não parecia próprio dele correr tal risco.
_ Você... Apostaria a pistola que seu pai te deu? É mentira.
_ É verdade, rapaz – Zero sacou sua própria pistola, exibindo-a por um instante e então repondo-a no coldre – Tô prometendo na frente de todos os Escavadores aqui, e mais dos meus colegas de viagem. Acerte o movimento de primeira, e te deixo a minha quatro tiros. E vou além; te faço a munição pro resto da vida, até que ela quebre. Sem reclamação, sem condições. Ou será que tem medo de não estar com essa bola toda?
Uma chance de humilhar Zero totalmente, e uma provocação à sua coragem ao mesmo tempo; Vander não saberia como resistir a tal coisa. Melissa e Sari olhavam com preocupação para Zero, Daniel e Laírton com olhares intrigados, como a maioria dos Escavadores ao redor. Apenas Christabel suspeitava de algo mais, e surpreendeu-se ao perceber o quanto sua atenção pudera ser atraída por aquela tolice. Mas havia algo de incomum no modo de Zero agir, algo que quase parecia... sombrio, muito diferente dele. Talvez Vander tivesse algum tipo de percepção das intenções, também, porque ainda hesitou.
_ E o que... O que eu vou precisar fazer, se errar? Você não ia fazer isso de graça.
Zero sorriu mais abertamente, e Sari achou que se parecia com um dos Ferais que tinham enfrentado pouco antes.
_ Você não vai acertar.
Vander fechou o rosto de imediato. Podia não conseguir, mas não estava arriscando coisa alguma; Zero não dissera o que queria, e ele poderia contar com todas as testemunhas depois para dizer isso em seu favor.
Respirando profundamente, ele sacou a pistola de sopetão, girou-a duas vezes no dedo...
... e lançou-a para ao alto, abrindo o coldre para apanha-la, olhando para cima.
E Zero, ainda mais rápido que ele, sacou a própria pistola e utilizou os dois tiros que ainda tinha para balear a arma de Vander, assustando a todos com o barulho, e fazendo a arma do adversário tombar alguns metros para o lado, terrivelmente danificada.
Vander tombou ao chão, assustado, e todos os outros Escavadores se encolheram por instinto, bem como Melissa e todos os colegas de viagem de Zero. Com exceção de Christabel, que sorriu disfarçadamente sob seu capuz. Interessante.
_ P... Por quê você fez isso, seu maluco?! – Vander gritou, a mão direita esticando-se discretamente para recuperar a própria pistola – Estava querendo me matar?
_ Nem tenta – Zero apontou a pistola para a mão de Vander, que a recolheu – Você podia pegar ela, mas tá estragada. Arranquei o gatilho e vazei o cano de disparo; você pode consertar em alguns meses.
_ Meses?? – Vander apertou os olhos, com raiva – Seu despeitado, tudo isso porque eu consegui uma arma...
_ Tudo isso porque você é uma besta – Zero apontou a pistola diretamente para o rosto de Vander – Essas coisas não estão aqui de enfeite, e nem pra ficar fazendo micagens, Vander. Pistolas são pra salvar nossa vida, e a dos colegas quando for preciso. Escavador nenhum puxa uma delas pra ficar fazendo bonito pra quem tiver por perto. Se alguém é culpado pelo que acabou de acontecer, é você mesmo. Foi o único que engoliu essa história idiota que eu inventei; até a Melissa, que é mais nova aqui, sabe que eu nunca fui de fazer gracinha com pistola.
A compreensão transpareceu no rosto de cada Escavador ao redor, Melissa incluída, enquanto Zero despreocupadamente agora guardava sua arma.

Wednesday, November 09, 2005

Olá, gente q lê, escreve, estuda... Ah, bem, olá pra todo mundo, faça o q fizer. Saudações do Louco! ^^

Enfim, eles chegaram à Cidade Sucata. Mas, é bom lembrar, os problemas ainda não terminaram...


(...)
A Cidade Sucata, como seu próprio nome parecia implicar, dava a impressão de um lugar montado a partir de ruínas e com muito pouco capricho. As casas tinham aparências surradas e poeirentas, como o próprio solo era. Em sua maioria, eram feitas de madeira ou tapumes aprumados, embora algumas delas parecessem ter uma ou duas paredes feitas de pedra antiga. Os telhados eram de metal, folhas antigas desamassadas, ou então telhas e azulejos montados sobre caibros ou lajes.
_ De alguma forma, me parece uma versão maior de Garland. – comentou Laírton.
_ Muito diferente da organização de Melk, até onde posso ver – Daniel olhava em volta, num misto de admiração e desnorteamento pela desordem das coisas – Melissa, você...
E então percebeu que a maga negra estava com Zero, e os dois estavam sendo efusivamente cumprimentados pelos Escavadores. Claro, ele não devia se surpreender, uma vez que ela também era conhecida ali como colega de Zero. Mas, fosse como fosse, ele sentia-se um pouco excluído ao ver a atenção que ela estava tendo, e a forma como ria animadamente ao contar e ouvir o que se passara em sua ausência.
_ Não faça essa cara, amigo Daniel – comentou Laírton – O que estava esperando? A Cidade Sucata foi o segundo lar de Melissa, deve se lembrar. É natural que ela fique entusiasmada por estar de volta, não?
_ Sim, eu sei, Laírton... – Daniel ainda estava olhando para ela, sem poder evitar o aborrecimento – Só preciso de algum tempo para... me acostumar com a idéia, acho.
_ Serei a única a lembrar que não estamos aqui a passeio? – Christabel indagou num tom impessoal, e Sari retrucou:
_ Francamente, será que você só sabe reclamar? Como pode ficar indiferente diante de tudo isso? – e mostrou as casas à sua volta – Duvido que mesmo você já tenha visto algo semelhante à Cidade Sucata, Christabel, ainda que em seus sonhos.
_ É fácil para você falar, caçadora, já que não há nada restringindo sua força – Christabel cortou bruscamente – E gostaria que lembrasse de não usar meu nome neste lugar.
_ Bem – Sari corou um pouco, por se deixar apanhar de guarda baixa assim – e como deveria falar, então? Você decerto não prefere me ouvir usando o apelido que Zero te deu?
Christabel silenciou por um instante, a expressão pesada disfarçada pelo capuz sobre seu rosto. Mas respondeu:
_ De preferência, não se dirija a mim.
_ Vocês duas, já chega – Laírton interrompeu – Isso não é hora ou lugar para discussões tolas.
_ Não me lembro de ter dito que iria obedece-lo, Irmão Laírton – Christabel comentou, voltando sua atenção para o Religioso.
_ Minhas mais sinceras desculpas – Laírton murmurou, aproximando-se para poder baixar a voz – Se eu soubesse que era desejo de Sua Alteza causar uma confusão e chamar a atenção de toda a Cidade Sucata para sua pessoa, principalmente quando ainda não cumprimos nossa missão, teria me mantido quieto.
Christabel detestou a serenidade de Laírton, e o fato de ele estar certo. Não tornou a retrucar, mas lembrou para si mesma em silêncio que não faltava muito para que removesse aquela tiara, e para que deixasse de ouvir ordens de outros. E Daniel comentou, sempre atento a Zero e Melissa:
_ Algo não vai bem. Vejam, os outros Escavadores parecem preocupados. E aquele recém-chegado não parece ser amigo dos dois.
De fato, Zero estava olhando com uma expressão incomum para o recém-chegado, Vander, enquanto Melissa olhava desconfortavelmente para o amigo e para o outro, lembrando-se do que houvera antes que fossem para Melk.
_ Olha só, Zero – exibiu a cintura, onde o coldre de uma pistola pendia – Consegui uma pra mim, também. Você não é mais o único Escavador da nossa idade que desce pros túneis com uma dessas na cintura.
_ Não – Zero admitiu, o rosto inexpressivo como a voz – mas ainda sou o único com cérebro pra usar ela lá embaixo.
Alguns risos nervosos correram entre os Escavadores, enquanto a expressão de Vander pareceu turvar-se por um momento. Mas ele tornou a sorrir.
_ Se tem tanto cérebro, como é que não consegue fazer isso? Vamos lá, quero só ver!
E começou, ao sacar a pistola, a gira-la no próprio dedo com habilidade, torcendo-a na mão e agitando o braço direito enquanto o fazia, no que parecia ser uma demonstração de destreza. Mais de um Escavador no entanto abriu espaço, Melissa incluída, apenas Zero e o próprio Vander sem sair do lugar enquanto o rapaz punha a arma de volta e tornava a tira-la depressa do coldre, mostrando quão veloz podia ser para sacar. Os olhos de todos os presentes, incluindo os quatro companheiros de viagem de Zero e Melissa, estavam fixos na arma de Vander. Zero, no entanto, mantinha o olhar congelado no rosto do outro.

Tuesday, October 25, 2005

Andiamo, ragazzi! Saudações do Louco, gente q lê! ^^

No nosso último episódio, largamos Sari e Zero cercados de Ferais (um tipo de lobo gigante nervosinho) de péssimo humor. Tá na hora de ver como e se eles saem dessa, né?

