Sunday, October 31, 2004

Olá galera!!! ^^

Então, né... Hora de continuar.

E hora de apresentar gente nova, tbm...


(...)


Havia um homem alto parado lá. Apoiado num cajado de madeira maciça, semelhante a uma cruz, um crucifixo grande pendurado em seu pescoço e meio misto na barba longa. Sua túnica um dia podia ter sido branca, mas estava suja e rasgada demais para que ele parecesse qualquer coisa além de um mendigo maltrapilho. A voz rouca e raspada soou novamente, com desprezo.
_ Idiota... Mortal imbecil, acaso o álcool embotou completamente seu raciocínio? Por quê busca pela própria morte?
_ A morte não é motivo para temores, criatura – Irmão Laírton aproximou-se um passo, o cajado firme em sua mão direita e de fato, pareceu a Zero, ele não parecia ter medo de coisa alguma – É apenas mais uma viagem, uma trilha a ser seguida por tudo aquilo que é abençoado com o dom da vida. No momento certo, eu pretendo seguir meu caminho, como o fazem todas as criaturas de Nosso Senhor. Mas não hoje. Hoje... – e ergueu o cajado na direção do espantalho – é você quem vai partir.
Os pássaros negros farfalharam suas asas no chão, erguendo-se aos ares aos poucos para esvoaçar ao redor do espantalho, que ergueu suas mãos. Era estranho ver aquele boneco de palha se movendo. Mais ainda, perturbador; a cena parecia algo saído de um pesadelo, principalmente para Melissa. Mas o Religioso continuava avançando, lenta e tranqüilamente, como se nada no mundo pudesse feri-lo.
_ Sirvo a poderes nascidos na antiguidade do mundo, sacerdote – disse a voz rachada – Poderes que já eram grandes, e antigos, quando vocês humanos ainda se escondiam da noite, achando que era algo demoníaco. O que você acha que tem então, criança humana, que possa salva-lo de mim?
E acenou para frente, as aves desmortas abrindo o círculo e avançando contra a figura do Religioso.
Laírton apanhou o crucifixo de madeira em seu pescoço e o estendeu diante de si, e uma luz fulgurante cintilou; parecendo espantar a escuridão á sua volta. Mais ainda, um vento poderoso pareceu surgir da cruz, lançando mais penas e também as gralhas de volta contra o espantalho, que cobriu sua cabeça de pano, recuando vários passos diante da luz. Aquilo foi muito rápido, mas quando terminou, havia penas caindo por toda a volta na rua, e um campo circular livre ao redor de Laírton, sustendo seu crucifixo diante de si e sorrindo ao responder:
_ Apenas ‘Fé’. Não sei a que poderes você serve, criatura da escuridão... – Laírton agora andava resoluto na direção do espantalho, o crucifixo estendido diante de si – Não sei se são mais antigos do que a humanidade, se existiam antes do mundo... nem nada disso me importa! O que sei é que sua existência é uma profanação, uma paródia de vida que ofende a Nosso Senhor! Parta daqui! Volte para o vazio que o gerou, e nunca mais macule nosso mundo com sua presença!
O espantalho recuou, vacilando em suas pernas como se de repente não as controlasse. Um passo para trás, dois... e então ele realmente deixou de controlar as próprias pernas, tombando para trás e se desmanchando enquanto a palha do seu corpo parecia ser soprada para trás, deixando apenas uma armação de madeira e arame enquanto mesmo as roupas pareciam se desintegrar aos poucos. A cabeça de pano com um rosto tracejado também se desmanchou aos poucos, num processo cada vez mais rápido, e apenas aos olhos de Laírton e Melissa, uma sombra escura ergueu-se subitamente dos restos do espantalho. Uma sombra que parecia um grande morcego, que agitou-se para o alto e afastou-se um pouco, antes de voltar pesadamente na direção do Religioso, como se fosse uma grande ave de rapina.
E Laírton largou o crucifixo sobre seu peito e girou o cajado sobre sua cabeça, com as duas mãos, atingindo a sombra quando ela o alcançaria, espalhando-a por toda a volta como se fosse feita de cinzas desde o princípio, com o som surdo de um guincho agudo soando por toda a volta. Mesmo Daniel e Zero, embora não pudessem ver o que de fato tinha acontecido, sentiram de repente que a aflição passara. O céu escuro parecia clarear aos poucos... e os desmortos, que tinham começado a cambalear também na direção do Religioso, tombaram onde estavam como marionetes sem fios, levantando poeira.
