Tuesday, July 26, 2005

Hah, fala gente! Vcs não vão acreditar... mas eu não lembro direito o q foi q postei da última vez, ou quando >_>' Peraí, deixa dar uma olhada no texto...

*passando os olhos sobre o arquivo 'Mundiça ^^''*

Tá, acho q já sei. A data tbm não lembro, mas acho q já deu o prazo; então, é uma preocupação nem tão necessária. Vai mais um pouco da Christie e do q começa a rolar sem ela em Melk. Amplexos do Louco!!


(...)

Melk. A noite também seguia, os sentinelas Lucas e Castro em sua vigília sobre a muralha oeste no último turno antes do alvorecer. Seriam rendidos em breve por companheiros, e teriam seu merecido descanso. Lucas bocejou longamente, murmurando sua reclamação pela enésima vez:
_ Se tem a barreira da Rainha pra proteger a gente, ficar aqui de vigia pra quê, poxa...? – esfregou os braços, de costas para a abandonada Torre da Rainha – Devíamos era estar dormindo...!
_ Pára de reclamar, e agüenta garoto – Castro retrucou, de frente para as terras Além da Fronteira e com seu escudo redondo no braço, meio que encobrindo seu tórax – Mestre Zero tinha avisado que a barreira era uma redução, não anulação dos monstros. Alguns ainda podem chegar, e você não vai querer acordar com um deles bafejando no seu pescoço. Fica quieto, e atento.
Castro não deixara de reparar em algo, enquanto Lucas tornou a esfregar os braços, olhando para a Torre da Rainha e depois para os horizontes; como a maioria dos soldados na fortaleza, ele estava chamando Christabel de ‘Rainha’, não de ‘bruxa’, ‘feiticeira’ ou qualquer outro nome pejorativo, como antes era o costume. Mesmo com o que o conselho tinha dito sobre a fuga da Rainha e seus partidários, os soldados pareciam a cada dia respeita-la mais.
“Me pergunto se mais alguém tem andado sonhando por aqui... E se isso é porque temos algum medo de enfrentar os monstros sem ela, ou tem algum outro sentido.”
Ele não se recordava bem do que tinha sonhado, mas sabia que o falecido Capitão Marco estava nele de alguma forma, avisando sobre algo. Lembrava-se também de algo quanto à fortaleza; não lembrava-se do que podia ser, mas recordava claramente a sensação de despertar sentindo que aquelas muralhas, e a barreira da Rainha, não eram defesas eternas. Mais ainda, eram defesas muito vulneráveis recentemente. Vulneráveis demais para um homem de armas experiente como ele se sentir à vontade.
_ Ei, olha lá!
Castro prontamente retirou a bola e corrente de sua cintura, e olhou na direção que Lucas mostrara. Nada, exceto por escuridão indistinta à distância.
_ Olhar o quê, Lucas? A base da montanha?
_ Não... – o outro vigia forçou a vista, cobrindo os olhos da luminosidade da fortaleza – Tá muito longe pra ver, mas parece que eu vi alguma coisa se mexendo lá. Droga, com um pouco de luz agora...
E um clarão róseo surgiu, exatamente atrás deles. Mantendo-se coberto com o escudo, Castro voltou-se para ver o pátio externo de Melk, onde o ar parecia estar ficando rosado a cada vez que uma erupção de magia brotava de pleno ar, em pulsos. Em intervalos de quase dez segundos a princípio, e então mais ritmados, clarões que lembravam pequenas explosões em pleno ar foram se tornando mais e mais freqüentes, e Lucas apenas acabara de desembainhar sua espada, ainda sem saber bem o que podia ser aquilo, quando Castro bradou:
_ Tira essa cara de espanto e vai soar o alarme, garoto! Estamos sendo atacados!
Os pulsos aumentaram ainda mais de intensidade e reduziram seus intervalos enquanto Lucas alcançava o sino de alerta. Em muito pouco tempo, havia um grupo de soldados saindo dos alojamentos e tomando postos no pátio externo de Melk, todos olhando com suspeita para as explosões se formando sobre suas cabeças, e armas em riste.
