Sunday, October 28, 2007

Oi leitores! Dando as caras de novo depois de um fim de semana de atraso, saudações do Louco!

Mals por não ter aparecido; era o CAIniversário, sabem como é. E acabei não conseguindo aparecer pro post semanal.

Mas enfim, sigamos em frente. Afinal, Christie ainda tem que encarar o feioso, né? E o pessoal não vai deixar ela fazer isso sozinha. Amplexos do Louco, e espero que curtam! Afinal, a coisa toda tá chegando ao fim.

(...)

E à distância, os Arcanos revoavam ao redor de Alexandre em confusão, aguardando novas ordens. Seu líder estava muito surpreso; apesar dos constantes avisos de Ahl-Tur, era algo inusitado ver e sentir que os humanos realmente eram capazes de enfrentar e derrotar seus servos, mesmo com pouco auxílio de Christabel.

Mas sua surpresa rapidamente deu lugar ao aborrecimento e à impaciência. Não faria diferença. Eles obviamente o haviam surpreendido, mas já bastava. Aquilo não podia levar muito tempo, ou os poderes do mundo se reuniriam ali mais uma vez, e não era improvável que se unissem à Rainha temporariamente para combatê-lo. Se tal se desse, a situação podia fugir ao seu controle. E ele ainda tinha Arcanos em número suficiente para esmagar a resistência ao redor de Christabel, e avançaria pessoalmente para reclamar seu prêmio.

No momento em que sua resolução se formara, os Arcanos desceram numa revoada maior, dez dos pouco mais de trinta que lhe haviam restado, mergulhando numa espiral e então abrindo-se como uma rede, impossibilitando que fossem abatidos pelos humanos lá embaixo, enquanto ele próprio tornava a se aproximar da fortaleza. Ela não ousaria lutar com todas as forças e arriscar seus companheiros, o que lhe daria uma vantagem maior logo de saída.

Subitamente, a linha paralela de Arcanos foi quebrada pelo que parecia um projétil humano, que irrompeu numa espiral de vento, eletricidade e chamas ao romper o bloqueio, arrastando em sua esteira um par dos Arcanos que mergulhara e chamando a atenção dos demais, que prontamente se colocaram diante de seu mestre para interceptar o ataque.

E Christabel explodiu contra eles violentamente, seu ser fulgurando com magia e fúria, sua espada golpeando envolta numa capa de magia que combinava os três elementos e poderosa demais para que mesmo os Arcanos fizessem frente a ela, ao que parecia.

Dois dos primeiros Arcanos a combatê-la uniram seus esforços numa combinação de magia de explosão e lâminas de gelo, mas Christabel acenou com a mão para esquerda e então de volta contra eles, e o feitiço combinado voltou-se na direção de seus lançadores, surpreendendo-os. Girando no ar, a Rainha golpeou novamente com sua espada, contendo a investida de mais quatro Arcanos que tentaram surpreendê-la por trás.

E o mestre deles percebeu que os outros, os dez Arcanos que tinham mergulhado na direção da fortaleza, também estavam lutando. Havia um vulto prateado destacando-se na escuridão que começava a se formar com o anoitecer, sua katana golpeando com força e perícia e capaz de se manter no ar enquanto combatia, mesmo sem voar, propriamente.

Sari estava lutando, usando cada fibra de força e habilidade que possuía, lutando como ser humano algum seria capaz, saltando de um Arcano para outro e nunca trocando mais de quatro golpes com cada um antes de lançar-se na direção de outro, sua espada cintilando frenética nas armas dos Arcanos ou abrindo suas guardas no momento exato.

E então, quando outro deles tentaria atacá-la por trás, ela se deixava cair, saltava para longe ou simplesmente se tornava em névoa, fazendo com que os oponentes se atacassem para depois usar sua própria força, cravando suas mãos nas feridas deles e apossando-se de seus fluxos de energia. E um dos Arcanos gritou de dor enquanto toda a energia de seu corpo foi transferida para o outro, tendo Sari como conexão entre ambos.