Zero sorriu, guardando a pistola. Mais uma vez, o que dissera a Christabel mostrava estar correto: aparências podiam enganar. Voltando-se para os amigos, ele perguntou:
_ Tudo bem Li? Dan? Alguém ferido?
_ Não... Acho que não, Zero – Daniel voltou-se para Melissa, que acenou que não com a cabeça.
_ Tudo bem, Zero. Mas da próxima vez, sem zumbis tá bom?
_ Tudo bem, irmãzinha – ele riu – Vou pedir pro próximo espantalho que cruzar nosso caminho pra deixar os mortos quietos, e pra lutar direito com a gente. Também achei essa luta de lascar.
_ Nem brinque com isso, Zero – Daniel pediu – O Religioso nos auxiliou com essa criatura desta vez, mas se tivermos que lutar com mais deles...
_ Não tô querendo chatear você, Daniel – Zero retrucou sério – mas eu acho que é só uma questão de tempo. Viu, aquela coisa procurava pela Christie. E pelo que disse, não foi por obra de nenhum inimigo dela na fortaleza.
_ Era muito poderoso – Melissa acenou afirmativamente com a cabeça – Vocês viram aquela criatura que saiu do espantalho? A que o Religioso esmagou com o cajado?
Daniel e Zero fizeram que não com a cabeça.
_ Então era isso o que ele tava fazendo quando girou a cruz? – perguntou Zero – Bem que eu achei estranho.
_ Acha mesmo que virão outros como ele, Zero? – Daniel questionou, e o amigo confirmou com a cabeça.
_ Eu te disse que a gente ia precisar de ajuda, não disse? Ainda bem que você resolveu vir.
_ Mas como...
_ Er, com licença...
Uma voz jovial veio de baixo, da base da casa onde tinham subido. Irmão Laírton olhava para o alto, com um sorriso um pouco sem jeito, quase se desculpando por interrompe-los.
_ Estão todos bem aí em cima? Nenhum de vocês foi ferido pelos desmortos?
_ Ah, Irmão Laírton! – Zero sorriu – Obrigado pela ajuda! A situação tava ficando feia pra nós.
_ Fico feliz de ter podido ajudar, então – ele acenou gravemente a cabeça em saudação – mas, você parece me conhecer. Já nos vimos antes?
_ Ah, espera um pouco aí – Zero desceu de onde estava, saltando sobre os caixotes que usara como apoio para subir no telhado, e depois estendeu a mão para o Religioso – Desculpa, é falta de educação da minha parte. Zero, da Cidade Sucata, passando em visita aqui na sua cidade. Prazer em conhece-lo, especialmente numa hora de dificuldade como essa.
_ O prazer é meu – Laírton inclinou a cabeça respeitosamente, voltando os olhos para o casal olhando lá de cima – e fico feliz por ter sido útil. Mas, se me permitem uma pequena indiscrição, o que fizeram para atrair uma atenção tão macabra? Espectros raramente atacam à luz do dia, e muito mais raramente o fazem de forma tão ostensiva.
Daniel descera primeiro, recebendo Melissa nos braços quando ela também saltou, e os dois olharam com admiração para o Religioso. Zero, no entanto, parecia intrigado.
_ Espectro...? Aquilo não era só um espantalho metido à besta?
_ Dificilmente, rapaz – Laírton sorriu discretamente – Posso explicar a situação com detalhes, mas... acredito que seria melhor se nos retirássemos daqui. Não sei quanto a vocês, mas agora que já impedi a profanação destas pobres almas... não pretendo ser responsável por sepultá-los uma segunda vez.
Ele olhava para os corpos mais e menos recentes tombados no solo e Melissa, que já estava descendo dos braços de Daniel, gritou e saltou sobre ele novamente, e o jovem cavaleiro ficou tremendamente ruborizado. E Zero concordou.
_ Boa! Escuta, se conhecer um lugar discreto onde conversar, eu te pago uma rodada de vinho! Combinado?
_ Jovem Mestre Zero – Laírton fez uma educada reverência – esta foi provavelmente a melhor oferta que tive em semanas. Sim, pela Trindade, eu sei onde podemos conversar! Basta que me sigam, meus amigos!
_ Tá, tudo bem – Zero estava achando engraçado olhar para o rosto vermelho de Daniel e Melissa, especialmente porque a moça não fazia sinal de descer enquanto ainda estivessem próximos dos corpos tombados – Só não me chama de ‘Mestre’, tá bom? Depois eu te explico...