Um último estrondo surdo quebrou todos os vidros na fortaleza, enquanto um quarteto irrompeu da explosão final; quatro seres humanos, até onde a aura rosada permitia ver, flutuando em pleno ar de costas um para o outro, cada um voltado para um ponto cardeal. Pareciam usar mantos longos e escuros às costas, até que os soldados repararam melhor; os mantos se projetavam de seus braços... nasciam deles! Não eram mantos!
_ Asas... – Castro murmurou – Deus nos proteja... Os monstros alados voltaram...!
Braços abertos em triângulos, para baixo, cabeças baixas e olhos fechados a princípio, quatro Arcanos pairaram girando lentamente sobre a fortaleza de Melk por um longo momento, no qual todos pareciam ter suspendido a respiração. E então, eles abriram os olhos, vermelhos. Três deles desconhecidos, um que já estivera ali duas vezes.
_ Vão.
Ao comando de Ahl-Tur, os Arcanos se espalharam, três tomando a direção dos soldados e o quarto, o próprio Mestre dos Arcanos, dirigiu-se para a Torre da Rainha. Sentia a influência de Christabel por toda a volta, mas não era um tolo; sabia que ela não estava lá. No entanto, algo mantinha a força dela ali ainda operante, tornando a Fortaleza de Melk um lugar perigoso para ele. Ele ainda não sabia como, mas aquela aura de Christabel interferia em seus poderes. No de seus soldados também, com certeza. Era preciso encontrar o que era, e destruir.
Tark-Esh, o mais jovem dos quatro, estava ansioso por ação. Finalmente o retiro do ‘velho Ahl-Tur’ terminara, e ele estava em condição de lidera-los na investida contra a fortaleza dos humanos; agora, Esh poderia mostrar que tantos preparativos tinham sido desnecessários. Mesmo não sendo indestrutíveis, Arcanos não podiam ser batidos por meros mortais; apenas magos realmente poderosos, como a Rainha Christabel, teriam alguma chance de enfrenta-los. Sorrindo, os apavorantes dentes pontiagudos bem à mostra, ele avançava flutuando rumo ao portão leste para abater os fugitivos e bloquear a rota de fuga dos habitantes de Melk.
Sir-Ydian, o mais antigo dos quatro Arcanos no grupo, trazia consigo a sabedoria da idade. Saber que não podia liderar a expedição, por exemplo, como alguns dos mais jovens queriam. Ahl-Tur era mais poderoso, e mais sábio em assuntos dos humanos. O veterano portava uma espada de lâmina larga denteada, semelhante às lâminas em lua dos turcos. Embora também flutuasse a princípio, ele desejava se testar. Era dito que os melhores guerreiros humanos viviam em Melk, e era uma boa oportunidade de praticar, ao mesmo tempo em que cumpria sua parte da missão; reduzir tanto quanto fosse possível as defesas internas de Melk, para que menos soldados humanos pudessem se opor quando a grande onda viesse das terras Além da Fronteira, e tudo fosse posto abaixo.
Kayla, uma das poucas Arcanas existentes nos tempos recentes, poderia até mesmo se passar por uma humana atraente na escuridão; bastava que disfarçasse suas orelhas pontiagudas, os dentes afiados de seu sorriso e suas asas. Naquele momento, no entanto, ela não estava preocupada em ocultar quem realmente era. Sua função ali, ditada por Lorde Ahl-Tur em pessoa, era impedir as tropas de Melk de alcançar o pátio externo, reduzindo o número de soldados em oposição a Ydian e Esh. Não se agradava muito da função de eliminar as fêmeas e filhotes humanos, contudo. Suas duas lâminas bumerangue em forma de meia lua eram para guerreiros, apenas. Não que fosse piedosa; apenas não queria enfrentar criaturas menos capacitadas. Tur aconselhara a não subestimar nenhum humano de Melk, mas Kayla mantinha seu próprio ceticismo até o momento em que eles a fizessem mudar de idéia.
Ahl-Tur penetrou no pátio interno, uma leva de soldados vindo em sua direção apenas para ser jogada para trás por um de seus feitiços de Impacto. Não pretendia perder tempo com eles; sua intenção ali era destruir o ícone de Christabel, que mantinha seu poder ali. Os humanos podiam ficar para os outros monstros. E Kayla, também, que seguiu logo atrás dele e começou a enfrentar os soldados enquanto ele se dirigia para as câmaras inferiores, onde o Amplificador tinha sido colocado.