Naturalmente, o poder vital de dois Arcanos não cabia no corpo de um deles, e enquanto um dos corpos caiu sem vida, o outro explodiu com a massa de espírito, que a caçadora imediatamente consumiu.

Mais deles, vindos de seis pontos diferentes, convergiram contra ela ao mesmo tempo. E Sari percebeu que já teria uso para a energia imensa que consumira e que parecia tentar irromper para fora de si mesma. E uma explosão violenta de luz clareou a noite por um instante, onde a caçadora e os Arcanos em seu campo de ação desapareceram da visão.

Adiante, Christabel sentiu a presença de Sari desaparecer e sua atenção quase se perdeu, refreando o impulso de olhar para onde a colega estivera. Os Arcanos restantes também haviam se revestido de magia como ela, e estavam começando a coordenar melhor sua defesa. Ela precisaria de toda a atenção que tivesse.

Como os vultos de seu pesadelo, agora transpirando sua própria magia e espírito como se fosse névoa sombria, os Arcanos investiam de cada flanco possível, e Christabel era apenas um ponto de luz em meio a eles, chicoteando com sua espada e magia para todos os lados, atacando para se defender, sendo repelida mais e mais para o alto.

Como um único ser, uma torrente escura dos Arcanos irrompeu por baixo dela com suas armas e garras semelhantes a fogo das trevas, vermelho escuro e cáustico, e Christabel percebeu que seu tempo de confinamento pela tiara servira para algo, afinal. Aumentando sua própria força e agilidade com cinese e impacto, ela era capaz de combater com pelo menos a mesma habilidade física de Sari, o que normalmente não deveria poder fazer.

E enquanto atacava com força e velocidade, apenas repelindo os ataques dos adversários numa seqüência contínua, Christabel era mais e mais empurrada para o alto, de forma irresistível. Era possível ver os olhos vermelhos e o esforço combinado dos Arcanos atacantes, movendo-se como uma única criatura mesclada na noite, enquanto seu mestre e mesmo a terra abaixo deles rapidamente ficavam para trás e todos ganhavam altitude.

Christabel então abriu seus braços e irradiou seu poder com maior força, repelindo a investida contínua dos Arcanos por um momento maior, criando do próprio ar anéis de água que giraram à sua volta e se fundiram, tornando-se numa espiral em movimento tão veloz que era como se a própria Christabel fosse feita de água.

Os Arcanos tornaram a investir num esforço combinado, como um só ser inominável atacando com inúmeros braços, mas agora era a vez de Christabel empurrar. Mergulhando sobre eles como uma torrente irresistível, água e vento espiralando à sua volta sob o comando de seu espírito, uma força primordial movendo outras duas com tamanho poder que mesmo a ação combinada de dezenas de Arcanos hesitava e falhava diante dela, sendo empurrados contra o solo mais e mais depressa.

A massa de oponentes tentou se reconfigurar, pondo-se lado a lado e formando o que parecia um escudo ou parede protetora, mas a Rainha apenas mudou a forma de sua investida, pairando no ar com água e vento emanando dela e acenando com os dois braços para frente, como se o solo não estivesse diretamente diante de si e como se bater contra ele não fosse um problema, e sua voz clamou:

_ Alma do Oceano!

Diante dos olhos admirados dos Arcanos, uma torrente pesada de água surgiu quando Christabel abriu seus dois braços com ímpeto, derramando sobre os oponentes tamanho volume de água e vento que foi como ser engolidos por ondas de tempestade em alto mar, e ainda que eles talvez tivessem poder para enfrentar ou repelir tal ataque, o movimento fora muito rápido e repentino para que orquestrassem uma defesa em tempo. Os pouco mais de vinte Arcanos que até então confrontavam Christabel foram lançados de volta ao solo sob o peso da tempestade.