(...)

Os lobos começaram a apertar o cerco, e Zero e Sari se prepararam para o ataque conjunto da matilha, sabendo que não teriam como enfrentar todos de uma vez só.
E então o som alto que até então parecera distante se aproximou, mais e mais, e os lobos voltaram-se na direção dele incomodados. Havia um estranho engenho montado num veiculo que para Sari parecia-se com uma carroça sem cavalos, mas que Zero reconhecia como um dos transportes da Cidade Sucata.
Um antigo caminhão da Cidade Avançada, substituído por modelos mais novos havia muito tempo e doado aos Escavadores para auxiliar no transporte de mercadorias e descobertas, estava sendo utilizado como carro de batalha, dois dos operários atirando do alto da cabine enquanto uma máquina enorme fazia um som alto e perturbador, que obrigou mesmo Sari a cobrir seus ouvidos.
Mas Zero estava sorrindo, e abriu o capacete. A artilharia dos amigos era tão precisa quanto a dele; Escavadores com permissão de usar pistolas nunca as empunhavam para errar, e os Ferais começaram a debandar, perturbados pelo som terrível e tombando sem poder se aproximar da máquina. Logo, ele e sua amiga estavam sozinhos próximos à Unicórnio tombada, e o veículo de apoio aproximou-se.
_ Zero, tá tudo bem? – perguntou Éderson, um dos colegas da Cidade Sucata, quando encostou o caminhão ao lado deles.
_ Bom, vocês demoraram pra caramba, Éderson, mas fora um sanguinho nas pernas e no ombro, acho que eu tô bem...
_ Você não, a moça! – Éderson bronqueou, apontando para Sari – E a sua moto! Você acha que viemos até aqui pra salvar essa sua carcaça briguenta? Dá um tempo!
_ Isso não é maneira de falarem... – começou Sari, mas Zero a interrompeu tirando o capacete e acenando que não com a cabeça.
_ Ah, esquece, Sari, que isso é só brincadeira. É a forma dos Escavadores da Cidade Sucata de mostrar preocupação. Éderson, eu quero te apresentar a minha amiga Sari, uma caçadora da Vila de Delm, mais pra oeste. E esse, Sari, é meu amigo Éderson Silveira, um colega de infância. A gente costumava brincar de Escavador quando era guri.
_ Prazer, moça – Éderson sorriu, estendendo a mão para Sari de trás do vidro baixo da porta – Desculpa pela brincadeira sem graça, mas é sempre assim; se a gente não zoar, é zoado. Então, precisamos estar sempre espertos quando falamos uns com os outros.
_ Estou vendo... – murmurou Sari, admirada, enquanto um Escavador um pouco mais velho, com uma proeminente barriga, reclamou de cima da caçamba do caminhão:
_ Ô Éderson, será que dá pra parar de ficar balançando o braço da moça bonita e levar a gente de volta pra dentro dos muros? Aqueles bichos não vão ficar longe esperando você terminar de se apresentar não, sabia?
_ Ah, vai pastar, Juvenal! – Éderson bronqueou rindo – Se você não gosta de cumprimentar moças bonitas, o problema é seu! Já no meu caso...
_ Isso ainda vai longe – Zero sorriu, separando a mão de Sari da de Éderson – e eu tô me esvaindo em sangue aqui. Dessa vez vamos fazer a vontade do Velho Juva e vamos pra dentro, Éderson, ou vocês vão ter que me carregar pra dentro quando eu capotar aqui.
_ Carregar pra dentro? – o segundo Escavador sobre a caçamba, que acabara de tirar os tampões dos ouvidos, olhou para baixo e sorriu por baixo do bigode já um pouco grisalho – Vamos levar é a tua moto pra dentro, pra trocar por alguma coisa que valha a pena, isso sim. Te levar pra dentro pra ficar espalhando sangue e atraindo tudo que é bicho da região pra cidade, o que a gente ganha com isso?
_ É legal te ver também, Chalita.
Sari estava atordoada, e subiu sem protestar na garupa da Unicórnio assim que Zero a levantou, e ficou observando fascinada a troca de ‘gentilezas’ entre seu amigo e os recém-chegados, que durou até que entrassem pela muralha. Os companheiros de viagem já estavam lá dentro, e todos olharam ao redor com admiração enquanto outros entre os Escavadores presentes vinham até a Unicórnio para dar as boas vindas a Zero.

Sunday, October 16, 2005

Oi pessoas neteiras! Saudações do Louco!

Pois é, deu tanto trabalho chegar em casa... e agora, Zero não consegue entrar. Não ainda, pelo menos.

então, vejamos como é q eles saem dessa!

Amplexos do Louco ~_^

(...)

Zero, enquanto isso, não podia acreditar no que Sari fizera. Caçadora experiente e uma guerreira habilidosa, com os poderes de uma vampira, ainda assim ela não era imortal; sua memória voltou-se dolorosamente ao momento em que a amiga fora alvejada e quase morta em Melk, e seu coração apertou-se. Não podia tornar a acontecer.
_ Agüenta, menina, que eu tô chegando! – e acelerou, a moto empinando involuntariamente enquanto ele arremetia contra a matilha.
Os cavalos aproximaram-se velozmente dos portões da Cidade Sucata, onde uma pequena milícia já estava posicionada. Não havia muitos indícios de que haveria qualquer risco à cidade em si, mas seria tolice deixarem-se pegar desprotegidos. Enquanto os cavalos de Laírton e Christabel, menos pesados, se aproximavam dos portões, uma voz áspera ampliada por algum tipo de equipamento se fez ouvir de forma retumbante:
_ Afastem-se! Não cheguem perto daqui! Não recebemos viajantes que trazem monstros consigo; só abrimos nossas portas para vizinhos e conhecidos nestes tempos!
_ Então abra de uma vez, Vander – gritou Melissa, erguendo o rosto e tornando-se visível de trás de Daniel – Ou será que suas memórias são tão ruins que já esqueceram de mim?
_ Ei... essa não é a amiga do Zero? – perguntou Osvaldo, lá em cima, para alívio de Melissa. Mas outro deles, Tatu, parecia em dúvida.
_ Ah, sei não... Cadê o Zero, se ela é a loirinha?
_ O Zero ficou lá atrás garantindo a gente! Anda, Tio Ovo, vocês precisam abrir, e ir dar uma força pra ele!
Risos ecoaram no alto da muralha, e apenas Osvaldo pareceu um pouco contrariado, enquanto os outros comentavam entre si que qualquer um que conhecia o apelido de Osvaldo sem dúvida era um deles, ou tinha sido, e que era melhor que abrissem as portas. Christabel, naturalmente, não achou graça alguma na demora.
_ Enquanto debatem sobre trivialidades, somos forçados a esperar.
_ Vai se acostumando, Christabel – Melissa murmurou, com um sorriso meio contido – Esses Escavadores são como um bando de operários, todos juntos; cada um que puder tira mais sarro do outro. Imagine que Zero foi criado entre eles, e vai entender porquê ele é do jeito que é.
_ Formidável, uma cidade inteira de Zeros... – Daniel lamentou-se – Sinto que vamos ter uma estada muito longa...!
_ Nosso Senhor gosta do bom humor, caro Daniel – Laírton também sorriu – Mas admito que gostaria que se apressassem, em nome de nossos amigos lá atrás.
As portas se abriram pesadamente, e um som alto assustou as três montarias dos viajantes, que abriram espaço enquanto a razão para o som eclodia das muralhas para fora.
Um minuto e meio antes, Sari estava em frente aos lobos. Dois pequenos grupos estavam se debatendo para atacar os feridos ou mortos que ela deixara durante sua passagem, mas havia muitos deles. Os demais estavam divididos entre voltar a perseguir seu alvo, ainda rumando para a cidade à distância, ou atacar a atrevida que saltara sobre eles.
Os olhos claros de Sari cintilaram como aço. Os Ferais hesitaram. Como os animais que eram, instintivamente reconheciam um predador perigoso diante de si e havia mais em Sari do que os olhos humanos podiam ver. Um perigo que os instintos dos animais reconheciam claramente.
O ronco do motor da Unicórnio vinha de trás deles, empurrando-os na direção dela. Zero estava se aproximando, sua moto não muito maior do que os oponentes desta vez. Mais de um dos Ferais tombara diante dele, sua espada descendo e subindo enquanto ele se aproximava, mas o próprio mecânico não estava ileso.
Sari correu na direção dele. Atropelar os Ferais não era a melhor coisa que Zero podia fazer; abria caminho com o barulho, até certo ponto, mas alguns dos lobos não tinham tempo de abrir caminho, e eles eram grandes o bastante para deter o avanço dele. E um humano comum parado entre aquelas feras não era nada mais do que alimento.
_ A carona chegou, caçadora! – ele abateu outro lobo à esquerda, erguendo sensivelmente a roda dianteira – Pra garupa, anda!
Ela agora estava correndo entre os lobos, e eles pareciam ter recuperado algo de sua vantagem ao notar que a caçadora estava entre eles, cercada, onde seria mais vulnerável. Ledo engano.
Sua katana estava voltada para dentro, seu antebraço apoiando a lâmina para se proteger de atacantes à direita e diante de si, enquanto a esquerda afastava presas e garras com golpes de seu pulso, ou atirava dardos de metal em seu avanço.
E ela saltou, pisando a cabeça de um Feral à sua direita e ganhando altura. A Unicórnio estava a cerca de dez metros.
Saltou para a esquerda, ganhando um pouco mais de altura ao pisar exatamente no meio das costas de outro Feral, e ficando à altura da roda dianteira empinada da Unicórnio de Zero, e girou o corpo. Cinco metros...
E ela tornou-se em névoa, dois Ferais saltando através dela e embolando-se no solo enquanto a Unicórnio também a atravessava. Neste instante, no entanto, ela tornou a se refazer, e Zero sentiu a mão esquerda da amiga em sua cintura e as pernas dela coladas ao corpo da Unicórnio, e ouviu sua voz bronqueando:
_ Que espécie de idéia foi essa, Zero? Se meter entre os Ferais pra me buscar...!
_ Uai, cê não me mandou vir te buscar? – ele indagou com uma voz de falso temor – Longe de mim desobedecer uma garota bonita; dizem que são as mais perigosas.
_ Vou ficar muito mais perigosa se você não nos tirar daqui – ela continuou bronqueando, agitando a katana à direita e esquerda – Acho que já atraímos atenção o bastante, e não seria mal irmos para longe destes lobos.
_ Você manda, menina.
Tombou a Unicórnio para esquerda e acelerou, o corpo bem próximo à carenagem enquanto sua espada era brandida para os dois lados, contando com Sari para cobrir sua retaguarda. Ele sabia que não se decepcionaria.
E os Ferais começaram a saltar sobre eles. Talvez não estivessem tendo muito sucesso com seu peso diante das rodas da Unicórnio, mas sobre ela, a situação podia mudar. Não queriam voltar sem nada para quem os enviara.
A Unicórnio tombou com o peso de dois ou três lobos sobre o piloto e sua passageira, e apesar de Sari ter conseguido se livrar e rolar para tombar de pé, a katana já abrindo espaço à força, Zero rolou pelo chão com dois Ferais enlaçados nele.
_ Zero...!
Dois estampidos secos, e ele colocou-se de pé. Estava sangrando nas pernas e ombro esquerdo, mas a pistola estava em sua mão esquerda, a espada na direita e os lobos tombados ao chão. O capacete, obviamente, devia ter impedido que ferisse a cabeça, mas ele parecia de mau humor.
_ Droga de lobos sarnentos, derrubaram a minha moto! Tá bom, agora chega, isso não vai ficar assim.
_ Parece que você está bem, Zero – Sari observou, aproximando-se dele de forma que um ficasse de costas para o outro, ela protegendo-o com sua katana à direita e os últimos dardos de metal que tinha na mão esquerda. E ele respondeu com tom risonho:
_ Falar a verdade, só não quero ficar reclamando. Essa coisa no meu ombro tá meio dolorida, sabe...
_ Fique perto de mim – Sari estava incomumente séria, enquanto os Ferais restantes os rodeavam lentamente, presas à mostra – Acho que posso proteger a nós dois, mas não sei por quanto tempo.
_ Me faz um favor, Sari? – Zero manteve as armas em riste, sem tirar o capacete – Aconteça o que acontecer, você tem que sair bem daqui, tá? Faz aquele seu truque de virar névoa de novo, e escapa. Por mim.
_ Pare de dizer besteira, Zero – ela bronqueou.
_ Me diz que
promete, vai – Zero repetiu, um pouco mais sério – Não quero que você morra por minha causa, Sari.
_ Zero...