Sunday, July 17, 2005

Fala gente blogueira! Nessas de net, entre linhas e outras coisas (é q tá começando um programa com esse nome...), eis aqui Louco, começando o episódio chamado Mundiça ^^ Pra quem manja o q é mundiça, vcs vão entender pq bem mais pra frente. Pra quem não, me pergunte. Vou ficar feliz em explicar ~_^

Forte amplexo do Louco, e vamos em frente q atrás vem gente...



XVII – Ventos Antigos


As nuvens corriam pelo céu com os primeiros ventos da alvorada, meio tingidas das cores da manhã, enquanto o grupo se preparava para partir. Melissa e Laírton tinham um ar um pouco aborrecido; nem a maga negra nem o Religioso gostavam muito de acordar antes do sol, mas era um acordo entre todos, não tardar mais do que o necessário antes de chegar à Cidade Sucata, agora que estavam tão próximos, justamente para evitar confrontações desnecessárias como a tida contra Sáurio no dia anterior. Zero, que parecia não ter dormido tão bem, mantinha seu ar animado apesar de estar visivelmente exausto.
_ Pode crer, eu lembro do meu pai falando que antigamente tinham uns caras que achavam que o Deus do Sono trazia um tipo de areia pra jogar nos nossos olhos e fazer a gente dormir. Se não era verdade, ao menos agora eu sei de onde veio essa idéia. Nossa! Dá a impressão que tem um monte de grãozinhos nos meus olhos! Putz...!
_ Pare de esfrega-los, seu tolo – veio a voz indiferente de Christabel, já montando em seu cavalo – Acha que pode tirar dos olhos algo que não está lá?
_ Hahaha, foi mal, Christie! – fez Zero – É, acho melhor colocar logo o capacete, pra dar sossego pros meus olhos, então. E aí, galera, todo mundo pronto pra ir? Li? Laírton?
_ Tá, vamos logo, Zero – Melissa queixou-se, bocejando discretamente e na garupa de Daniel, já inclinando-se para frente – Se chegarmos antes do sol, acho que vou dormir mais um pouco.
_ Nosso Senhor tinha me alertado sobre as dificuldades de minha vocação – Laírton sacudiu a cabeça sobre seu cavalo, como se tentasse afastar o sono – Mas, talvez, eu tivesse uma reação diferente se Ele tivesse me dito que nunca me habituaria a despertar cedo em casos de emergência. (Uaaaah!)
_ Eu sei, eu sei, foi mal pelo despertar, gente – Zero desculpou-se – Pelo menos, depois que a gente chegar, não vamos ter mais que esquentar com segurança; vai dar pra dormir um pouco melhor.
_ Você não parece tão abatido no entanto, Zero – Sari comentou, tomando seu lugar na garupa da Unicórnio – Digo, embora tenha se queixado da sensação em seus olhos, você parece tão animado quanto sempre! Até a sua energia...
_ Hah, você devia falar com o meu pai da minha energia! – Zero voltou-se para a caçadora, o olhar divertido transparecendo pelo visor do capacete – Eu costumava tirar o velho Dirceu da cama pulando na barriga dele quando era pequeno! Até hoje ele jura que daqui a alguns anos, vai fingir que ficou caduco só pra poder me dar o troco!
Sari sorriu, imaginando que tipo de pessoa poderia ser o pai de Zero. Ao que parecia, aquela energia fulgurante tinha vindo...
Ela voltou-se subitamente, muito surpresa, e olhou para Christabel pouco mais à sua direita, e atrás da posição onde estava. A Rainha já estava em seu cavalo, olhando indiferente para o grupo que terminava seus preparativos, e indagou:
_ Algo errado, caçadora?
_ Não... Creio que não, Christabel. Acho que... devo ter me enganado.
Por um instante fugaz pareceu a ela que algo tinha mudado à sua volta, em Christabel. A presença da energia dela, algo que sua percepção sempre parecia traduzir como um diamante negro, por um instante fugaz parecia ter reluzido. Mas isso, vindo de Christabel, era no mínimo inviável.
E a Rainha, por sua vez, observou com ar de aparente indiferença quando Sari voltou-se para frente, e depois olhou para o capacete de Zero, já dando partida na moto. Ela quase podia imagina-lo, uma versão menor de si mesmo, pulando no estômago do pai. Enquanto ultrapassava a dupla na máquina, ela baixou os olhos para ocultar um sorriso fraco, pensando que ele parecia ter sido mandado ao mundo para perturbar.
E Sari novamente olhou na direção de Christabel enquanto a Rainha passava. Seria possível...?
A festa ainda não tinha terminado em Tria. Enquanto despediam-se da cidade, era possível ouvir a música e os risos vindos da praça principal, e Zero inadvertidamente voltou-se por um instante antes de cruzarem os portões, sorrindo. Gostaria de voltar ali outro dia.
_ Zero? – Sari perturbou-se, vendo que o piloto não estava prestando atenção por onde ia – Se incomoda de voltar-se para frente? Essa moto não encontra o caminho sozinha, lembra?
_ Hã? Ah, desculpa, Sari. Tava só um pouco distraído, com a minha atenção dançando por aí. Foi mal.
Pela terceira vez, então, a caçadora voltou sua atenção para Christabel. Mas fosse por causa da escuridão ainda onipresente ou por ter se enganado, não havia nada de estranho na fisionomia da Rainha. Ao contrário, ela os interrompeu à sua maneira rude de sempre.
_ Trate de concentrar-se mais então, Mestre Zero. Pretendo terminar esta viagem antes que sejamos atacados de novo, se não se importar.
_ Ah... tá. Foi mal, Christie, foi mal. É só me seguir.
Sari olhou de um para outro, e também Melissa, momentaneamente desperta. Não havia nenhuma boa razão para isso, Christabel estava agindo como sempre, mas de algum modo, era como se a Rainha e Zero estivessem falando de algo mais, algo que só dizia respeito a eles. E com Zero adiante do grupo, com o capacete sobre o rosto, não havia como ver que ele estava sorrindo.

