Sunday, September 10, 2006

Etcha, fala gente! Saudações do Louco!

É, foi o q eu disse. A Rainha tá de volta ^^ E agora, vamos ver o quanto ela tá diferente, e o quanto continua a mesma. Heh, posso adiantar q ela continua falando pouco ^^

Amplexos antes da chuva!

XXVIII – O Retorno da Rainha



A expressão da Rainha era indecifrável quando olhou para baixo, deparando com uma Arcana tombada ao solo, um segundo deles flutuando diante dela e de Sari, no solo lá embaixo. Ela ocultara sua própria presença até chegarem ali tanto quanto pudera, e também por isso devia agradecer aos esforços conjuntos dos Escavadores e dos Sete Dragões da Cidade Avançada, mas isso ficaria para depois. Sob sua fachada de indiferença, ela estava aflita com o que presenciava.

Vira à distância os restos da Unicórnio. Reconhecia vestígios de essências de inimigos abatidos ao redor da cratera, uma delas pertencente ao monstro Sáurio, que tinha enfrentado em sua jornada. E sabia, sem precisar perguntar, que aquilo fora trabalho de Zero.

Mas ele não estava em parte alguma para ser visto. E o número de escombros no piso lá de baixo era mais que suficiente para que ela deduzisse que ele devia estar sob aquelas pedras. Trouxera o Irmão Laírton consigo; um Religioso dotado nas artes da cura seria essencial, imaginara. Mas duvidava que mesmo Laírton pudesse trazer os mortos de volta...

Despertou de seus temores. Podia sentir a presença de Zero em algum lugar ali perto, só não sabia bem aonde. Primeiro, era preciso que se livrasse do Arcano.

_ Enfim apareceu, Majestade – Tur voltou-se ligeiramente para ela, embora mantivesse a atenção em Sari também – Já imaginava que teria fugido.

_ Então é um tolo maior do que eu pensei – o olhar cinzento de Christabel parecia indiferente como sempre – Não aprendeu coisa alguma de nossos confrontos.

Tur ficou visivelmente irritado, suas feições duras voltadas para Christabel. E a Rainha displicentemente levou a mão esquerda à bainha de sua espada.

_ A menos que tenha vindo aqui apenas para desperdiçar meu tempo, sugiro que tome logo uma atitude. Não é o único a quem devo dar atenção hoje.

Ahl-Tur também levou a mão à própria espada, mas deteve-se. Kayla estava enfraquecida, ele próprio não estava no auge de sua forma... e Christabel se recuperara. Ele podia sentir, o poder fluía gloriosamente ao redor da Rainha. Era o que ele fora buscar ali, e no entanto, sabia não ter condições de derrotar às duas oponentes ao mesmo tempo. Se tinha alguma intenção de retornar a seu mestre com seu dever cumprido, só havia uma ação a tomar.

_ Aproveite, Rainha. Já me escapou por tempo demais.

Ele desceu depressa até onde Kayla estava caída, fechou ambas as asas sobre a fêmea, e ambos desapareceram numa explosão surda de fumaça escura. Christabel podia sentir o rumo que haviam tomado, poderia até mesmo tê-los perseguido, impedido que se recuperassem se fosse o caso. Mas ainda tinha muito para fazer ali.

Voltou-se. Sari se voltara para os escombros onde Zero devia estar, foi até eles e então deteve-se, olhando para ela. Podia retirar as rochas, mas a magia de Christabel sem dúvida o faria mais depressa, se ela ainda fosse capaz de tal.

Christabel estendeu a mão esquerda, e os escombros moveram-se ao seu comando. Não era preciso esforço, podia inclusive fazê-lo mais depressa, mas estava sendo cautelosa, levando em conta o risco de esmagar Zero com uma retirada feita às pressas. Alguns passos atrás dela, Laírton observava a cena acompanhado de mais sete pessoas, os líderes dos Dragões, defensores da Cidade Avançada. O líder deles, usando uma armadura metálica em tons de verde e branco, perguntou discretamente:

_ E agora, o quê ela está fazendo?

_ Imagino que esteja resgatando nosso amigo ferido – Laírton respondeu sem se voltar, olhando preocupado para a cratera – Acredito que ainda tenhamos tempo de resgatá-lo, se formos rápidos.

_ Zero vai ficar bem, Irmão?