Sunday, October 24, 2004

Olá, gente blogueira! Estamos de volta!

Continuemos então com a confusão q Zero, Daniel e Melissa tão enfrentando nessa coisa de Garland. Boa sorte pra eles! ^^

Forte amplexo do Louco (só de passagem hoje)

(...)

Daniel puxou Melissa, que no primeiro instante pareceu não saber como reagir, enquanto Zero puxou sua espada longa. Se não podia matar o que já estava morto, ficaria tão longe deles quanto pudesse, e a posição alta devia ser mais fácil de proteger. E o espantalho se aproximava devagar, botas de fazendeiro erguendo poeira do chão, em silêncio, mas de mãos erguidas. E vinha na direção deles.
_ Anda, Daniel, pra cima! – incentivou Zero ao amigo que dera a vez para que Melissa subisse primeiro – Vai, cê precisa ajudar a Mel! Acho que ela pode com aquele espantalho, se perder o medo!
_ Suba também!
_ Tá, na boa, mas vai logo! – de braços erguidos em sua direção, os mortos se aproximavam em leque de Zero, que agora só podia ir para cima. Empunhando a espada longa com as duas mãos e parecendo medir o peso dela por um instante, vibrou seu braço num golpe forte para a esquerda e cortou fora as mãos em garra de dois deles, voltando-se em seguida para os da direita. Como Daniel dissera, eles não demonstravam qualquer dor ao ser atingidos... mas ao menos ficavam menos perigosos, ele pensou.
_ Zero, venha!
Um dos zumbis se aproximou pela sua direita, os dentes arreganhados como se fosse morde-lo. Claro, sem braço...! Foi o que ele pensou, cortando fora a cabeça da criatura antes de saltar sobre um dos caixotes sob a janela e pular para agarrar com a mão esquerda no braço estendido de Daniel, que o puxou imediatamente para o alto.
_ Valeu a subida, Dan. Beleza! – olhou para baixo, para as criaturas que erguiam para eles seus braços, sempre se movendo com aquele som de raspar o chão – Ganhamos algum tempo; agora, se desse pra fazer alguma coisa com aquele espantalho...!
_ C-como pode estar tão calmo, Zero? – Melissa perguntou, olhando para ele e se recusando a se aproximar da borda do telhado; não queria ver os zumbis – Eles podiam ter pego você!
_ É... Acho que sim – ele concordou, olhando para as criaturas por um instante, e então deu de ombros – Sei lá. Mas o importante agora é dar um fim naquela coisa lá embaixo, Li. O resto a gente vê depois. Diz, você ainda consegue lançar algum feitiço de fogo?
_ N-não – ela balançou com a cabeça negativamente – Não conheço nenhum... que possa cobrir uma área tão grande... E é perigoso pra as outras pessoas, também...
_ Não pros zumbis, Melissa; pro espantalho! – Zero apontou para a criatura macabra lá embaixo, mas Melissa se recusou a olhar – Anda, ele é todo feito de palha seca e madeira; não posso estourar ele com tiros, mas você...!
_ Zero, cuidado!
Daniel empurrou o amigo para a esquerda e golpeou para o alto com a direita, derrubando uma forma alada com o movimento. Um pássaro negro caiu aos pés de Zero, que estranhou:
_ Uma gralha?
_ E têm mais chegando, ali!