Wednesday, July 06, 2005

Etcha, eu tô q tô!!!!! Saudações leitores e leitoras!!!! Louco, turbinado com a chegada do frio (em outra vida, eu devo ter sido um Esper do gelo em Final Fantasy 6, 7... nah, peraí, Elemental do Gelo por lá é Shiva... deve ter sido algum outro jogo com elemental do gelo ^^).

Consegui! Finalmente, nos meus escritos mais recentes da Christie (bem adiante do q vcs tão lendo agora) eu consegui colocar um momento q eu, como leitor e autor, tava esperando fazia miliano pra pôr ^^ Hehehehe, espero q vcs cheguem logo lá. Só pra dar uma palhinha, terminemos a pasta 'Fora dos Muros', a terceira da história toda, com esse momento na cidade de Tria.

Amplexos do Louco (infernalmente e geladamente tagarela nessa temporada)


(...)

Os sons nos quartos dos amigos logo se abrandaram, e Zero admirou o corredor e o lugar onde estavam. Embora tornasse o ambiente um pouco exposto demais a ataques por cima, o teto com telhas de vidro no meio do corredor deixava entrar a luz da lua clara, dispensando naquela noite o uso de iluminação de tochas. Havia uma brisa fresca de verão correndo por ali, e ao longe, Zero podia ouvir o som das músicas tocadas no festival; era realmente uma pena que não pudesse levar os amigos naquele ano. Ele e os pais costumavam se divertir juntos quando ele era um garoto, e havia uma lembrança que guardava dos dois que sempre o deixava mais comovido; a música que estava tocando apenas avivava mais a lembrança, e ao menos ele estava grato por poder ouvi-la, mesmo á distância.
E a porta abriu-se silenciosamente às costas de Zero, enquanto o vulto olhou em sua direção. Claro que ele não percebera, olhando para o outro lado. Vagarosa e silenciosamente, disfarçando qualquer som acidental com o ruído alto que vinha da praça principal de Tria, a porta foi fechada, e a pessoa à espreita soltou sua espada da bainha vagarosamente. Lentamente o vulto se aproximou das costas de Zero, pé ante pé, a lâmina finalmente desembainhada por completo...
Zero, parecendo tão ausente, voltou-se de súbito e com a pistola em riste, detendo-a diante do rosto do vulto furtivo, ágil o bastante para surpreender até mesmo quem o espreitava. Mas havia um sorriso em sua expressão, ao invés de alerta.
_ E eu pensando que você ia perder a mania de caminhar sozinha à noite, Christie! Sou mesmo um tonto, né não?
A expressão dela continuava velada, a espada ainda em sua mão direita, enquanto olhava nos olhos de Zero com ar grave.
_ Deveria baixar essa arma.
_ Hein? Ah, é mesmo, foi mal – ele desculpou-se, guardando a pistola – Foi reflexo, sabe, eu mal percebi que tinha puxado a arma. E, o que tá fazendo fora da cama? Você precisa dormir.
Como de costume, Christabel ignorou a pergunta de Zero, guardando sua própria espada com alguma lentidão e dizendo apenas:
_ Demorou muito para me notar. Se eu quisesse mesmo mata-lo, poderia ter feito isso à distância.
_ Nah, não podia não – Zero sentou-se, sorrindo para ela – Eu percebi você desde que saiu do quarto; sabe, o som lá de fora aumenta um pouco durante o tempo que a porta tá aberta. Algo a ver com o que entra pela sua janela, acho. Além disso, sabia que não tava em perigo, porque o quarto de vocês é o último do corredor; só não sabia se era você ou a Sari, a princípio.