Sunday, October 09, 2005

Leitores, leitoras, pessoas presentes... Saudações do Louco! ^^

Mais um pouquinho da nossa Rainha, certo? Espero q vcs tenham visto o lance entre os Arcanos...

E agora, de volta pros nossos heróis! ^^ Amplexos do Louco


(...)

Longe dali, o grupo de Zero podia avistar ao longe as muralhas da Cidade Sucata. O alívio era maior do que teriam antecipado ao finalmente chegar a seu destino pois, naquele momento, estavam sob ataque pesado.
Lobos, ou seres lupinos de estatura maior que lobos comuns, estavam correndo atrás deles em seu galope. Os cavalos estavam aproveitando bem o descanso que tinham tido durante a noite, e novamente o julgamento de Zero parecera acertado; se tivessem sido pegos daquela maneira durante a madrugada, com seus animais exaustos da longa viagem, não haveria como vencer em corrida aquelas feras. Sari diagnosticara que tipo de criatura era aquela, falando a Zero:
_ São Ferais. Menores do que os que costumo ver perto do meu lar, mas perigosos, sem dúvida. Sempre atacam em bando... mas parece que eu sinto algo mais nessa matilha...
_ Se aqueles mortos-vivos atacaram a gente em Garland a mando de alguém – o mecânico ponderou – não ia ser de surpreender que tenha alguém mandando nesses bichinhos. Pensamos nisso quando estivermos a salvo dentro da Cidade Sucata. Agora, é melhor tentar garantir nossos colegas.
_ Estamos prontos para lutar, Zero! – Laírton retrucou, ainda cavalgando para as muralhas. E Zero não aceitou auxílio.
_ Você ainda tá meio atordoado de sono e das presas daquela cobra ontem, Laírton. Vai direto pra a Cidade Sucata, e dê cobertura pra Christie. Daniel, o mesmo. Mel, se puder dar cobertura pra eles na saída com magia, também...
_ Quero ficar com vocês.
_ Nem pensa nisso – Zero cortou – Sem eu por perto, você é a única no grupo que o pessoal dos muros conhece e vai deixar entrar. Além disso, cê pode forçar a entrada, se for preciso – sorriu – E, pra terminar, o cavalo de vocês tá carregando dois; não vai fugir por muito mais tempo. A Rainha vem primeiro, loirinha.
Christabel voltou-se um pouco, procurando algum sentido oculto no que Zero dissera. Mas só encontrou preocupação legítima, disfarçada pelo impagável verniz de bom humor. Ele estava preocupado; sabia que sua máquina e Sari lhe davam alguma vantagem no que pretendia fazer, mas não muita. Sua especialidade, a pistola, não seria de muita valia em tal situação, e ela hesitou em seguir adiante por um curto segundo.
Zero pareceu perceber isso, pois tão logo sua hesitação surgiu, ele dirigiu-se a ela:
_ E você, Alteza, siga com eles. É de você principalmente que estão atrás, e eu e a Sari não vamos conseguir desviar o faro dos bichinhos por muito tempo. Vai nos facilitar um bocado se você deixar nós dois sozinhos dessa vez. Sari, tá pronta?
_ Ao seu comando, Zero.
Ele desviou a Unicórnio para a esquerda e abandonou o grupo, Sari com sua katana desembainhada à esquerda e ele cortando a frente da fileira, tendo desembainhado sua espada longa também. E o coração de Christabel endureceu-se; então, ele preferia a companhia da caçadora? Tanto melhor para ela; não precisava se arriscar. E Melissa gritou:
_ Anda, Christabel, com a gente! Assim que chegarmos na cidade, eu peço pra virem dar reforço! Não podemos demorar aqui!
Ela preferiu não responder. Estava indo para onde se propusera, onde finalmente recuperaria seu poder. Não tinha, mesmo, qualquer razão em especial para ficar para trás, e seguiu com os outros.
As presas dos lobos fechavam-se enquanto tentavam abocanhá-los, mas sempre que estavam à distância para morder um deles, a espada de Sari ou a de Zero os afastavam. O som da Unicórnio e a natureza voraz dos Ferais estavam fazendo com que a atenção dos monstros ficasse neles, mas Zero não estava se enganando.
_ Vamos ter que bagunçar um bocado pra dar tempo dos outros chegarem na muralha, Sari. Tem alguma idéia?
_ Tenho, sim. Me busque depois.
_ Buscar?
Sari saltou da moto sem maiores explicações, caindo sobre a alcatéia de lâmina em riste, enquanto Zero acabara de cortar a frente dos lobos.
Ela caiu sobre a cabeça do primeiro Feral com estrépito, atingindo com os dois pés e tombando-o de frente, ainda cheia da velocidade do deslocamento.
Em movimento ainda, ela rolou sobre um segundo lobo mais à direita, caindo sobre ele com seu cotovelo e rolando mais.
O terceiro lobo que ela pôde atingir foi com a katana, girando sobre si mesma enquanto praticamente toda a alcatéia passara.
O último dos Ferais que ela abateu na passagem foi ao pousar sobre sua coluna com os dois pés novamente, girando mais uma vez no ar para pousar de pé, a espada próxima ao solo e a matilha já começando a retornar, pisoteando uns aos outros no processo.
Sari conhecia bem o comportamento daquelas criaturas; mesmo que estivessem sob algum tipo de controle, sua natureza primordial não podia ser totalmente negada. Como antigos tubarões, eles atacariam mesmo seus pares se estivessem feridos, e ela ferira pelo menos quatro deles em sua passagem. Isso reduziria o número dos inimigos, ou era no que estava apostando.
Mas voltou-se para confronta-los. Havia muitos deles, e seria leviandade sua esperar que nenhum a atacasse enquanto Zero fazia a volta; então, ela se pôs em guarda, fitando os Ferais com um olhar frio.