Laírton voltou-se. A pergunta fora feita por uma das três moças entre os Dragões, a única que realmente não parecera se importar em sair dos muros e ir procurar por Zero. Parecia ser uma velha amiga de infância de Zero, e ele respondeu:

_ Eu tenho como auxiliá-lo, mesmo que esteja seriamente ferido. Mas apenas a Rainha pode retirá-lo depressa o suficiente.

_ Ela é mesmo a Rainha Christabel de Melk? – o líder perguntou – E o que está fazendo aqui?

_ Isso... é uma história muito longa, Mestre Arthur. Receio que tenha que perguntar diretamente a ela, quando tudo isso terminar.

_ Eu o retirei, Laírton. Agora, caberá a você.

Christabel voltara-se lentamente para eles, a mão direita voltada para cima sustendo alguém. Zero flutuava no ar diante dela, e o espanto dos Dragões em vê-lo naquela situação, ou à Rainha Christabel movendo-o com magia juntou-se ao que a maioria deles teve ao ver Sari saindo da cratera aberta no deserto com um mero salto. E ela fora a única capaz de ouvir o que Christabel murmurou quando Zero chegara à tona, e o semblante da Rainha parecera entristecido por um momento:

_ Me perdôe. Eu me atrasei.

Ela estava diferente, Sari podia sentir. Algo havia mudado. Mas não era a hora nem o lugar para perguntas, ou para demora. O tempo era essencial.

_ Depressa, temos que levar Zero de volta à Cidade Sucata! Se não o tratarmos logo...

_ Não podemos tirá-lo daqui ainda, caçadora – Christabel respondeu sem se voltar, depositando Zero com cuidado no veículo que os conduzira até ali – Irmão?

_ Sua Alteza tem razão, Sari – Laírton aproximou-se, curvando-se sobre a forma inconsciente do amigo e baixando o cajado até que estivesse próximo ao rosto dele – Não é uma viagem simples; os campos ainda têm inimigos a serem combatidos e a estrada é irregular demais. Zero não pode ser transportado em tais condições; os primeiros socorros devem ser ministrados aqui, sem movê-lo.

_ Nada seguro, pelo que estou vendo – um dos Dragões comentou nervosamente, batendo os imensos punhos de metal um no outro – Deu pra pôr os bichos no nosso caminho pra correr, mas se eles resolverem dar o troco...

_ Não vão fazê-lo – Christabel respondeu, se afastando devagar – Ao menos, não enquanto eu puder impedí-los. Laírton, de quanto tempo precisa?

_ Quanto puder me conceder, Alteza – Laírton respondeu sem se voltar. E os Dragões mais próximos viram admirados enquanto alguns dos cortes superficiais ou profundos no corpo de Zero se fechavam aos poucos até se fecharem totalmente... mas então, tornavam a se abrir, e Laírton praguejou – A situação dele é séria, seu sistema está muito fraco. Tenho como acelerar a cicatrização, mas os ferimentos tornam a se abrir.

_ Ele ficou soterrado por tempo demais, perdeu muito sangue – Sari se aproximou, visivelmente preocupada – O pouco que resta em seu sistema não tem força o bastante para curá-lo. Eu posso injetar energia nele, restaurar os fluxos normais do organismo; talvez assim ele comece a reagir. Mas não há como ter certeza de coisa alguma.

_ Estão vindo! – outro dos Dragões, posicionado sobre uma das rochas próximas, avisou – Uma massa das criaturas, que estava em retirada. Estão vindo direto pra nós!

_ Vou afastá-los – Christabel caminhou no rumo que o Dragão mostrara, mas deteve-se para olhar para Sari – Faça o que puder, caçadora. Farei o mesmo.

_ Espere, você não deveria ir sozinha...

Christabel ignorou o líder dos Dragões, segurando a bainha de sua espada com a mão esquerda e começando a correr na direção da ofensiva. E corria muito, tão veloz que logo estava além do alcance da voz de qualquer um deles, deixando uma nuvem de poeira atrás de si e o Dragão de boca aberta, sem completar a frase.

E Sari acenou afirmativamente com a cabeça. Era a primeira vez em que Christabel não olhara para ela, Laírton ou Zero com superioridade ou pouco caso. Seu olhar era sério, mas não estava dando ordens a ela; só lhe fizera um pedido. Nada além do que era capaz.

_ Boa sorte, Christabel.