O semblante dela mostrou que não gostara muito de ser confundida com a caçadora. Ao invés de protestar, no entanto, ela insistiu no assunto.
_ Poderia ser um inimigo, no entanto. Alguém que já tivesse nos eliminado, e viesse terminar o serviço.
_ Poxa, valeu pela preocupação, Christie! – o sorriso de Zero ampliou-se mais – Não sabia que você se preocupava tanto comigo.
_ Se já estivéssemos mortas, as três – ela retrucou com ar vazio – sua falta de senso poderia sacrificar o grupo inteiro.
_ Ah, besteira, menina – Zero deu de ombros – Talvez conseguissem pegar a Li, porque ela tá cansada e não muito acostumada com essas coisas, mas ninguém pegaria você e a Sari em silêncio. Se aparecesse mesmo alguém, vocês não iam se deixar surpreender.
Christabel deu as costas a Zero. Não era possível saber se ela gostara do elogio ou se estava insultada por ter sido comparada à caçadora novamente. Ao invés disso, ela desconversou.
_ Não posso dormir. Há muito barulho vindo da praça principal.
_ Ah, vai, não fala assim do Lago dos Cisnes – ele a viu voltar-se com ar de dúvida no rosto, e esclareceu – Isso é uma valsa, Christie. Música clássica, que alguém por aí ajudou a manter viva durante as Mudanças. Não dá pra tocar em instrumentos elétricos, mas músicos talentosos sobraram por toda a parte, e alguns dos melhores da região vêm todos os anos pra tocar no festival. E nem tá tão alta assim; pelo que eu ouvi, o Laírton e o Daniel já dormiram. O som é gostoso, e deve tá ajudando eles a caírem no sono mais fácil, isso sim.
_ Diga o que quiser – Christabel deu de ombros – Se realmente consegue dormir com tal barulho, pode trocar de turno comigo. Ao menos um de nós descansará.
_ Nah, espera um pouco – Zero pôs-se de pé – Já sei qual é o problema; você não sabe dançar valsa, sabe Christie? Por isso não gosta da música. Se você ao menos pudesse dançar um pouquinho, ia ver que valsa é muito legal. Taí; posso te ensinar, se você quiser!
Christabel olhou inexpressivamente para ele por um longo momento, e então deu um muxoxo, expressando claro pouco caso.
_ A música já está terminando. E não preciso disso para nada.
_ Não sabe mesmo nada sobre valsas, né? – ela pareceu irritada ao voltar-se para ele, mas Zero fez um gesto de conciliação – Eles sempre tocam três, Christie. Essa que tá tocando é a segunda; vai ter mais uma. E, tá certo, você não precisa, mas que tal aprender só por aprender, mesmo? E... tá, eu até vou te dar um extra: se não gostar do jeito como eu danço, pode me dar um chute no final. Parece uma boa?
Christabel olhou longamente para Zero sem responder, enquanto a música aos poucos terminava. Ele lutou contra a impaciência de pedir a ela por sua decisão; se a próxima valsa começasse, teria que dançar pela metade. Não seria a mesma coisa para ele.
E a Rainha aproximou-se, erguendo as mãos em direção a Zero, avisando:
_ Está cometendo um erro, Mestre Zero. E dois, se me faltar com o respeito.
Zero sorriu. Sempre Christabel; fizera suspense até o último minuto possível. Tomando uma das mãos dela entre a sua, colocando a outra em sua cintura e olhando em seus olhos, ele apenas pediu:
_ Pára de me chamar de ‘mestre’, vai.
Lentamente, enquanto a valsa recomeçava, ele a conduziu pelo corredor iluminado pela lua. Os olhos dos dois estavam mais ou menos no mesmo nível, os de Zero imperceptivelmente mais altos, mas ele estava olhando para baixo enquanto coordenava com voz baixa e paciência os movimentos dela, no início.