Sunday, October 02, 2005

E aí, leitores? Sentiram saudades? ^^

Infelizmente, não deu pra fazer tudo o q eu tinha planejado esse domingo. Mas, não posso reclamar, não, foi um domingo maneiro do mesmo jeito...

Então, aproveitando o ensejo, continuemos com a história da Rainha. Hm, e falar nisso... estou muito acomodado. Preciso retomar a criação...

*resmunga resmunga*

Amplexos do Louco (resmungão)



XVIII – Volta Ao Lar



Pelas planícies, como uma onda escura precedendo a alvorada, as massas libertas das terras Além da Fronteira se espalhavam por onde podiam. Seres que tinham sido confinados desde sua chegada agora podiam vagar livremente pelo mundo. Só havia uma última tarefa, um modo de assegurar que poderiam ter sua liberdade de ir e vir para sempre; encontrar aquela que os mantivera tanto tempo aprisionados.
Mas havia mais oposição. Humanos haviam escapado de Melk, antes da queda da fortaleza; outros seres míticos viviam do outro lado, e não permitiriam que seus lares fossem tomados tão facilmente. Nem todos tinham recebido a mensagem de alerta de Mestre Dirceu, e nem todos que a tinham recebido levaram a sério a possibilidade da queda da fortaleza de Melk, que sempre existira e sempre existiria, de acordo com suas crenças. Ainda assim, as cidades e vilas que tombaram não deixaram de derrotar alguns entre a leva de criaturas agora a solta.
Distante dali, ainda nas profundezas das terras Além da Fronteira, Ahl-Tur estava tendo dificuldades. Retornara de sua missão, embora não parecesse de fato uma vitória. Apenas ele e Kayla tinham retornado de Melk, e ela não fizera qualquer tentativa de esconder seu ressentimento. Ydian, o Velho, e Tark-Esh tinham sido destruídos por míseros humanos, e Tur levara tempo demais para cumprir sua parte da tarefa, supostamente a mais simples. Os demais Arcanos agora estavam com ela e contra Tur, que ainda não se refizera dos danos sofridos enquanto alcançava o Amplificador. Sua magia não retornara por completo, nem sua perna se curara, e agora três Arcanos o estavam atacando em conjunto.
Ahl-Tur barrou a onda de magia com suas duas mãos, e a Onda Explosiva passou por ele, destruindo as paredes à sua esquerda e direita. E praguejou; não havia como os outros não terem percebido.
_ As duas mãos, mestre Tur? – Kayla perguntou em tom provocativo – Antigamente, apenas uma de suas mãos seria o bastante, e usaria a outra para nos punir. Não?
_ Aproxime-se... e descubra por si mesma, se ousar – ele rosnou em resposta.
_ Vai pagar por sua negligência – um outro Arcano, Jer-El, que estava entre os três atacantes, bradou – Dois dos nossos melhores guerreiros morreram por sua lentidão, Ahl-Tur, e o mesmo se daria com Kayla se não fosse habilidosa o bastante para...
_ Pare de bajular Kayla, seu tolo – Tur interrompeu com desdém – Não sei que tipo de coisas além do poder atraem essa fêmea, mas com certeza não devem ser cretinos que lambem suas botas.
_ Não pode com todos nós, ainda mais em suas condições, Tur!
O desafio viera de sua esquerda, e Ahl-Tur viu Dardos Incendiários disparados pelos seus dois flancos. Já sabia o que viria depois, e acertadamente adivinhou quando o trio tornou a ataca-lo com uma Onda Explosiva. Tempos diferentes de ataque, ele não teria como se defender de todos ao mesmo tempo. Era o que pensavam.
Com uma idéia baseada em sua última batalha contra Christabel, Tur girou seu corpo e lançou Garras de Escuridão para todos os lados, atacando os feitiços que caíam sobre ele ao invés de defender-se.
Os Dardos explodiram na metade do caminho, chamas e trevas espalhando-se por toda a volta, e o mesmo se deu com a Onda Explosiva.
Neste caso, no entanto, o Mestre dos Arcanos foi mais agressivo e dirigiu a maior parte de seu poder para adiante, tombando dois no trio que o atacara. Poupando apenas El, mas detendo-se diante dele com sua lâmina desembainhada.
_ V-você... não vai conseguir abater a todos nós...!
_ Talvez. Mas nada me impede de tentar.
“Já basta!”
Todos os Arcanos detiveram-se como estavam, uma vontade poderosa contendo-os na postura e situação que estavam. Mesmo Ahl-Tur.
_ M-mestre...
“Não me dei ao trabalho de revive-los de seus casulos para que matem uns aos outros. Espero ter sido claro o bastante.”
_ M-milorde... – Kayla balbuciou, sem desistir facilmente – Tur... está tentando nos matar a todos. É a única explicação... para as mortes em Melk...!
_ E desde quando se importam tanto uns com os outros... Kayla? – retrucou Tur, mantido paralisado diante de Jer-El e com a espada em riste – Recordo-me de você repetindo que Esh era um imbecil convencido, e que Ydian já tinha vivido mais do que era necessário...
“Eu disse que já basta – a voz do grande ídolo de pedra ressoou pela caverna como um trovão – Não tornarei a repetir”
Nenhum dos Arcanos tornaria a se manifestar naquele momento, mas a má vontade de um para outro era palpável no ar. E a figura de pedra tornou a falar:
“Nossa missão deveria ter sido simples, Tur. Você disse que os três, dando-lhe cobertura, seriam suficientes para abrir os portões sem maior alarde. Deve explicações a todos”
_ Com o devido respeito, senhor... não devo coisa alguma a quem seja.
Não poucos entre eles surpreenderam-se com tamanha temeridade. Aquilo não era forma de se dirigir ao seu criador. E a figura imensa parecia pensar da mesma forma.
“... Está abusando de seu valor. Você é o Mestre dos Arcanos, é verdade, mas ninguém é insubstituível. Nem mesmo você.”
_ Sei muito bem disso... – Tur replicou – mas não serei questionado por uma falha de desempenho da qual não sou responsável.
_ S-sua avaliação foi errônea! – Jer-El gritou onde estava, olhando temeroso para o Arcano diante de si – Você disse que... quatro de nós seriam suficientes para lidar com os humanos da fortaleza...!
_ Minha avaliação foi perfeita – Ahl-Tur cortou friamente – Eu os alertei para não baixarem sua guarda. Embora fracos, os humanos de Melk têm sido testados por batalhas durante sua vida inteira, e estavam em número muitíssimo maior do que o nosso. Inferiores, talvez, mas estavam lutando a sério, por suas vidas. Esh foi imbecil o bastante para tratar a invasão como uma brincadeira, e Ydian obviamente cometeu o mesmo engano. E, julgando pelas condições nas quais Kayla retornou, ela teve muita sorte.
_ Você devia ter destruído a barreira de uma vez! – gritou Kayla de onde estava.
_ E foi o que fiz, quando pude chegar a ela – ele respondeu simplesmente – O volume da magia protetora se adensava na proporção em que me aproximei do engenho. E isso é a única coisa que admito não ter antecipado.
A disposição mudara um pouco no ambiente. Os outros Arcanos continuavam como sempre haviam sido, hostis uns com os outros... mas não havia como não admirar em nada o líder deles, por ter tido a desenvoltura de falar ao mestre de todos daquela forma. Mesmo a figura de pedra parecia impressionada.
_ Ao invés de aceitar uma reprimenda, eu aproveito essa ocasião para salientar o que já disse antes – Ahl-Tur gostaria de ter podido olhar ao redor, para todos que o cercavam, ao invés de apenas fitar Jer-El – Não... subestimem... os humanos. É verdade, as forças deles são desprezíveis comparadas às nossas. Mas os seres que vivem neste mundo são muito diferentes daqueles que viviam na época de nosso exílio. Alguns, inclusive, têm uma vontade que rivalizaria com a nossa, se tivessem nosso poder. Não se intimidarão diante de coisa alguma.
Kayla foi forçada a recordar-se do humano que a confrontara. Ele não trazia temor algum nos olhos. Cansaço, uma estranha resignação quanto a enfrentar um oponente superior, mas não o antigo temor supersticioso da época em que ela era uma infante. Talvez, afinal, a culpa não fosse apenas de Tur...
Todos sentiram que podiam se mover. E a voz da figura de pedra tornou a falar:
“Ouçam com maior atenção ao que Ahl-Tur diz. O mundo agora estará preparado para nós. Não tornem a subestimar seus adversários, e talvez retornem para dar seu testemunho. Agora, preparem-se para partir. Nossos rivais nos aguardam, e não pretendo que fiquem com o que me pertence por direito.”
Ahl-Tur guardou sua espada assim que pôde se mover, embora Jer-El ainda tivesse olhado para ele sem se mover por mais alguns instantes. Era verdade que ele precisava se recuperar depressa, e começou a se afastar dos demais no salão. Precisaria de seu corpo físico restaurado para que o seu eu espiritual...
_ Você mostrou muita ousadia.
Ele voltou-se. Kayla, parada atrás dele, com suas lâminas em mãos. Mas não havia atitude hostil nela, apenas um brilho no olhar que ele não reconhecia.
_ Você também. Sugiro que lembre-se do quanto é perigoso desafiar seu líder numa próxima ocasião. Não sou tão simples de se eliminar.
_ Não tornará a acontecer... meu líder.
Ela curvou a cabeça e se retirou, e Tur ficou mais confuso do que sua expressão demonstrava. Era respeito de fato o que vira nos olhos dela? Realmente, nunca entenderia as fêmeas.