Mesmo tal queda não seria o bastante para destruir Arcanos, mas sem dúvida bastava para que ficassem aturdidos e momentaneamente sem ação. Enquanto a água escoava por toda a volta, espalhando-se pelo vale que deixava Melk, eles subitamente perceberam que a Rainha estava de pé entre eles no solo, espada em punho e impávida, parecendo quase provocá-los ao ficar ali, imóvel.

A atenção de cada um deles voltou-se para Christabel, alguns sacando suas armas e outros preparando-se para atacá-la com magia, o instinto de sobrevivência momentaneamente sobrepujando a ordem de seu mestre de capturá-la com vida, quando um ronco de motor se fez ouvir e os Arcanos mais próximos à muralha leste de Melk foram empurrados na direção da Rainha com violência, atingidos por trás pelas metralhadoras duplas que brotavam dos faróis d’O Palão.

Alguns dos Arcanos perceberam que havia mais inimigos em aproximação, mas então foram colhidos por uma massa arrebatadora de sua própria magia de Compressão, força de Impacto compensada de maneira a esmagar qualquer coisa que tocasse. Apenas Christabel, que vira antes deles que os amigos se aproximavam, estava preparada para abrir a massa de magia com um golpe de sua Lâmina Perseguidora.

Mesmo assim, ela sentiu o peso e a força da magia que Melissa liberara. Era impressionante, ela pensou, enquanto o feitiço da maga negra abria-se diante de seu golpe, uma massa de Compressão arrastando alguns dos Arcanos e empurrando os demais à sua volta para longe como um tornado irresistível. A antiga braçadeira de Dirceu talvez não fosse capaz de resistir ao poder combinado de quatro Arcanos, mas o bastão que Maddock fizera parecia ter as espirais de resistência que sua tiara um dia tivera. Com duas jóias de tamanho considerável dando apoio à jóia que pertencera à braçadeira de Melissa, a maga negra armazenara o ataque que antes sofrera e agora o liberara de uma só vez num efeito impressionante. Sendo magia dos próprios Arcanos, eles certamente teriam podido contê-la ou se defender, se esperassem por tal.

E ela não estava sozinha. O motor roncando e abrindo fogo novamente, O Palão de Maddock se aproximava em alta velocidade, esparramando barro fresco para os lados, com a maga negra encarapitada no teto e Freya montada no capô, do lado direito e bronqueando:

_ Eu te odeio, Hermes Maddock! E se derrubar a gente daqui eu te mato!

_ Pára de reclamar, Bibi, e segura firme! Eles já perceberam que a gente tá aqui! Irmão Laírton, toda a sorte do mundo pra nós, manda lá!

Laírton estava sentado nos bancos de trás, o cajado cruciforme na mão direita e agarrado à porta do seu lado enquanto murmurava numa algaravia que ninguém ao seu redor conseguia compreender em meio à confusão da batalha, recobrindo o Palão com uma Capa de Boa Sorte, aumentando as chances de todos a bordo de terem êxito em tudo o que fizessem, enquanto Daniel estava à esquerda de Melissa, sua Lança Granada disparando uma carga nova à esquerda, onde os Arcanos arrastados pela Compressão ainda se punham de pé.

_ Maldição, Maddock, não há como sacudir menos? É difícil fazer pontaria assim!

_ Vai se danar, Daniel! – Maddock girou o volante para direita, enquanto o carro deslizava sobre o solo de argila – Aquele último feitiço da Christie encharcou o solo, o chão tá parecendo gelo de tão liso! Dê graças por ter o deus da pilotagem no volante, isso sim, e atira aí! Olha só o Zero, nem reclama! Como tá indo aí, irmãozinho?

_ Coisa linda, mano velho! Funciona direitinho!