Era o espantalho, Zero percebeu. Ele tinha algo a ver com aquilo, mas parecia uma tremenda ironia aos seus olhos.
_ Vê se eu agüento; espantalho treinador de pássaro! Ele não devia assustar essas coisas?
_ Zero!
_ Tá, tá bom Li – rebateu para longe uma segunda ave com sua espada, tomando a frente de Melissa – Desculpa; foi automático.
_ Tem vários chegando! – Daniel apontou para uma nuvem escura e alada que se aproximava depressa – Maldição; aqui em cima somos alvos fáceis!
_ E lá embaixo também – Zero olhou nervosamente para os zumbis reunidos ao redor do prédio, ainda tentando escalar, enquanto trocava sua munição explosiva pela comum – É... Tá ficando complicado. Li, você...?
Mas calou-se, ao ver sua amiga com o braço direito voltado para as aves. Sabia que podia fazer algo, lembrou-se de como o outro mago negro usara a Aura Magnética, e estava se esforçando para se concentrar. Era a hora de ver o presente de Seu Dirceu funcionar de novo. Parou de pensar nos zumbis à volta do prédio e deu uma olhada rápida para Zero e Daniel. Seus amigos; eles precisavam dela. Precisava fazer o que pudesse. Precisava se concentrar...!
Zero e Daniel sentiram os objetos metálicos em suas mãos estremecerem por um momento, afetados também pela magia de Melissa, antes que a atenção dela conseguisse reproduzir o que tinha sido feito antes com aquele feitiço; pregos e farpas metálicas incontáveis dirigiram-se para o alto numa saraivada, encontrando em seu caminho a nuvem de pássaros negros que espiralava numa descida, indo em direção a eles.
Guinchos altos se fizeram ouvir, e penas negras caíram por toda a volta, enquanto os pássaros detinham-se no ar e tombavam. Zero e Daniel olhavam com admiração para Melissa, que estava segurando a mão direita com a esquerda para mantê-la firme, até que o último dos pássaros tombou. Ela então cambaleou para trás, mas antes que caísse, Daniel a apoiou com um sorriso.
_ Ótimo trabalho, Mel! Muito bom; pode descansar, agora.
_ N-não, Dan – ela acenou com a cabeça, parecendo resoluta – Falta... aquele monstro! Zero tem razão, se eu puder...!
_ Você pode, irmãzinha – Zero falou com voz apressada, olhando para baixo – Pode sim, mas anda logo, tá bom? É que... Bom, se desse pra ir logo...!
Os pássaros mortos estavam estremecendo, no local onde tinham caído, antes mesmo de todas as penas terem caído ao solo. Claro, pensou Zero, se aquela coisa podia levantar os mortos, não devia fazer diferença se eram humanos ou animais.
_ Já basta disso, abominação. Basta de profanações dos mortos!Apesar de já ter ouvido aquela voz antes, Zero não a reconheceu, da mesma forma que seus amigos. Quando ouvira aquele homem falando da primeira vez, ele estava cantando e parecia um pouco alterado pelo álcool. Não agora. Sua voz era firme e sonora, parecendo cobrir toda a rua. Mesmo o espantalho se voltou para olhar para a entrada da rua.
Olá de novo!! Continuemos, pois, com a situação onde Zero, Melissa e Daniel tão naquele aperreiro com o bando de mortos vivos.