As hostes em debandada haviam se dispersado. Alguns deles continuavam a fugir, outros moviam-se na direção em que os humanos em veículos tinham seguido. Os mais atentos tinham percebido novamente a presença de Christabel, mais clara do que estivera até então. Alguns deles sabiam o que aquilo significava, e achavam que era melhor ir buscar seus mestres. Outros achavam que era melhor tentar apreender Christabel enquanto ela ainda se refazia; talvez tanto tempo de confinamento a tivesse deixado enfraquecida de algum modo.

A Rainha certamente se sentia assim. Era como tornar a se mover depois de muito tempo parada na mesma posição, com o corpo encolhido. Seu poder estava de volta, tanto quanto quisesse... mas ela sentia que não seria muito sábio exagerar ou fazer uso de grande quantidade dele ainda. A falta de costume de dias faria com que se cansasse muito depressa se tentasse. Mas, como de costume, estava muito longe de estar indefesa.

Magias de cinese e gravidade consumiam pouco esforço, aprendera isso durante seu confinamento. Com esforço mínimo de atenção agora que a tiara fora removida, ela estava se deslocando depressa sobre o terreno acidentado em direção aos atacantes, e apesar da preocupação com os que deixara atrás de si, não podia conter um pequeno sorriso de satisfação. Era muito bom poder lutar apropriadamente outra vez.

Havia Flamejantes se aproximando diretamente à sua frente. Sua mão direita agarrou o cabo da espada curta enquanto ela se aproximava depressa, e de repente eles perceberam a nuvem de pó que vinha no sentido contrário. E também a presença que a prenunciava.

O primeiro movimento de Christabel no momento em que alcançaria a massa de oponentes foi saltar sobre um deles, e puxar sua espada. Ela não corria mais, mas deixou que sua velocidade se consumisse enquanto saltava de um Flamejante para outro como se não tivesse qualquer peso, como se a espada fosse uma extensão de seus braços ou como se não estivesse ficando sozinha em meio a uma legião de inimigos.

Ela por fim parou de se mover, a lâmina da espada voltada para baixo e o braço erguido, e o cerco foi se movendo para ficar à sua volta. Os Flamejantes pelos quais passara tinham tombado, rolando sobre si mesmos, abatidos num único golpe.

Místicos começaram a enxamear, descendo em círculos ao redor dela e abrindo espaço entre os demais. Suas rajadas de fogo tinham a intenção de atordoar a Rainha como pudessem, pois ainda pretendiam capturá-la com vida se tal coisa fosse possível.

Christabel ergueu os olhos, vendo os jorros de fogo que desciam em espiral. Estava cercada, não teria para onde escapar se tentasse. Ficou de pé e estendeu a mão esquerda aberta na direção dos ataques, quase com displicência.

As chamas abriram-se como pernas de aranha por toda a volta, os jorros caindo para todas as direções e atingindo as criaturas ao redor de forma explosiva, esparramando-se onde tocavam. Os Místicos lá em cima detiveram-se ao ver que não estavam chegando nem perto de sua presa... e a espada dela fincou-se entre os olhos no peito de um deles, que caiu abatido.

O Místico ainda não ficara imóvel quando Christabel recuperou sua espada com um movimento simples, como se a puxasse. E Espideros lançaram-se sobre a Rainha, passando sobre as chamas no terreno e disparando suas teias na direção dela.

Christabel saltou para trás recuando poucos passos, mas tendo eliminado o próprio peso, cada passo fazia com que cobrisse alguns metros, se colocando além de qualquer teia que pudesse cobrí-la. E quando a última delas se perdeu, ela começou a avançar.

As aranhas gigantes ainda eram perigosas, e menos preocupadas com sua integridade física do que os Místicos. Se não podiam confinar a Rainha, pretendiam envenená-la ou contê-la com suas pinças como pudessem, e várias delas ergueram-se sobre quatro patas para formarem verdadeiras barreiras com pernas avançando na direção de Christabel.

Novamente, a Rainha corria sobre os inimigos mantendo a espada para trás de si, na posição da Lâmina Perseguidora. Sua espada podia facilmente esmagar qualquer um dos Espideros que avançava; no entanto, ela não tinha a menor intenção de fazê-lo.

As pinças dos Espideros gotejavam veneno enquanto viam a Rainha se aproximar mais e mais deles; alguns dos mais próximos dispararam teias novamente...

... e Christabel moveu a espada adiante, golpeando o solo à sua frente como se a arma fosse um martelo. No ato, estilhaços de rochas e uma nuvem espessa de poeira ergueram-se por todo o lado com um estrondo surdo, e toda a visibilidade desapareceu.