Entre os muitos implementos nos quais tinham trabalhado durante a reforma d’O Palão, Zero e Maddock tinham se empenhado em uma antiga vontade do proprietário, instalando uma antiga metralhadora Vulcão de um dos aviões do cemitério num suporte retrátil no porta-malas do veículo. Agora, com o aparato adaptado para funcionar com lascas e farpas como a arma de Maddock, Zero estava aproveitando o movimento do veículo e a base rotatória da metralhadora para atacar os Arcanos enquanto se aproximavam deslizando pelo solo barrento do ponto onde estava Christabel.

Ainda que surpresos pela inesperada investida, os Arcanos sobreviventes ainda estavam em maior número e reagiram à altura, voltando contra o veículo inimigo feitiços de explosão, gelo, relâmpago, fogo e escuridão numa única massa de força que colidiu contra o capô, explodindo em fumaça quando Maddock não conseguiu desviar a tempo, deslizando no barro, e por um momento o coração de Christabel falhou.

E O Palão emergiu da nuvem de fumaça incólume, Zero ainda disparando de pé sobre o banco traseiro com o apoio de outra das granadas de Daniel e um feitiço Bala de Canhão de Melissa arremesssando os Arcanos perplexos para o alto e para trás enquanto a aliviada Rainha percebia por que Maddock colocara Freya sobre o capô. Os grandes escudos de sua armadura possuíam cinco jóias Dragão de Fogo cada um, colocadas para formar uma cruz em sua superfície, e obviamente podiam absorver ataques de magia e energia contra si como a braçadeira de Melissa fizera. E a maga negra parecia ter se dado conta do fato, também.

_ Isso parece um bocado com o sistema da minha Escudo, antes do Mad desmontar – ela comentou, os cabelos loiros jogados sobre seu rosto pelo vento, e ela os afastou enquanto perguntava – Mas o que acontece com o que foi absorvido, Freya?

_ É conduzido pro sistema de alimentação nas minhas costas, Mel – ela acenou depressa, temendo se soltar por mais tempo do que o necessário – Minha armadura converte essa força pro meu uso, e eu ganho super-força nos braços e pernas enquanto isso. Quanto mais energia usarem, mais forte eu fico. Acho que o Seu Dirceu deve ter ouvido falar do sistema e copiou pra usar na sua braçadeira...

_ Nem vem! – Melissa bronqueou, enquanto o Palão passava à esquerda de Christabel, entre ela e os Arcanos restantes, e a maga negra empurrou para longe outro Arcano com seu feitiço de Impacto – Alguém da Avançada é que deve ter imitado uma idéia do Seu Dirceu, isso sim! Imagina se logo ele ia precisar ficar imitando idéia dos outros...

_ Tá lesada, menina? – Freya voltou-se para Melissa por um momento, exasperada e temerosa de cair de onde estava – Não tem nada de mais em admitir isso! O Seu Dirceu sempre ajudava o pessoal lá em cima, não ia ser nada estranho que ele tivesse visto o projeto dos Escudos de Dreno uma hora dessas e adaptasse a idéia; daí o nome da sua ‘Braçadeira Escudo’.

_ Mas não mesmo! – Melissa guardou o cajado na cintura e uniu as duas mãos para lançar uma Bala de Canhão à esquerda – Seus escudos é que devem ter sido criados depois, não é assim que o pessoal da Avançada faz? Vê uma idéia que alguém da Sucata teve, adapta e põe mais tecnologia e aí a idéia parece ter sido deles...!

_ É verdade o que dizem, Zero – Maddock comentou num tom de voz displicente e alto o bastante para ser ouvido sobre a discussão e a batalha – Mulher gosta mesmo é de falar! Tá ouvindo a discussão?

_ As belezas da vida em família, Mad – Zero riu, girando a metralhadora para manter o mesmo Arcano sob fogo cerrado por mais tempo – Nada como uma discussão saudável entre irmãs, é o que eu sempre digo.