Amplexos do Louco (só de passagem, como vcs viram)


(...)

Daniel puxou Melissa, que no primeiro instante pareceu não saber como reagir, enquanto Zero puxou sua espada longa. Se não podia matar o que já estava morto, ficaria tão longe deles quanto pudesse, e a posição alta devia ser mais fácil de proteger. E o espantalho se aproximava devagar, botas de fazendeiro erguendo poeira do chão, em silêncio, mas de mãos erguidas. E vinha na direção deles.
_ Anda, Daniel, pra cima! – incentivou Zero ao amigo que dera a vez para que Melissa subisse primeiro – Vai, cê precisa ajudar a Mel! Acho que ela pode com aquele espantalho, se perder o medo!
_ Suba também!
_ Tá, na boa, mas vai logo! – de braços erguidos em sua direção, os mortos se aproximavam em leque de Zero, que agora só podia ir para cima. Empunhando a espada longa com as duas mãos e parecendo medir o peso dela por um instante, vibrou seu braço num golpe forte para a esquerda e cortou fora as mãos em garra de dois deles, voltando-se em seguida para os da direita. Como Daniel dissera, eles não demonstravam qualquer dor ao ser atingidos... mas ao menos ficavam menos perigosos, ele pensou.
_ Zero, venha!
Um dos zumbis se aproximou pela sua direita, os dentes arreganhados como se fosse morde-lo. Claro, sem braço...! Foi o que ele pensou, cortando fora a cabeça da criatura antes de saltar sobre um dos caixotes sob a janela e pular para agarrar com a mão esquerda no braço estendido de Daniel, que o puxou imediatamente para o alto.
_ Valeu a subida, Dan. Beleza! – olhou para baixo, para as criaturas que erguiam para eles seus braços, sempre se movendo com aquele som de raspar o chão – Ganhamos algum tempo; agora, se desse pra fazer alguma coisa com aquele espantalho...!
_ C-como pode estar tão calmo, Zero? – Melissa perguntou, olhando para ele e se recusando a se aproximar da borda do telhado; não queria ver os zumbis – Eles podiam ter pego você!
_ É... Acho que sim – ele concordou, olhando para as criaturas por um instante, e então deu de ombros – Sei lá. Mas o importante agora é dar um fim naquela coisa lá embaixo, Li. O resto a gente vê depois. Diz, você ainda consegue lançar algum feitiço de fogo?
_ N-não – ela balançou com a cabeça negativamente – Não conheço nenhum... que possa cobrir uma área tão grande... E é perigoso pra as outras pessoas, também...
_ Não pros zumbis, Melissa; pro espantalho! – Zero apontou para a criatura macabra lá embaixo, mas Melissa se recusou a olhar – Anda, ele é todo feito de palha seca e madeira; não posso estourar ele com tiros, mas você...!
_ Zero, cuidado!
Daniel empurrou o amigo para a esquerda e golpeou para o alto com a direita, derrubando uma forma alada com o movimento. Um pássaro negro caiu aos pés de Zero, que estranhou:
_ Uma gralha?
_ E têm mais chegando, ali!
Era o espantalho, Zero percebeu. Ele tinha algo a ver com aquilo, mas parecia uma tremenda ironia aos seus olhos.
_ Vê se eu agüento; espantalho treinador de pássaro! Ele não devia assustar essas coisas?
_ Zero!
_ Tá, tá bom Li – rebateu para longe uma segunda ave com sua espada, tomando a frente de Melissa – Desculpa; foi automático.
_ Tem vários chegando! – Daniel apontou para uma nuvem escura e alada que se aproximava depressa – Maldição; aqui em cima somos alvos fáceis!
_ E lá embaixo também – Zero olhou nervosamente para os zumbis reunidos ao redor do prédio, ainda tentando escalar, enquanto trocava sua munição explosiva pela comum – É... Tá ficando complicado. Li, você...?
Mas calou-se, ao ver sua amiga com o braço direito voltado para as aves. Sabia que podia fazer algo, lembrou-se de como o outro mago negro usara a Aura Magnética, e estava se esforçando para se concentrar. Era a hora de ver o presente de Seu Dirceu funcionar de novo. Parou de pensar nos zumbis à volta do prédio e deu uma olhada rápida para Zero e Daniel. Seus amigos; eles precisavam dela. Precisava fazer o que pudesse. Precisava se concentrar...!
Zero e Daniel sentiram os objetos metálicos em suas mãos estremecerem por um momento, afetados também pela magia de Melissa, antes que a atenção dela conseguisse reproduzir o que tinha sido feito antes com aquele feitiço; pregos e farpas metálicas incontáveis dirigiram-se para o alto numa saraivada, encontrando em seu caminho a nuvem de pássaros negros que espiralava numa descida, indo em direção a eles.
Guinchos altos se fizeram ouvir, e penas negras caíram por toda a volta, enquanto os pássaros detinham-se no ar e tombavam. Zero e Daniel olhavam com admiração para Melissa, que estava segurando a mão direita com a esquerda para mantê-la firme, até que o último dos pássaros tombou. Ela então cambaleou para trás, mas antes que caísse, Daniel a apoiou com um sorriso.
_ Ótimo trabalho, Mel! Muito bom; pode descansar, agora.
_ N-não, Dan – ela acenou com a cabeça, parecendo resoluta – Falta... aquele monstro! Zero tem razão, se eu puder...!
_ Você pode, irmãzinha – Zero falou com voz apressada, olhando para baixo – Pode sim, mas anda logo, tá bom? É que... Bom, se desse pra ir logo...!
Os pássaros mortos estavam estremecendo, no local onde tinham caído, antes mesmo de todas as penas terem caído ao solo. Claro, pensou Zero, se aquela coisa podia levantar os mortos, não devia fazer diferença se eram humanos ou animais.
_ Já basta disso, abominação. Basta de profanações dos mortos!Apesar de já ter ouvido aquela voz antes, Zero não a reconheceu, da mesma forma que seus amigos. Quando ouvira aquele homem falando da primeira vez, ele estava cantando e parecia um pouco alterado pelo álcool. Não agora. Sua voz era firme e sonora, parecendo cobrir toda a rua. Mesmo o espantalho se voltou para olhar para a entrada da rua.