Os Espideros se detiveram. Alguns, mais próximos, tinham sido abatidos pelos destroços de rocha, enquanto outros tossiam e ofegavam, procurando ao redor. Christabel sumira completamente.

Um deles tombou, e outro, e mais outro. Um quarto pareceu reparar na movimentação e então suas pernas pararam de sustê-lo e ele tombou na areia. E a última coisa que seus oito olhos viram foi o vulto sobre ele com a lâmina erguida.

Mal abatera o último dos Espideros, Christabel voltou sua atenção para esquerda de onde estava. Símios, dos mesmos que tinham enfrentado Sari e Zero anteriormente. Não tão velozes quanto a maioria dos outros, talvez, mas consideravelmente mais fortes em poder físico. Do flanco direito, uma alcatéia de Ferais. Estavam chegando mais depressa.

Então, era preciso que fosse mais rápida.

Sunday, September 03, 2006

Olá Leitores! Olá Leitoras! Olá gente q passa aqui pela pri eira vez, procurando Samuel T. Coleridge, essa é a Christabel errada, mas bem vindos assim mesmo! Fiquem por um spell, e vejam se não curtem a minha versão da moça ^^

E isso tbm vale pros veteranos. No nosso último episódio, Sari tava se saindo muito bem com os Arcanos, especialmente se pensarmos q ela tava sozinha.

E aí, como isso termina?

Amplexos do Louco!

(...)

Sari não entendeu de pronto quando Kayla recuou de repente, um salto amplo para trás enquanto era contida. Aquilo não valeria em nada para a Arcana, a menos que...

Kayla sorriu ao ver a compreensão no rosto de Sari e lançou sua lâmina esquerda, agora coberta com chamas de magia. Lançou-a na direção dos escombros onde Zero jazia, e havia muito pouca dúvida de que o impacto do metal incandescente nas rochas mal empilhadas seria ruim para o mecânico caído ali.

Sari praguejou, movendo-se depressa como podia. Estava atrasada demais, não teria como alcançar a lâmina a tempo por si mesma... mas podia lançar sua própria lâmina como uma flecha, sua força de arremesso tinha que ser suficiente para impedir o pior.

A katana colidiu com a lâmina em lua de Kayla, e as chamas explodiram. Cada arma caiu para um lado, nenhuma das duas chegou às rochas ou retornou para a sua respectiva mestra. A katana de Sari foi lançada para o outro extremo da caverna, fumegando ao chocar-se contra uma parede. E a lâmina em lua de Kayla rodopiou no ar até atingir a parede oposta, também fumegante e fincando-se no paredão de rocha.

Mas Sari já sabia o que veria ao voltar-se para a Arcana. Kayla saltara sobre ela, um sorriso de triunfo na expressão enquanto sua lâmina restante erguia-se para o golpe final. Sari não teria como deter aquele golpe sem sua arma, nem tinha uma segunda como ela própria. Acabara.

Com um tranco seco, ambas se detiveram. Os olhos de Kayla estavam arregalados, os de Sari apertados de dor, e determinação. A outra fora inteligente com sua idéia, mas estava equivocada ao pensar que não havia defesa possível para ela.

O metal da lâmina de Kayla enterrara-se em seu ventre, mas sua mão esquerda adiantara-se e agarrara o pulso da Arcana, impedindo a intensidade do golpe. Tivera que se deixar atingir para conter a outra e ferí-la o bastante.

Sua mão direita estava enterrada no peito de Kayla. Um ferimento mortal para um humano, de seriedade considerável para alguém como a Arcana. Nada que fosse matá-la, mas reduziria sua capacidade de combate à metade. Isso, se Sari fosse apenas um ser humano. E não era.

Kayla gritou de dor quando Sari começou a drenar suas energias. A outra resistia muito, mas estava perdendo terreno. Arcanos confiavam demais em sua virtual imortalidade, sendo quase impossível que algo ou alguém ferisse seu corpo espiritual. Mas Sari estava pressionada pelo tempo, e irritada pela tentativa da outra de prejudicar Zero ainda mais. Estava lutando por outra pessoa, enquanto Kayla tentava proteger a própria vida. Sua determinação sem dúvida era poderosa, mas naquele momento, Sari era mais poderosa do que ela.