Christabel não podia acreditar naquilo. Mesmo em meio ao caos da batalha, diante de adversários temíveis como eram os Arcanos, sua guarda continuava estabanada e barulhenta como fora durante toda a viagem. Era admirável que Laírton conseguisse se concentrar para manter sua oração naquelas condições, assim como era admirável que Maddock fosse capaz de manobrar O Palão com a mesma habilidade, ou que Zero atirasse com a mesma precisão mesmo dando atenção a algo tão trivial quanto a discussão tola de Melissa e Beatriz em meio àquela balbúrdia.

O Palão fez uma curva fechada, aproveitando-se do terreno de barro fresco para deslizar e fazer meia volta sem tombar sobre si mesmo, enquanto a mão direita de Maddock apressadamente trocava de marcha e a esquerda mantinha o volante firme para retornar até onde a Rainha estava, e diante de uma nova explosão da Lança-Granada de Daniel e de um Arcano bloqueando uma Bola de Fogo de Melissa, Christabel pôde ouvir a voz de Zero gritando:

_ Vai nessa, Christie, e pega o grandão! A gente segura esses caras aqui!

As metralhadoras nos faróis já espocavam novamente, enquanto o veículo de Maddock cortava a lama e se aproximava dela, investindo sobre os Arcanos remanescentes que agora se preparavam para resistir. E apesar de temerosa em abandoná-los, Christabel reconhecia para si mesma que eles eram capazes, sim. Tinham que ser. Se lançavam sobre um inimigo superior para dar tempo a ela, outra vez; era preciso que tivesse fé nas forças deles.

Mas então, ela percebeu duas presenças que se aproximavam velozmente, vindas do leste, e a atenção de cada Arcano no campo de batalha pareceu voltar-se para a mesma direção, assim como os olhos do gigante de pedra que os comandava. E O Palão derrapou violentamente para direita, parecendo ter sido empurrado para fora do caminho pelas figuras sombrias que pareceram materializar-se do nada diante da Rainha.

Ahl-Tur e Kayla tinham acabado de chegar ao campo de batalha.

Saturday, October 13, 2007

Olá senhoras e senhores, gente que lê em geral! Saudações alquebradas do Louco!

Nos aproximamos do fim... Christie e Zero, e o resto da galera, vão ter um último pega pra capar com os Arcanos. E aí...?


Forte amplexo sabatino d'El Loco, e tomara que chova logo, né? ^_^

(...)

Capítulo XL – A Última Batalha em Melk

A mente de Zero estava subitamente clara enquanto a primeira revoada de Arcanos começou a se aproximar, caindo sobre ele e Christabel. Guardou suas pistolas e empunhou a espingarda, enquanto Christabel advertia:

_ Não vai destruí-los com isso.

_ Ah, mas vou fazer um estrago...!

Os demais Arcanos, mais de trinta deles, ao que parecia, tinham ficado orbitando ao redor do próprio mestre, destacando uma parte mínima de si mesmos para o ataque, e com seus esforços combinados eles acenaram na direção de Zero e Christabel como se fossem uma só criatura.

Christabel prontamente estendeu sua espada adiante, a lâmina protegendo a si mesma e Zero, e uma explosão poderosa deteve-se diante deles como se tivesse sido disparada por um morteiro, e apesar de ter sido capaz de se defender, a Rainha sentiu a força daquele impacto. Talvez não fosse capaz de resistir a um segundo ataque de tamanho poder na seqüência.

Mas os Arcanos estavam se aproximando depressa enquanto atacavam, e durante a fração de segundos em que Christabel ofegou e recuou um passo, Zero avançou, ergueu a espingarda e disparou entre a massa de criaturas que descia rodopiando em sua direção.

Um dos Arcanos caiu, a cabeça atingida em cheio pela maior parte da descarga da espingarda, os outros três espalhando-se e abrindo garras e presas na direção de Zero como se pretendessem despedaçá-lo onde estava, e ele sabia que não teria sequer o tempo de destravar a espingarda e atirar com ela novamente. Mas também sabia que não precisava se preocupar.