Thursday, September 15, 2005

Olá, pessoas q gostam de ler no computador! Saudações do Louco!

É, acho q vou concluir aquele lance da luta em Melk agora... Vcs torceram por eles, né?...

Amplexos do Louco

(...)

Ahl-Tur estava aproveitando o tempo para se refazer, respirando livremente ao lado dos pedaços do Amplificador. Apressara-se até ali, ciente de que depois do raio, os humanos sobreviventes lá na escada levariam algum tempo antes de descer à sua procura. A dor na perna atingida continuava aguda, e isso lembrou-o de que seu total alcance dos poderes, e sua imunidade, deveriam regressar gradativamente. Os teria de volta a tempo de espalhar mais caos naquela fortaleza, sem dúvida... mas dessa vez, fora por pouco.
“Subestimei-os, talvez. Mais de nós teriam sido necessários para que não houvesse baixas. Mas agora acabou”.
Podia ouvir os sons de luta agora. Mas também, os sons dos soldados que primeiro tinham se resolvido a descer atrás dele. Poderia lidar com eles com sua magia, agora; já devia poder usar magia de ataque, pelo menos. Mas... sentia que isso era inadequado.
“Tiveram coragem de me seguir. Ah, bem... Acho que posso fazer uma gentileza”.
Eles teriam que servir para compensar. Já que não podia vingar os danos que sofrera e sua frustração com a última derrota que tivera ali, faria o que pudesse com os soldados de Melk. Tinham valido o transtorno, sem dúvida.
E em meio ao caos, enquanto guerreiros abatiam e eram abatidos pelas criaturas recém-fugidas das terras Além da Fronteira, alguém se mantinha indiferente. Invisível tanto para humanos quanto para os monstros, ele olhava em volta com alguma impaciência, tendo o cuidado de se manter fora do caminho.
“A última coisa que quero, ao menos por enquanto, é ser descoberto. Enfim, esses tolos conseguiram invadir a barreira do Amplificador de Zero e Christabel. Arcanos tolos... se deixando abater dessa forma! Quase não conseguiram! Esperava mais da competência da parte deles”.
Fora infantilidade subestimarem o poder de combate dos humanos de Melk. Talvez fossem uma raça mais fraca, mas em número maior eles por pouco não tinham conseguido sobrepujar os poderosos Arcanos. Ao menos, no entanto, a barreira cedera.
“Não há mais necessidade de manter as fronteiras. Agora, enfim o selo foi desfeito. Posso abandonar este solo sem ser percebido pelos outros... e fazer meus últimos preparativos. Foi uma espera muito longa”.
Outra vez olhou com anseio para os céus. Cobertos de nuvens, como sempre, embora houvessem algumas brechas no cobertor macio lá em cima por onde ele ‘quase’ podia ver as estrelas. ‘Quase’...
“Será que, mais ao sul, ao menos poderei ver céus mais limpos...? As estrelas...!”
Sua alma pareceu contorcer-se de saudade por um momento, enquanto olhava para o alto. Uma explosão de chamas de um Místico lá em cima caiu a poucos metros de onde ele estava, perdendo um dos arqueiros de Melk por centímetros, ateando fogo às roupas do humano... e também dele.
Aborreceu-se com aquilo. Fora bruscamente desperto de seu momento de saudade, e já estava impaciente da demora e pelo quase fracasso dos Arcanos. As chamas sobre ele se extinguiram depressa demais para que fosse notado, mas aquilo não ficaria assim. Olhou para o alto, vendo o Místico pairando sobre o pátio interno da fortaleza, seus olhos duros.
A criatura flutuante explodiu onde estava, desfazendo-se em cinzas que caíram lentamente sobre Melk. Os guerreiros com certeza estavam ocupados demais tentando sobreviver, ou evacuar suas mulheres e crianças, para notar o que ele fizera. Não que se importasse àquela altura. Sem olhar para trás, partiu de Melk, ignorando sem remorsos a queda da fortaleza e das pessoas com quem havia vivido por anos.
Na estrada para a Cidade Sucata, já afastados o bastante para que Tria fosse um amontoado de prédios cercado de muros minúsculos à distância no horizonte, Christabel repentinamente deteve seu galope, e voltou-se na direção de sua cidade.
O restante do grupo não tardou para notar a parada, visto que a Rainha cavalgava adiante deles. Mas Zero, que liderava, teve que ser alertado por Sari para fazer a volta e alcançar Christabel, erguendo o visor do capacete e indagando:
_ Christie, tá tudo bem? Parou por quê? Tamos quase chegando...!
_ Mudou... Está diferente.
_ Hein? – Zero tirou o capacete, imaginando que talvez não a tivesse ouvido bem – Do quê cê tá falando? Alguma coisa mudou?
_ O ar... – o semblante de Christabel era velado como sempre, mas algo em seus olhos traía uma emoção, que ninguém poderia identificar – Não é mais o mesmo.



Monday, September 05, 2005

Oi gente! Não, não é o Ely Corrêa, é o bom e velho Louco de sempre! ^^

É, agora o tempo tá fechando, e eu não tô falando do Katrina, nem do extra-tropical, e nem daquele lá no Japão. Tá fechando pro pessoal de Melk.

Amplexos do Louco (tomando armas)

(...)