_ Você me irritou de verdade – os olhos de Sari cintilaram para a expressão confusa de Kayla – Não vou deixá-la escapar.

_ N-não... Pare! – Kayla tentou livrar-se, mas seu pulso ainda estava preso pela mão esquerda da caçadora, enquanto a direita parecia apertar seu coração – O q-que pensa que está fazendo...?

_ Você sabe.

Kayla não podia aceitar aquilo, era algo ainda mais fora da realidade do que tudo o que vira até então. Aquela humana a estava aprisionando, ferindo... e de repente, ela percebia que não tinha forças para resistir totalmente. Estava, sim, lutando. Era capaz de retardar o processo... mas não era capaz de impedir! Por mais que tentasse...!

“N-não acredito...! Então, é assim que é... m-morrer...?”

_ Afaste-se dela.

Sari voltou seus olhos para a voz que chamara sua atenção, mas Kayla continuava presa, e ferida. Não conseguia se soltar. Não conseguia se voltar. Mas reconhecia a voz que falara.

_ M-Mestre... Tur...!

Sari não se movera. Mais um Arcano. Estava tão concentrada na luta com a outra que não reparara no outro sobrevivente. Era aquele que falara, o líder deles. Ele descobrira sobre ela não ser Christabel, e sobre o plano de Zero.

_ Eu não estou brincando, mulher. Afaste-se, ou sofra as consequências.

_ Não pode me atacar – Sari moveu-se, colocando Kayla entre ela e Tur – Seu corpo danificado pode ter forças para isso, mas se tentar vai apressar o fim desta aqui.

_ Tente – Tur abriu os braços, flutuando lentamente – Posso não impedir a sua intenção, mas acreditei que gostaria de salvar seu companheiro. É rápida o bastante para matar Kayla e me deter?

Sari se deteve. O outro não estava blefando, ela sabia. Poderia derrubar o resto da caverna com muita facilidade, e então nem mesmo ela poderia salvar Zero. Já seria algo difícil na situação atual, e impossível com mais escombros sobre ele.

_ Como vou saber que não vai fazê-lo, não importando o que aconteça?

_ Não vai saber.

Sari procurou pensar depressa. Não tinha qualquer garantia que o outro fosse mesmo manter sua palavra. Por outro lado, aquela lâmina em seu ventre estava doendo. Seu maior aborrecimento, no entanto, era não ter como atingir ao oponente suspenso no ar. Isso a deixava numa situação difícil, pois não acreditava que o Arcano permitiria que se fossem. Ainda mais depois de tê-los enganado, e de Zero ter conseguido acabar com vários dos seus. Deviam ser orgulhosos demais para tal coisa passar em branco.

Empurrou Kayla para longe de si, olhando desconfiada para Ahl-Tur, esperando qualquer movimento brusco ou suspeito. Ainda tinha um ou dois recursos para utilizar, coisa que poderia se dar ao luxo de fazer com a energia que possuía. Se era a melhor chance que teria de libertar Zero, teria que arriscar.

Tur viu Kayla cair ao solo, ferida com seriedade. Um ferimento que podia derrubar até mesmo um Arcano era algo interessante e digno de respeito, ele precisaria verificar as condições de Kayla com cuidado. E, também, não seria bom perder a última dos que o haviam seguido até ali. A dúvida era, o que fazer exatamente?

Olhou para a rival lá embaixo, que continuava atenta a ele. Podia enfrentá-la em suas atuais condições, dependia disso na verdade. Não tinha como voltar ao seu mestre sem Christabel mais uma vez, não tinha como relatar outra perda de Arcanos sem ter nada a mostrar. E Kayla semi-morta não era algo que fosse melhorar sua situação em qualquer maneira.

Sari sentiu a intenção dele; era visível em sua energia. Ele ia atacar. Não podia ser de outra forma. Ela estava longe de sua espada, mas tinha seus recursos. Era apenas uma questão de esperar o momento certo... e isso podia fazer toda a diferença.

Foi quando o som aproximou-se deles, o som alto de tiros, explosões e urros de criaturas. Mais ainda, havia uma presença familiar se aproximando, tão forte que parecia estar empurrando as demais para fora de seu caminho ou em direção a eles. Um motor suavizado foi a próxima coisa que ouviram, pouco antes de um veículo prateado deter-se a poucos metros da entrada da caverna lá em cima. E os dois sabiam quem era o vulto que parou na borda, olhando para eles.

Christabel.