O som do ataque frustrado dos Arcanos e da retaliação de Zero atraíra a atenção dos demais combatentes, e como um só, os viajantes vieram adiante para apoiar o casal. O Arcano mais à direita foi dividido ao meio por um novo golpe da Lâmina Perseguidora de Christabel, enquanto um inimigo à esquerda viu Sari surgir diante dele, a katana em riste e golpeando, e o último deles foi explodido para trás por Daniel, que aproximou-se correndo com sua nova lança.

_ Zero, Alteza, vocês estão bem?

_ Tudo jóia por aqui, Dan – Zero permitiu-se um olhar rápido para a arma quando Daniel fez saltar da haste um cartucho vazio, do tamanho de um punho – E que negócio é esse aí, que cê fez na sua lança?

_ Mestre Maddock é muito habilidoso, e disse que minha lança parecia muito com uma das antigas armas em seu cemitério – Daniel respondeu, sempre mantendo a atenção nas formas hostis que se aproximavam de fora da fortaleza – Por isso, ele a adaptou nesta ‘Lança Granada’, minha arma de antes com ejetores de granadas nas duas hastes. Precisei treinar um pouco para me habituar ao peso novo enquanto estivemos no cemitério, mas...

_ Se importaria de demonstrar durante nossa luta, Daniel? – Christabel perguntou, parecendo impaciente com o falatório – Não faltarão oportunidades, tenho certeza.

_ Perdão Majestade...

_ Deixa isso pra lá, tem mais chegando!

Um novo quarteto veio adiante e Christabel procurou voltar toda sua atenção para o que faria. Tinha poder para conter o ataque deles, agora mais facilmente, sabendo o que esperar, mas havia uma sombra de inquietude em seu interior, e isso estava desviando sua concentração. Não podia continuar ali, e não teria como avançar. Esse sem dúvida era o plano do outro, que desperdiçasse seu poder ali, incapacitada de abandonar seus companheiros. Mas, se não o fizesse...

_ Dá licença, Christabel, deixa eu ajudar aqui!

Melissa saltou de trás do trio e estendeu um bastão metálico com aproximadamente o tamanho de seu braço direito, e Christabel mal teve tempo de ficar surpresa quando viu a maga negra ser empurrada para trás, como se tivesse se chocado contra uma parede de borracha, e tamanha foi a força do impacto que apenas o movimento rápido de Daniel pôde impedir que ela caísse de costas no chão. Mas o ataque combinado da magia de quatro Arcanos fora contido com sucesso por ela.

Quatro disparos rápidos de Zero vieram na seqüência, aproveitando-se do momento de surpresa dos presentes, e mais quatro dos Arcanos caíram sentindo os efeitos das balas de Dragão de Fogo, enquanto no solo, Sari vencia o outro com quem se atracara em combate e Melissa punha-se de pé ao lado de Christabel, parecendo preparada para mais e sem notar, a princípio, ao quanto os amigos a olhavam com admiração.

_ Mais uma leva deles, mas ainda tem muitos... o que foi?

_ Devem estar surpresos com a arma que nosso amigo Maddock fez para você, Mel – observou Daniel, e Melissa exibiu o cajado de metal apressadamente.

_ Lembra daquela Braçadeira Escudo que o Seu Dirceu fez? Mad gostou do sistema, mas quis fazer umas mudanças. Esperem só pra ver...

_ Isso não é nada bom – Sari comentou, também detendo-se onde os amigos estavam, um ao lado do outro e todos à volta de Christabel – Estamos sendo forçados a esperar que eles venham, e já devem ter reparado que enviar grupos pequenos não vai resolver. E não podemos manter esse ritmo para sempre, tampouco.

_ É, eu tava pensando nisso – Zero comentou sem tirar os olhos de onde vinham os Arcanos, e com suas mãos apressadamente trocando o tambor vazio por um novo – Não sei se tenho munição que chegue pra tanta gente, e a continuar como vai, vamos acabar cansando antes do filho da mãe maior entrar na briga.