Ahl-Tur estava caminhando pelo corredor que conduzia até o galpão utilizado como sala para o Amplificador. Deveria se apressar, bem sabia, mas o artefato da Rainha parecia mais poderoso a cada passo que dava em sua direção. Seu poder estava mais e mais sendo restrito em si mesmo.
“Uma última defesa, talvez? Que seja. Não é menos do que eu esperaria dela”.
Ouviu passos, e estendeu a mão para outra de suas magias de explosão, vedando o túnel atrás de si. Mas seus dedos formigaram de maneira dolorosa, e ele não conseguiu disparar. Segundos depois, uma companhia de soldados de Melk desceu pela escadaria, vindo rumo a ele pelo corredor enquanto arqueiros faziam pontaria dos degraus.
Ahl-Tur soltou sua própria espada da cintura, talhando para direita e abatendo um soldado.
Atacou então para esquerda, contendo um ataque de espada e agarrando o inimigo pelo pescoço para usa-lo como escudo contra as flechas.
A largura do corredor lhe dava alguma vantagem; o número elevado de soldados não podia atacar ao mesmo tempo, e mais de três deles lado a lado se atrapalhavam. Mas os guerreiros eram experientes o bastante para atacarem em números menores, e se afastarem para dar espaço a outros para atacar à distância.
O Arcano sentiu uma flechada aguda em sua coxa direita enquanto recuava pelo corredor, e amaldiçoou. Onde estava seu apoio? Havia humanos demais ali! Deviam estar sendo detidos, para não causarem problemas...!
Sentiu uma nova desaparição. Ydian. O velho Arcano se fora.
Ahl-Tur recuou pela curva do corredor, e então conjurou um relâmpago. Seus dedos novamente formigaram de forma dolorosa, e os soldados investiram depressa.
Tur precisou forçar sua magia a sair, finalmente conseguindo uma flecha cintilante e ruidosa pelo corredor, abatendo todos aqueles que se encontravam no caminho, mas também sentiu seu braço esquerdo em chamas. Não poderia fazer aquilo novamente.
“Demônios...! Será possível? Esses humanos...!”
Seria demais para seu orgulho ser abatido ali sem cumprir sua missão. E dois dos seus já tinham tombado! Era melhor que não esperasse que o mesmo se desse com Kayla, e manquitolou pelo corredor rumo à porta, sentindo que aquilo que procurava tinha que estar ali. Precisava contar com a vantagem que conseguira...!
O corredor onde Tur lançara seu relâmpago estava abafado, e o cheiro que se desprendia dos mortos estava mantendo os demais soldados reticentes nas bordas da escadaria que conduzia até a sala do Amplificador.
_ E então? – indagou Michael, liderando o grupo e olhando ao redor – Nenhum de vocês vai descer? A... Aquele monstro está indo direto para o coração de nossas defesas!
_ Pode descer à vontade, chefe Michael – um dos soldados retrucou de mau modo – Estamos ‘bem atrás’ de você.
Risos nervosos espalharam-se, enquanto o conselheiro olhou furioso para o insubordinado. Quando tudo aquilo terminasse, aquele infeliz ficaria a pão e água, ele se encarregaria disso pessoalmente. Outro deles, Roberto, comentou:
_ Isso é mais sério do que parece. Se não conseguirmos impedi-lo, e a barreira tombar, vamos ter que lidar com os monstros do outro lado da muralha oeste, e já sofremos muitas baixas... Cadê o Irmão Cristóvão? Aqui dentro, e com o reforço da barreira, ele poderia nos proteger da magia...!
_ Não conseguimos achar ele em lugar nenhum – respondeu um colega – Talvez os monstros tenham pego ele antes de começar o ataque, justamente pra prevenir isso.
_ Mas, se eles apareceram aquela hora que a gente viu... – um terceiro começou, e Roberto interrompeu:
_ Tudo bem, vai sem apoio, mesmo! – ergueu a lança com as duas mãos, e acenou para os companheiros com a cabeça – Parados aqui é que não vamos conseguir nada. Me sigam, em grupos de três. Se não acontecer nada, os outros podem vir seguindo. Quanto mais ficarmos parados aqui...
Não era preciso completar o raciocínio, e Michael olhou com alguma preocupação e inveja o rapaz, descendo as escadas de lança em punho e com três companheiros na retaguarda. Coragem, capacidade de liderança e disposição para dar o exemplo; o tipo de coisa que notabilizara Marco em vida. Se sobrevivesse àquela noite, o rapaz poderia se tornar um ícone no futuro. Talvez, um problema, também.
Roberto estava respirando devagar, tentando ignorar o cheiro impregnado nas paredes do corredor. Com o mínimo de ruído possível, e ainda assim depressa, ele avançou rumo à curva, esperando por um ataque de magia que talvez não viesse.
“Se ele tiver aproveitado esse tempo pra seguir em frente... Maldição, teve tempo de sobra para alcançar o Amplificador! Mas, se estiver oculto, e aguardando por nós, então eu trouxe todos os outros a uma armadilha...”
Se fosse o caso, seria o primeiro a pagar pela tolice, adiante dos companheiros. Mas tentaria arremessar sua lança assim mesmo. E um dos colegas, atrás de si comentou de repente:
_ O ar parece que tá mais leve, não tá?
Roberto olhou em volta. Sim, estava mesmo; o ar circulava depressa pela porta aberta lá em cima, e não havia mais a luminosidade rósea de antes. Sentindo um medo súbito, como alguém que percebe de repente estar num lugar alto, Roberto esqueceu a cautela e correu até deparar com a porta aberta. E com a ausência da luz rosada que deveria vir daquele aposento, em caso de invasão.
_ Não...
No pátio, Kayla tombou para trás e estendeu às pressas a mão esquerda, outro impacto semelhante a um aríete desprendendo-se dela e lançando para trás os soldados humanos. Mais uma leva morta. Mas agora, o outro grupo estava apontando seus canhões para ela, e a Arcana sentiu que se uniria aos outros mortos naquela mesma noite.
“Maldição...”
E então sentiu claramente a brisa gelada vinda das montanhas a oeste. Como não pudera sentir até então, uma clareza impressionante. E...
“Esse som...!”
Repentinamente, uma pancada estrondosa fez tremer o portão na muralha oeste, enquanto Místicos começaram a enxamear sobre ela, invadindo o espaço aéreo do pátio externo. A barreira fora desativada.

Thursday, August 25, 2005

Oi pessoas! Sei lá quanto tempo depois, por pura preguiça (sim, meu lado Darris não é tão bom pra encher o meu saco se a história não for dele), eis q apareço de novo pra colocar mais um pouco da treta dos soldados de Melk com o time de Arcanos de Ahl-Tur.

Desejem sorte a eles. E amplexos do Louco ^^


(...)

_ Foi você, não? Você matou Esh.
_ Se dissesse que não – Castro deu um sorriso com o canto da boca – faria alguma diferença?
Kayla não gostou daquilo. Que espécie de humano era aquela, capaz de destruir um Arcano e rir diante da morte? Ela não entendia, e não gostava daquilo. Era apenas uma criança na época do exílio de sua raça, mas lembrava-se do temor nos olhos dos humanos... e aquilo que via estava errado.
Seus olhos escureceram-se, enquanto ela trazia adiante a mesma aura de medo que Ahl-Tur utilizara em sua primeira visita em Melk. Aquilo traria a ordem das coisas, como deveriam ser...
E ela sentiu um terrível refluxo, enquanto relâmpagos escuros cobriram toda a extensão de seu corpo e Kayla caiu ao solo, gritando e deixando suas duas lâminas caírem. Castro, embora não entendesse, saltou adiante e ergueu a maça. Honrado ou não, nas circunstâncias...
Uma explosão alta à sua direita o jogou longe, enquanto via vários dos seus atirados em todas as direções possíveis, como palha numa tempestade. Com a consciência do soldado em batalha, Castro ergueu os olhos na direção da oponente, e viu o outro pousar próximo a ela, tocando sua cabeça gentilmente.
_ Isso foi tolice, criança. – Sir-Ydian disse, ajudando Kayla a se reerguer – Depois do que aconteceu com o jovem Tark, você deveria saber melhor. Nosso poder está restrito; não podemos conjurar influências de espírito dentro desta barreira. Já nos esforçamos demais apenas para chegar até aqui. E quanto a você, guerreiro...
Voltou-se na direção de Castro, que procurou ficar de pé. Seus músculos reclamavam das agressões e do cansaço; um pouco de repouso iria bem.
“Vou poder descansar bastante daqui a pouco, se não me cuidar”. E viu o rosto idoso se abrir num sorriso, ainda que com dentes serrilhados.
_ Não parece muito correto atacar uma fêmea, ainda mais quando caída, não acha? Ou um idoso, quando parece desatento.
Sem qualquer cerimônia, Ydian voltou-se e talhou com sua espada, abatendo dois lanceiros que se aproximavam por trás dele.
Num movimento veloz, o Arcano embainhou a lâmina e abriu seus braços para lançar o que pareciam duas explosões pesadas de pólvora à esquerda e direita. Desconcertara os soldados, abatera muitos deles, mas os guerreiros de Melk eram experientes o bastante para não investirem apenas numa massa concentrada contra inimigos que tinham tal tipo de ataque, e vários deles também vinham pelas passarelas das muralhas, ou disparavam flechas à distância.
Ydian agitou seu braço para direita, um longo chicote de magia surgindo do nada para atingir os soldados naquela direção. Mas o grupo da esquerda teve a chance de arremessar lanças, ou saltar sobre cabos como Castro fizera.
Ydian curvou seus dedos da mão esquerda para dentro, e então voltou-se para aquela direção. Foi como se um vento de luz atingisse os soldados atacantes e as armas arremessadas, afastando-os do Arcano para todas as direções, com violência...
E uma lança atravessou seu peito de um lado a outro, inalterada. Fosse por ter descido na ‘sombra’ de um dos soldados que atacava, ou porque a magia de Sir-Ydian também fora afetada pela barreira, não importava, quando o velho Arcano tombou sobre um joelho, parecendo estupefato. E os arqueiros fizeram mira.
_ Esperem!
Castro estava de pé, escudo em posição e a maça pendendo da mão direita. O velho Arcano pôs-se de pé com dificuldade, parecendo muito cansado, mas quebrando a haste de lança em seu peito e tornando a desembainhar a espada, enquanto o sargento respondia:
_ Essa é sua resposta. Também não parece correto que simples soldados precisem enfrentar esse tipo de magia. Ou força, ou agilidade. Mas... acho que agora, com essa lança no peito, nossas condições devem estar iguais.
Ydian tornou a sorrir, ainda que em dores. E Castro deu um passo para o lado, no que foi imitado pelo outro. Era engraçado, mas aquilo parecia... correto. E viu a garota erguer-se, tornando a enfrentar os soldados do pátio externo. Bom.
“Os do lado de dentro devem estar avisados, agora. Espero que peguem o que restou”.
E foi o último pensamento que teve fora da disputa, antes de começar a enfrentar Sir-Ydian.

Saturday, August 13, 2005

Olá, blogueiros e blogueiras! ^^ Oi gente q lê! Oi, gente q só olha!! Oi pra todo mundo!! Lamento, devo passar depressa aqui hoje. Sabe, tô escrevendo mais alguma coisa (e, não, não é meu suplemento mensal do 'Xenogears'. *suspiro* eu realmente devia aprender a terminar uma coisa antes de começar outra), e receio não ter tempo de ficar muito. Ah, bem, mas deixo vcs com mais um 'tostão' do combate entre os soldados de Melk e os Arcanos. ~_^ Forte amplexo autoral!!


(...)