Devagar a princípio, mas logo movendo-se com desenvoltura, o casal dançou pelo corredor com leveza, enquanto Christabel aos poucos soltou-se. Era estranho; nunca deixava que ninguém se aproximasse tanto dela, porque não conseguia sentir-se segura se alguém violasse seu espaço pessoal. Passara tempo demais mantendo as pessoas longe, e nunca se arrependera disso. Ainda não se arrependia. No entanto, lá estava ela com a mão direita no ombro esquerdo de Zero, e a sua esquerda na mão direita dele, enquanto ele a conduzia... A outra mão dele estava em sua cintura... e não se sentia em perigo. Estava relaxada, calma, dona até mesmo de sua respiração, embora seu coração estivesse um pouco acelerado, e ela finalmente entendesse a beleza que ele insistia haver naquela música... já não tão tola.
Então, reparou melhor na expressão de Zero. A luminosidade não era muito boa, mas parecia-lhe que o sempre irreverente mecânico estava um pouco corado. Aquilo a surpreendeu um pouco, mas não permitiu que a surpresa surgisse em seu rosto. Não era muito de seu feitio, mas pela primeira vez em muito tempo, a Rainha baixara a guarda. Completamente. Afinal, fora bom que não tivessem ido para a praça principal de Tria, ou para o festival. Não ficaria tão à vontade quanto estava naquele corredor, e parecia que enquanto a música durasse, nada ruim aconteceria. Não era possível que acontecesse.
Por algum tempo que nenhum dos dois saberia determinar com certeza, eles dançaram. Mas mesmo a terceira valsa termina, como de repente ambos notaram. Diante da surpresa, por um instante os dois continuaram como estavam, depois separando-se encabulados, e como sempre, Zero foi o primeiro a dizer:
_ Hã... É... Então... Você... Er, o que você achou? Foi... legal, não foi?
Christabel voltou-se para Zero, apenas olhando no rosto dele sem dizer coisa alguma. E a expressão dela para ele fez com que sacudisse a cabeça com um sorriso triste no rosto e baixasse os olhos.
_ Não agradei, né? Tá bom, eu me rendo; promessa é dívida. Pode chutar, vai.
E fechou os olhos serenamente, parado diante dela. E Christabel, sem que ele percebesse, sorriu com suavidade. Ele realmente a deixaria chuta-lo, como combinara, e nem tentaria defender-se. Parecia bom demais para ser verdade.
Zero esperou por um golpe que não veio. Quando entreabriu os olhos, viu que Christabel estava se afastando dele no corredor, indo na direção do próprio quarto.
_ Ei, Christie...?
_ Já disse para não me chamar assim.
Ela voltou-se para ele da porta do aposento, a indiferença de sempre nos olhos quando retrucou:
_ Não me dê ordens. Faço isso quando achar melhor.
Zero pareceu visivelmente surpreso enquanto outra música começou na praça principal, e Christabel voltou-se para o quarto e disse:
_ Agora prefiro tentar dormir; parece que não vão deixar de tocar de imediato, e você pode resolver me ensinar a dançar outra coisa.
E fechou a porta atrás de si, deixando Zero sozinho no corredor. E ele ficou olhando para a porta fechada por algum tempo, antes de abrir um amplo sorriso e murmurar:
_ Legal...! Ú-húúúúúú!
E, de costas para a porta fechada atrás de si, dentro do aposento feminino, Christabel ouviu ao som no corredor. E sorriu de olhos baixos, os longos cabelos escuros escondendo seu rosto.