_ Quanto a isso, não se preocupe – Laírton ofegou, o cajado parecendo servir de apoio – Maddock e Freya devem nos dar apoio em breve.

_ Apoio? – Zero voltou-se, notando que Hermes e Beatriz não estavam ali – O que você...

_ O problema, infelizmente – Laírton interrompeu Zero, ainda olhando pensativo para a nuvem de Arcanos flutuando ao redor do colosso à distância – é a guarda do inimigo. São muitos para que a Rainha derrote sozinha e, se continuarem a vir em levas, vão exaurir nossas forças antes do verdadeiro confronto. Tem que haver um outro meio de combatê-los.

Saturday, October 06, 2007

Olá gente que lê! Alegre pra caramba hoje, finalmente chegando ao capítulo final que vai ficar pra Christie, saudações do Louco!

Tenho que dizer, é mais difícil do que parecee terminar uma boa história de um jeito que não faça a qualidade cair, ou que mantenha a peteca lá em cima. Mas é muito legal tbm ^^

Vamos terminar mais este capítulo, ao menos até o próximo sábado. Ah, e bom feriado pra quem eu não vir de novo. Hm, pensando bem, eu nunca vejo ninguém mesmo... -_-'

Bem, seja como for, forte amplexo! ^_^

(...)

E Hermes Maddock lançou-se à batalha com entusiasmo, seguido de perto pelas sorridentes Sari e Freya, com Melissa e Laírton numa negativa resignada fechando a fileira. Com esforço eles embrenharam-se entre a massa de combatentes e lutaram, agora reanimados ao ver a análise de Laírton confirmada quando os espectros a quem abatiam não tornavam a regressar.

Adiante, muito avançada entre a massa de inimigos e causando grande desordem entre eles, impossível de se alcançar pelo mais dedicado de seus cavaleiros, Christabel parecia dançar, sua espada girando ao redor de si em movimentos furiosos afastando os traidores de perto de si ao mesmo tempo em que mantinha o duelo com Michael e Brás, sendo bem claro que ambos só conseguiam defender-se porque ela também precisava lidar com os opositores de todos os flancos. Abrindo uma clareira momentânea entre os oponentes, ofegante mas furiosa, ela encarou aos dois e seus olhos cintilavam.

_ Não conseguiram me destruir pelas costas. Acreditam mesmo que terão alguma chance frente a frente comigo?

_ Nunca mais vai nos governar, Christabel! – Brás, uma linha escura desenhada em sua garganta onde Christabel o ferira de morte anteriormente, brandiu sua espada na direção da Rainha – Havemos de impedí-la de regressar, mesmo que seja nossa perdição!

_ Já foi – ela rosnou de volta, apertando o punho da espada em sua mão – E não fará diferença.

Arcos retesaram-se em torno de Christabel e ela sabia que não poderia defletir ou destruir todas as flechas sem magia... mas algo dentro dela remexeu-se. Não queria encerrar aquela contenda com seu poder, não parecia certo. Não tinha qualquer consideração por aqueles espectros condenados, mas não a agradava depender de seu poder para encerrar a contenda. De certa forma, sabia, não havia de satisfazer o desejo de vingança dentro de si destruir a todos com sua magia; era por isso que ainda não fizera mais do que utilizar cinese para aumentar a própria força e velocidade.

As flechas foram liberadas, caindo sobre a Rainha de vários pontos diferentes. Ela deixou-se cair ao solo, deitando-se de frente no chão e fazendo com que os arqueiros e seus protetores atingissem uns aos outros, antes de reerguer-se com agilidade e saltar sobre Michael e Brás, que por um instante haviam baixado sua guarda.

Michael tornou a defender-se por muito pouco, colocando a própria espada diante da de Christabel para proteger-se, mas sendo afastado por vários passos com a força do impacto. E a Rainha viu-se diante de Brás, que erguera a lança e parecia prestes a atravessá-la.