Ahl-Tur, Sir-Ydian e Kayla voltaram-se ao mesmo tempo para a mesma direção, embora apenas o mais velho pudesse ver exatamente o momento em que o jovem Tark-Esh fora destruído. Os três ficaram estupefatos a ponto de baixarem suas guardas por um instante, deixando de atacar. Eram Arcanos, seres tanto físicos quanto de espírito! O fato de seus corpos materiais serem feridos, seriamente danificados ou até destruídos não queria dizer necessariamente uma morte, salvo alguma circunstância incomum. Mas, ali, que tipo de força os soldados de Melk teriam para abater um deles? E Ahl-Tur foi o primeiro a compreender o que acontecera.
“Christabel...!”
A barreira da Rainha perdurava sobre todo o território interior da fortaleza. Arcanos eram poderosos o suficiente para invadir a proteção que normalmente bania criaturas... mas não eram imunes a ela.
“A ressonância da barreira interfere com nossos seres, e nossa existência espiritual fica restrita ao corpo físico. Aqui dentro, somos tão vulneráveis a ferimentos quanto os humanos. Não... Nossa resistência ainda é maior, mas... Se nosso corpo físico sofrer dano mortal...!”
Tur lembrou-se de sua luta anterior com a Rainha; Christabel destruíra totalmente seu corpo físico. Se a barreira já tivesse sido ativada então, mesmo ele teria perecido.
E seguiu adiante. Alertara os três para não subestimarem os humanos de Melk, e Esh fora tolo o bastante para ignorar o aviso. Pagara o preço justo, então. A única coisa que interessava era cumprir sua missão, eliminando a influência da Rainha na fortaleza.
“Mas talvez, devesse ter trazido mais de nós. Bem, agora não adianta me lamentar. Não foi uma grande perda, seja como for. Que sirva de aviso aos outros para lutarem a sério.”
A batalha ficou mais acirrada no piso principal de Melk, então. Kayla do pátio interno, Sir-Ydian no externo, e os soldados viram suas dificuldades aumentarem. Castro, junto aos colegas na muralha leste, cuspiu um pouco de sangue e olhou para a batalha. Lucas, seu colega, aproximou-se dele com alívio e preocupação.
_ Castro...! Sargento, você está bem? Que loucura foi aquela, pular na criatura daquele...
_ Não aborreça, garoto, que nossos problemas estão longe de terminar – Castro retrucou, olhando para algum ponto além de onde estava a criatura com a espada.
_ Do quê está falando?
_ A Rainha teve dificuldades para destruir um desses monstros, e teve que utilizar magia forte pra isso. Não acho que pudéssemos matar um deles por meios normais. Nem antes, nem agora.
Os demais soldados se aglomeraram ao redor de Castro, que acenou para a muralha leste e ordenou:
_ Lucas, faça o maior número possível dos nossos abandonar a fortaleza. É questão de tempo o quanto podemos mantê-los aqui. Os demais, é preciso manter o Amplificador do Mestre Zero funcionando tanto quanto for possível.
_ Do quê está...?
_ Qual o primeiro objetivo de qualquer soldado em ataque? – Castro cortou bruscamente – Minar a principal força do inimigo. Aquele ali, e a garota, eles estão apenas nos mantendo ocupados. Eram quatro quando chegaram; abatemos um, e há dois no pátio. O que houve com o quarto deles?
A compreensão caiu sobre eles depressa, e Castro acenou afirmativamente com a cabeça.
_ Eles invadiram, apesar da proteção da barreira. Mas só eles puderam. Se desativarem a barreira, no entanto, vai ser o verdadeiro inferno. Mexam-se, e parem de ficar me olhando!
E ciente de que ação é melhor conseguida com exemplos, Castro ergueu o escudo novamente e correu na direção da Torre da Rainha, próxima à entrada do túnel do galpão. Era virtualmente impossível vencer aqueles seres, ele sabia... mas ainda era o mal menor. Se todos os soldados reunidos estavam tendo dificuldades apenas com o trio, se a barreira fosse destruída...
Um brilho em sua visão periférica, e Castro lançou-se ao chão, brandindo a maça por reflexo à direita, de onde vinha o ataque.
Sentiu um impacto leve, e um som de algo pesado atingindo o solo enquanto ele rolava. A bola de ferro fora cortada, perdendo um terço de si mesma. E enquanto rolou, ele viu a lâmina retornar às mãos de quem a arremessara.
A garota entre as criaturas estava flutuando lentamente na direção dele, os cabelos esvoaçando como se tentassem flutuar também.
E ele tornou a erguer o escudo. Dera muita sorte da outra vez, mas soldados de Melk aprendiam desde cedo que ela era uma dama muito caprichosa.

Monday, August 08, 2005

Oi pessoas! Saudações do Louco! ^^

Então, combatendo a preguiça (na verdade, devia ir baixar lá no Writer's House tbm... mas isso aqui tá um marasmo meio marasmento, e receio q não vá falar de nada muito relevante por enquanto. Foi mals, amigo Akira. Pretendo remediar a situação até o fim da semana. Stay tuned!), seguimos com a história. Se bem me lembro, abandonei todos vcs (meus invisíveis leitores) no momento em q Altura e seus comandados iniciaram uma invasão à Fortaleza de Melk. Rezem pelos soldados; eles tão aceitando toda a ajuda bem intencionada q puderem ter.

forte amplexo do Louco


(...)

Tark-Esh estava rindo alto, vendo boa parte dos soldados entre os fugitivos se voltarem para ele numa tentativa de atacar. Então era verdade; mesmo ratos partiam para a luta quando acuados. Divertido, mas não fazia qualquer diferença para ele, que estendeu suas mãos para frente e para o alto, flechas de fogo partindo das pontas de seus dedos da esquerda para a direita enquanto eles se protegiam atrás de escudos, desviavam ou, mais freqüentemente, eram abatidos onde estavam.
“Fácil demais. É melhor terminar logo com isso; talvez consiga um pouco mais de ação derrubando a muralha oeste deles...”
Castro desceu de onde estava, saltando do parapeito e agarrando-se a um dos cabos que mantinha as luminárias suspensas sobre o pátio externo. Partido, o cabo o fez descer na direção do Arcano e por trás dele. Marco costumava dizer que, por menos honrado que fosse, um ataque pelas costas era uma boa opção quando enfrentando um inimigo muito superior.
Ainda tinha isso em mente ao pousar nas costas de Tark-Esh com seus dois pés, mandando o Arcano de rosto ao chão. Dada a alta resistência das criaturas, ele não devia estar realmente ferido, mas o soldado fazia votos para que tivesse sido doloroso, em nome de seus colegas em chamas. E cobriu-se com o escudo e soltou a maça com corrente ao ver o outro levantar-se, olhando para ele com fúria.
_ Tem tanta pressa por morrer, humano, para me atacar sozinho? – os olhos de Esh brilharam com uma chama vermelha, como se prenunciassem um inferno de fogo.
_ Isso mesmo, use seus poderes, demônio – Castro retrucou com voz mais calma do que realmente estava, erguendo um pouco o escudo para proteger melhor o rosto.
Esh deteve-se. Realmente, pretendia fazer aquele humano atrevido explodir em chamas ali mesmo, tornando-o em cinzas. Mas o tom como aquilo fora dito parecia uma provocação.
_ Que ardil é esse...? Está sugerindo que não sou capaz de destruí-lo sem magia?
_ Ora, viva! – Castro sorriu com desprezo, baixando um pouco seu escudo – E dizem que não são inteligentes! Você até que não é dos piores.
_ Como se atreve?! – as duas garras de Esh vieram adiante, caindo sobre o escudo de Castro pesadamente – Vou dilacerar sua carne, e beber o seu sangue!
Castro não retrucou, meramente brandindo a maça. Conseguira o que queria, e dera mais algum tempo ao pessoal na muralha leste para que se organizassem. Agora, só precisava manter aquele demônio ocupado pelo tempo que pudesse.
“Três segundos no máximo...!”
A velocidade e força de Tark-Esh eram muito superiores às de um humano, e Castro se viu recuando mais e mais enquanto agitava o escudo à esquerda para repelir ataques ali, a cada vez sentindo que sua proteção não tardaria a ceder, sendo lascada a cada golpe.
Rolou no chão para trás a um ataque pela direita e ergueu a maça, perdendo a cabeça de Esh por centímetros.
E o Arcano chutou. A posição ruim de ambos fez com que ele não conseguisse mais do que empurrar Castro para trás pelo ombro esquerdo, que o soldado sentiu como se tivesse sido deslocado enquanto tombava de costas no piso barrento. E não pudera levantar-se antes que Tark-Esh já estivesse sobre ele, uma sombra na escuridão cujas garras brilhavam com magia.
_ Foi razoavelmente divertido, humano. Mas chegou a hora de ir.
Várias flechas, talvez vinte delas, atingiram o Arcano pelas costas então, e a magia desapareceu de suas garras enquanto sua expressão foi de dor e surpresa. Não esperava o ataque, claro, mas também não esperava por aquela dor toda.
“C-como... é possível...?”
Tark-Esh tombou, caindo sobre o joelho com dificuldades para respirar. Arcanos não morriam tão facilmente... Sequer deviam ser feridos tão facilmente! O que estava lhe acontecendo...?
_ Ei demônio!
Ele ergueu seus olhos, e viu Castro levantar-se depressa, a bola de aço da maça subindo de repente e atingindo-o diretamente no rosto, tombando-o outra vez para trás, nariz quebrado e quase inconsciente, alguns dos dentes soltos, outros quebrados. Estava sendo derrotado por humanos...!
“O q-que está acontecendo...?”
Não haveria resposta para sua pergunta.