Tuesday, October 12, 2004

Saudações, leitores e leitoras! Tô de volta!

Ah, o bicho q eles vão enfrentar dessa vez foi baseado numa idéia de um livro q uma amiga me emprestou. Valeu, Tétis! Tenta reconhecer a coisa, então.

(...)


Era daquela pessoa que vinha a sensação perturbadora. Melissa inconscientemente se aproximou mais de Daniel, e ele meio sem perceber a abraçou, como se quisesse protege-la. E Zero tornou a apontar a pistola, lembrando imediatamente que só tinha uma bala. Não ia bastar. A sensação que tinha era parecida com quando Ahl-Tur se erguera depois de atropelado e baleado, mas um tanto diferente. Aquela criatura não era um Arcano, ou fosse o que fosse. Mas humana, também não.
_ Dan... – murmurou Melissa, a voz um pouco trêmula.
_ Tudo bem, Mel – ele respondeu baixinho – Estou com você.
_ Tá procurando alguma coisa aí, ô tio? – Zero perguntou em voz alta, encarando o vulto de chapéu de palha sobre o rosto – Chegou atrasado pra a festa, se veio com aqueles caras. Acabamos com eles. Vai ser legal e sair do caminho, ou quer fazer companhia pra eles?
O que mais o perturbava, pensou Zero, era não poder ver o rosto daquela pessoa. Era muito ruim olhar para aquele chapéu caído sobre o rosto; passava uma sensação de terror enorme! E parecia a ele que, como nos seus pesadelos, ver o que se escondia sob a aba do chapéu seria ainda pior. Só podiam ver claramente os ombros se movendo como se o outro soluçasse, ou risse, a camisa quadriculada parecendo saída de um arraial de festa junina com mangas que cobriam um braço magro demais, e as calças longas e maltratadas.
_ Estou procurando pela Rainha de Melk – uma voz rachada e antiga, que parecia vir do fundo de um poço, e com um pouco de eco. Daniel sentiu as mãozinhas de Melissa apertarem mais forte seu braço, e não podia culpa-la por estar com medo; ele também estava – Vocês sabem onde ela está. Me digam.
_ De graça? – Zero deu um sorriso nervoso, algo do riso presente na voz. Também estava com medo, mas encarava tudo o que fazia com bom humor, já fazia um bom tempo. Se tornara automático, não importando a situação em que estivesse – Acho que não vai dar não, tiozinho.
_ Vocês acreditam que sabem no que se meteram – o chapéu pareceu levantar um pouco, só um pouco... Nada do rosto, propriamente, a não ser traços de uma bola alaranjada, que não parecia se mexer mesmo quando ele falava. Zero tinha razão, sabia, não queria ver o que estava por baixo daquele chapéu. E a voz prosseguiu, rouca – Acham que isso envolve meras disputas tolas entre seres humanos. Há tanta coisa envolvida... e vocês são apenas as formigas que correm pelo campo de batalha.
_ Pode ser... – Zero não estava gostando daquilo, mas não ia deixar ninguém contar vantagem sobre ele – mas somos as formigas que sabem o que você não sabe. Então, não vem se achando, não...
O vulto de chapéu de palha silenciou então. Ergueu suas duas mãos para os céus, mãos enluvadas se agitando nas pontas de braços muito finos, e o sol pareceu esconder-se, enquanto sua voz rouca falou:
_ Que levantem-se aqueles que caíram! Cascas vazias, sombras do que foram, tombados...! Ergam-se uma vez mais, ao meu comando, pois há outros para se juntarem a vocês no vazio!
Todas as janelas da rua pareciam seladas, todas as portas trancadas. Não havia viva alma em parte alguma de Garland ao que parecia, e as únicas outras pessoas que o trio podia ver eram os assassinos traiçoeiros que haviam eliminado. Mesmo assim, um som de raspar gradualmente se fez ouvir, parecendo vir dos quatro cantos da cidade.