Christabel girou o corpo, sua mão esquerda afastando a haste da lança de si enquanto a direita erguia-se, a lâmina da espada fazendo contato com o pescoço de Brás e separando a cabeça do corpo uma segunda vez.

Michael urrou furioso, investindo contra ela com sua espada em riste. E a lâmina de Christabel girou, posicionada para acompanhar o antebraço da Rainha, a lança de Brás ainda contida por sua mão esquerda.

Christabel ergueu seu braço direito, repelindo a investida de Michael enquanto seu braço esquerdo vinha adiante para receber o ex-conselheiro, enterrando a lança de Brás em seu peito até a haste pela violência do movimento.

Michael cambaleou, olhando para a haste atravessada em seu peito e rosnando de raiva e frustração. Até aquele ferimento, como os demais espectros, ele simplesmente não percebera que estava sendo mortalmente atacado, e agora não conseguia aceitar sua destruição. Fizera tudo em seu alcance, na vida e além dela... mas não bastara. Não pudera impedir o retorno da Rainha.

_ M-maldita... feiticeira...! Isso... I-isso não pode terminar... assim...!!

Christabel considerou o moribundo por um instante. Ele tinha alguma razão, afinal. E sem uma palavra ela golpeou com sua espada, sua Lâmina Perseguidora, uma fina e indestrutível camada de cinese sobre a lâmina fazendo com que dividisse Michael ao meio com um corte limpo.

_ Christie! Christie, tô chegando!

Ela voltou-se sorrindo, vendo Zero correr na direção dela. E correu na direção dele, vendo-o apontar a pistola em sua direção, e também lançou sua espada contra ele.

E o tiro de Zero fez tombar um espectro com um arco atrás dela, enquanto a espada de Christabel cravou-se no peito de um outro, perseguindo Zero. E os dois se abraçaram e beijaram rapidamente em meio à batalha, antes que ambos ficassem costa a costa no centro da massa de atacantes, ele com a espada longa na mão direita e a Quatro-Tiros na esquerda, e ela chamando para si sua própria espada.

_ Desculpa, Christie. Eu queria ter te ajudado nessa briga, mas não dava pra te alcançar.

_ Está tudo bem – e ele percebeu o sorriso na voz dela, mesmo que não pudessem olhar um para o rosto do outro naquele momento – Aqueles dois eram meus. Mas pode me ajudar com o restante, se quiser.

_ Sou o Cavaleiro da Rainha, não sou?

Desta vez ela permitiu-se um instante para olhar para o rosto dele, e ambos sorriram ternamente um para o outro. Ele era, sem sombra de dúvida. Não podia ser de outro jeito.

Mas enquanto a batalha seguia furiosa por toda a volta, Christabel subitamente retesou o corpo, olhando para o exterior da muralha leste, e seu movimento chamou a atenção de Zero. Não era do feitio dela se distrair por nada, a não ser que uma ameaça ainda maior se apresentasse.

E então ele percebeu o tremor leve que vinha pelo solo, ritmado, cada vez mais frequente no que parecia ser a cadência de passos. Os céus a leste pareciam mais escuros do que a oeste, o que era absurdo para qualquer um que não pensasse no sol se pondo na posição contrária, e Zero e Christabel perceberam ao mesmo tempo a forma gigantesca que se movia na direção da fortaleza em ruínas. Era algo parecido com um vulto humano, mas tremendamente alto, uma montanha caminhante cuja cabeça parecia cercada por formas aladas escuras, como grandes pássaros ou morcegos. Ou...

_ ... Arcanos – Zero suspirou, movendo-se de forma displicente e recarregando suas armas vazias – Era esse fulano que você tava sentindo, né?

Mas não era preciso que Christabel respondesse, de fato. O maior dos inimigos da fortaleza regressara ali por ela, e era ele a quem ela teria que destruir se nutria qualquer esperança de, um dia, ser realmente livre.

_ Me poupou o trabalho de procurá-lo, ao menos.