Tuesday, July 26, 2005

Hah, fala gente! Vcs não vão acreditar... mas eu não lembro direito o q foi q postei da última vez, ou quando >_>' Peraí, deixa dar uma olhada no texto...

*passando os olhos sobre o arquivo 'Mundiça ^^''*

Tá, acho q já sei. A data tbm não lembro, mas acho q já deu o prazo; então, é uma preocupação nem tão necessária. Vai mais um pouco da Christie e do q começa a rolar sem ela em Melk. Amplexos do Louco!!


(...)

Melk. A noite também seguia, os sentinelas Lucas e Castro em sua vigília sobre a muralha oeste no último turno antes do alvorecer. Seriam rendidos em breve por companheiros, e teriam seu merecido descanso. Lucas bocejou longamente, murmurando sua reclamação pela enésima vez:
_ Se tem a barreira da Rainha pra proteger a gente, ficar aqui de vigia pra quê, poxa...? – esfregou os braços, de costas para a abandonada Torre da Rainha – Devíamos era estar dormindo...!
_ Pára de reclamar, e agüenta garoto – Castro retrucou, de frente para as terras Além da Fronteira e com seu escudo redondo no braço, meio que encobrindo seu tórax – Mestre Zero tinha avisado que a barreira era uma redução, não anulação dos monstros. Alguns ainda podem chegar, e você não vai querer acordar com um deles bafejando no seu pescoço. Fica quieto, e atento.
Castro não deixara de reparar em algo, enquanto Lucas tornou a esfregar os braços, olhando para a Torre da Rainha e depois para os horizontes; como a maioria dos soldados na fortaleza, ele estava chamando Christabel de ‘Rainha’, não de ‘bruxa’, ‘feiticeira’ ou qualquer outro nome pejorativo, como antes era o costume. Mesmo com o que o conselho tinha dito sobre a fuga da Rainha e seus partidários, os soldados pareciam a cada dia respeita-la mais.
“Me pergunto se mais alguém tem andado sonhando por aqui... E se isso é porque temos algum medo de enfrentar os monstros sem ela, ou tem algum outro sentido.”
Ele não se recordava bem do que tinha sonhado, mas sabia que o falecido Capitão Marco estava nele de alguma forma, avisando sobre algo. Lembrava-se também de algo quanto à fortaleza; não lembrava-se do que podia ser, mas recordava claramente a sensação de despertar sentindo que aquelas muralhas, e a barreira da Rainha, não eram defesas eternas. Mais ainda, eram defesas muito vulneráveis recentemente. Vulneráveis demais para um homem de armas experiente como ele se sentir à vontade.
_ Ei, olha lá!
Castro prontamente retirou a bola e corrente de sua cintura, e olhou na direção que Lucas mostrara. Nada, exceto por escuridão indistinta à distância.
_ Olhar o quê, Lucas? A base da montanha?
_ Não... – o outro vigia forçou a vista, cobrindo os olhos da luminosidade da fortaleza – Tá muito longe pra ver, mas parece que eu vi alguma coisa se mexendo lá. Droga, com um pouco de luz agora...
E um clarão róseo surgiu, exatamente atrás deles. Mantendo-se coberto com o escudo, Castro voltou-se para ver o pátio externo de Melk, onde o ar parecia estar ficando rosado a cada vez que uma erupção de magia brotava de pleno ar, em pulsos. Em intervalos de quase dez segundos a princípio, e então mais ritmados, clarões que lembravam pequenas explosões em pleno ar foram se tornando mais e mais freqüentes, e Lucas apenas acabara de desembainhar sua espada, ainda sem saber bem o que podia ser aquilo, quando Castro bradou:
_ Tira essa cara de espanto e vai soar o alarme, garoto! Estamos sendo atacados!
Os pulsos aumentaram ainda mais de intensidade e reduziram seus intervalos enquanto Lucas alcançava o sino de alerta. Em muito pouco tempo, havia um grupo de soldados saindo dos alojamentos e tomando postos no pátio externo de Melk, todos olhando com suspeita para as explosões se formando sobre suas cabeças, e armas em riste.
Um último estrondo surdo quebrou todos os vidros na fortaleza, enquanto um quarteto irrompeu da explosão final; quatro seres humanos, até onde a aura rosada permitia ver, flutuando em pleno ar de costas um para o outro, cada um voltado para um ponto cardeal. Pareciam usar mantos longos e escuros às costas, até que os soldados repararam melhor; os mantos se projetavam de seus braços... nasciam deles! Não eram mantos!
_ Asas... – Castro murmurou – Deus nos proteja... Os monstros alados voltaram...!
Braços abertos em triângulos, para baixo, cabeças baixas e olhos fechados a princípio, quatro Arcanos pairaram girando lentamente sobre a fortaleza de Melk por um longo momento, no qual todos pareciam ter suspendido a respiração. E então, eles abriram os olhos, vermelhos. Três deles desconhecidos, um que já estivera ali duas vezes.
_ Vão.
Ao comando de Ahl-Tur, os Arcanos se espalharam, três tomando a direção dos soldados e o quarto, o próprio Mestre dos Arcanos, dirigiu-se para a Torre da Rainha. Sentia a influência de Christabel por toda a volta, mas não era um tolo; sabia que ela não estava lá. No entanto, algo mantinha a força dela ali ainda operante, tornando a Fortaleza de Melk um lugar perigoso para ele. Ele ainda não sabia como, mas aquela aura de Christabel interferia em seus poderes. No de seus soldados também, com certeza. Era preciso encontrar o que era, e destruir.
Tark-Esh, o mais jovem dos quatro, estava ansioso por ação. Finalmente o retiro do ‘velho Ahl-Tur’ terminara, e ele estava em condição de lidera-los na investida contra a fortaleza dos humanos; agora, Esh poderia mostrar que tantos preparativos tinham sido desnecessários. Mesmo não sendo indestrutíveis, Arcanos não podiam ser batidos por meros mortais; apenas magos realmente poderosos, como a Rainha Christabel, teriam alguma chance de enfrenta-los. Sorrindo, os apavorantes dentes pontiagudos bem à mostra, ele avançava flutuando rumo ao portão leste para abater os fugitivos e bloquear a rota de fuga dos habitantes de Melk.
Sir-Ydian, o mais antigo dos quatro Arcanos no grupo, trazia consigo a sabedoria da idade. Saber que não podia liderar a expedição, por exemplo, como alguns dos mais jovens queriam. Ahl-Tur era mais poderoso, e mais sábio em assuntos dos humanos. O veterano portava uma espada de lâmina larga denteada, semelhante às lâminas em lua dos turcos. Embora também flutuasse a princípio, ele desejava se testar. Era dito que os melhores guerreiros humanos viviam em Melk, e era uma boa oportunidade de praticar, ao mesmo tempo em que cumpria sua parte da missão; reduzir tanto quanto fosse possível as defesas internas de Melk, para que menos soldados humanos pudessem se opor quando a grande onda viesse das terras Além da Fronteira, e tudo fosse posto abaixo.
Kayla, uma das poucas Arcanas existentes nos tempos recentes, poderia até mesmo se passar por uma humana atraente na escuridão; bastava que disfarçasse suas orelhas pontiagudas, os dentes afiados de seu sorriso e suas asas. Naquele momento, no entanto, ela não estava preocupada em ocultar quem realmente era. Sua função ali, ditada por Lorde Ahl-Tur em pessoa, era impedir as tropas de Melk de alcançar o pátio externo, reduzindo o número de soldados em oposição a Ydian e Esh. Não se agradava muito da função de eliminar as fêmeas e filhotes humanos, contudo. Suas duas lâminas bumerangue em forma de meia lua eram para guerreiros, apenas. Não que fosse piedosa; apenas não queria enfrentar criaturas menos capacitadas. Tur aconselhara a não subestimar nenhum humano de Melk, mas Kayla mantinha seu próprio ceticismo até o momento em que eles a fizessem mudar de idéia.
Ahl-Tur penetrou no pátio interno, uma leva de soldados vindo em sua direção apenas para ser jogada para trás por um de seus feitiços de Impacto. Não pretendia perder tempo com eles; sua intenção ali era destruir o ícone de Christabel, que mantinha seu poder ali. Os humanos podiam ficar para os outros monstros. E Kayla, também, que seguiu logo atrás dele e começou a enfrentar os soldados enquanto ele se dirigia para as câmaras inferiores, onde o Amplificador tinha sido colocado.