_ Ahhhhhh!!!
O grito de Melissa chamou a atenção de Zero e Daniel, quando ela apontou para o beco. O primeiro mago negro, morto por Daniel em sua investida, estava se pondo de pé lentamente, o ferimento em seu peito ainda escorrendo sangue, e a cabeça pendendo para baixo como um fantoche. E Zero notou que o primeiro arqueiro que abatera, caído do telhado, estava se erguendo da mesma maneira. Ossos quebrados pendendo, com braços e pescoço em ângulos estranhos para qualquer pessoa viva, ainda assim ele mantinha o arco firme em seus dedos mortos enquanto se voltava na direção deles. Daniel olhou de um para o outro e disse o que Melissa sabia, e temia:
_ Mortos-vivos! Aquele homem é um necromante!
Zero olhou para o casal. Melissa estava apavorada; ela já dissera a ele, tinha muito medo de desmortos. Mas também lembrava de que, de acordo com ela, necromantes erguiam os mortos. Então, se aquela pessoa no final da rua se juntasse aos que estava erguendo...! Sem pensar mais naquilo, Zero ergueu a pistola e disparou seu último tiro, bem no meio daquele chapéu que o incomodava tanto.
A cabeça do necromante girou para trás, enquanto o chapéu voava longe, furado pelo tiro de Zero. Mas ele se manteve de pé, ainda que cambaleando dois ou três passos para trás com o rosto ainda não visível. Ele então se endireitou, também parecendo um fantoche como os dois assassinos revividos, e como as criaturas deformadas e malcheirosas que agora se aproximavam das ruas paralelas trazendo o som de raspar com eles. Zero duvidava que todos aqueles cadáveres tivessem saído do nada, e pensou que gostaria de dar uma olhada no pequeno cemitério que vira quando entrara na cidade depois que tudo aquilo acabasse... se pudesse. E Daniel foi o primeiro a expressar sua surpresa.
_ Como? Ele não é...!
_ Não é um homem não, Dan – Zero sentia-se estranhamente calmo, enquanto abria o tambor vazio de sua pistola e procurava a recarga com munição explosiva; só tinha mais três daquele tipo, doze tiros carregados com pólvora extra, ao todo. Teria que ser criativo – É um espantalho. Igualzinho àqueles que ficam pendurados em plantação pra espantar passarinho. Claro, eles geralmente não falam, nem andam, nem são necromantes, mas pelo visto ninguém avisou esse aí.
_ Isso não tem graça, Zero! – Melissa estava desesperada, olhando para todos os lados da rua como se cada passo dos zumbis em sua direção a assustasse mais e mais – Eles não resistem a fogo...! Mas, depois da luta, eu acho que só posso lançar mais um ou dois feitiços hoje... E nem sua pistola nem a lança do Daniel podem matar o que não está vivo!
_ Cê não se importa se eu tentar, né? – fechou o tambor de sua pistola e apontou para o arqueiro desmorto, já esticando novamente a corda de seu arco, atirando antes dele.
O disparo explosivo no ombro esquerdo da criatura fez a flecha ficar presa nos dedos da mão direita enquanto o braço esquerdo e o arco pendiam num ângulo morto para baixo; no entanto, não houve demonstração de dor ou abalo qualquer do arqueiro, que meramente olhou para o ferimento por um instante e então começou a cambalear na direção deles, como os outros faziam. E Daniel alertou:
_ Desmortos não podem ser detidos assim, Zero. Queima, pulverização ou a quebra de suas colunas; são os únicos meios conhecidos de destruir ou retardar um deles. Mas, aqui...!
_ Termina de me contar isso lá em cima, falou? – Zero apontou para uma escada externa à direita deles – Anda, gente, subindo! Vai ser mais fácil a gente se proteger lá no alto!